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A importância da energia é tal que pode ser resumida na seguinte frase: suínos consomem para satisfazer as suas exigências energéticas. Esta é desti- nada à manutenção, controle da temperatura corporal, ganho de proteína e gordura, crescimento e desenvolvimento fetal e do tecido de concepção, além da produção de leite.

As exigências energéticas são expressas em energia digestível (ED), metabo- lizável (EM) ou líquida (EL). A principal fonte energética na dieta de suínos é o amido dos cereais. Com exceção do leitão na fase pré-desmame, o amido é quase completamente digerido no intestino delgado dos suínos. Até três semanas de idade, os suínos apresentam quantidade insuiciente de secreção de amilase pan- creática para a digestão máxima do amido. Após esta fase, muito da disponibili- dade energética do amido se restringe a forma em que aparece (amilose e ami- lopectina) ou em uma fração não digestível, denominada de amido resistente.

As dietas de suínos em coninamento são, em geral, altas em energia e bai- xas em ibra, por serem constituídas à base de grãos de cereais, como o milho. Os alimentos alternativos ao milho, como o sorgo, a cevada, o trigo, o farelo de arroz, entre outros, podem apresentar fatores antinutricionais, como os be- taglucanos (cevada), arabinoxilanos (centeio, trigo), itatos, entre outros. Estes componentes não desejáveis interferem adversamente na biodisponibilidade dos nutrientes, mas podem ter o seu efeito minimizado através da incorporação de enzimas exógenas na dieta.

Subprodutos do processamento de grãos são muito utilizados na alimen- tação de suínos, sendo que geralmente apresentam alto conteúdo de ibra. O intestino grosso do suíno é relativamente bem desenvolvido e a digestão mi- crobiana dos alimentos ibrosos é signiicativa nos animais adultos (reproduto- res). Quando o conteúdo de ibra bruta da dieta excede 10 a 15%, o consumo calórico pode ser reduzido devido ao volume excessivo e à redução na palatabi- lidade. Os suínos e outros não ruminantes respondem à diluição da dieta com o aumento de consumo para atender as suas exigências energéticas, até atingir a capacidade física do trato digestório. Os ácidos graxos voláteis, produtos inais da fermentação bacteriana no ceco, podem satisfazer até 30% da exigência de mantença em animais adultos.

Os suínos utilizam as gorduras da dieta de maneira eiciente. O ácido linolei- co é considerado um ácido graxo essencial, a partir do qual outro ácido graxo insaturado (ácido araquidônico) é produzido. Teoricamente, caso os suínos co- mam para satisfazer suas exigências nutricionais, a substituição da gordura por carboidratos não deveria melhorar o desempenho ou o consumo energético. Em geral, se a dieta estiver bem balanceada em proteína, a adição de gordura tende a melhorar o ganho e reduzir a exigência de EM por unidade de ganho. Um exemplo é a adição de gordura na dieta de porcas, que aumenta a capaci- dade de sobrevivência dos leitões.

As gorduras e os óleos representam a fonte energética de maior concentra- ção, contendo de 7500 a 8500 kcal ED/kg. Quando as gorduras são adicionadas em níveis de 5 a 10%, obtém-se uma melhoria física e na palatabilidade das rações. As dietas pré-iniciais contém 5 a 10% de gordura, visando estimular o consumo pelos leitões. Com a adição de gordura, o conteúdo de energia da ração é aumentado, o que resulta numa diminuição do consumo voluntário. Assim, deve-se aumentar também a concentração de outros nutrientes, princi- palmente da proteína, para manter adequada a proporção entre eles.

A composição dos ácidos graxos da gordura depositada no organismo dos suínos é semelhante à da gordura da dieta. Por exemplo, a soja integral torra- da contém 18% de óleo com elevado grau de insaturação e, quando fornecida para suínos, a gordura dos animais apresenta-se com maior proporção de áci- dos graxos insaturados, tornando-se mais mole, o que é indesejável. Alterando- -se a dieta com a introdução de carboidratos, o tecido adiposo torna-se consis- tente. Portanto, é necessário cuidado, principalmente na fase de terminação, próximo ao abate dos animais.

A tabela 2 resume as principais características dos alimentos energéticos comumente utilizados na alimentação dos suínos.

Alimento kcal ED/kg P.B. (%) Observações

Milho 3500 7,5 a 9,0 Baixo valor biológico, pois é deiciente em aas essenciais, princi- palmente lisina e triptofano.

Sorgo 3300 9,0 a 11,0 Com exceção do extrato etéreo (EE) e do teor de umidade, há similaridade dos demais componentes nutricionais, em relação ao milho.

Mandioca 1200 1,0 Presença de compostos cianogênicos (Linamarina e Lotaustrali- na, glicosídeos precursores do ácido cianídrico - HCN). Trigo mour-

isco ou sarraceno

2711 10,83 Presença de agente fotossensibilizante - fotoporirina (não deve ser utilizado em mais do que 30% em rações de suínos de pel- agem branca). Nos demais, pode substituir o milho em até 50% na dieta.

Farelo de trigo

2730 16,0 Efeito laxativo; indicado em alta proporção (50%) na dieta das gestantes poucos dias antes do parto). Inicial: 10-15%; Cresci- mento: 20-30%.

Farelo de arroz integral

3256 12,0 Fácil ranciicação; composição química variável (casca). Na termi- nação provoca amolecimento do toucinho.

Farelo de arroz desengor-

durado

2506 16,0 Pode ser utilizado em até 30% nas dietas.

Óleos e gorduras

7500 a 8000 - Quando adicionados de 5 a 10% na dieta promove melhoria física e na palatabilidade.

Beterraba (açuca-

reira e forrageira)

558 0,93 Terminação: os animais demoram mais para atingir o peso de abate.

Cana-de- açúcar

600 1,3 Os suínos mastigam os colmos e desprezam o bagaço, o qual é altamente ibroso.

Melaço de cana

2450 3,0 Usar até 8% na dieta. Fatores limitantes: efeito laxativo e elevado teor de umidade.

Soro de leite

- 1,0 É necessário que haja adaptação dos animais, fornecimento de modo gradual para evitar distúrbios digestivos. Fornecer so- mente à partir de leite pasteurizado. Outras características: 94% de água; 4,0% de lactose; proteína sem caseína.

Batata doce 1300 1,0 Em estado natural: 68% de umidade; 24% de amido (alto teor); 2,4% de sacarose. Pode ser fornecida crua, cozida ou ensilada. Abóbora 264 1,5 Sementes: bom valor nutritivo e pequena propriedade vermífuga.

Chuchu - - Valor nutritivo semelhante ao da abóbora. Fornecido na forma crua ou cozida.

Banana 1000 2,0 Verde: sabor adstringente devido ao tanino. Farelo: pode ser usa- do em até 50% na dieta de lactantes.

Citrus (polpa)

3350 - Pode ser utilizado em até 5% na dieta.

Tabela 2: Algumas características dos principais alimentos energéticos utilizados nas dietas de suínos.