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3.2 SERVIDOR PÚBLICO

3.2.3 Principais disposições constitucionais e previstas na Lei nº 8.112/90 sobre os

3.2.3.2 Estabilidade

Outra garantia constitucional do servidor público civil está prevista no artigo 41,

caput, da CRFB/88, o qual prevê que são estáveis, após três anos de efetivo exercício, os

servidores nomeados para cargos de provimento efetivo.12 Mas, para adquirir a estabilidade, o servidor deverá ser aprovado em avaliações de desempenho a serem realizadas por comissões constituídas para tanto (§ 4º, art. 41, da CRFB/88). (BRASIL, 1988).

Gasparini (2012, p. 266) define a estabilidade como “a garantia constitucional de permanência no serviço público, do servidor estatutário nomeado, em razão de concurso público, para titularizar cargo de provimento efetivo, após o transcurso do triênio constitucional.” Ainda, o referido autor lembra que tal garantia não é do cargo, mas sim do servidor estatutário efetivo.

Sobre a estabilidade discorre Araújo (2009, p. 305): “O direito de permanência no serviço público sempre foi considerado como medida de proteção ao serviço para o desempenho imparcial e impessoal de seu cargo, apenas voltado para o interesse público de suas funções, para as quais foi admitido.”

Ademais, ressalta-se que não há necessidade de requerimento do servidor para adquirir a estabilidade, pois esta se processa automaticamente, embora exija a aprovação em avaliação de desempenho. Porém, esta avaliação não deve ser confundida com o estágio probatório que apenas apura a conveniência ou não do servidor no serviço público. (GASPARINI, 2012, p. 266).

Assim, só adquire a estabilidade o servidor que, simultaneamente, completar os

11 O teto constitucional é um limite para a remuneração dos servidores estabelecido pela Constituição de 1988,

em seu artigo 37, inciso XI. (DI PIETRO, 2012).

12 Entende-se por cargo de provimento efetivo “aquele sujeito a regime jurídico próprio no tocante à exoneração,

à remuneração e à futura inativação, cujo provimento é condicionado ao preenchimento de requisitos objetivos, usualmente avaliados mediante concurso público.” (JUSTEN FILHO, 2009, p. 740).

seguintes requisitos: for nomeado em razão de concurso público, for titular de cargo de provimento efetivo, possuir três anos de efetivo exercício do cargo, ter sido aprovado em avaliação especial por comissão constituída para tanto. (GASPARINI, 2012).

E, ao adquirir a estabilidade, o servidor somente poderá perder o cargo que ocupa em virtude de sentença judicial transitada em julgado, mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada a ampla defesa, ou, ainda, nos casos previstos pelo artigo 169, CRFB/88.13 (DI PIETRO, 2012, p. 648).

Da estabilidade decorrem outras garantias ao servidor, como a sua disponibilidade com a percepção da remuneração em caso de extinção do cargo que ocupa, bem como o direito ao reingresso ao Poder Público nos casos em que for invalidada a demissão do servidor, por sentença judicial, caso em que o servidor estável será reintegrado ao seu cargo de origem, sendo-lhe devidas as indenizações relativas à demissão injusta. (MEIRELLES, 2012).

3.2.3.2.1 Vitaliciedade e inamovibilidade

Segundo Gasparini, (2012, p. 273-274), “a estabilidade e a efetividade, não se confundem com a vitaliciedade e a inamovibilidade. […] Somente alguns agentes públicos os recebem em razão da absoluta necessidade para desempenho de suas atribuições [...].”

A vitaliciedade é a prerrogativa que impede a perda do cargo, salvo por sentença transitada em julgado, aposentadoria compulsória, exoneração a pedido ou morte. Já a

13Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios

não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar. § 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos, empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público, só poderão ser feitas: I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes; II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de economia mista. § 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar referida neste artigo para a adaptação aos parâmetros ali previstos, serão imediatamente suspensos todos os repasses de verbas federais ou estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que não observarem os referidos limites. § 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo fixado na lei complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adotarão as seguintes providências: I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de confiança; II - exoneração dos servidores não estáveis. § 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para assegurar o cumprimento da determinação da lei complementar referida neste artigo, o servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal. § 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo anterior fará jus à indenização correspondente a um mês de remuneração por ano de serviço. § 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anteriores será considerado extinto, vedada a criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de quatro anos. § 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obedecidas na efetivação do disposto no § 4º.

inamovibilidade é a prerrogativa que impede que um titular de um cargo possa ser removido ou transferido, salvo interesse público e nas condições definidas em lei ou na Constituição. (GASPARINI, 2012, p. 274).

Os agentes públicos beneficiados com tais prerrogativas são, entre outros, os membros do Poder Judiciário, os Ministros dos Tribunais de Contas da União e os membros do Ministério Público. (BRASIL, 1988).

Partindo dos conceitos acima elencados, fica clara a distinção entre a estabilidade, conferida aos servidores públicos estatutários, e a vitaliciedade, prerrogativa de alguns seletos agentes públicos, tendo em vista que as possibilidades da perda do cargo destes últimos são limitadas se comparadas às dos ocupantes de cargos efetivos.