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CAPÍTULO III O CURSO FIC INGLÊS PARA INFORMÁTICA

3.3 Percepções sobre a Compreensão Escrita de Textos em Língua Inglesa

Nesta seção, mostraremos alguns dados relevantes referentes às percepções dos 24 participantes do Curso FIC no que concerne à capacidade de compreensão escrita para assuntos gerais e específicos, bem como se eles consideram fazer uso de estratégias de leitura, caracterizando-as, quando defrontes a textos em língua inglesa. Estas informações nortearam a elaboração do Curso, constituindo a obtenção das lacunas, necessidades e desejos, que são os três componentes de uma análise de necessidades ((HUTCHINSON; WATERS, 1991). Para construir melhor a análise dessas informações, tivemos que buscar uma ordenação não linear das perguntas formuladas no QANEC2.

Com base na informação da conclusão do parágrafo anterior, apresentamos inicialmente o Gráfico 1 construído a partir das respostas da pergunta 7 - Que assuntos da área de informática você mais gosta? - do formulário do QANEC2 (Apêndice B). Esta pergunta tem o propósito de indicar os assuntos que são considerados mais aprazíveis pelos alunos. O Gráfico 1 aponta Programação como o assunto de maior destaque no tocante ao gosto

dos discentes, seguido de Manutenção e Lógica empatados em segundo lugar na preferência dos participantes.

Os dados obtidos no Gráfico 1 foram importantes para desenvolver o Curso FIC por uma perspectiva de uma pedagogia de gênero discursivo em geral e de IFE em específico e para obter uma configuração que envolvesse os assuntos mais lidos, a frequência destas leituras e as percepções descritas ao final das mesmas. O Gráfico 1 estabelece, desta forma, o fator desejos (HUTCHINSON; WATERS, 1991), que é um dos três elementos (necessidades, lacunas e desejos) que compõem a análise de necessidades ao demonstrar assuntos que são considerados atrativos pelos 24 alunos que participaram da intervenção pedagógica.

As respostas foram livres e espontâneas e apresentaram alguns assuntos46 que podemos classificar como macrogêneros pela perspectiva da

Teoria de Gênero e Registro (MARTIN; ROSE, 2008; ROSE; MARTIN, 2012; ROSE, 2013). É importante, neste momento, relembrar que Martin (2012) define o macrogênero como um complexo de gêneros interdependentes.

46 Utilizamos a expressão assuntos e não gênero discursivo na pergunta 7 do QANEC2 para evitar problemas de entendimento.

0 2 4 6 8 10 12 14 14 2 2 1 1 1 1 1 1 R e s p o n d e n t e s

Gráfico 1. Assuntos mais Aprazíveis para os Alunos na Área de Informática.

Fonte: Elaborado pelo Autor.

58%

Exemplificando, no nosso caso, se caracterizarmos Programação como um macrogênero, este será composto de vários gêneros interdependentes tais como aplicativos (anti-vírus, editores de texto, editores de imagem etc), websites e jogos de realidade virtual.

Para visualizar a frequência com que 24 alunos participantes do Curso FIC leem textos relacionados à área de informática, bem como suas percepções descritas ao final destas leituras, elaboramos o Quadro 15, construído a partir das respostas da pergunta 6 do formulário QANEC2 (Apêndice B): Com que frequência você tem que ler textos na sua área? Qual a sensação no final da leitura?

FREQUÊNCIA

ALTA MÉDIA BAIXA

Diariamente

com muita frequência Com bastante frequência Com muita frequência Todo dia

De vez em quando Com certa frequência Um ou dois dias na semana, quando tenho trabalhos de inglês Semanalmente

Frequência média

Algumas vezes nas aulas de inglês

Regular

Não com muita freqüência Quase nenhuma

Bem raramente Não muito

A primeira parte da pergunta foi organizada no Quadro 15. Como observado, existe uma tendência de a maior parte dos alunos terem que ler textos área de informática com frequência média ou alta. Atentamos, no entanto, que algumas respostas foram evasivas e, por isso, decidimos descartá-las. Ainda assim, verificamos que, pelos resultados apresentados no referido Quadro, a frequência de leitura de uma parcela dos participantes desta pesquisa mostrou ser compatível com a elaboração de um curso com abordagem de IFE que enfatizasse a compreensão escrita.

Em seguida, apresentamos o Quadro 16, elaborado pela segunda parte da pergunta 6 do QANEC2.

Quadro 15. Frequência da Leitura de Textos na Área de Informática em LI.

O Quadro 16, apesar de apresentar algumas declarações positivas com relação à percepção descrita ao fim de leituras específicas da área de informática, mostra um número expressivo de percepções negativas tais como de confusão e frustrado. É válido ainda dizer que não fizemos a quantificação do número de vezes que as expressões foram utilizadas, pois quase não houve repetição de expressões.

Embora apenas as respostas do QAVAFIC sejam o alvo da análise do discurso desta pesquisa, é relevante perceber que boa parte das percepções descritas nas respostas acima estão enquadradas nas subcategorias comp compl - (de confusão, confusa, complicado, perdida) da categoria Apreciação, do Subsistema de Atitude (MARTIN; ROSE, 2003; MARTIN; WHITE, 2005), indicando que a maioria dos discentes considerou a leitura de textos técnicos da área de informática em língua inglesa uma tarefa de difícil entendimento ou de uma complexidade que merecia ser atenuada para atingir as expectativas de compreensão por eles desejadas.

As percepções descritas pelos alunos no Quadro 16, de modo geral, corroboram com os dados obtidos no Gráfico 2, elaborado a partir a da pergunta 2 do formulário de QANEC2 (Apêndice B). O Gráfico 2 demonstra que, apesar de a porcentagem maior considerar boa a compreensão escrita, a somatória das porcentagens regular, fraca e ruim mostra que mais da metade dos participantes da pesquisa percebem que poderiam melhorar seu desempenho de compreensão quando diante de textos da área específica em

PERCEPÇÕES POSITIVAS NEGATIVAS recompensa prazer bem confortável ótimo satisfeito preparada de entendimento de confusão estranha sei de nada perdida chato cansada confusa

cai a ficha de que preciso praticar... frustrado

desconfortável complicado

preciso estudar mais não consigo entender...

Quadro 16. Percepções após Leitura de Textos na Área de Informática em LI.

língua inglesa; revelando, por conseguinte, o fator necessidades, outro componente da análise de necessidades (HUTCHINSON; WATERS, 1991).

O resultado do Gráfico 2, ao mostrar que 54% dos respondentes se avaliam de regular a ruim na compreensão escrita, justificou, estatisticamente, o foco na compreensão escrita e na elaboração de um curso que atendesse às necessidades do público participante desta pesquisa no sentido de fornecer estratégias de leitura, através de gêneros textuais pertinentes à área de informática, que possibilitassem dirimir o nível de complexidade, anteriormente relatada, para a compreensão dos textos em língua inglesa. Além disso, o Gráfico em questão representa o fator lacuna que compõe a tríade de uma análise de necessidades (HUTCHINSON; WATERS, 1991).

Para obtermos mais informações sobre se os alunos consideram fazer uso de estratégias de leitura e, desta forma, estabelecermos um perfil que serviu para a elaboração de alguns critérios na preparação do Curso FIC, montamos o Quadro 15, de acordo com as respostas obtidas da pergunta 4 do formulário de Análise de Necessidades II (Apêndice B): Você acha que utiliza estratégias de leitura? Justifique. ( ) Sim ( ) Não

16 alunos disseram que achavam que utilizavam estratégias de leitura, enquanto 8 responderam negativamente. É relevante informar que as respostas foram registradas sem a intervenção ou orientação do professor- pesquisador no que diz respeito aos que respondentes entendiam ou não como

0 2 4 6 8 10

Ótimo Bom Regular Fraco Ruim

1

10

9

3

1 Gráfico 2. Compreensão de Textos na Área de Informática em LI.

Fonte: Elaborado pelo Autor.

42%

38%

4% 4%

estratégias de leitura a fim de se obter dados que não influenciassem a etapa de elaboração e preparação do Curso FIC, bem como não subjugar as atitudes dos discentes sobre os que eles consideram formas de melhor compreender textos. Observamos 4 categorias, apresentado no Quadro 17 a seguir.

Categorias de Estratégias Mencionadas Número de Respondentes Exemplos Cognatas / Contexto 8

procuro entender as palavras q conheço para entender a frase toda! (S02)

quando leio um texto eu pego palavra que é sei e faço no automático. (S06) Tradução / Dicionário / Tradutor Eletrônico 4

traduzir a frase na minha mente enquanto leio (S09)

Eu procuro as palavras que nao conheço e vejo o seu significado.(S11)

Durante as aulas, sempre uso tradutor e sempre escuto o modo correto de falar para tirar minhas dúvidas (S21)

Fonética / Frases Prontas / Criatividade

4

Decorar regras de pronunciação das palavras e decorar frases já prontas. (S12)

A criatividade me ajuda a compreender o significado das palavras, também invento a pronúncia... (S20)

Eu sou muito criativa, invento a pronuncia de algumas palavras. (S20)

Sem Estratégias 8 Sim, pois sempre procuro formas para facilitar a leitura dos textos.(S17)

O Quadro 17 sintetiza as respostas através de um agrupamento de estratégias em quatro categorias que podem ser associadas a um tipo de método ou abordagem de ensino de inglês como língua estrangeira. Por exemplo, identificar as palavras cognatas e construir um contexto estão diretamente relacionados a estratégias contempladas na abordagem de IFE como já explanado na nossa Fundamentação Teórica. Usar dicionários e tradutores, por sua vez, pode estar associado ao método de Gramática e Tradução, que propõe, entre outras coisas, a tradução de listas de vocabulário e memorização de vocábulos e gramática por meio de textos (RICHARDS; ROGERS, 2001) ou pode estar associado à abordagem de IFE se usado, por exemplo, quando esgotamos outras possíveis estratégias para compreender uma determinada palavra e, mesmo assim, não conseguimos entendê-la (CRUZ, 2013). A categoria 3 torna-se difícil de analisar porque existe uma associação de regras personalizadas para decorar/memorizar palavras através de pronúncia com intuito de fixar seus significados; entretanto o que percebemos é um foco na fonética da língua por meio de uma provável

Quadro 17. Opinião sobre o Uso de Estratégias de Leitura.

adaptação do método fônico (ELDREDGE, 2004) ao qual possivelmente os respondentes foram expostos no processo de alfabetização da língua materna. Por fim, como algumas respostas foram evasivas, elas entraram na categoria Sem Estratégias. Novamente, reforçamos que as estratégias mencionadas baseiam-se no entendimento dos respondentes e não nos princípios teóricos da abordagem de IFE.

Como mencionado no capítulo II Metodologia de Pesquisa, o Curso FIC foi desenhado e posto em prática de acordo com os dados obtidos através de respostas fornecidas pelas perguntas formuladas no QANEC2 (Apêndice B). A intervenção pedagógica pretendeu testar a hipótese de que o Curso FIC poderia aumentar o nível de compreensão escrita através do uso de estratégias de leitura contempladas no referido Curso com abordagem de IFE. Ao final do Curso, aplicamos o QAVAFIC do qual passaremos a relatar e a interpretar as percepções dos participantes desta pesquisa sobre a supracitada intervenção.

Para fazer uma averiguação das percepções dos alunos sobre como o Curso FIC, proporcionado aos discentes do curso técnico integrado de informática do IF Campus João Câmara, os impactou para a formação profissional, fizemos uma Análise do Discurso dentro do Sistema de Avaliatividade, Subsistema de Atitude. Tal análise, que será apresentada no capítulo a seguir, também foi utilizada para classificar as percepções dos discentes em rever conteúdos dos dois primeiros anos do curso técnico integrado de informática em língua inglesa e para verificar as marcas linguísticas no que concerne às percepções dos participantes desta pesquisa sobre as estratégias de leitura introduzidas no Curso FIC.

Após a descrição com exemplificações e anotações sobre as atividades desenvolvidas no Curso FIC, bem como relatar as análise de dados obtidos por meio do QANEC2, passaremos a discorrer sobre os resultados encontrados nesta pesquisa no próximo capítulo.