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6. ESTRATÉGIAS METODOLÓGICAS DA PESQUISA

6.2 ESTRATÉGIAS METODOLÓGICAS

6.2.1. ESTRATÉGIAS QUANTITATIVAS

Os procedimentos quantitativos foram construídos a partir de uma estratégia de pesquisa interseccional que se caracteriza por ser realizada num momento único

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O campo desta pesquisa foi realizado pela Fundação Joaquim Nabuco para a Pesquisa de Avaliação do Fundeb em Municípios do Nordeste. Os dados desta tese foram extraídos deste estudo (dados secundários) mediante acordo com a Coordenação Geral de Estudos Educacionais que autorizou a inserção das questões específicas da tese nos instrumentos de coleta de dados. Como membro da pesquisa e integrante da equipe responsável pelas estratégias de elaboração dos instrumentos e da coleta de dados, foi possível inserir as questões específicas da tese nos questionários e entrevistas para utilizar parte dos dados produzidos pela pesquisa da Fundaj como fontes secundárias.

temporal e por meio de uma amostra probabilística representativa capaz de descrever a população como um todo, considerando o erro calculado. Para a operacionalização da coleta de dados empíricos foram elaborados dois tipos de questionários44: (1) Secretários Municipais de Educação e (2) Conselheiros do Fundeb. O segundo bloco contempla os segmentos representados no âmbito do conselho: presidente ou vice; representante do governo; dos pais, dos alunos,

Os questionários continham questões, em sua grande maioria, qualitativas45 apresentando escalas nominais ou ordinais. Assim sendo, utilizamos como estratégia central para a análise tabelas de frequências descritivas (absolutas e/ou relativas) que são as mais indicadas para esse tipo de dados estatísticos.. (BABBIE, 1999)

O desenho amostral do estudo foi norteado por princípios probabilísticos, com ponderação baseada no tamanho da população em cada município e cada estado da região Nordeste para, em seguida, ser realizada uma estratificação por conglomerados selecionados em um único estágio. Essa estratificação foi definida em quatro conglomerados para cada estado nordestino com base em um fator denominado “Nível Relativo de Desenvolvimento Educacional do Município”, que foi gerado através da Análise Fatorial de Componentes Principais, com base em duas variáveis, a saber: a) o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal 46 referente apenas à dimensão educacional (IDHM-ED) e; b) o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) referente apenas ao Ensino Fundamental I.

Assim, os conglomerados, para cada estado separadamente, foram: a) nível alto de desenvolvimento educacional relativo; b) nível médio alto de desenvolvimento educacional relativo; c) nível médio baixo de desenvolvimento educacional relativo; d) nível baixo de desenvolvimento educacional relativo. As amostras foram ponderadas pela população de cada estado da federação.

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Ver Apêndice II 45

Do ponto de vista metodológico as variáveis qualitativas podem ser nominais ou se apresentarem em escalas ordinais e podem ser mensuradas, tratadas e analisadas estatisticamente.

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O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) é uma medida composta de indicadores de três dimensões do desenvolvimento humano: longevidade, educação e renda. O índice varia de 0 a 1. O IDHM brasileiro segue as mesmas três dimensões do IDH Global - longevidade, educação e renda, mas vai além: adequa a metodologia global ao contexto brasileiro e à disponibilidade de indicadores nacionais. Embora meçam os mesmos fenômenos, os indicadores levados em conta no IDHM são mais adequados para avaliar o desenvolvimento dos municípios brasileiros. Mais sobre IDHM ver: http://www.pnud.org.br/IDH/IDHM.

O resultado deste processo é que de um universo de 1775 municípios existentes no Nordeste extraímos uma amostra de 382 municípios (considerando, ainda, um conjunto de municípios para possíveis necessidades de reposição, em caso de recusa em participar da pesquisa, em um montante de, aproximadamente, 20% do tamanho da amostra original para cada conglomerado em cada um dos estados).

Estatisticamente assumimos um nível de confiabilidade de 95%, tem-se que z = 1,96, visto que a população dos municípios da qual foram extraídos os elementos da amostra (N) é de 1.775 e, assumindo, ainda, que p = 0,5 e, portanto, q = 0,5 (valores tradicionalmente assumidos), tem-se que a margem de erro da estimação (e) será de 0,043 ou 4,3%. Esse tamanho amostral permite a realização de estimações com confiabilidade (de 95%) e precisão (margem de erro de 4,3%).

Foram aplicados questionários específicos em 382 municípios nordestinos distribuídos entre os seguintes atores: (a) secretários municipal de educação; (b) presidente ou vice de cada conselho; (c) representante do governo; (c) representante de pais de alunos; (d) representante de alunos; (e) representante de professores da educação básica; (f) representante de diretores de escolas; (g) representante do Conselho Municipal*; (h) representante do Conselho tutelar**47.

A pesquisa priorizou: (a) secretário de educação, (b) representante do governo, (c) representante dos pais de alunos; (d) representante dos alunos e (e) presidente do conselho (ou o vice, em caso de ausência do titular). Esta estratégia objetivou estabelecer um patamar mínimo de atores entrevistados, por conta da dificuldade em juntar todos os conselheiros num mesmo lugar na mesma hora, e por não ter garantia que em todos os municípios encontraríamos representações do CME e do Conselho Tutelar.

Para a validação do município seria preciso entrevistar no mínimo estes cinco atores prioritários citados acima, caso contrário seria utilizado outra cidade da lista de substituições elaborada para a amostra. Essas análises estão focadas sobre a dinâmica da gestão educacional associada à participação dos conselheiros do Fundeb nos processos de demandas locais a respeito das suas próprias configurações e especificidades. O quadro abaixo descreve os atores e a quantidade de entrevistas realizadas nos municípios nordestinos.

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Quadro 10 - Distribuição do Número de Questionários Aplicados

Ator N

Secretário Municipal 382

Presidente/ Vice Presidente 382

Conselheiros Membros 1930

Total de Questionários Aplicados 2694

Fonte: Elaboração Própria

Neste contexto, desenvolveremos no capítulo 7 as análises dos resultados obtidos junto aos representantes dos governos locais e membros dos conselhos, considerando cada uma dessas instâncias como parte integrante da gestão da educação e responsáveis pela participação da sociedade no controle e acompanhamento dos gastos dos recursos do Fundeb.

O conselho pode ser visto como um termômetro de participação social e, também, de determinadas iniciativas do governo local para garantir que estes setores da sociedade tenham voz ativa no processo de acompanhamento e fiscalização da alocação dos recursos do Fundeb no atendimento das demandas educacionais locais.

A ideia foi traçar um paralelo entre as respostas desses dois conjuntos de atores (secretários e conselheiros) para uma análise comparativa das falas, buscando uma compreensão mais abrangente dos processos de gestão da educação nestas esferas. Com isto concluímos a nossa proposta metodológica com a expectativa de contribuir para ampliar os horizontes e as perspectivas de compreensão do campo educacional no Nordeste.