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Capítulo

A: estar melhor preparada para fazer a avaliação

Sessão Mat.Com, 4 de Março de 2009

Muitas vezes os nossos problemas ultrapassam-nos. Por muito que façamos isoladamente não conseguimos resolvê-los. Estou a pensar, por exemplo, em alguns dos constrangimentos à implementação da avaliação formativa ou na já referida imagem negativa associada à disciplina de Matemática. Mesmo assim, é sempre possível fazer alguma coisa, sobretudo se houver vontade de mudar. Ainda que para isso seja preciso correr riscos, é preciso ter esperança, como refere Vieira (2008: ii):

“Ter esperança não é, portanto, o mesmo que abraçar um idealismo ingénuo, ou uma retórica sem consequências práticas. Pelo contrário, implica construir continuamente uma visão crítica da educação, dos paradoxos e dilemas que a atravessam, das (im)possibilidades que nela se desenham a cada momento, e com base nessa visão dar passos também continuamente, por muito curtos que sejam, no sentido dos ideais que defendemos, sem desistir. Ter esperança é ter uma visão e ser persistente na lenta e sempre incompleta concretização dessa visão. Na base da esperança estará sempre, por conseguinte, a insatisfação com o “estado de coisas” e o inconformismo face ao “estado de coisas”. Acreditar que é possível mudá-lo implica desacreditá-lo. E é a isso que assistimos hoje em muitos lugares, quando os professores apontam a necessidade de mudar

recusando mudar em determinada direcção.”

Analisámos em conjunto, neste dia, o que só três meses depois levámos ao Departamento para voltar ao debate e à partilha. Nessa altura saímos do casulo, voltámos a avivar a memória sobre o que tínhamos lido nos dados, e ouvimos com

muita atenção a opinião dos outros colegas de Departamento, esperando que o nosso trabalho tivesse sido útil.

Sintetizando esta secção, direi que ela dá conta do percurso de construção de um instrumento de recolha de informação sobre avaliação das aprendizagens, o questionário aplicado ao Departamento de Matemática/TIC, bem como da análise da informação assim obtida. Esta informação contribuiu significativamente para a análise de concepções e práticas de avaliação das aprendizagens.

A análise centrou-se essencialmente nas questões mais relevantes e mais debatidas, tanto no grupo Mat.Com como no Departamento de Matemática, nomeadamente as dicotomias objectividade/subjectividade e qualitativo/quantitativo na avaliação, a relação entre avaliação formativa e sumativa, as características da avaliação com destaque para a participação, a negociação e a justiça, o papel dos alunos na avaliação, os elementos utilizados na avaliação e os mais valorizados pelos professores, os constrangimentos à aplicação da avaliação formativa e as razões para mudar a avaliação. Há aspectos que não foram abordados nesta análise e que podem ser relevantes a outros olhos. Estou consciente de que a análise dos resultados não está esgotada na narrativa apresentada. No entanto, esta opção tem a ver com o propósito formativo deste instrumento de recolha de dados, o qual visou, sobretudo, contribuir para o debate, a reflexão e o questionamento em torno de concepções e práticas de avaliação.

3. 5 (Re)construção de práticas de avaliação formativa

Esta secção de análise abrange sete sessões do grupo Mat.Com, as quais se realizaram durante o segundo período, excepto a primeira que ainda foi no primeiro período (sessões 9, 10, 11, 12, 13, 15 e 16). Correspondem a uma vertente essencial do trabalho, que foi a partilha de experiências de avaliação formativa, bem como a construção conjunta de uma experiência de avaliação formativa, cujo peso também é marcado pelo número de sessões que lhe foram dedicadas. A curiosidade em chegar a esta fase do projecto foi comum a todas as participantes. Todas esperávamos ver como

avançado mais nesse sentido do que outras. Pelo meu lado, tentei cativar as colegas com os meus exemplos, como já referi atrás, e senti que o que ia fazendo dava mais força ao meu discurso. Por outro lado, as minhas expectativas acerca da actuação das minhas colegas marcaram também esta fase do projecto, pois senti uma grande curiosidade em ver como punham em prática a avaliação formativa.

A planificação desta vertente do projecto foi concretizada na nona sessão, correspondente à primeira desta secção de análise, na qual se elaborou uma grelha para o registo das avaliações formativas, e em que se iniciou a planificação de uma experiência de avaliação formativa conjunta. Em relação às restantes sessões, duas ficaram reservadas à partilha de experiências de avaliação formativa que fossem desenvolvidas por todas e registadas na grelha de registo que elaborámos para o efeito, e as outras quatro foram todas dedicadas à planificação e análise da experiência conjunta. Inicialmente tínhamos pensado numa planificação para esta fase, que foi necessário reajustar devido a diversos constrangimentos.

Planear a viagem

A sessão de 10 de Dezembro começou com esclarecimentos acerca da continuidade do trabalho a desenvolver com o projecto, visto que nas sessões anteriores tínhamos estado envolvidas na construção do questionário, e foi necessário fazer o ponto da situação. Distribui o guião que se segue, no qual são definidos os objectivos da sessão:

Quadro 23

Guião da 9ª sessão de trabalho do Mat.Com 10 de Dezembro de 2008

Debate/reflexão em torno do registo de práticas de avaliação formativa e da sua construção. Construção de uma grelha de registo sistemático de práticas de avaliação

• Apresentar uma proposta de grelha de registo. • Reflectir sobre a sua forma, utilidade e utilização.

Construção conjunta de uma experiência de avaliação formativa

• Reflectir sobre a área a explorar, tendo em conta a sua relevância, utilidade, abrangência, etc.

À partida, este plano revelou-se cativante para as colegas, as quais perspectivaram logo a experiência de avaliação conjunta, tendo em conta a intervenção dos alunos

através da negociação, o que a meu ver era uma mudança significativa na forma como concebiam a avaliação, conforme se pode ler no excerto seguinte:

Olga: portanto hoje nós temos que fazer estas duas coisas, que é: construção de uma grelha de

registo sistemático de práticas de avaliação, e eu já tenho uma proposta, portanto está aqui escrito, reflectir sobre a sua forma, utilidade e utilização, eu vou-vos mostrar

B: ai eu acho que vai ser muito bom