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Em relação ao exercício das suas funções enquanto Coordenador(a) há quanto tempo as exerce estas? Sempre neste mesmo Centro?

GUIÃO DE ENTREVISTA AOS COORDENADORES

11. Em relação ao exercício das suas funções enquanto Coordenador(a) há quanto tempo as exerce estas? Sempre neste mesmo Centro?

Portanto há 2 anos e meio que exerço funções de coordenador e, claro, sempre neste Centro.

12.Porque fez a opção pelo exercício das suas funções profissionais na área do Programa Novas Oportunidades?

Foi um desafio que me foi lançado e que aceitei por dois motivos: em primeiro lugar, porque na altura estava em condições para aceitar novos desafios profissionais, e em segundo lugar, porque a nível profissional era um projecto com novos desafios e sabendo que este é um projecto válido, que acredito, queria dar o meu contributo e lutar pela sua validade. Acredito que este projecto quando bem gerido, proporciona aos adultos uma mais-valia, e acima de tudo ajuda os adultos a verem reconhecidas as suas competências, quer em situações de formação, quer em situações de validação de competências.

13.Como se actualiza e enriquece a sua actividade profissional no desempenho de funções ao nível das Novas Oportunidades?

Toda a Iniciativa Novas Oportunidades é muito moldada pela Agência Nacional para a Qualificação. Todos os anos frequentamos diversas vezes formações, quer na sequência da nova Legislação publicada, quer de actualização simplesmente. Confrontámos os vários pontos dos diversos grupos dos centros e, para além disso, há também um encontro anual dos Centros Novas Oportunidades, o qual nos permite sempre ganhos, quer em termos de contactos pessoais, quer nas participações dos diversos painéis. Temos a possibilidade de confrontar a atividade com aquilo que se faz nos outros Centros e aprofundar as competências nesta área. Depois também fomos envolvidos no início do ano passado no processo de auto-avaliação dos Centros Novas Oportunidades, sendo o nosso mais antigo dos seis que existem na Região Autónoma da Madeira. Tivemos reuniões em Lisboa, nessa altura o nosso grupo de trabalho estava integrado com outros grupos dos centros de Lisboa, e esses momentos desenvolveram- se com a necessidade de estudar, investigar e evoluirmos profissionalmente. Para além

disso, há que irmos resolvendo, no nosso a dia-a-dia os problemas que vão surgindo, e temos necessidade de interagir com a agência nacional para a qualificação, através dos centros de apoio.

14.Que meses são mais significativos profissionalmente e são determinantes na sua actividade de Coordenador?

Relativamente ao ciclo anual dos Centros, pessoalmente é evidente que os três primeiros meses foram muito exigentes em termos de estudo, em termos de horas de trabalho, em horas de percepção do que se passava e de esforço mais determinante talvez no período de Setembro de 2007. No ciclo anual, o mês de Janeiro é sempre muito importante para fazer a auto-avaliação do centro relativamente ao ano anterior, depois temos dois momentos importantes: o final do primeiro semestre, no qual se vai verificar se as metas traçadas estão, ou não de acordo, com os objectivos propostos. Ou melhor, se os resultados, estão ou não, de acordo com as metas que traçámos. Os últimos meses, sobretudo Novembro e Dezembro, são de muitíssimo trabalho no Centro Novas Oportunidades, porque é quando muito do trabalho previsto para o ano vai resultar em júris de certificação. Há sempre um grupo de adultos que aponta os seus trabalhos para esta altura, para organizar a sua vida pessoal, quer para terminar o ano com aquele projecto acabado, portanto Novembro e Dezembro são meses como já referi de muito trabalho, mas simultaneamente de muita satisfação profissional, porque vemos o resultado concreto do nosso trabalho confirmado pelo Centro Novas Oportunidades com a respectiva certificação dos Adultos.

15.Como define o Processo de RVCC e o funcionamento do Centro (Equipa do Centro)?

Temos duas grandes linhas, digamos relativas ao processo de RVCC: do ponto de vista académico e do ponto de vista profissional. Do meu ponto de vista profissional, é um processo muito exigente, quer para quem coordena e quem dirige, mas é tudo um processo diferente, substancialmente em metodologias e teoricamente diferente do que se passa do Ensino dito Regular (não é?). Imaginemos uma boneca russa, uma “matrioska”, enquanto que no Ensino Regular nós vamos acrescentando supostamente camadas de conhecimentos aos jovens que nos chegam às nossas mãos enquanto

professores, aqui nós vamos tirando essas “camadas de poeiras” para poderem chegar ao conhecimento que está dentro de cada adulto, para que no fim do processo, no momento da certificação final, o júri faça a respectiva certificação e validação de competências. Assim, é como reconstruirmos aquela boneca russa nas competências dos adultos que ficaram certificados. Do ponto vista profissional, exige aos formadores, que são professores, uma adaptação que nunca demora menos do que um ou dois meses. Portanto, o professor ,que é aqui colocado no Centro Novas Oportunidades não está de imediato apto a leccionar com um grupo de adultos, porque o processo é diferente, é como se fosse preciso estagiar com os outros formadores que já aqui estão e que fazem a transição, digamos da estrutura dorsal do centro, para posteriormente estarem aptos e autónomos para avançarem. Depois, há mais duas ou três categorias na equipa, que são fundamentais do ponto de vista profissional, muito importantes, que é o papel dos técnicos de reconhecimento que têm como formação inicial psicologia, sociologia, filosofia ou ciências da educação, estas são as áreas preferenciais. Estes técnicos antes de dois meses e meio a três, ou seja, só a partir do primeiro trimestre começam a autonomizar-se, porque há metodologias próprias que têm de investigar. Essas metodologias estão publicadas pela agência nacional para a qualificação, é preciso sempre estudá-las e vê-las aplicadas, é um esforço profissional muito grande da parte deles. Depois temos ainda a categoria dos administrativos que regulam o trabalho administrativo como qualquer outro, mas com especificidades muito concretas, quer na constituição dos arquivos que estão regulamentados pela Agência Nacional para a Qualificação, com determinadas categorias, falo por exemplo do arquivo técnico/pedagógico que tem categorias específicas, aliás que foi alterado no ano passado e que claro neste ano já terá de estar em conformidade. Para além disso há uma série de procedimentos técnicos de acesso à base de dados e lançamento no programa, de uma unificação de dados que são de extrema responsabilidade e portanto um administrativo a funcionar num centro de novas oportunidades tem de dominar tudo isto. Por último, do ponto de vista profissional, temos o papel do técnico de diagnóstico e encaminhamento, que também pode ser um Psicólogo, um Licenciado em Ciências da Educação, ou um Sociólogo, mas preferencialmente em Ciências da Educação ou Psicologia, porque tem de basear todo o seu trabalho na metodologia de diagnóstico, no conhecimento das

ofertas formativas da Região em que se inserem e o conhecimento tem de estar actualizado à realidade, para além disso tem de dominar muito bem a técnica da entrevista, a técnica da entrevista colectiva e de entrevista profissional. Portanto, do ponto de vista profissional, este Processo exige muito mais do que lá fora se possa pensar, digamos para quem trabalha num Centro Novas Oportunidades, um pequeno parênteses para dizer que os professores aqui são colocados nos Centros, normalmente ao fim de um ou dois anos, regressam às escolas oficias, provavelmente porque o horário é mais leve, há maior independência metodológica, aqui é de facto um trabalho muito em grupo, em equipa. Assim, as minhas metas dependem da dos formadores, a dos formadores dependem dos técnicos e assim, sucessivamente. Portanto, se falha um elemento da engrenagem não há metas para ninguém, isto no âmbito profissional. Do ponto de vista social é outro processo fundamental, isto porque vem repor a justiça social, digamos assim, relativamente aos adultos que tendo a sua vida profissional e empenho competente, muitos deles no momento da avaliação nomeadamente nas empresas, na função pública etc., sendo competentes naquilo que fazem, mas não tinham reconhecidas as suas competências académicas, portanto vem repor essa justiça. Do ponto de vista sócio-pessoal é um elemento fundamental para a auto-estima dos adultos, é porque nós temos assistido a pessoas contentes com os seus papéis de liderança que desempenham em instituições públicas, mas o grande constrangimento é que não podem evoluir na carreira, não podem ter a sua posição profissional de vida porque não tem habilitação (não é verdade?).Para além disto como muitos adultos referem, é sempre bom poder preencher os diversos papéis ou documentos dos filhos na escola e que têm o 9º ano, pelo menos ou o 12º ano (não é?). Há o reverso da medalha, quando este Processo é mal aplicado, quando a própria comunidade institucional como se inicialmente se referiu, indicia processos de facilitismo há a ideia de que este Processo é profundamente injusto, a ideia de que não é justo ver um adulto em seis meses conseguir o 9º ano, quando os jovens têm de cumprir nove anos de escolaridade, isto é preocupante, isto é falso porque se o Processo for bem feito, o que o adulto vem fazer durante os seis meses ou outro tempo, não vem fazer o 9º ano em seis meses, o que o adulto tem é nesse período de seis meses demonstrar o que aprendeu durante os seus 30, 40 ou 50 anos de vida, isto é preciso dizer, é isto que é feito e que seja bem

feito. Assim, os financiamentos podem sofrer de alguma forma e sendo assim o Processo como se pode facilmente perceber pode ficar envasado porque fazemos certificações e corremos o risco de não cumprirmos as metas. Para cumprirmos as metas às vezes é preciso certificar à pressa, ainda assim há uma figura que nos vem dar alguma segurança aos Centros e alguma credibilidade ao processo de RVCC, estou a falar dos Avaliadores Externos. Os Avaliadores Externos são pessoas que não estão relacionadas directamente com os Centros que concorreram à Agência Nacional para a Qualificação, que aliás foram recentemente empossadas, digamos assim, nessas funções no dia 30 de Novembro de 2009 na qualidade de Avaliadores Externos da Região Autónoma da Madeira. Estas pessoas têm experiência na área da formação, conhecimentos na área da formação e do mapa das profissões na Região. Os Avaliadores Externos dão o seu acordo, digamos final para a certificação dos adultos, mas se encontrarem alguma areia na engrenagem podem perfeitamente não validar nem certificar o adulto, é importante ressalvar esta mais-valia.

Os Avaliadores Externos são autorizados a nível nacional e depois distribuídos por núcleos, zonas, claro que qualquer avaliador do norte pode ir ao Alentejo ou ao Algarve, mas não é viável do ponto de vista económica estar a fazer a transferência de um adulto ou avaliador da Madeira fazer uma certificação em Lisboa, embora ao contrário já tenha acontecido no processo inicial em relação aos Avaliadores Externos. Estes vieram do continente para fazerem cá o processo de RVCC. Actualmente, temos cá na Madeira para os seis Centros uma bolsa renovada no total de (… ) agora não consigo garantir assim, mas são uns sete ou oito, mas atenção, destes, dois são pessoas já aposentadas nas funções da função pública, pelo que se podem exercer na avaliação externa dos Centros Privados. Nos Centros Públicos estão impedidos de o fazer por via da Legislação Nacional, portanto na prática dos Centros Públicos como é o nosso, só dispomos, de momento, de seis Avaliadores Externos. O nosso Centro é Público, rege- se pelas Leis da Função Pública, temos é do ponto de vista contratual pessoas do centro com contrato equivalente ao da função pública, nós temos os professores que são requisitados ou que são destacados para cá, e temos outros formadores e técnicos com o regime de contrato privado, digamos assim. Relativamente aos professores,

por motivos pessoais deslocar-se para o centro e estão disponíveis, mas de ressalvar que não vêm com qualquer tipo de formação prévia especializada na área dos adultos sobretudo pela formação por observação, mas sendo possível recorrem a acções de formação e não tendo outra alternativa propomos aos professores uma espécie de estágio junto dos profissionais que trabalham há algum tempo, basicamente é assim que tem acontecido. Também já nos tem acontecido dentro do corpo docente da escola convidarmos alguns professores, dadas as suas boas referências, neste sentido de que apresentam um perfil para trabalhar connosco, são colegas do próprio quadro da escola.

16. O Plano Estratégico de Intervenção (PEI) está integrado no quadro das várias