• Nenhum resultado encontrado

Os maiores problemas relacionados com o estresse calórico são a redução do consumo de ração e a alteração do metabolismo da ave, o que afeta produ- ção e qualidade de casca do ovo.

Além da alta temperatura ambiental, a umidade, a velocidade e o movimen- to do ar são fatores ambientais importantes para caracterizar o estresse caló- rico. O excesso de umidade do ar, combinado com a alta temperatura é mais estressante do que apenas a alta temperatura. A adaptação da ave ao estresse calórico, chamada de aclimatação, pode inluenciar a sua resposta. Por exem- plo, a poedeira tolera a temperatura constante de 35ºC, mas não a oscilação.

Os fatores que afetam o estresse calórico em poedeiras são:

1) Resposta da ave ao estresse calórico: a mínima produção de calor corpo- ral, observada pela ofegação e asas caídas das aves, ocorre ao redor de 23ºC. Abaixo desta temperatura, as aves geram calor corporal apenas para se mante- rem aquecidas. Acima de 27ºC, as aves produzem mais energia na tentativa de reduzir a temperatura corporal e ocorre vasodilatação com maior circulação de sangue para a região da crista, barbela e pernas.

A relação entre produção de calor corporal e temperatura ambiental não é linear e há uma grande variabilidade nas respostas das aves à temperatura ambiental elevada.

rante a alteração do metabolismo em resposta ao calor, há inluência cerebral no controle alimentar. Em temperaturas ambientais moderadas, em média 270- 275 kcal de EM/ave/dia obtida da dieta é adequada para a manutenção da ave e para a produção de ovos. Acima de 28ºC, o crescimento e a produção de ovos pela ave são sustentados por suas reservas de energia corporal.

Independente do sistema de aviário, a ave sofre muito mais com tempera- turas acima de 32ºC e com umidade relativa do ar acima de 50%. Os períodos curtos de estresse de calor, associados à lutuação de temperatura, também são mais estressantes para a ave.

Um fator importante que afeta o consumo de energia pelas aves em respos- ta a temperatura ambiental é a cobertura de penas, que apresenta capacidade isolante para as aves.

2) Manutenção do balanço energético: A chave do sucesso na produção de ovos em estresse calórico é a manutenção do balanço energético positivo.

- Alteração do nível energético da dieta: em altas temperaturas ambientais, ten- de-se a maximizar os níveis de energia na dieta, acrescentando gordura por ser mais palatável e por reduzir o incremento de calor durante o processo digestório.

A alteração da energia da dieta tem por objetivo:

a) Estimulação física do consumo de ração: Entre os métodos utilizados para estimular o consumo de ração estão: o aumento da frequência de arraço- amento, o arraçoamento nos horários de temperaturas mais amenas do dia, o fornecimento de rações mais palatáveis, a alteração da forma física da ração, a utilização de óleo vegetal, melaço ou mesmo água misturada a ração.

b) Manutenção da reserva de gordura corporal: Sob temperatura de 28ºC, as aves passam a utilizar suas reservas de gordura para suprir a redução do consumo de energia pela ração. Porém, com a redução da reserva de gordura corporal, a poedeira diminui a produção de ovos, uma vez que a energia para a mantença é sempre prioridade.

3) Proteína e aminoácidos: Em condições de estresse calórico, os níveis de proteina na dieta devem ser reduzidos, mas o nível de aminoácidos essenciais (metionina, lisina, treonina) deve ser aumentado. Isso porque, durante o me- tabolismo de proteínas é gerado alto incremento de calor, logo, a produção extra de calor sobrecarrega os mecanismos de dissipação (ofegação, aumento da área corporal e circulação sanguínea).

4) Minerais e vitaminas: Em estresse calórico, para manter o consumo dese- jável de Ca pelas aves, é conveniente fornecer a fonte de Ca utilizada de forma extra ou fornecer Ca em partículas maiores na ração. Além disso, é importante suplementar vitamina D na água.

A adição de bicarbonato de sódio na dieta ou na água de poedeiras em es- tresse calórico deve ser feita com cuidado para não suplementar Na demasiada- mente. Até 30% de Na na dieta pode ser substituído por bicarbonato de sódio. Essa quantidade é benéica, por aumentar também o nível de K na dieta porém, os níveis destes minerais devem se manter dentro da recomendação para a li- nhagem em criação, evitando-se assim o desbalanço eletrolítico.

A suplementação de vitaminas do complexo B, durante o estresse calórico, traz poucos benefícios. Entretanto, a suplementação com vitaminas lipossolú- veis (A, D, E) é benéica. A síntese da vitamina C, em estresse de calor, é inade- quada e precisa ser suplementada em 250 mg/kg da dieta para que a produção de ovos seja mantida.

5) Balanço eletrolítico: As aves em estresse calórico, aumentam a frequência respiratória na tentativa de perder calor por evaporação. Assim, tendem a per- der mais CO2 e a alteração no balanço ácido-básico ocorre mais rapidamente, ocorrendo alcalose, ou seja, o pH sanguíneo pode ser alterado de 7,2 para 7,5 a 7,7 em situações extremas. A alteração do pH sanguineo, juntamente com a perda dos íons de bicarbonato de sódio, podem ocasionar piora no metabolis- mo e na saúde das aves e na qualidade da casca do ovo.

Para a melhoria da espessura da casca do ovo, o NaCl pode ser substituído por bicarbonato de sódio em 30-35%, mas é preciso manter as necessidades mínimas de cloro. Existe baixa correlação entre eletrólitos no plasma e qualida- de da casca do ovo, se a ave está aclimatada ao calor.

O balanço eletrolítico (Na+K-Cl) ao redor de 250 mEq/kg é o usual para poedeiras e o desbalanço eletrolítico pode ser impedido ao se considerar na formulação da dieta a relação cátion e ânion. Contudo, deve ser considerado que a dieta é apenas um fator que inluencia o desbalanço, pois o manejo e o bem-estar das aves também são importantes. Quando o nível de Cl está alto, o desbalanço eletrolítico é mais problemático

6) Água: As poedeiras consomem 50% a mais de água sob temperatura de 35ºC do que sob 22ºC. Muitas vezes, a ingestão de água é maior quando o con- sumo de ração está diminuído. Assim, seria lógico fornecer via água os nutrien- tes limitantes. No entanto, com esta prática é possível ocorrer alteração do gos- to e/ou estimulação do crescimento bacteriano na água. Logo, a melhor forma de estimular o consumo de ração é através da redução da temperatura da água. 7) Forma física da ração: Em situação de estresse calórico repentino (3-5 dias), a alteração da forma física da ração é prejudicial às aves por causar um estresse adicional, podendo levar ao aumento da temperatura corporal e da mortalidade.