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C APÍTULO II E NQUADRAMENTO TEÓRICO

2.1 O eLearning como novo desafio para a Educação

2.1.5 Sistemas Integrados de Gestão de eLearning

No decurso da reflexão que temos vindo a elaborar, ficou claro que os céleres desenvolvimentos de inovações tecnológicas obrigam pessoas, empresas e instituições a uma também rápida adaptação, de forma a evitar que se tornem entidades obsoletas. Por isso, é necessário criar sistemas flexíveis capazes de oferecer à sociedade em geral meios que facilitem uma integração eficaz das Tecnologias no seu quotidiano e que enfrentem os desafios emergentes. Por outras palavras, “This constant metamorphosis has created a growing demand for learning, as people require new knowledge to adapt to new situations.” (Sun, 2003:3)

Neste contexto, a Educação a Distância assume um significado de extremo realce, uma vez que, aliada ao ambiente da Internet, propicia novas formas de comunicação e interacção que geram a troca de conhecimentos e de aprendizagens, independentemente da distância geográfica e temporal. Em paralelo, surge o conceito de Learning Management

Systems (LMS) como um precioso auxiliar na planificação e gestão de conteúdos para estes

ambientes de aprendizagem tão específicos. Na verdade, o LMS é um software que permite controlar não só o desenvolvimento, como a gestão e ainda o acompanhamento de uma aprendizagem online (Andrade & Brasileiro, 2002). O objectivo deste tipo de sistemas electrónicos consiste em automatizar questões relacionadas não só com a gestão administrativa de cursos, facilitando, por exemplo, a inscrição de alunos, como também o processo de aprendizagem: disponibilização de conteúdos, recurso a ferramentas de comunicação síncrona e assíncrona, registo do desempenho obtido nas actividades, calendário, entre outras funcionalidades (Lima & Capitão, 2003). Web Course Training (WebCT), AulaNet, TopClass, BlackBoard, constituem exemplos de tecnologias para LMS, num universo de dezenas de produtos semelhantes disponíveis no mercado.

A implementação de um curso a distância por intermédio de uma plataforma LMS pressupõe uma atenção especial por parte do docente na sua preparação e gestão, uma vez que o factor distância constitui um obstáculo de relevo para avaliar correctamente a interacção que se estabelece entre alunos, conteúdos e docentes.

De acordo com as palavras de Bonk (2002a:3) “Typically, however, these systems or platforms are not rich in interaction or collaboration tools since most LMS vendors assume a self-paced learner.” Parece-nos, então, que, para além de ser necessário uma

ponderação quanto aos aspectos técnicos, importa, acima de tudo, pensar nas ferramentas disponíveis pela tecnologia que facilitem, por um lado, a frequência dos alunos remotos e a sua acessibilidade aos conteúdos e, por outro lado, a construção de um ambiente colaborativo entre os alunos e professores fundado em partilhas, reflexões, pesquisas, resolução de problemas que, envolvidos em laços afectivos, promovam a emergência de comunidades de aprendizagem. Com efeito, alguns autores têm desenvolvido estudos sobre esta matéria (Aviv et al., 2003; Bonk, 2002a), questionando de que forma a organização das tecnologias assíncronas está relacionada com um bom desempenho dos alunos em contexto educativo:

“We found that in the structured ALN [Asynchronous Learning Networks], the knowledge construction process reached a very high phase of critical thinking and developed cohesive cliques. The students took on bridging and triggering roles, while the tutor had relatively little power, in the non-structured ALN, the knowledge construction process reached a low phase of cognitive activity; few cliques were constructed; most of the students took on the passive role of teacher-followers; and the tutor was at the center of activity.” (Aviv et al, 2003:1)

Outra das características mais relevantes destes sistemas electrónicos é o facto de permitirem analisar a participação dos discentes (nas mais variadas formas: consulta de conteúdos, troca de mensagens, submissão de tarefas) com base em recursos a partir dos quais é possível aferir dados importantes acerca da sua actividade. Ou seja, mesmo utilizando o computador como mediador do processo de ensino-aprendizagem, o professor tem acesso a mecanismos que o informam sobre o comportamento que os seus alunos vão revelando e que lhe permitem equacionar as melhores estratégias para gerir o processo de aprendizagem.

Uma vez mais, Harasim oferece-nos um indispensável contributo a este respeito, alertando para a necessidade de se reflectir cuidadosamente sobre as tecnologias que estão ao serviço da Educação online, no sentido de tirar o melhor proveito delas para o ensino e aprendizagem. No fundo, devemos ser capazes de subordinar a tecnologia a um ambiente de aprendizagem construtivo e significativo.

“There are challenges to teaching and learning online successfully. Important questions need to be considered, such as which network technologies are appropriate, how to integrate networking into the curriculum, how to “teach”

and “learn” on a networking system, and how to transform the network into an effective educational environment.” (Harasim et al., 1995:15)

Na mesma linha, Ramos (2002) adverte que a concepção, operação e gestão de sistemas de eLearning requer desempenhos de grande flexibilização, uma vez que o contexto global do processo de ensino-aprendizagem de cada aluno apresenta especificidades de vária ordem – espacial, temporal, cognitiva, social e cultural – que não podem ser negligenciadas, evitando, assim, constrangimentos desnecessários para os alunos.

Por seu turno, Garrison & Anderson (2003), ao considerarem que o enfoque destes sistemas de eLearning deve estar na promoção de comunidades de aprendizagem, apontam alguns objectivos incontornáveis durante o seu processo de concepção:

ƒ Promover comunidades de prática de forma a proceder a uma avaliação das necessidades, fornecer uma conversação profissional e elaboração de uma directoria de especialidades;

ƒ Criar repositórios de melhores práticas pedagógicas, curricula, avaliação, tecnologias de aprendizagem;

ƒ Desenvolver ligações de aprendizagem online;

ƒ Oferecer serviços de consulta;

ƒ Estabelecer acesso externo a terceiros;

ƒ Determinar soluções tecnológicas e capacidades;

ƒ Construir um portal.

Desta forma, será então possível alcançar uma plataforma que vá de encontro às necessidades e interesses dos alunos, facilitando o acesso à informação e, fundamentalmente, que propicie a formação de comunidades de aprendizagem com base num ambiente de aprendizagem colaborativo.

“Knowledge or learning management is the needed ‘middle ware’ that links repositories and the educational process. It is the infrastructure that will empower the communities of practice that will ultimately provide the buy-in and sustainability of e-learning.” (Garrison & Anderson, 2003:109)

2.1.6 O potencial da Comunicação Mediada por Computador (CMC) na