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porque é exactamente as dificuldades que a gente nota na resolução dos testes Olga: é as mesmas coisas

Capítulo

A: porque é exactamente as dificuldades que a gente nota na resolução dos testes Olga: é as mesmas coisas

Sessão Mat.Com, 5 de Novembro de 2008

Falámos também sobre a melhor forma de aplicar a ficha construída pela colega, por ela ter colocado dúvidas a esse nível. Percebemos que fosse qual fosse a forma de a

aplicar, no mínimo ia obrigar o aluno a reflectir sobre as suas aprendizagens, e que sendo esse propósito cumprido, então já tinha valido a pena aplicá-la. Percebemos, ainda, que para desenvolver este tipo de avaliação é necessário que haja uma planificação dos instrumentos e que se recolha informação com eles, a qual deve ser analisada e utilizada para realmente regular o ensino e a aprendizagem.

No final da sessão, as colegas mostraram interesse em ler o livro “Para além dos testes…A avaliação processual na aula de Inglês” e ficaram com ele para leitura.

Desta vez, quase não olhámos para o guião, embora algumas das questões, assim como aconteceu noutras sessões, tenham sido implicitamente respondidas. Por exemplo, relativamente à utilidade deste tipo de instrumentos, ficou bem claro qual é a resposta. A prova é o facto de uma das colegas ter avançado para a construção de um instrumento de avaliação formativa para aplicar nas suas turmas, o que não aconteceria se ela não visse utilidade nesse passo, que pode parecer um pequeno passo, mas que para mim foi visto como um grande passo. O passo transformador. O passo que arrisca ir mais além –

dar mais voz aos alunos.

Como síntese final desta secção, direi que oferece uma imagem das concepções iniciais das participantes, a qual foi sendo reconstruída com o contributo das leituras e da reflexão sobre os textos e a sua relação com a experiência. Noinício, a visão que transportavam acerca da avaliação era muito unilateral, com a intervenção dos alunos reduzida ao mínimo, além de revelarem algumas confusões ao nível das concepções, as quais foram sendo clarificadas. Desta forma, o trabalho desenvolvido contribuiu para alcançar dois dos objectivos do trabalho: Analisar concepções e práticas de avaliação

das aprendizagens e Problematizar a avaliação formativa. Direi ainda que foi possível

identificar constrangimentos ao desenvolvimento de projectos colaborativos. Com efeito, a sobrecarga de tarefas na escola e a consequente falta de tempo para fazer e para pensar dificultam uma colaboração com qualidade, o que por sua vez dificulta o desenvolvimento profissional.

3.3 A perspectiva da avaliação em Matemática

Embora a educação Matemática tenha sido o pano de fundo de todo o trabalho desenvolvido ao longo das sessões, apenas uma sessão, a quinta, foi inteiramente

seguinte, ocupámos também uma parte do tempo com esta abordagem. Procurou-se situar a avaliação neste contexto e conhecer o que a literatura específica adianta, mesmo reconhecendo que ela não difere substancialmente do que é referido noutros contextos.

Nesta sessão, foram debatidas as Normas para a Avaliação em Matemática Escolar propostas pelo NCTM. O grupo já conhecia outras publicações do NCTM, pois elas são uma referência para os professores de Matemática, mas não as Normas para a Avaliação, o que constituía uma lacuna que se pretendeu colmatar. Aliás, a simples curiosidade leva-nos naturalmente por este caminho. Será dificil debater este assunto sem conhecer a posição de um organismo que no entender da APM6 tem especial impacto, conforme é referido por Santos (1999, vii), na apresentação das referidas Normas: “A Associação de Professores de Matemática decidiu traduzir os diferentes

Standards do NCTM, reconhecendo a sua importância e contributo para a melhoria do

ensino e da aprendizagem em Matemática. Em sequência desta iniciativa, surge agora, em língua portuguesa, o terceiro volume da colecção, totalmente dedicado à temática da avaliação, nomeadamente do desempenho dos alunos”.

O NCTM (1999: 3) defende que “À medida que as escolas e os professores alteram as suas práticas, vão-se confrontando com o dilema do resultado dos seus esforços para atingirem novos objectivos poder não ser apoiado pelas práticas tradicionais de avaliação, dado que estas são incompatíveis com a nova visão da Matemática e do progresso na aprendizagem”. Conhecer e aplicar as Normas do NCTM é para alguns uma forma de estar na Matemática. Nelas, defende-se que para fazer uma avaliação mais coerente com um novo modelo de ensino os professores devem recolher informações durante o processo educativo, provenientes de várias fontes, equilibradas e equitativas; parte-se do princípio de que todos os alunos são capazes de aprender Matemática e estabelecem-se expectativas elevadas para a aprendizagem; defende-se que para se fazer uma avaliação diferente também é preciso que se processem outras mudanças: nos conteúdos, no ensino e na aprendizagem; prevê-se que a avaliação comporta várias fases não necessariamente sequenciais, incluindo a planificação, a recolha de informação, a interpretação das evidências e o uso dos resultados. O livro apresenta seis normas para a avaliação que constituem os critérios a usar na análise das práticas de avaliação: a norma para a Matemática; a norma para a Aprendizagem; a norma para a Equidade; a norma para a Transparência; a norma para as Inferências e a

norma para a Coerência. Estas seis normas definem que a avaliação deve reflectir a Matemática que todos os alunos devem saber e ser capazes de fazer, melhorar a aprendizagem em Matemática, promover a equidade, promover inferências válidas sobre a aprendizagem em Matemática e ser um processo transparente e coerente.

As Normas serão a norma?

Iniciei a sessão de 29 de Outubro (5ª sessão) com a distribuição do guião que apresento em seguida:

Quadro 10

Guião da 5ª sessão de trabalho do Mat.Com 29 de Outubro de 2008

Debate/reflexão sobre o texto do NCTM relativo às Normas para a Avaliação em Matemática Escolar

Algumas sugestões para lançar (continuar) o debate… 1º- O texto

- Se pudessem usar uma palavra ou expressão para o descrever, qual usariam? - O que é que vos chamou mais a atenção no texto?

- Consideram que as normas apresentadas fazem sentido? 2º - Perspectivas pessoais

- O que é que consideram ser uma avaliação com qualidade?

- Das normas apresentadas, qual ou quais consideram que aplicam? Até que ponto? - Consideram que as normas se aplicam no contexto português?

- Quais as principais dificuldades que sentem na avaliação dos alunos?

- O que poderá ser feito para melhorar a forma de avaliar os alunos em Matemática?

A falta de tempo para dedicar a leituras mais uma vez condicionou a participação das colegas, o que dificulta o desenvolvimento de uma verdadeira formação. Contudo, a minha atitude não foi a de lhes fazer sentir esse peso, como registei nas minhas notas:

A minha postura não foi a de adiar a sessão, pois julgo que isso só faria com que a pressão sobre elas aumentasse. Pelo contrário, amenizei o clima não fazendo sentir que isso era prejudicial para a compreensão da temática na perspectiva da Matemática e aconselhei-as a ler mais tarde. (…) A sessão acabou por se desenrolar dentro da temática das Normas, pois eu tinha feito um resumo que se revelou muito útil para poder informar/ler/reflectir sobre as Normas.

Diário de investigação, 29 de Outubro de 2008

Portanto, li o meu resumo e expliquei-lhes o que diz o texto, fazendo um enquadramento da avaliação na perspectiva do NCTM. O nosso contexto não é, em

normas. Por isso mesmo, colocámos algumas reservas a algumas das indicações, como acontece com o facto de se estabelecerem expectativas elevadas para a aprendizagem de todos os alunos. Não quer dizer que nós estabelecemos baixas expectativas, mas consideramos muito difícil que todos os alunos possam corresponder a altas expectativas. No excerto seguinte transparece essa atitude:

Olga: eles defendem que todos são capazes de aprender e que se devem estabelecer expectativas

elevadas para a aprendizagem

A: ó pá ele expectativas elevadas talvez, mas e depois quando a gente não…