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Fornecimento de água e ração aos leitões

3 Outras práticas realizadas após 3 dias de idade

3.5 Fornecimento de água e ração aos leitões

A água constitui 65 - 70 % dos tecidos formados durante o crescimento e seu papel é decisivo na digestão e assimilação dos alimentos, na regulação da temperatura corporal e na eliminação de substâncias tóxicas do organismo. Além disso, é considerada um proilático eicaz contra a diarreia dos lactentes e sua ingestão estimula um consumo maior e mais precoce da primeira ração fornecida aos leitões. É extremamente importante como alimento para o suíno, sendo exigida em quantidades diárias maiores do que todos os demais nutrien- tes somados juntos. No entanto, por ser tão comum, raras vezes é vista como alimento. Muitos criadores dão grande importância à qualidade das rações que distribuem diariamente e muito pouca à qualidade da água que fornecem aos seus animais.

Durante o período de lactação a necessidade de água do leitão não é satis- feita pelo leite da porca. Em função disso e, sendo a água um alimento extre- mamente importante, deve ser fornecida aos leitões limpa e de boa qualidade, a partir da primeira semana de vida ou, o mais tardar, quando for fornecida a primeira ração aos leitões.

A água deve ser potável, limpa, e fornecida à vontade. O consumo de água pelos leitões está intimamente relacionado com o peso vivo, com o consumo de alimento seco e com a temperatura ambiente.

Do nascimento até cerca de cinco semanas de idade a maioria das secreções digestivas de um leitão diferem, em concentração e atividade, daquelas de um suíno adulto. Até a terceira semana de idade, a atividade da pepsina é muito baixa e aumenta consideravelmente a partir de então. A atividade da amila- se no intestino delgado aumenta durante os 10 primeiros dias. A maltase e a sacarase são inicialmente pouco ativas, enquanto a lactase apresenta grande atividade no leitão recém-nascido, a qual decresce com o avanço da idade. A evolução na concentração enzimática tem especial signiicado na nutrição de leitões, em relação à idade de desmame.

Durante os primeiros 21 dias de vida, as necessidades nutritivas da leitegada são preenchidas pela produção leiteira da porca. A partir desse período, en- quanto decresce a produção leiteira da porca, aumentam progressivamente as

necessidades nutritivas dos leitões. Desta forma, a inalidade do fornecimento da primeira ração é suprir as necessidades nutritivas da leitegada; favorecer o crescimento dos leitões mais fracos em leitegadas muito grandes e acostumar os leitões a comerem um alimento seco antes do desmame. Quanto mais cedo o leitão for capaz de digerir uma ração, menor será o estresse do desmame, maior será o peso por ocasião do desmame e melhor o desempenho dos ani- mais terminados.

3.6 Desmame

Por desmame entende-se a completa separação da porca de toda ou de parte de sua leitegada. Por ocasião do desmame, os leitões são privados dos cuidados e da alimentação láctea da porca. É a passagem da alimentação láctea para a alimentação sólida.

Este é um dos períodos mais delicados da vida dos leitões e a rentabilidade de uma criação depende, em grande parte, da maneira que os leitões superam este período crítico.

O melhoramento da produtividade do rebanho suíno tende, atualmente, à adoção de períodos de amamentação cada vez mais curtos, visando a obtenção de um maior número de leitões/porca/ano e aumentando, desta forma, o rendi- mento e a economia do suinocultor.

A decisão da idade ótima para o desmame depende, em grande parte, do estado sanitário, do desenvolvimento dos animais, do manejo da ração e da água, da higiene da criação, de fatores ambientais, das instalações e dos cuida- dos que o criador dispensa a seus animais.

Atualmente, o método mais utilizado em granjas comerciais é o desmame artiicial precoce. Este método de desmame é realizado até a idade de 21 dias de vida dos leitões e dura até os 50 - 60 dias (ou dos 7 aos 25 - 30kg). Como van- tagens deste método de desmame, pode-se citar: boa produtividade (número de leitões/porca/ano) e boa utilização do leite da porca durante o período de máxima produção.

Como desvantagens, pode-se citar: necessidade de utilizar dois tipos dife- rentes de rações para os leitões (pré-inicial e inicial); os leitões necessitam de um ambiente estritamente controlado; a imunidade passiva recebida através do colostro e do leite se encontra abaixo do nível de proteção, antes mesmo que seu mecanismo de imunidade ativa esteja completamente desenvolvido; o leitão não se encontra isiologicamente preparado; os leitões encontram-se vulneráveis a certas doenças; desenvolvimento mais lento dos leitões após o desmame; a taxa de mortalidade é maior em relação ao desmame antecipado;

normalmente ocorre uma redução do tamanho da leitegada seguinte (resulta- do do aumento de morte embrionária); necessidade de instalações adequadas; exigência de mão de obra especializada. No caso de manejo em grupos, a idade dos leitões a serem desmamados varia de 18 a 23 dias, uma vez que o desmame geralmente é realizado às quintas-feiras.

A forma mais recomendada de desmame é a seguinte: no dia do desmame, não oferecer ração aos leitões, somente água limpa e fresca à vontade. A água deve ser de boa qualidade e o sistema de distribuição deve permitir aos leitões beberem com facilidade uma quantidade suiciente; um dia após o desmame, fornecer cerca de 50g de ração por leitão, duas vezes ao dia; aumentar gradati- vamente a quantidade de ração, de tal forma que no 5o e 6o dia o leitão tenha em torno de 450g de ração à disposição.

Esse manejo da ração é recomendado porque o estresse provocado pelo desmame frequentemente é acompanhado por perturbações da motricidade e, consequentemente, por uma alteração no trânsito digestivo, o que pode pro- vocar uma recusa mais ou menos prolongada da alimentação. Por outro lado, a supressão do leite pode excitar o apetite do leitão e levá-lo a ingerir quantida- des de alimentos que excedem a sua capacidade digestiva. Esta irregularidade no nível de ingestão de ração, associada a uma alteração no funcionamento do aparelho digestivo, favorece a fermentação, podendo culminar em transtornos gastrointestinais e, eventualmente, na perda de leitões.

A baia onde permanecerão os leitões deve ser mantida limpa e seca, e ter uma fonte de aquecimento à disposição, com água à vontade e ração em quan- tidade determinada.

Mesmo com o desmame sendo realizado corretamente, há o desencadea- mento de estresse, cuja gravidade varia de acordo com a idade e com os cuida- dos dispensados pelo tratador aos leitões por ocasião do desmame.

Para diminuir a possibilidade de que o leitão desmamado apresente um quadro de subnutrição, consequência de uma diiculdade de ingestão e diges- tão de ração, recomenda-se evitar, nos dias que antecedem, bem como nos dias subseqüentes ao desmame, situações estressantes, tais como: troca de rações, castração, desverminação, vacinações, entre outras.