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Posicionamento do Coordenador sobre o processo de Reconhecimento Validação Certificação de Competências (RVCC) e o funcionamento do

GUIÃO DA ENTREVISTA

IV- Posicionamento do Coordenador sobre o processo de Reconhecimento Validação Certificação de Competências (RVCC) e o funcionamento do

Centro.

1.Como define o processo de RVCC e o funcionamento do Centro?

A nossa experiência ainda é pequena (…) no tempo e no número de Adultos. É evidente que através do processo de RVCC ainda não terminou nenhum processo…Possivelmente os primeiros irão em Abril a Júri uns 5 ou 6 Adultos…Depois irão começar os grupos novos, quando acabarem estes (… ).

Na experiência que nós temos tido, como em tudo na vida, quer os Adultos, quer toda a Equipa, quando se começa uma coisa nova há sempre constrangimentos, um empolgamento, e o sabor da imprevisibilidade, mas com o passar do tempo tudo isso é um fenómeno normal enquanto que há sempre um programa para cumprir com os alunos do Ensino Regular. No início muitas expectativas por parte dos Adultos, muito interesse, muito envolvimento, mas numa segunda fase já baixaram as motivações… e agora que estão a chegar ao fim, estão novamente entusiasmados, até porque há pessoas que precisam do Diploma, enfim tudo isto mexe com a vida pessoal de cada um. Não sei muito bem se os próprios adultos têm uma percepção exacta do Processo, mesmo que se explique como é feito o reconhecimento, há a ideia que se passa na comunicação

social, no café….de que é só ir à Escola buscar o Diploma…Nós tivemos uma situação, (isto só para exemplificar, aliás já tínhamos ouvido muitas histórias destas nas formações, mas esta aconteceu comigo e com a Joana, que é a nossa Técnica) em que chegou junto de nós um Senhor, que nos disse: eu preciso do Certificado de 6º ano, nem é preciso mais…agora vou para a Inglaterra…Ah…isto não é cá, terá que ir à Secretaria, que é o local de atendimento na Escola e é lá que passam…e lá foi. Entretanto a senhora da Secretaria disse-nos que o Senhor só tinha o 5º ano e perguntou-lhe se então queria que lhe passasse o Certificado de 5º ano, e o Senhor respondeu logo que queria era do 6 º ano. Entretanto conversamos qual seria a possibilidade de encaminhamento do Processo, e o Senhor respondeu-nos logo: Sim…sim…o que o doutor achar melhor, então já na próxima Quinta eu venho buscar porque vou logo para a Inglaterra na Sexta- feira…Estava convencido que o Processo RVCC funcionava desta forma…Já tinha ouvido histórias destas, mas nunca tinha assistido…Portanto o Processo é muito mais complexo de que imaginam, e agora que eu tenho dado algumas aulas nos cursos EFA, dando o módulo de Cidadania, eu vejo que nestes cursos, os Adultos têm todo o apoio, estou lá na sala, têm que fazer actividades, algumas que fazem relembrar algumas do CNO, mas está ali junto dos Adultos um professor que explica, que orienta, que dá apoio, no RVCC, não…os Adultos têm que ser muito autónomos, e constatamos que na maior parte das pessoas não têm essa autonomia …essa capacidade de trabalho. Nós temos umas horas semanais em que nós damos um apoio adicional, mas estão muito escolarizados, eles próprios não vão e verificamos que estão sempre à espera de que o professor lhes diga o que devem fazer, escrevem duas linhas e questionam “e agora o que é que eu tenho que fazer?”...Nós dizemos que terão que reflectir sobre isso sobre as suas vivências…eu penso que, posso estar enganado, mas muitas pessoas ainda veem o Processo como “posso tirar o 9º ano num RVVC porque é mais fácil e só se vem às sessões uma vez por semana”, e atenção que não é aulas, é uma orientação… e as dificuldades permanecem…Eu penso que o processo de RVCC é útil em teoria, faz algum ou bastante sentido, pode ser operacionalizado com sucesso, mas às vezes a culpa pode ser de quem está deste lado, minha incluído, mas dá-nos a sensação de que os Adultos querem é despachar, querem é fazer…muitos… mas nem todos …A ideia de que de que colocam na História de Vida, por exemplo que o filho nasceu prematuro,

muito bem dizemos nós, mas agora irá fazer uma reflexão no campo da saúde, por exemplo ao nível das Novas Tecnologias como funcionam os cuidados com os prematuros, as incubadoras … a resposta dos Adultos, alguns é imediata: vou reflectir como? Em casa nem tenho computador…Alguns não têm recursos, não conseguem (…), eu estou a falar dos que têm menos autonomia, alguns têm portefólios lindíssimos e avançados e fazem o Processo sem problema nenhum, mas há pessoas que têm dificuldades (…) no meio rural as pessoas têm outras prioridades e outras preocupações (…) enfim.

2.Que meses são mais significativas profissionalmente e são determinantes na sua actividade de Coordenadora?

No início nós não tínhamos nem experiência, nem formação, portanto era tudo muito às apalpadelas, era tudo muito demorado, agora já estamos a funcionar, já a velocidade de cruzeiro…Já fizemos uma série de minutas, de procedimentos, agora qualquer situação que surge já estamos aptos, já respondemos na hora, no dia nós já resolvemos, por exemplo entraram dois elementos novos e nós logo avançamos no Processo. No início não, era preciso uma transferência, uma suspensão…ora bem o que é isto? Não houve formação para a coordenação e direcção do Centro.

O processo demorava, as orientações técnicas chegavam tarde…Está a ver… a função de organização do Centro, de gestão, e lá está além destas funções há a função de apresentação de candidaturas, de relacionamento institucional, há esta função de tentar facilitar o trabalho à Equipa… temos um fluxograma de procedimentos. Por exemplo a Técnica de Diagnóstico faz Encaminhamentos, e há encaminhamentos que são complicados…e aqueles que têm uma componente mais burocrática mais legal, ao Abrigo do Decreto-Lei nº 357, por exemplo, obviamente que a Técnica precisa de conhecer a Legislação, mas aí eu tento ajudar… fazer transferências, alterações de encaminhamentos, validações formais, suspensões, eu tento cobrir esta parte para que os elementos da Equipa não percam muito tempo com estas situações… para que se possam concentrar nas funções deles…para que eles se possam concentrar naquilo que é importante para os Adultos…

3.O Plano Estratégico de Intervenção (PEI) está integrado no quadro das várias Actividades da Instituição? (Projecto Educativo da Escola?)

Está previsto o PEI estar integrado nas actividades da Escola e estar de acordo com os objectivos que pretendemos atingir no nosso CNO.

4.Fazem dupla Certificação no vosso Centro? (Profissional e Escolar)

Não, não, inicialmente nem havia na Região. Agora há na Direcção de Qualificação Profissional e na Escola de Hotelaria…

5.Como se faz o Processo por Ciclos, isto é por fases nos vários Ciclos ou linear ao 3º Ciclo? (1º Ciclo, 2º Ciclo e 3º Ciclo?)

Teoricamente é linear, pode passar logo do Ciclo ou até para o Secundário…O que nós tentamos fazer é no encaminhamento nos casos em que há dúvida, fazer um esforço adicional no diagnóstico, para já encaminhar as pessoas para a melhor opção, ou seja, não subestimar as capacidades, mas temos alguns Adultos que só tinham a 4ª classe mas já estão a fazer um nível B3, porque revelou à Técnica de Diagnóstico bons conhecimentos e tem…não manifestou dificuldades…mas também pode acontecer ao contrário, os Adultos virem muito motivados e muito interessados, com muita disponibilidade de trabalho, mas podem não apresentar os conhecimentos necessários, competências evidenciadas, mas geralmente no diagnóstico tentamos já fazer esta selecção. Às vezes é possível a meio do percurso mudar, por exemplo se está a fazer um B2 e verificamos que faz à vontade e sem dificuldades, claro que mudamos para B3.

6.Qual é a ligação entre a Teoria (Legislação) e a Prática de Certificação?

Existem muitas Orientações ainda do tempo da ANEFA, depois da ANQ, onde temos informação e depois temos a Legislação. Entretanto também temos aprendido para trabalhar com as Histórias de Vida e depois com os outros Centros, a Escola de Hotelaria, a Direcção de Qualificação Profissional…que nos ajudaram mais. O que se tem visto recentemente é que as Histórias de Vida, do nível Básico devem ser vistas como as do Secundário, eu penso que em alguns anos anteriores, era vistas as Histórias de Vida apresentadas com fichas, trabalhos escolarizados, eram fichas de

actividades. Quando surgiu o Secundário, veio cristalizar, refinar a metodologia do Ensino Básico, as competências devem estar integradas nas Histórias de Vida, devem quase todas estar dentro da História de Vida, no Básico teve-se que fazer assim e nós já tentámos trabalhar assim…Portanto o que nós tentámos fazer é que tudo esteja integrado na História de Vida e quando não se consegue, e encontramos resistências, proporcionamos algumas actividades e a nossa preocupação é que não sejam actividades escolarizadas, padronizadas, que cada actividade seja criada especificamente para aquele Adulto, isto quando não se consegue a partir da História de Vida, fazer a validação de algumas competências. Por exemplo se o Adulto é carpinteiro, faz uma actividade na área da carpintaria, e é um pouco assim…

7.Qual é a relação entre a sua Equipa de Parceria Interna do Centro e a conjugação com a ANQ, a Secretaria Regional de Educação? E com a Equipa Externa de Avaliação?

Nós sempre que solicitados, quer pela Secretaria Regional de Educação ou outros Agentes, reunimo-nos com os vários Parceiros e sobretudo temos tido o apoio dos outros Centros que já funcionam anteriores a nós e que claro têm mais experiência. Temos tido o apoio dos Coordenadores de outros Centros, nomeadamente o Dr. Fernando e a Dra. Sónia.

8. Quais são as Empresas ou outras Instituições que estabelecem Protocolos relativamente ao processo de RVCC?

Nós temos dois ou três estudados, mas estão ainda confirmados, portanto ainda não estão oficiais.