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Zonas de Intervenção Florestal (ZIF) e Certificação Florestal

4. FLORESTA E O ASSOCIATIVISMO

4.6 Zonas de Intervenção Florestal (ZIF) e Certificação Florestal

O conceito ZIF foi idealizado após os grandes incêndios florestais de 2003, sendo introduzido no sector florestal com o Decreto-lei n.º 127/2005, de 5 de Agosto numa tentativa de criar um procedimento válido para a gestão florestal de prédios rústicos com uma estrutura minifundiária (Deus, 2010). Existem três razões fundamentais para as ZIF serem orientadas para o minifúndio, nomeadamente a elevada incidência de incêndios florestais nos prédios rústicos de minifúndio, a rentabilização dos pequenos prédios rústicos através de uma gestão conjunta e a maior facilidade de acesso a fundos comunitários. A agregação de várias propriedades de pequena dimensão pertencentes a diversos proprietários veio proporcionar uma gestão conjunta com vista à rentabilização dessas propriedades. A definição de ZIF é descrita na alínea i) do art. 3.º do Decreto-lei n.º 127/2005, de 5 Agosto como um território, contínuo e delimitado, de natureza maioritariamente florestal e gerido por uma única entidade (entidade gestora), submetido a um plano de gestão florestal (PGF) e a um plano específico de intervenção florestal (PEIF). As entidades gestoras são normalmente as OPF, os compartes de baldios e conjuntos de proprietários que garantam as especificações requeridas para constituição de ZIF.

Os vários processos de constituição, avaliação e aprovação das ZIF são da competência da AFN, sendo que posteriormente a sua responsabilidade passa pela avaliação do desempenho das funções das OPF, incluindo a fiscalização do cumprimento dos pressupostos legais. A AFN é

ainda responsável pela criação de um manual de procedimentos de apoio à constituição de uma ZIF, que inclui um modelo de regulamento interno, um modelo dos PGF e PEIF, e as normas para a elaboração de peças gráficas. A necessidade de elaborar este manual surgiu pela primeira vez na revisão, em 2009, do anterior Decreto-Lei (DL n.º 15/2009, de 14 de Janeiro. Neste último Decreto-Lei é ainda mencionado que o documento legal serve para a possibilidade de inclusão dos terrenos do domínio privado do Estado nas ZIF, bem como a possibilidade de inclusão dos territórios comunitários simplificando todo o processo de concessão e organização. De acordo com a AFN (2011b), estão constituídas 149 ZIF distribuídas pelas várias unidades territoriais de Portugal Continental constituindo um total de 762.658,967 hectares, o que já representa alguma relevância como mostra a Figura 4.7:

  Figura 4.7 – N.º de ZIF por Direcções Regionais Florestais.

Direcção Regional Florestal N.º de ZIF Hectares Totalizados

Algarve 16 64.512,707

Alentejo 2 13.207,072

Centro 72 290.299,922

Lisboa e Vale do Tejo 24 291.210,397

Norte 35 103.428,869

Total Geral 149 762.658,967

Tabela 4.5 – Números de ZIF e hectares totalizados por DRF.

A distribuição das ZIF pelas cinco regiões (Tabela 4.5) mostra que os maiores números de ZIF encontram-se no Norte e no Centro. Esta distribuição está de acordo com o mencionado por Deus (2010), que refere que as zonas de constituição de ZIF são efectivamente zonas onde predomina a estrutura minifundiária.

Considerando a falta de Cadastro Predial nos prédios rústicos a Norte e Centro do País, o Decreto-lei n.º 127/2005 e o Decreto-lei n.º 15/2009 referem que, na ausência de Cadastro Predial, deve ser apresentado como um dos elementos obrigatórios o cadastro geométrico ou simplificado dos prédios abrangidos pelos aderentes ou na falta deste, um inventário da estrutura da propriedade na escala adequada à sua identificação. Alternativamente, as entidades gestoras realizam preferencialmente levantamentos perimetrais com recurso a receptores GPS. A

recorrência a levantamentos perimetrais leva a que os aderentes declinem efectuar o Cadastro homologado através do IGP. Esta situação verifica-se devido aos custos aplicados aos prédios rústicos minifundiários que estão completamente desajustados a realidade orçamental dos pequenos proprietários recorrendo muitas vezes a prestações de serviços mais baratos e existentes em OPF.

A importância das ZIF para a elaboração do Cadastro Florestal é considerada uma mais-valia na celeridade do processo visto que as entidades gestoras possuem a informação dos aderentes e dos prédios facilitando a execução do Cadastro Florestal é executado. Neste sentido através da publicação no Decreto-lei n.º 65/2011, de 16 de Maio, foi determinada a criação de um subprojecto próprio, no âmbito do SINERGIC, relativo ao cadastro das áreas de floresta. Para tal, foi constituído um grupo de trabalho com o objectivo de propor medidas tendentes à implementação do cadastro em áreas florestais, assegurando, numa primeira fase, a cobertura das áreas públicas comunitárias e das áreas integradas em zonas de intervenção florestal (ZIF). O estabelecimento das ZIF tornou possível o acesso a novas formas de gestão florestal por parte dos pequenos proprietários, nomeadamente o acesso à certificação florestal. O funcionamento da ZIF pode facilitar a implementação da certificação florestal permitindo assim a participação dos pequenos proprietários em mercados dominados por empresas florestais. A certificação florestal de acordo com a DGRF (2006) é um processo auto-regulador, iniciado e suportado por actores privados, tanto produtores, como industriais, como comerciais. Este processo possibilita de forma voluntária a gestão florestal sustentável e cria uma cadeia de responsabilidades que demonstra a proveniência e o tipo de gestão da madeira ao consumidor final. Actualmente em Portugal existem dois tipos de certificações predominantes: o Programme for the Endorsement of

Forest Certification Council (PEFC) e o Forest Stewardship Council (FSC). Dos vários

indicadores a seguir e preservar para a viabilidade de uma gestão florestal sustentável, existe um critério comum à criação da ZIF, que é a necessidade de cadastro ou na ausência dele a existência de cadastro geométrico ou simplificado dos prédios abrangidos pelos aderentes ou que na falta daquele, um inventário da estrutura da propriedade na escala adequada à sua identificação. A certificação florestal é um gesto nobre de exploração dos espaços florestais mas actualmente torna-se difícil aplicar em zonas de ZIF ou por parte de OPF porque torna-se um processo por vezes dispendioso em que a margem de lucro por vezes é pequena ou nenhuma. Sendo assim o cadastro florestal poderá ser usado para cumprir os requisitos impostos pela certificação florestal e permite também abertura a novos apoios comunitários que possibilitem a implementação das medidas para uma gestão florestal sustentável do ponto de vista ambiental, mas também do ponto de vista monetário.