• Nenhum resultado encontrado

2 Manejo de Leitões de um a três dias de idade

A seguir, serão apresentadas as práticas de manejo realizadas, na maioria das vezes em conjunto, até o terceiro dia de vida do leitão.

2.1 Corte dos dentes

O leitão nasce com 8 dentes, 4 caninos e 4 pré-molares, os quais são pon- tiagudos e com tendência normal de crescer para fora da cavidade bucal. Tais dentes podem lesar os tetos da porca, principalmente nos primeiros dias de lac- tação (após o parto a porca ica com o úbere dolorido e, por vezes, inlamado, principalmente em se tratando de fêmeas de primeira cria). Um outro problema causado pelos dentes é que, se não forem removidos, podem dar origem a fe- rimentos ao redor da boca dos leitões quando estes brigam entre si pelo lugar no úbere ou por um teto. Estas brigas são observadas com maior freqüência em leitegadas grandes, onde é maior a disputa pelos tetos. Os ferimentos assim ori- ginados podem servir de porta de entrada para infecções, com a consequente perda de leitões.

O corte dos dentes é realizado com o auxílio de um alicate próprio para esta tarefa ou pode ser utilizado um aparelho denominado desgastador de dentes. O desgaste de dentes apresenta a vantagem de causar menos estresse para o leitão, reduzindo eventuais pontas de dentes mal cortados. A operação de corte dos dentes é bastante simples. Aloja-se a cabeça do leitão na cavidade da palma de uma mão, introduzindo-se os dedos indicador e polegar junto às

comissuras labiais, expondo, desta forma, os dentes a serem cortados, e com a outra mão, com o instrumento cortante, em um movimento irme e rápido, cortam-se os dentes. O corte deve ser realizado rente à gengiva e com cuidado, para evitar lesões na mesma ou na língua dos leitões (Figura 3). Deve-se evi- tar deixar pontas nos dentes, uma vez que essas podem vir a ferir o aparelho mamário com maior severidade do que os dentes íntegros, podendo também provocar ferimentos na língua, causando dor e, consequentemente, inibindo o ato de mamar.

Figura 3: Corte de dentes do leitão.

Fonte: Lopes (2006).

2.2 Corte do último terço da cauda

Alguns criadores, principalmente na suinocultura coninada, costumam re- alizar a caudectomia dos leitões recém-nascidos a im de evitar problemas de canibalismo.

A prática do corte do último terço da cauda deve ser realizada nos primeiros três dias de vida do leitão, sendo o método mais utilizado e recomendado, o esmagamento seguido pela cauterização da cauda, sendo este realizado com a utilização de um soldador elétrico adaptado, utilizando-se uma base plana para apoiar a cauda do leitão (Figura 4).

Em algumas criações comerciais o corte da cauda é realizado por ocasião do tratamento preventivo contra anemia ferropriva, com a inalidade de identiicar a leitegada já tratada. Através do corte do último terço da cauda as causas do canibalismo não são eliminadas, porém sua frequência poderá ser diminuída.

Figura 4: Esmagamento seguido por cauterização da cauda do leitão com soldador elétrico.

Fonte: Lopes (2006).

2.3 Medicação preventiva contra anemia ferropriva

Nos suínos a anemia ferropriva constitui-se num problema de grande im- portância, pela falta de elementos para a formação de hemoglobina e glóbulos vermelhos.

O recém-nascido tem uma limitada reserva de ferro para a síntese da hemo- globina, devido a ineiciente transferência deste elemento através da placenta para o feto, nascendo com somente em torno de 50mg de ferro, armazenado principalmente no fígado, enquanto que a necessidade diária encontra-se ao redor de 5 a 10mg. Uma vez que o leite da porca é também muito pobre em fer- ro, o leitão deve receber suplementação do mineral durante os primeiros dias, para prevenir a anemia.

Através do leite materno são supridas somente 10 a 20% das necessidades diárias dos leitões, o que signiica que os restantes 80-90% são retirados dos depósitos de ferro do organismo. Quando não é fornecido ferro suplementar a leitões criados em baias de concreto e que não têm outra fonte de ferro além do leite da porca, rapidamente desenvolve-se a anemia.

A mortalidade devido à anemia ferropriva em criações onde os leitões re- cebem ferro única e exclusivamente através do leite materno varia entre 9 e 60%. Em função da carência, os leitões desenvolvem-se mal, devido ao péssimo aproveitamento dos alimentos, tornam-se anêmicos, débeis, sem apetite, pelos eriçados, com crescimento muito lento e apresentam uma predisposição maior a infecções secundárias, podendo chegar a morte. Assim, para prevenir a ane- mia, é prática corrente fornecer proilaticamente ferro suplementar aos leitões, a qual deve preencher algumas exigências, como ser eiciente, não provocar efeitos colaterais, ser de fácil aplicação e de baixo custo.

Nos últimos anos, o principal método utilizado para a prevenção da anemia tem sido a aplicação, intramuscular ou subcutânea, de um composto orgânico de ferro dextrano, entre o 1o e o 3o dia de idade (Figura 5), sendo este um método fácil, seguro e higiênico em que todos os leitões recebem quantidade suiciente e conhecida de ferro. Através da injeção de ferro deve-se procurar suprir as necessidades do leitão até que ele comece a alimentar-se com a ração sólida e retirar desta o ferro necessário para seu desenvolvimento.

Figura 5: Administração intramuscular de ferro dextrano injetável no leitão.

Fonte: Lopes (2006).

É considerada correta e suiciente uma aplicação subcutânea ou intramus- cular única de 200mg de ferro dextrano entre o 3o e o 5o dia de vida para evi- tar, com segurança, a anemia ferropriva dos leitões. Uma dose única de 100 ou 150mg do princípio ativo, injetados intramuscular ou subcutaneamente, entre o 3o e o 7o dia de vida, assegura níveis de hemoglobina suicientes para manter os leitões livres de anemia.