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O Plano Estratégico de Intervenção (PEI) está integrado no quadro das várias Actividades da Instituição? (Projecto Educativo da Escola?)

GUIÃO DE ENTREVISTA AOS COORDENADORES

16. O Plano Estratégico de Intervenção (PEI) está integrado no quadro das várias Actividades da Instituição? (Projecto Educativo da Escola?)

O PEI é traçado sempre de acordo com a Instituição, aliás é lançado on-line no âmbito do SIGO (Sistema Integrado de Gestão da Oferta Educativa), depois o que fazemos é seguir as regras que lá estão. No primeiro trimestre de cada ano, o PEI é integrado no plano de actividades da escola. No nosso caso, o plano estratégico de intervenção actual foi aprovado para o biénio - 2010/2011.

17.Fazem dupla Certificação no vosso Centro? (Profissional e Escolar)

Nós, neste momento temos desde 2004 apenas a certificação escolar. Durante o ano passado, 2009, aliás, perdão, em finais de 2008, vimos aprovada a nossa candidatura à certificação profissional, só podemos avançar com ela no último trimestre de 2009, mas já temos de facto em funcionamento a formação proporcional nas áreas de cozinha, restaurante e bar. Vamos fazer os primeiros certificados até à Páscoa.

18.Como se faz o Processo por Ciclos, isto é, por fases nos vários Ciclos ou linear ao 3º Ciclo (1º Ciclo, 2º Ciclo e 3º Ciclo?)

O que a Legislação prevê é que o diagnóstico sendo bem feito encaminha o adulto logo para o patamar em que ele já demonstra ter competências, ou seja, teoricamente é possível um adulto que chegue cá com a 4ª classe, fazer o reconhecimento de competências de nível Secundário. A experiência porém, diz-nos que isso é muito difícil ter o 4º ano e passar através do processo de RVCC passar para o 9º ano é mais frequente, porque as pessoas têm boas competências a nível profissional, que lhes

permite perfeitamente reagir e responder de forma assertiva (não é?). Do nível Básico para o Secundário é mais complexo, já tem acontecido, mas é mais complexo porquê? Porque as pessoas não estão habituadas a reflectir e o Processo exige muita reflexão pessoal, muito investimento pessoal, muita investigação, muita autonomia quer no domínio dos quadros de referência que exige muita reflexão pessoal, isto gera algumas dificuldades, no entanto já tem acontecido, até já tivemos um outro caso. O que acontece, só para concluir esta parte, é que durante o Processo muitas vezes de reconhecimento de competência de nível B3 - 9º ano, algumas pessoas acabam por se revelar e muitas delas dizem que desconheciam as suas competências (eu até não sabia que sabia fazer isto, normalmente é o que dizem), então é aí que certificamos o nível B3. Normalmente, com a proposta de fazerem Formação Complementar, curiosamente acabam por voltar ao Centro e se inscrever novamente de acordo com a melhor solução proposta para o nível Secundário. Algumas, e só algumas, conseguem fazer o reconhecimento de competências de Secundário depois de ter feito o nível B3, mas sempre com muito investimento pessoal e formação científica. Outras, e aí temos alguns problemas, inscrevem-se porque são livres de se inscreverem mas são normalmente encaminhadas para a educação formação de adultos, ou outra solução. As pessoas demonstram-se desagradadas porque pensam que o processo é imediato, já que fizeram o nível B3 podem fazer de imediato o Secundário, mas nem todas conseguem, a verdade é essa. Ainda esta semana tivémos uma pessoa que desistiu, como sabe a Legislação prevê que a decisão seja sempre tomada pelo grupo do Centro. Nós aqui neste Centro, quando o adulto insiste em fazer o reconhecimento de conhecimentos e não é essa a opinião da Equipa Técnica, então levamos o adulto a assinar uma declaração de compromisso, assim um adulto sabe que quando entrar no processo naquelas circunstâncias poderá vir a ter dificuldades e poderá apenas ter certificação parcial. O adulto assina essa declaração e assume esse compromisso, e claro que nós trabalhamos com ele. Ainda esta semana, nós tivemos uma pessoa que, neste caso, tenha sido encaminhada para um processo de RVCC de nível Básico, contra a opinião do técnico de diagnóstico, que teve a dignidade de reconhecer que o adulto não estava preparado, e o adulto desta forma, decidiu fazer a sua desistência.

A ANQ, para além da formação que nos vem dando, tem uma espécie de biblioteca, que já vem aliás da antiga Direcção Geral de Formação Profissional, que vai não só especificando a teoria, a aplicação dos conceitos como descrevendo a metodologia, e operacionalizando a aplicação dos Referenciais de Competências. Esses manuais estão disponíveis on-line no site da ANQ, bem como outra documentação. Temos o estudo feito, de facto para os referenciais, são os grandes pilares, sobretudo o do nível Secundário, digamos que é uma Tese, não sei se de facto não foi um trabalho de Doutoramento. É um estudo muito completo do ponto de vista de uma descrição exaustiva, há portanto uma massa crítica académica que está por detrás deste processo, e tem pessoas como o professor Doutor Luís Capucho, Presidente da ANQ, a professora Maria do Carmo Gomes, que é a Vice- presidente, enfim, são cérebros, pois dizia eu, temos obra publicada, quer para os referenciais, quer para as metodologias, quer para a aplicação na área das competências profissionais, há de facto muitas investigações e publicações feitas.

20.Qual é a relação entre a sua Equipa de Parceria Interna do Centro e a conjugação com a ANQ, a Secretaria Regional de Educação? E com a Equipa Externa de Avaliação?

A nível Regional os seis centros têm uma coordenação que está junto do gabinete do Senhor Secretário e essa coordenação regional neste momento é liderada, pela Senhora Dra. Ângela Borges, que já foi Directora Regional da Educação, e que nos convoca algumas vezes por ano para reuniões para aferirmos situações…enfim, quer relativamente a alterações legislativas, quer à formação contínua…do ponto de vista de interacção entre os diversos centros, nós, coordenadores, e formadores, falamos com alguma frequência, sobretudo com os centros mais novos, contactam muito os centros mais antigos, não só o nosso naturalmente para um processo de cooperação, inclusivamente o centro de S. Vicente, da Escola Básica e Secundária D. Lucinda de Andrade, que já fomentou uma espécie de workshop connosco e foi muito proveitoso.

21.Quais são as Empresas ou outras Instituições que estabelecem Protocolos relativamente ao processo de RVCC?

No caso do nosso Centro, nós temos protocolo directo com a empresa Horários do Funchal, Casa do Povo da Calheta, com a PT, os CTT, já fizémos e já está concluído, falta só a entrega formal com os Bombeiros Voluntários da Ribeira Brava, com a empresa MGL, que é uma empresa de comércio e reparação de automóveis são os representantes da Toyota e da Volvo (deixe-me pensar assim de cor)… empresa Previsão com o Laboratório Regional Veterinário, o antigo, que depois se alargou à Direcção Regional Veterinária e ainda com o Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública, ainda com outra empresa de formação que é a SERFORMA, porque algumas destas pessoas apresentam carência de qualificação escolar e logo vemos que, quando é possível, fazermos certificação, e quando não é possível, encaminhamos para a formação. Penso que referi todos os protocolos, mas entretanto se faltou algum tenho na direcção à sua disposição (está bem…).AH! Peço desculpa, no âmbito do protocolo de qualificação temos como Ministério da Administração Interna aqui na Madeira. Temos também protocolo com a PSP, com a Direcção Regional da Qualificação Regional, nós temos um trabalho muito bem organizado e com muito investimento da nossa parte.

22.Como define os grupos que procuram o Programa Novas Oportunidades? (quer ao nível etário, número de utentes, média de idades, percursos escolares, assiduidade nas Sessões programadas, dificuldades referenciadas no trajecto de passagem pelos diversos módulos e etapas do processo de RVCC, atitudes, comportamentos como se evidenciam, participação dos familiares no processo de RVCC, outras situações relevantes…?)

A média etária está na faixa dos 38 anos, estava em Dezembro de 2009. A Moda está nos 34 anos, isto quer dizer, que temos público jovem e temos também público já na casa dos 50, 60 anos…mas a grande maioria está na faixa dos 30, ou seja, é um público que não tendo tido possibilidade de concluir a escolaridade no seu percurso normal estão agora, num processo muito activo da sua vida (casa dos 30, 40 e poucos anos) e precisam em muitos dos casos dessa qualificação académica. Precisam por motivos profissionais, para progressão na carreira, às vezes em casos mais dramáticos precisam por motivos profissionais garantir o emprego, porque há

exigências cada vez mais regulamentadas em termos Europeus, Nacionais e claro Regionais. Assim, determinadas funções só podem ser desempenhadas com determinadas habilitações, independentemente da competência, mas há de facto a contestação destas situações, outras decorrem de motivos empresariais, tivémos uma procura muita forte por parte das agências imobiliárias, porque as carreiras profissionais das agências, aproximadamente cerca de dois ou três anos, creio eu foram reorganizadas em função de determinadas exigências de qualificação escolar para as pessoas. Por exemplo, houve condutores para quem passou ser obrigatório o 12º ano, por isso há muita e muita procura por parte dos adultos. Depois temos um outro nicho de procura, que são as próprias empresas que nos solicitam, não os adultos das empresas que já lhe falei, mas porque estão sensíveis à necessidade de qualificação escolar, muitas vezes, por motivos próprios, nas outras vezes por necessidade de certificação, e qualificação, ou seja, precisam de ter certificação e claro a certificação escolar dos coordenadores, precisam de estar ao nível destas exigências, então as empresas tomam estas opções. Há aqui uma espécie de alavanca para que os adultos façam a sua qualificação porque é uma componente importante na vida social. Nós temos duas situações relativamente aos Protocolos, assim na maior parte dos Protocolos, nós vamos aos locais como na empresa Horários do Funchal, PT, MGL…Outros, porque não há uma centralidade de instalações, as pessoas deslocam-se até cá ao centro. Ah! Esqueci-me de referir o protocolo com o grupo Pestana que vieram cá ao Centro fazer o Processo.

23.Normalmente qual é a origem social dos Adultos? (Classe social predominante?)

Se quisermos dividir para a certificação escolar, temos normalmente as classes médias, as baixas não, porque estas não têm a cultura da qualificação. No entanto, há frequentemente pessoas que fizeram o seu percurso profissional e estão próximas da reforma ou que tem outros desafios pela frente e que não tiveram oportunidade de fazer a formação escolar e procuram fazer a sua certificação. Este estudo nós não fizemos, mas na prática sabemos que na formação profissional convivemos com as pessoas ligadas à hotelaria tendo qualificações escolares baixas, algumas dezenas

com a quarta classe, no entanto são óptimos profissionais, mas não tem habilitação académica suficiente.

24.Quais são as suas motivações, expectativas dos Adultos relativamente aos Centros Novas Oportunidades?

A maioria são pessoas muito motivadas, o Adulto quando toma a decisão, ele assume, motiva-se e determina. O grande obstáculo é reconhecer que é preciso voltar à escola - é uma barreira muito grande que as pessoas sentem, mas uma vez tomada essa decisão, normalmente são pessoas muitíssimo motivadas. Temos claro dois tipos de franjas desta população: temos aqueles que chegam cá porque precisam e só vêm cá porque precisam por motivos profissionais e têm a postura que já sabem tudo, a grande maioria dessas pessoas não conseguem fazer o processo de RVCC, porque não admitem que é preciso investir…Já tivemos que resolver alguns casos em que as pessoas diziam-nos simplesmente que já tinham feito várias formações e agora só precisavam do Certificado, isto não é anedótico, estas situações já nos têm acontecido, embora com maior frequência no início, mas aconteceram!... Alguns adultos admitiram que o Processo não era bem assim, tinham de facto algumas competências mas era preciso sujeitarem-se a um processo de diagnóstico e algumas quando se aperceberam acabaram por desistir. Temos a outra franja, é a do ponto inverso, as pessoas chegam cá com algumas dificuldades mas com muita esperança, das duas, uma: ou têm competências escondidas que elas próprias não sabem e avançam, e há surpresas fantásticas, já nos surgiram, e há outros Adultos facto não conseguem, ou melhor, não é que não tenham competências, ou que não conseguem, as competências que transportam consigo não equivalem às exigidas no Referencial de Competências do processo de RVCC. Sendo assim, não podem ser encaminhadas para o processo de RVCC e depois temos muitos problemas, problemas porque há pessoas que não aceitam bem esta situação, outras pessoas que não conseguem por via do seu horário laboral, conciliar este é um problema social acrescido com a conciliação das responsabilidades familiares e claro, não conseguem voltar à escola frequentar um curso de educação e formação de adultos. Assim temos de facto este público que

precisa que se consiga uma solução…A solução negociada pela equipa apesar de ainda haver muitos casos que os adultos ficam com a Certificação Parcial, será de fazer cursos em formações Modelares, ou seja, concluírem só os módulos que lhes fazem falta, esta seria uma solução para muitas pessoas. Ah! Gostaria de lhe contar um caso curioso, de uma senhora que iniciou o processo de RVCC com 75 anos. A senhora chegou cá, não tinha a 4ª classe, não tinha nenhum certificado e disse-nos que tinha estudado apenas 3 anos na sua infância, o equivalente à antiga 3ª classe, não tinha frequentado uma Instituição, tinha sido com umas pessoas que a ensinaram, isto era muito frequente a umas décadas atrás. A senhora apresentou-se de facto naquela situação em que manifestou muito gosto por ter pelo menos o 4º ano. A senhora já estava reformada, claro que dizia que nessa situação não precisava de ter qualificação académica, mas gostava pelo menos no mínimo a 4ª classe. No momento do diagnóstico, na altura era outra metodologia revelou-se que a senhora tinha muitas competências e mais que o 4º ano. Alguma dificuldade é verdade, sobretudo quando era exigido competências na área da informática, aí teve ai alguns constrangimentos, mas com a formação complementar chegou lá, e claro sem dificuldades concluiu o 6º ano. No dia do Júri, a Avaliadora Externa perguntou-lhe então qual era a sua opinião sobre o processo de RVCC e a senhora respondeu: que tinha gostado tanto…tanto…A senhora de facto escrevia muito bem, tinha uma veia poetiza popular, mas acrescentou ainda ao Júri, que tinha ficado com um problema, a Equipa ficou apreensiva porque a senhora nunca tinha revelado problemas, mas entretanto explicou, que o seu problema era ter ficado viciada na internet. Nesse dia do Júri, estavam também presentes uma filha, uma neta e uma bisneta. A filha confirmou que a senhora tinha um neto a trabalhar em Londres, ou algures próximo de Londres e pelo skype e pelo MSN contactava sempre o neto. Estas situações querem dizer o quê? Quer dizer que este processo de Reconhecimento de Competências na verdade gera nos adultos a necessidade de procurar novas competências, e é essa a alavanca impulsionadora de maior qualificação, é uma necessidade por parte dos adultos que semanalmente frequentam este Centro. Estas necessidades são muitas vezes suportadas pela colaboração dos filhos, sobrinhos, irmãos mais novos, a outras pessoas conhecidas,

sobretudo na área informática. Nota-se muito este efeito de alavanca, deste Processo de procura do conhecimento, as pessoas vão procurar por elas próprias novas fontes de informação, de treino para adquirir competências, no fundo o saber aplicar na sua vida diária. Permita-me dizer que se um adulto certificado com o 9º ano for fazer o exame académico chumba, mas se um aluno do 9º ano vier fazer este Processo não consegue, porque são processos diferentes. A sociedade em geral não percebe este mecanismo de funcionamento e precisamos de esclarecer cada Sistema de Funcionamento.

25. O que costumam indicar para o acompanhamento dos Adultos que