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4.4 ESTUDO SOBRE OS ENTENDIMENTOS DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA

4.4.2 Posicionamento adotado pelo Superior Tribunal de Justiça

Os principais julgados do STJ após o ano de 2007, relativos ao direito de greve dos servidores públicos civis, especificamente em relação aos trabalhadores do Poder Judiciário Federal, são os proferidos nos autos de números: 2010/0087027-1 (Pet 7933/DF), 2010/0088406-8 (Pet 7939/DF) e 2010/0091947-0 (Pet 7961/DF).

Cada petição acima mencionada diz respeito a uma categoria de servidores do Poder Judiciário Federal, e, a seguir, serão expostos os principais fundamentos presentes em cada decisório prolatado em cada um dos processos referidos.

Os autos de nº 2010/0087027-1 foram interpostos pela União Federal em face da Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União (FENAJUFE) e contra o Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário e do Ministério Público da União no Distrito Federal (SINDIJUS/DF), em 2010, com o objetivo de, liminarmente, ver declarada a ilegalidade da greve exercida pelos membros do Poder

Judiciário Eleitoral, bem como determinar a suspensão do movimento paredista realizado, em nível nacional, pelos servidores do Poder Judiciário em exercício na Justiça Eleitoral.

Os argumentos utilizados pela União Federal basearam-se na inexistência de notificação do início do movimento paredista, na ausência de negociação prévia acerca das reivindicações da categoria, na não observância do contingente mínimo de 30 por cento dos servidores e, por fim, no fato de que a greve deflagrada tinha por objetivo inferir no procedimento legislativo, para que os Projetos de Lei nº 6.613 e nº 6.69730, ambos de 2009, fossem aprovados no Congresso Nacional.

A Corte decidiu por conceder a liminar pleiteada, sendo que foi determinada a manutenção de 80 por cento dos servidores da Justiça Eleitoral na continuação dos serviços, sob pena de atentar contra o estado democrático de direito, visto que a greve fora deflagrada em ano eleitoral. Extrai-se do julgado supracitado:

O processo eleitoral revela um dos momentos mais expressivos da democracia, já que é o meio pelo qual a população escolhe seus representantes. A Justiça Eleitoral objetiva resguardar o valor maior da ordem republicana democrática representativa que é o exercício da cidadania, concretizada na oportunidade de votar e ser votado. Além disso, é notório que essa Justiça especializada não busca dirimir conflitos de interesses privados sobre direitos disponíveis, mas compor litígios entre direito do cidadão e o interesse público, notadamente o zelo pela democracia representativa. A paralisação das atividades dos servidores da Justiça Eleitoral deflagrada em âmbito nacional, sem o contingenciamento do mínimo de pessoal necessário à realização das atividades essenciais, agravada pela ausência de prévia notificação da Administração e tentativa de acordo entre as partes, nos termos do que preceitua a Lei nº 7.783/89, atenta contra o Estado Democrático de Direito, uma vez que impede o exercício pleno dos direitos políticos dos cidadãos e ofende, expressamente, a ordem pública e os princípios da legalidade, da continuidade dos serviços públicos e da supremacia do interesse público sobre o privado, principalmente por se tratar de ano eleitoral. [...] Nada obstante, por tratar-se de juízo sumário e inaudita altera pars, entendo razoável nessa fase inicial do processo deferir o pedido subsidiário formulado pela autora, para que ‘seja mantida no trabalho, nos dias de greve, uma equipe com no mínimo 80% dos servidores em cada localidade de atuação, sob pena da multa já requerida’ (e-STJ fl. 37), até que seja apreciado o mérito da demanda. A liminar deferida com essa extensão acautela os interesses públicos tutelados pela Justiça Eleitoral, sem obstar, por completo, o exercício do direito de greve. Ante o exposto, defiro a liminar pleiteada nos termos acima consignados, sob pena de aplicação de multa no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais) a ser suportada pelos requeridos em cada dia de descumprimento do que ora se decide. (BRASIL, STJ, 2010a).

Em referido decisório, resta claro o posicionamento do ministro relator Castro Meira, em relativizar o direito dos servidores públicos do Poder Judiciário Eleitoral frente aos princípios da continuidade dos serviços públicos e da supremacia do interesse público.

30 Os Projetos de Lei nº 6.613 e nº 6.697 tratam dos planos de cargos e salários dos servidores do Poder

Judiciário Federal e do Ministério Público da União respectivamente. (BRASIL, MPF, 2009; BRASIL, STF, 2009).

Os demandados, inconformados, interpuseram agravo regimental da decisão acima mencionada, com a principal alegação de que limitação do exercício do direito de greve por apenas 20 por cento dos servidores inviabilizava o exercício de tal direito fundamental:

O Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário e do Ministério Público da União no Distrito Federal – Sindjus/DF alega que deve ser reformada a decisão, com base nos seguintes argumentos: [...] o contingenciamento de 60% dos servidores ‘interfere na dinâmica própria do movimento social’ (e-STJ fls. 247); [...] A Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União – Fenajufe argumenta, em resumo: o contingenciamento de 80% dos servidores lotados na Justiça Eleitoral inviabiliza o direito de greve (e-STJ fl. 801). (BRASIL, STJ, 2010d).

Com base na fundamentação constante na decisão que deferiu a liminar requerida pela União Federal, o Ministro Castro Meira negou provimento ao agravo regimental interposto, mantendo, assim, o decisório anteriormente proferido.

Em julgamento final, o STJ, tendo visto a limitação da sua competência para dirimir conflitos relacionados ao direito de greve,31 e, considerando a legitimidade subsidiária das federações,32 decidiu por declinar da competência para o TRF competente para processamento e julgamento do feito:

Com a limitação da legitimidade da FENAJUFE, remanesce apenas a discussão da legalidade da greve dos servidores da Justiça Eleitoral lotados no Distrito Federal (representados pelo Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário e do Ministério Público da União no Distrito Federal – SINDJUS/DF) e no Estado de Roraima, o que afasta a competência do Superior Tribunal de Justiça para o julgamento da ação. 5. Declarada a incompetência do Superior Tribunal de Justiça para o julgamento da lide e determinada a remessa dos autos ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região, para que dê regular prosseguimento ao feito. (BRASIL, STJ, 2011a).

Em relação aos julgados acima mencionados, proferidos nos autos de nº 2010/0087027-1, é possível observar que, embora permitido o exercício do direito de greve pelos servidores do Poder Judiciário Eleitoral, a determinação de permanência de um contingente referente a 80 por cento dos servidores em seus locais de trabalho torna inviável o prosseguimento do movimento. Ora, considerando que algumas zonas eleitorais possuem

31 O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Mandado de Injunção 708/DF, Rel. Min. GILMAR MENDES,

DJe 25/10/07, limitou a competência do Superior Tribunal de Justiça para decidir originariamente questões relacionadas à greve de servidores públicos (a) de âmbito nacional, (b) que abranjam mais de uma região da justiça federal e (c) que compreendam mais de uma unidade da federação. Nos demais casos, em se tratando de servidores públicos federais, a competência será do respectivo Tribunal Regional Federal. (BRASIL, STJ, 2011a).

32 Nos termos da legislação de regência, cabe aos sindicatos a representação da categoria dentro da sua base

territorial. A legitimidade das federações é subsidiária, ou seja, somente representam os interesses da categoria na ausência do respectivo sindicato. (BRASIL, STJ, 2011a).

apenas dois servidores, o posicionamento adotado pelo STJ torna impossível o exercício de greve em tais locais de trabalho.

A demanda de nº 2010/0088406-8, também interposta no STJ, pela União Federal em face da FENAJUFE e do SINDIJUSDF, tinha por finalidade a declaração da ilegalidade do movimento paredista realizado pelos servidores do Poder Judiciário Federal em exercício na Justiça do Trabalho, bem como a suspensão da greve por estes deflagrada.

A União utilizou-se dos mesmos argumentos que nos autos da Petição de nº 7933/DF para propor a ação. A requerente sustentou que os grevistas não haviam mantido 30 por cento dos servidores nos postos de trabalho, assim como não tinham sequer notificado a Administração, inclusive para uma tentativa de negociação. Diante desse quadro, a requerente alegou que a greve realizada era abusiva e ilegal.33

O relator, Ministro Castro Meira, fundamentou seu posicionamento nas decisões proferidas pelo STF nos Mandados de Injunção de nºs 670/ES, 708/DF e 712/PA, tanto para delimitar a competência para dirimir o conflito em tela como para justificar a imposição de limites ao direito de greve dos servidores públicos civis. Conforme se observa a seguir:

O Supremo Tribunal Federal, ao apreciar simultaneamente os Mandados de Injunção nºs 670/ES, 708/DF e 712/PA, fixou a competência desta Corte para decidir as ações ajuizadas visando ao exercício do direito de greve pelos servidores públicos civis quando a paralisação for de âmbito nacional ou abranger mais de uma unidade da federação, por analogia ao disposto no artigo 2º, inciso I, alínea "a", da Lei nº 7.701/88, que atribui competência ao Tribunal Superior do Trabalho para julgar dissídios coletivos que excedam a jurisdição dos Tribunais Regionais do Trabalho. Na mesma oportunidade, o Pretório Excelso, interpretando o disposto no artigo 37, inciso VII, da Constituição da República – o qual garante a todas as categorias, inclusive aos servidores públicos, o direito de greve –, entendeu ser aplicável, no que couber e enquanto não for editado regramento específico, a Lei nº 7.783/89, que disciplina o exercício do direito de greve, define as atividades essenciais e regula o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. (BRASIL, STJ, 2010b).

Além de levar em consideração os julgados do STF, o ministro, assim como já havia decidido nos autos de nº 2010/0087027-1, considerou legítima a restrição dos direitos dos servidores do Poder Judiciário Federal, relativos à greve, tendo em vista a supremacia do interesse público, bem como o princípio da continuidade dos serviços prestados pelo Poder

33 Assevera, em resumo, que a greve deve ser declarada abusiva e ilegal porque: (i) ‘tem como único desiderato

interferir no regular procedimento legislativo de aprovação de projeto de lei ordinária, que já tramita em regime prioritário’ (e-STJ fls. 03 e 13-16); (ii) a Administração não foi notificada previamente, além de não ter havido tentativa de negociação, consoante determinam os artigos 3º e 13 da Lei nº 7.783/89 (e-STJ fls. 08-10); (iii) em determinados Estados não foi respeitado o contingenciamento mínimo de 30% (e-STJ fls. 10-11); (iv) ‘porque incitam os servidores à paralisação mesmo após terem participado ativamente na elaboração dos Projetos de Lei e no acompanhamento dos mesmos perante o Poder Legislativo’ (e-STJ fl. 26). (BRASIL, STJ, 2010b).

Judiciário. Ainda, o relator deixou claro, mais uma vez, seu posicionamento de que os serviços prestados pelo Poder Judiciário devem ser tidos como essenciais.34

Considerando presentes os requisitos para deferimento da liminar, tendo em vista o baixo efetivo de servidores que não aderiram ao movimento paredista na Justiça do Trabalho, o Ministro determinou que 60 por cento dos servidores não poderiam fazer parte do movimento grevista, sem considerar, nesse montante, os servidores exercentes de cargos e funções de confiança:

Além disso, é manifesto o perigo na demora tendo em vista, por exemplo, os ofícios subscritos pelos ilustres Presidentes dos Tribunais Regionais do Trabalho da 11ª Região e da 24ª Região enviados ao Exmo. Senhor Ministro Presidente do Conselho Superior do Trabalho, informando, respectivamente, que em Manaus ‘apenas 5 Varas das 19’ estão em funcionamento (e-STJ fl. 80) e que no Foro de Campo Grande ‘o prejuízo mais significativo ocorre no Setor de Mandados do Foro Trabalhista de Campo Grande, em que 18 (dezoito) de 21 (vinte e um) servidores lotados, encontram-se paralisados’ (e-STJ fl. 81). Nada obstante, por tratar-se de juízo sumário e inaudita altera pars, entendo Documento: 10509967 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 09/06/2010 Página 4 de 5 Superior Tribunal de Justiça razoável nessa fase inicial do processo deferir em parte o pedido subsidiário formulado pela autora, para que ‘seja mantida no trabalho, nos dias de greve, uma equipe com no mínimo 80% dos servidores em cada localidade de atuação, sob pena da multa já requerida’ (e-STJ fl. 43), reduzindo esse percentual para 60%, excluídos desse montante os exercentes de cargos e funções de confiança, até que seja apreciado o mérito da demanda. (BRASIL, STJ, 2010b).

O entendimento do relator Castro Meira era de que tamanha limitação não iria ceifar por completo a possibilidade do exercício do direito de greve: “A liminar deferida com essa extensão acautela os interesses públicos tutelados pela Justiça do Trabalho, sem obstar, por completo, o exercício do direito de greve.” (BRASIL, STJ, 2010b).

Por fim, fora reconhecida a conexão dos autos em comento com os de nº 2010/0087027-1, acima analisados.

Novamente inconformados, os requeridos interpuseram Agravo Regimental da decisão de liminar acima mencionada. Em nova análise, o recurso fora julgado provido em parte, somente no tocante à possibilidade de considerar os servidores ocupantes de cargos e funções comissionadas inclusos no contingente mínimo de 60 por cento dos servidores que deveriam permanecer em seus postos de trabalho. Extrai-se do julgado o seguinte:

Diante dos novos elementos, é razoável que sejam incluídos no percentual de

34 O direito de greve no âmbito da Administração Pública deve sofrer limitações, na medida em que deve ser

confrontado com os princípios da supremacia do interesse público e da continuidade dos serviços essenciais para que as necessidades da coletividade sejam efetivamente garantidas, como é o caso das atividades exercidas pelo Poder Judiciário. (BRASIL, STJ, 2010b).

contingenciamento mínimo de 60% os servidores ocupantes dos cargos e funções de confiança, tendo em vista que a decisão original poderia importar na imposição de retorno às atividades da quase totalidade dos servidores. Não se pode incluir, portanto, no percentual acima aqueles servidores comissionados que não tenham vínculo efetivo com o Poder Judiciário no âmbito da Justiça Laboral, assim como os cedidos e requisitados. 6. Agravos regimentais do Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário e do Ministério Público da União no Distrito Federal – Sindjus/DF e da Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União – Fenajufe providos em parte. (BRASIL, STJ, 2010e).

Outrossim, o desfecho dado ao feito de nº 2010/0088406-8, embora pendente de recurso, fora o mesmo dado ao de nº 2010/0087027-1; foi declarada a incompetência do STJ para o julgamento da lide, e os autos foram declinados para o TRF competente.35

Por fim, o processo de nº 2010/0091947-0, também em tramitação no STJ, da mesma forma como os demais, fora interposto pela União Federal em face da FENAJUFE e do SIDIJUSDF. Neste feito, a União repetiu todos os demais argumentos elencados nos outros dois processos acima mencionados, todavia, neste processo, discutia-se a ilegalidade e abusividade do movimento paredista realizado pelos servidores do Poder Judiciário em exercício na Justiça Federal.

Da mesma forma como decidido liminarmente nos autos da Petição 7939/DF, o relator Castro Meira, entendeu estarem presentes os requisitos para concessão da medida liminar e determinou que fosse mantido o efetivo de 60 por cento dos servidores nas varas federais de todo o país. Nestes autos também fora reconhecida a conexão com os de nº 7933/DF.

O fundamento utilizado pelo relator, Ministro Castro Meira, foi idêntico aos demais; o direito de greve dos servidores públicos civis restou diminuído em face dos princípios da supremacia do interesse público e da continuidade da prestação dos serviços.36 Outrossim, mais uma vez, foi confirmado o posicionamento do relator em relação à essencialidade dos serviços prestados pelo Poder Judiciário.

35 [...] No caso, a parte autora não comprovou a existência de localidade em que os servidores da Justiça do

Trabalho não possuam sindicato organizado, pelo que a Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União – FENAJUFE não possui legitimidade para figurar no polo passivo. 4. Com a exclusão da FENAJUFE da lide, remanesce apenas a discussão da legalidade da greve dos servidores da Justiça do Trabalho lotados no Distrito Federal, representados pelo Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário e do Ministério Público da União no Distrito Federal – SINDJUS/DF, o que afasta a competência do Superior Tribunal de Justiça para o julgamento da ação. (BRASIL, STJ, 2011b).

36 O direito de greve no âmbito da Administração Pública deve sofrer limitações, na medida em que deve ser

confrontado com os princípios da supremacia do interesse público e da continuidade dos serviços essenciais para que as necessidades da coletividade sejam efetivamente garantidas, como é o caso das atividades exercidas pelo Poder Judiciário. [...] Dessume-se do julgado do Pretório Excelso que as atividades de Administração da Justiça, nas quais se enquadram os filiados dos requeridos, são essenciais ao regular funcionamento das instituições, situação que permite concluir pela impossibilidade de exercício ilimitado do direito de greve. (BRASIL, STJ, 2010c).

Os requeridos interpuseram agravo regimental da decisão liminar à qual não fora dado provimento.

Novamente o posicionamento adotado pelo STJ foi o de declarar a sua incompetência para o julgamento da lide e a remessa dos autos para o Juízo competente.37

Em análise às demandas acima e às decisões emanadas em referidos autos, verifica-se que, embora todos os três processos tenham sido julgados parcialmente da mesma forma, alguns pontos merecem destaque.

Primeiramente, é possível observar que em todos os momentos os direitos dos servidores ao exercício do direito de greve foram relativizados ante o princípio da supremacia do interesse público. Da mesma forma se dá em relação ao princípio da continuidade do serviço público.

No entanto, considerando-se que 2010 foi ano eleitoral, o STJ impôs mais barreiras ao exercício de greve pelos servidores do Poder Judiciário Eleitoral em relação às demais Justiças (do Trabalho e Federal). Ou seja, a Corte utilizou-se do poder discricionário para disciplinar, como melhor convinha ao Poder Público à época, a adesão ao movimento paredista no Poder Judiciário Eleitoral.

Resta claro, também, que ao limitar a possibilidade do exercício do direito de greve por parte, somente, de 20 por cento dos trabalhadores da Justiça Eleitoral, a intenção do STJ foi a de dificultar ao máximo o efetivo exercício do direito de greve, quase que o impedindo.

Ainda, em nenhum momento se buscou formas alternativas a fim de resguardar a garantia constitucional dos servidores ao direito à greve. A limitação do contingente de 60 ou 80 por cento dos servidores diminui exponencialmente o poder de barganha destes e enfraquece os movimentos paredistas. Sem contar o fato de que, tendo em vista a possibilidade de ver declarada a abusividade e ilegalidade da greve (sem muitos parâmetros para tanto), e, consequentemente, ser considerada indevida a remuneração pelos dias parados, os servidores sentem-se acuados e retornam às suas atividades laborais.

37 [...] No caso, apenas os servidores da Justiça Eleitoral lotados no Estado de Roraima não são representados por

sindicato, cabendo à Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União – FENAJUFE a legitimidade para responder pela legalidade da greve desses servidores. 4. Com a limitação da legitimidade da FENAJUFE, remanesce apenas a discussão da legalidade da greve dos servidores da Justiça Eleitoral lotados no Distrito Federal (representados pelo Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário e do Ministério Público da União no Documento: 15681623 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJe: 21/06/2011 Página 1 de 2 Superior Tribunal de Justiça Distrito Federal – SINDJUS/DF) e no Estado de Roraima, o que afasta a competência do Superior Tribunal de Justiça para o julgamento da ação. 5. Declarada a incompetência do Superior Tribunal de Justiça para o julgamento da lide e determinada a remessa dos autos ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região, para que dê regular prosseguimento ao feito. (BRASIL, STJ, 2011c).

Conclui-se, com as observações acima, que o STJ, embora permita o exercício de greve no setor público, não a reconhece como um direito fundamental dos servidores públicos civis, porquanto, ao limitar demasiadamente seu exercício, a Corte superior inviabiliza os movimentos de luta, muitas vezes anulando-os por completo.