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CAPÍTULO I – REVISÃO DA LITERATURA

1.4 ESTRATÉGIAS INDIVIDUAIS DE APRENDIZAGEM

As estratégias individuais de aprendizagem são consideradas, por diversos pesquisadores, importantes passos tomados, de forma consciente ou inconsciente, pelos aprendizes, a fim de potencializarem seus aprendizados, melhorando, assim, a competência comunicativa.

De acordo com Oxford (1990), as estratégias de aprendizagem estão entre os principais fatores que ajudam a determinar como e “how well” os alunos aprendem uma segunda língua ou uma língua estrangeira. A autora esclarece:

Learning strategies are defined as specific actions, behaviors, steps or techniques used by students to enhance their own learning. (p. 63).

Outra definição para estratégias de aprendizagem é a de Ellis (1997):

Learning strategies are the particular approaches or techniques that learners employ to try to learn an L2 as a foreign language (p. 77)

Em sua pesquisa sobre Estratégias de Aprendizagem, Conceição (1999) afirma que estudos na área de aprendizagem de línguas ressaltam a importância das estratégias de aprendizagem, uma vez que estas possibilitam ao aprendiz maiores autonomia, independência, autoconfiança e envolvimento com as tarefas propostas.

Lightbow e Spada (2006) afirmam que as estratégias de aprendizagem exercem um papel fundamental para auxiliar no processo de aprendizagem. Esses pesquisadores consideram indispensável, por parte dos aprendizes de uma LE, a utilização de forma consciente das estratégias individuais de aprendizagem, objetivando tornar a aprendizagem mais efetiva, uma vez que, ao conhecê-las, passam a fazer uso daquelas que são mais adequadas para suas próprias aprendizagens. O professor deve esclarecer cada estratégia para seus alunos e encorajá-los a aplicá-las. Dessa forma, os alunos podem assumir mais

responsabilidade por sua aprendizagem, desenvolvendo um autoconhecimento da melhor maneira de aprender.

De acordo com Oxford (1990), as estratégias de aprendizagem são classificadas em estratégias diretas e indiretas, conforme se verifica no quadro 4.

Quadro 4 - ESTRATÉGIAS INDIVIDUAIS DE APRENDIZAGEM

Fonte: Oxford (1990)

As estratégias diretas referem-se ao próprio processo de aprendizagem, ou seja, como os aprendizes irão lidar diretamente com a língua alvo. Conforme exposto no quadro acima, o grupo das estratégias diretas engloba: estratégias de memória, estratégias cognitivas e estratégias de compensação. Seguem, abaixo, explicações sobre a utilização e exemplos dessas estratégias.

ESTRATÉGIAS DE MEMÓRIA: a utilização dessas estratégias permite ao aprendiz armazenar as novas informações sobre a língua alvo. São exemplos dessas estratégias:

 Anotar palavras novas

 Fazer frases com as palavras novas (colocar em contexto)

 Relacionar informação nova com outras já existentes  Usar imagem e som

ESTRATÉGIAS COGNITIVAS: essa é uma das estratégias essenciais na aprendizagem de uma nova língua. Para Oxford (1990), as estratégias cognitivas fazem com que o aprendiz manipule o material lingüístico de forma direta. São exemplos de estratégias cognitivas:

 Praticar a Língua Estrangeira - uma das estratégias cognitivas mais importantes para Oxford. Essa estratégia ajuda os alunos a reconhecerem a relação entre significado, forma lingüística e contexto. Pode ser aplicada por meio de:

Repetição dos sons da língua

Prática dos sons da língua (assistindo a filmes e ouvindo música)

Reconhecimento ou uso de frases prontas ou expressões idiomáticas (Hello, how are you? Have a Nice weekend/ good morning/ good-bye)

 Analisar e Refletir - por meio dessa estratégia, os alunos podem: Raciocinar dedutivamente

Analisar expressões

Analisar contrastivamente as estruturas da LM com as estruturas da LE Traduzir

Verter

Transferir palavra, conceitos ou estruturas de uma língua para a outra com a finalidade de entender ou produzir uma expressão na nova língua

 Criar Estrutura para o Insumo e para a Produção Linguistica – alguns exemplos dessa estratégia são:

Fazer anotações ou resumos sobre as novas informações adquiridas Fazer destaques no texto

ESTRATÉGIAS DE COMPENSAÇÃO: permitem ao aprendiz utilizar a língua, mesmo sem ter conhecimento suficiente da mesma. Essas estratégias auxiliam o aluno a continuar se comunicando, principalmente se houver falhas no conhecimento da LE ou se houver falhas na memória. São exemplos dessas estratégias:

 Recorrer à Língua Materna - o uso dessa estratégia varia de acordo com o nível de proficiência. Alunos iniciantes tendem a usar esta estratégia com mais frequência. Alunos com níveis de proficiência mais avançados usam esta estratégia quando há necessidade de saber/aprender uma determinada palavra ou expressão na LE.

 Usar Mímicas e Gestos - essa estratégia auxilia no desenvolvimento da LE, especialmente se o interlocutor fornece os itens lexicais que a mímica ou o gesto representam e se o falante acrescenta o novo léxico ao seu vocabulário.

 Ajustar ou Aproximar a Mensagem – diz respeito a alterar a mensagem, omitindo algumas informações, a tornar as ideias mais simples e menos precisas ou a utilizar um termo ou vocábulo que signifique quase a mesma coisa do que se pretende dizer, como, por exemplo: lápis ao invés de caneta.  Usar Circunlocução ou Sinônimo - fazer-se entender descrevendo o conceito

(circunlocução) ou usando uma palavra que signifique a mesma coisa (sinônimo).

As estratégias indiretas dizem respeito à gestão da aprendizagem (Oxford, 1990). Conforme pode ser visto no quadro 4 (p.57), o grupo das estratégias indiretas é formado por estratégias metacognitivas, estratégias afetivas e estratégias sociais. Seguem, abaixo, explicações sobre a utilização e exemplos dessas estratégias.

ESTRATÉGIAS METACOGNITIVAS: são ações que o aprendiz executa para coordenar o seu próprio aprendizado, através de planejamento, avaliação e controle. São exemplos dessas estratégias:

Associar as palavras novas com outras já conhecidas, construir o vocabulário necessário, fazer associação e praticar a habilidade da fala. Esta estratégia facilita a criação de frases e pequenos textos.

Prestar Atenção - prestar atenção às atividades e a aspectos específicos da linguagem, como, por exemplo: pronúncia das palavras, atividade de compreensão oral, atividades de diálogos em pares e atividades de leitura.  Organizar e Planejar a Aprendizagem – dentre exemplos dessa estratégia,

tem-se:

Organização da aprendizagem - usar condições relacionadas à otimização da aprendizagem da nova língua; organizar horários de estudo, o ambiente físico (ou seja, local, temperatura, barulho, iluminação) e o caderno de LE. Essa estratégia ressalta a importância, por parte do aluno, de desenvolver a habilidade de organizar sua aprendizagem para otimizar o desenvolvimento da competência comunicativa.

Estabelecimento de metas e objetivos - diz respeito a estabelecer metas para a aprendizagem da LE, incluindo objetivos a longo prazo (como, por exemplo, ser capaz de se comunicar na LE em até 1 ano) ou a curto prazo (como ser capaz de ler pequenos textos).

 Avaliar a Aprendizagem – São exemplos dessa estratégia:

Estabelecer automonitoramento - essa estratégia está relacionada à identificação dos erros na compreensão e produção da nova língua, procurando identificar os erros cometidos e procurando não repeti-los..

Estabelecer autoavaliação - estratégia por meio da qual o aluno avalia seu próprio progresso na nova língua, verificando, por exemplo, seu nível de compreensão, de leitura, de listening, da sua habilidade para falar e avaliando seu progresso na LA.

ESTRATÉGIAS AFETIVAS: são utilizadas pelo aprendiz para diminuir sua própria ansiedade (ouvindo música, encorajando-se, gratificando-se e observando se está tenso ao usar a língua- alvo). São exemplos dessas estratégias:

 Diminuir a Ansiedade Respirar fundo

Rir para aliviar a tensão (assistir a comédias, ler livros cômicos, escutar piadas, ouvir música)

Fazer afirmações positivas (auto-encorajamento)

Correr riscos (praticar a língua sem se importar se a produção na LE está correta)

ESTRATÉGIAS SOCIAIS: permitem ao aluno aprender a língua através da interação e da colaboração com outros indivíduos, sejam estes aprendizes ou falantes da língua alvo. Alguns exemplos das estratégias sociais que podem ser utilizadas pelos alunos são:

 Fazer Perguntas

Esclarecer ou verificar o significado do léxico – “pedir ao falante da língua alvo para repetir, parafrasear, explicar, falar mais devagar ou dar exemplos; perguntar se a frase (produzida pelo aprendiz) está correta ou se a regra se aplica àquele caso em especial; parafrasear ou repetir para conseguir saber se o que foi dito está certo”. ( Oxford, 1990 – p. 147- 8)

Pedir para ser corrigido – “essa estratégia é usada com mais freqüência nas conversas, mas pode ser utilizada, também, na escrita”.(Oxford, 1990. P. 147)  Cooperar Com os Outros

Praticar com outros alunos - inclui “trabalhar com outros aprendizes para melhorar as habilidades comunicativas. Essa estratégia pode envolver um colega de aula específico, um parceiro temporário ou um grupo pequeno[...]” (Oxford, 1990.p.147).