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CAPÍTULO I FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.2 A Abordagem de Inglês Para Fins Específicos (IFE)

1.2.3 Estratégias de Leitura

Um primeiro ponto a ser destacado é a diferença entre os termos Reading Skills (Habilidades de Leitura) e Reading Strategies (Estratégias de Leitura). Habilidade de Leitura se refere ao processo de decodificar o texto de forma automática, sem consciência dos componentes de uma estratégia, ainda que esta seja usada; enquanto que a Estratégia de Leitura é uma forma

intencional de se compreender o texto através de ações com objetivos orientados a construir o significado do que está sendo decodificado (AFFLERBACH; PEARSON; PARIS, 2008).

Existem várias estratégias de leitura que podem ser aplicadas em sala de aula. Entretanto, não pretendemos fazer uma exaustiva tabela de estratégias e sim apresentar uma listagem teórica daquelas que foram implementadas no Curso FIC, fornecendo exemplos os quais foram retirados dos livros que serviram de base para o referido Curso: Inglês.Com.Textos Para Informática (CRUZ; ROSAS, 2006) e, principalmente, Inglês Instrumental Para Informática (CRUZ, 2013), por estar mais atualizado com textos da área.

Elencaremos adiante as seis estratégias mais utilizadas durante o Curso FIC e, em seguida, mostraremos um quadro seletivo contendo outras estratégias e fundamentações.

Estratégia 1: Skimming. É uma estratégia voltada a compreender o

sentido geral. Para isso, é necessário prestar atenção a elementos genéricos tais como título, imagens, palavras destacadas e cognatos (SOUZA et al, 2010). Cruz e Rosas (2006, p. 28) também corroboram com a definição acima ao dizer que skimming consiste numa leitura rápida para localizar informações gerais como um assunto, um tópico ou uma ideia no texto.

Estratégia 2: Scanning. É uma estratégia voltada a buscar uma

informação específica de forma a nos concentrarmos apenas em identificá-la, abstendo-nos de procurar outros detalhes (SOUZA et al, 2010). Cruz e Rosas (2006, p. 36) também acrescentam à definição acima três passos que podem seguidos para utilizar essa estratégia apropriadamente:

1) ler a pergunta;

2) Decidir que tipo de informação você está procurando (ex: um número, uma data, o nome de uma pessoa);

3) Procurar somente esta informação. Não é preciso ler todas as palavras de cada frase.

Estratégias 3 e 4: Cognatos e Palavras Emprestadas. São estratégias

auto-explicativas. Cognato refere-se ao reconhecimento de palavras na língua inglesa que são semelhantes em sua grafia na língua portuguesa e, com isso, detecta-se o significado ao passo que Palavras Emprestadas é o reconhecimento de palavras e/ou expressões que não possuem tradução em

língua materna, mas são utilizadas comumente na forma da língua de origem (SOUZA et al, 2010).

No primeiro parágrafo do texto Defining What A Computer Is (Figura 9), Cruz (2013) apresenta uma atividade na qual o aluno deve contabilizar a quantidade de palavras cognatas. Existem 49 palavras cognatas no parágrafo analisado de um total de 119 palavras. Conclui-se que um terço do texto apresenta palavras cognatas e mostra que, em determinadas situações, há quantidade de palavras cognatas se torna um diferencial para a compreensão escrita.

Ainda analisando o parágrafo da Figura 9, também podemos ver o uso das palavras hardware e software, que não apresentam tradução em língua portuguesa, mas são usadas comumente e compreendidas por qualquer pessoa que tenha o mínimo conhecimento de informática. Ademais, segundo Prado e Massi-Cagliari

os empréstimos ocorrem quando diferentes línguas e culturas entram em contato, pois é natural que aconteça um intercâmbio entre elas, sendo que umas dessas culturas e línguas podem exercer mais influência do que receber. (PRADO; MASSI-CAGLIARI 2011, p. 17)

Figura 9. Texto Defining What A Computer Is.

É possível observar que a língua portuguesa possui um uso frequente de palavras emprestadas do vocabulário inglês que, se somadas às cognatas, o leitor poderá obter uma melhor compreensão escrita. Apenas como exemplificação, retiramos algumas expressões de uma listagem de uma página da web25: output, input, backup, bit, byte, connection, database, e-mail, enter, modem, hardware, hard drive, homepage, internet, intranet, keyboard, media, monitor, mouse, multimedia, net, printer, processor, scanner, software, speaker, upgrade, escape, delete.

Estratégia 5: Referências Contextuais. Cruz (2013) explica que a

referência textual consiste em palavras que substituem outras que estão dentro ou fora do texto e podem classificar-se em pronomes (pessoais, possessivos, demonstrativos, relativos e indefinidos), numerais e palavras que indicam ordem e exemplificação (Figura 10).

O parágrafo da Figura 10 serve de exemplo para mostrar algumas referenciais textuais. Vejamos dois casos:

a) na segunda linha, temos o pronome relativo that (que), com função restritiva, servindo para referir-se ao substantivo anterior path (caminho);

b) na linha seguinte, temos o pronome sujeito it, que está se referindo a

file (arquivo), ou seja, o arquivo foi infectado e não pode ser mais localizado.

A importância dessa estratégia reside no fato de que a identificação dos elementos coesivos pode desenvolver a compreensão textual, já que a percepção das relações entre os itens textuais conectados torna-se visível. Ademais, Araújo cita Halliday (apud FÁVERO e KOCH 2000 p. 38):

Os elementos de referência são itens da língua que, em vez de serem interpretados semanticamente pelo seu sentido próprio, relacionam- se a outros elementos necessários a sua interpretação.

25 Exemplos de palavras emprestadas retirados do sítio

http://www.mundovestibular.com.br/articles/5045/1/300-palavras-em-Ingles-que-conhecemos- por-causa-da-Globalizacao/Paacutegina1.html

Fonte: (CRUZ, 2013, p. 213).

Estratégia 6: Reconhecimento de Afixos. Afixo é uma letra ou um grupo de letras que se acrescenta ao começo (prefixo) ou final (sufixo) da raiz de uma palavra para formar novas palavras (SOUZA et al, 2010, p. 36). O reconhecimento de afixos é um recurso para aprimorar a compreensão de vocábulos e, consequentemente, do texto, posto que constatar essa variação, através do processo de formação de palavras derivação, se constitui em uma forma de perceber como os vocábulos podem ser gerados em língua inglesa, produzindo significados específicos. Analisemos o segmento da Figura 11:

a) na primeira linha, o vocábulo detect (detectar) está acrescido do prefixo un (indicando oposição) e do sufixo able (equivalente ao nosso ável em português e tendo a função de transformar um verbo em adjetivo), gerando a palavra undetectable (indetectável);

b) ainda na primeira linha, temos o vocábulo normal acrescido do sufixo

ly (equivalente a nossa terminação mente nos advérbios de modo),

transformando este adjetivo no advérbio normally (normalmente);

c) por fim, a primeira linha ainda contém os vocábulos disguise e

operate. O primeiro aparece acrescido do sufixo ed, transformando-o em

predicativo e os segundo acrescido do sufixo ing, transformando-o em adjetivo. Além das estratégias acima explanadas, há outras que podem ser aplicadas num curso de inglês com abordagem IFE. O Quadro 5 é uma compilação de quatro estratégias de compreensão escrita fundamentadas a partir de Souza et al. (2010); Cruz e Rosas, 2006 e Cruz, 2014.

Fonte: (CRUZ, 2013, p. 215).

Estratégia De Leitura Base De Fundamentação

Marcadores Discursivos Analisar conectivos que ligam orações e como as ideias estão por eles relacionadas.

Verbos Usados Em Definições

Perceber termos que são usados no mento em que algum termo técnico está sendo definido ou explicado.

Inferência

Estratégia que é usada até de forma inconsciente porque baseia-se em compreender o significado de trechos, palavras e expressões verificando o que já é conhecido e recorrendo às pistas textuais.

Diagramas e Tabelas

Interpretar diagramas e tabelas às vezes é o suficiente para entender um texto, que apenas é uma explicação e discussão da informação visual.

Tendo finalizado a fundamentação teórica ao discorrer sobre a LSF e sobre a abordagem de IFE, partiremos para o capítulo sobre a Metodologia de Pesquisa, onde será feita uma descrição do local onde esta pesquisa foi implementada, acrescentando informações sobre o contexto acadêmico e social dos participantes, bem como serão descritos os instrumentos de análise do corpus e suas respectivas funções neste trabalho.

Fonte de Fundamentação:

(SOUZA et al, 2010), (CRUZ; ROSAS, 2006) e (CRUZ, 2013) Quadro 5. Estratégias de Leitura Implementadas no Curso FIC.