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Evolução do Projecto SiNErGIC

3. PROJECTO SiNErGIC

3.2 Evolução do Projecto SiNErGIC

No âmbito do SiNErGIC foi desenvolvido um projecto-piloto na freguesia de Albergaria dos Doze, pertencente ao concelho de Pombal. Esta freguesia reunia as características necessárias para uma primeira avaliação dos conceitos criados e das novas metodologias da execução cadastral. Segundo Julião et al. (2008), a escolha desta freguesia foi feita tendo por base uma área onde não vigorava o regime de cadastro geométrico da propriedade rústica, a existência de uma conservatória do registo predial já informatizada, a existência de uma estrutura fundiária fragmentada, uma área administrativa inferior a 2 500 hectares e por fim ser um local afectado por grandes incêndios florestais.

A legislação utilizada para a realização deste projecto-piloto centrou-se no Regime Experimental do SiNErGIC regulado pelo Decreto-Lei n.º 224/07 de 31 de Maio. O projecto-piloto e os resultados que daí advieram foram usados para a melhoria das metodologias obtendo como resultado final um conjunto de especificações técnicas que devem ser usadas para o desenvolvimento do cadastro oficial através do IGP e de empresas que se dediquem ao Cadastro de forma a que fiquem em conformidade com o projecto.

Segundo IGP (2007), o relatório técnico do projecto-piloto SiNErGIC foi divulgado através dos meios de comunicação locais, tais como editoriais, exposições públicas, cartas dirigidas aos residentes e sítio da internet. Neste relatório é descrito o apoio por parte dos técnicos do IGP na demarcação dos prédios e no preenchimento das declarações de titularidade. As dificuldades mais relevantes apontadas neste projecto-piloto foram: a publicitação tardia, o elevado número de proprietários ausentes, os prédios abandonados, o desconhecimento da localização dos prédios, a presença de características orográficas e vegetação densa, a divisão predial muito fragmentada e com geometrias irregulares, as condições atmosféricas adversas e demarcações indevidas de prédios. Através dos resultados do projecto-piloto, as conclusões obtidas pelo IGP foram: a publicitação atempada é um factor determinante no sucesso das operações cadastrais, a utilização de cartografia de suporte nos levantamentos é de extrema utilidade, o uso da toponímia como um factor de mais-valia nos trabalhos cadastrais, a necessidade de criar

articulações entre parceiros estratégicos e o elevado desenvolvimento tecnológico que permitiu caracterizar geometricamente a estrutura predial com erros médios quadráticos inferiores a 0.40 m.

Após a conclusão do relatório-piloto e o delineamento das especificações técnicas era necessário preservar e proteger os dados dos titulares cadastrais. O Despacho n.º 18 979/2008 mostra a necessidade de protecção de dados dos titulares cadastrais e dos seus respectivos prédios através de adopção de medidas técnicas e organizativas por parte do IGP, entidade responsável pelo tratamento de base de dados, tendo em vista a salvaguarda das informações pessoais contra mecanismos de destruição, alteração, difusão ou acesso não autorizado.

Considerando a protecção de dados a Portaria N.º 976/2009 refere que: “a comunicação de

dados pessoais e a cedência da informação respectiva obedece às disposições gerais de protecção de dados pessoais, assim como a comunicação dos dados não pessoais e a cedência da informação respectiva obedecem ao disposto na Lei de Acesso aos Documentos Administrativos”. Ainda na mesma Portaria são referidos os encargos relativos à cedência de

comunicação de dados e à cedência de informações relativas aos prédios, sendo que os encargos são actualizados automaticamente de acordo com a taxa de inflação estabelecida pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Considerando ainda os encargos por parte dos titulares cadastrais, a Portaria n.º 937/2009 refere que: “os titulares de prédios em situação de cadastro

diferido podem solicitar ao IGP a realização de um processo de conservação do cadastro circunscrito à área onde os prédios se situam sendo que a demarcação adequada e os encargos são suportados pelos proponentes”.

Após resolvidas as questões técnicas do funcionamento do projecto SiNErGIC e as questões referentes à protecção de dados foi necessário proceder a escolha dos municípios. A escolha desses municípios recaiu segundo a Portaria N.º 976/2009 de 1 de Setembro sobre municípios prioritários que possuíssem: Zonas de Intervenção Florestal (ZIF), grupos de baldios, fraca qualidade da informação cadastral que necessitasse de realização de operações de execução de cadastro e concelhos onde o cadastro não chegou a ser concluído. Os critérios anteriormente descritos levaram à selecção dos concelhos de Ílhavo, Lisboa, Loulé, Oliveira do Hospital, Mira, Paredes, Penafiel, Pombal, Seia, Santa Maria da Feira, São Brás de Alportel, Tavira e Vagos, sendo necessário referir que alguns destes concelhos só tiveram autorização para algumas das suas freguesias. A Resolução do Ministros N.º 92/ 2009 permitiu o início efectivo do SiNErGIC explicitando a pretensão da aquisição de serviços recorrendo a um procedimento pré-contratual de concurso público para a execução do SiNErGIC nos municípios de Paredes, Penafiel, Oliveira do Hospital, Seia, Tavira, São Brás de Alportel e Loulé.

No âmbito do SiNErGIC, um interesse que se evidencia como prioritário é a necessidade de apoiar o sector florestal, tendo sido incluído no projecto SiNErGIC como um sub-projecto com a parceria da Autoridade Florestal Nacional (AFN) e denominado “Cadastro de áreas florestais”. Este sub-projecto ganhou contornos legais com o Despacho N.º 5828/ 2010, no qual é criado um grupo de trabalho para a elaboração de um relatório sobre as medidas a serem tomadas no Cadastro Florestal. O referido despacho indica ainda que o IGP e a AFN são responsáveis pelo Cadastro Florestal, sendo que as áreas de acção prioritárias seriam, as áreas públicas

comunitárias (baldios) e as ZIF permitindo assim assegurar a consolidação da informação sobre a estrutura e a titularidade da propriedade florestal e conseguir uma implementação mais eficaz das medidas fiscais e da política florestal. O uso de ZIF’s no projecto SiNErGIC tornou-se uma realidade com a alteração ao Decreto-Lei N.º 224/ 2007, de 31 de Maio. Essa alteração foi efectuada recentemente com o Decreto-Lei N.º 65/2011, onde é referida a integração das ZIF no regime experimental da execução, exploração e acesso à informação cadastral (SiNErGIC). De acordo com Reis (2009), cada vez mais se dá prioridade ao desenvolvimento do território com vocação florestal, pois a criação das ZIF possibilita um novo impulso para a rentabilização de pequenos prédios rústicos. Reis afirma ainda que é errado pensar no SiNErGIC como um sorvedouro de recursos financeiros nacionais e/ou comunitários referindo que, o investimento neste tipo de sistemas cadastrais tem trazido receitas avultas a curto prazo em taxas e impostos sobre o património e na regularização imobiliária. No caso do sector florestal, o autor afirma que o cadastro é fundamental para a produção de riqueza neste sector primário da economia nacional.