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C APÍTULO II E NQUADRAMENTO TEÓRICO

2.1 O eLearning como novo desafio para a Educação

2.1.6 O potencial da Comunicação Mediada por Computador (CMC) na construção de comunidades de aprendizagem no elearning

2.1.6.2 A Emergência de Comunidades de Aprendizagem em ambientes online

2.1.6.2.2 Estratégias para a criação de Comunidades de Aprendizagem em ambientes

online

De acordo com o que nos afirma S. Roxanne Hiltz (1998), o ensino online deve considerar como a sua mais básica premissa a construção de uma comunidade de aprendizagem que deverá permitir a troca de ideias, informação e sentimentos entre todos os seus elementos.

Tal evidência, implica que, tanto da parte do professor como dos alunos, se revelem capacidades para introduzir novos assuntos na discussão, colocar questões ao grupo e responder com novas contribuições, numa interacção constante que exigirá do professor uma atenção acrescida para acompanhar o progresso da discussão. Trata-se, pois, de um “labor-intensive mode of course delivery” (Hiltz, 1998:6) que deverá ser compensado por um forte sentimento de comunidade que não só fomentará a longevidade do próprio curso, como também promoverá o fluir da informação entre os alunos, a disponibilidade do suporte tecnológico, o compromisso com os objectivos do grupo, a cooperação entre os membros e a satisfação pelos esforços do grupo (Rovai, 2002).

Ao reconhecer a importância dos valores sociais que caracterizam qualquer processo de aprendizagem, o professor deverá reconceptualizar esses mesmos valores no âmbito de uma comunidade de aprendizagem virtual (Rovai, 2002). Por outro lado, é necessário partir do princípio de que os alunos estão não só separados fisicamente, mas contactam uns com os outros utilizando discussões baseadas em texto, em email e em fóruns, sem se verem uns aos outros e sem a necessidade de estarem ao mesmo tempo

online (Rovai, 2002). Por último, importa compreender que sentimentos devem construir e

sustentar uma comunidade virtual.

Alfred Rovai (2002), ao sumariar alguns conceitos elementares relativos ao sentimento de uma comunidade em geral, defende que esta se deve caracterizar por: (i) interdependência mútua entre os membros; (ii) sentimento de pertença; (iii) conexão; (iv) espírito; (v) confiança; (vi) interactividade; (vii) expectativas e objectivos de aprendizagem comuns; (viii) valores e objectivos partilhados; (ix) sobreposição de histórias entre os seus membros.

No entanto, a sustentabilidade de uma comunidade está relacionada com diversos factores que influenciam a qualidade da interacção estabelecida e, consequentemente, o sentimento de comunidade. Alguns desses factores que determinam positivamente o sentimento de comunidade consistem em (Rovai, 2002):

ƒ Distância transaccional2 – O diálogo pode ser estimulado com a manipulação dos meios de comunicação e com a implementação de um curso online que usufrua das suas potencialidades, reduzindo, assim, a distância entre alunos e professores. Na mesma medida, os alunos precisam de compreender que a participação no curso não é apenas um requisito do curso, mas uma importante componente, devendo estar motivados para aceder e participar na discussão de uma forma constante.

ƒ Presença Social – os moderadores de cursos online devem planificar os seus cursos tendo em conta a promoção da presença social entre os seus elementos, para que esta seja incrementada ao longo da interacção e que não esmoreça.

ƒ Igualdade Social – os moderadores devem assegurar uma igualdade de oportunidades de participação entre todos os membros. Para tal, uma das técnicas para reduzir o anonimato e para se estabelecerem relações entre todos será a apresentação durante a primeira semana do curso de todos os membros numa área de discussão isolada do objectivo do curso.

ƒ Pequenas actividades de Grupo – dividir um vasto número de alunos em pequenos grupos, fornecendo-lhes tarefas específicas e estabelecendo prazos.

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Rovai reporta-se à definição de Distância Transaccional proposta por Moore (1993), segundo o qual existe um espaço psicológico e de comunicação entre alunos e professores.

ƒ Facilitação de Grupo – devem ser feitos esforços de facilitação que encorajem os alunos a interagir e a reconhecerem os seus papéis dentro dos grupos em que se inserem.

ƒ Estilo de Ensino e estádio de Aprendizagem – deve haver uma adequação entre o estilo de ensino e o nível de aprendizagem, assim como cada moderador deve ajustar-se igualmente a um determinado estilo de aprendizagem.

ƒ Tamanho da Comunidade – ainda que seja difícil encontrar um número exacto para uma comunidade, já que a sua composição é circunstancial, variando com o conteúdo abordado, o moderador e os alunos, aponta-se para um número mínimo de 8-10 alunos e um número máximo de 20-30 alunos.

Reunindo-se estas circunstâncias, é possível, então, implementar a arquitectura de um ambiente de aprendizagem online consolidado por um forte sentimento de comunidade que permitirá remover eventuais sensações de isolamento e que, fortalecendo as ligações afectivas entre os seus membros, fornecerá aos alunos uma considerável base académica (Rovai, 2002).

De acordo com Hill (2001), é importante partilhar com os alunos algumas técnicas de construção de comunidades online, descrevendo-as e discutindo-as em conjunto, de modo a que estes possam compreender em que medida os seus esforços podem ser reconhecidos na comunidade. A vasta experiência desta autora no campo da educação

online possibilitou-lhe dirigir alguns estudos através dos quais emergiram algumas

estratégias que visam facilitar a criação e suporte de comunidades em ambientes de aprendizagem online. De forma a concretizar estes objectivos, Hill (2001) apresenta as seguintes recomendações:

ƒ Conceber um espaço “isento de falhas” para trabalhar e comunicar – um ambiente online seguro é aquele que o aluno entende ser um espaço onde pode ocorrer uma comunicação aberta sem estar preocupado com provocações e críticas pouco construtivas.

ƒ Apoiar o aluno através de uma dependência estrutural – esta dependência estrutural pode ser definida como a segurança relativa à plataforma em que a aprendizagem decorre. Ao criar este tipo de ambiente, evitar-se-á que o aluno se

sinta sobrecarregado de informação, ajudando-o a construir expectativas relacionadas com as várias modalidades de interacção em que pode participar.

ƒ Promover uma atmosfera de aventura – ao criar-se uma sensação de aventura reitera-se aos alunos que as expectativas são comuns e que existe um sentimento que os liga a todo o grupo;

ƒ Ajudar o aluno com estratégias para a gestão do seu tempo – é necessário acompanhar os alunos, proporcionando-lhes estratégias que os ajudem a gerir o tempo e, desta forma, fazê-los sentir menos pressionados pelo compromisso que assumiram.

ƒ Motivar o aluno a estabelecer prioridades para a leitura de mensagens – é importante ajudar o aluno a encontrar formas de saber ler e processar as mensagens para que a tarefa seja concretizável enquanto reflecte sobre a pessoa que enviou o seu contributo.

ƒ Lembrar o aluno que alguém está ausente – os alunos devem estar motivados a manterem contacto uns com os outros com vista a prolongarem ligações numa comunidade dispersa.

ƒ Implementar uma plataforma bem organizada para promover uma interacção eficiente – o ambiente de aprendizagem deve ser convidativo, bem organizado para facilitar o acesso à informação de forma eficaz e eficiente.

ƒ Fornecer aos alunos diversas formas de acesso – deve-se promover flexibilidade nas diferentes formas de estabelecer comunicação numa plataforma online.

ƒ Esforçar-se por minimizar erros técnicos e providenciar formação com vista à sua ultrapassagem – é importante eliminar as falhas técnicas para que a interacção

online seja positiva e que não fique marcada por desafios impossíveis.

Naturalmente que a abordagem que temos vindo a apresentar, ainda que resulte de estudos efectuados em campo, carece de uma sistemática avaliação em contexto, de forma a poder-se refinar determinados pormenores que possam estar menos ajustados à prática. Tal como refere Hill, a identificação de técnicas e estratégias de sucesso para implementar comunidades de aprendizagem online afigura-se uma tarefa crítica, visto que o mais importante é encorajar os participantes a envolverem-se em discussões que relevem o conhecimento e a aprendizagem que se pretende:

“By examining the integration of specific strategies and techniques in a WBLE for community building, we can determine best practices for the delivery of instruction via on-line technologies. This will then enable us to create a comprehensive design framework to guide faculty and learners in all phases of WBLE: design, development and implementation.” (Hill, 2001:3)