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Para que produzir se o produto não será competitivo?

Ao longo dos anos, o produto do melhoramento genético de aves foi de- batido, sempre procurando mostrar o lado que não interessava dos produtos obtidos, como problemas ocorridos com mortalidade, produção de ovos e de pintinhos por matriz (o maior deles até hoje), velocidade de ganho de peso, etc. Entretanto, a competitividade dos nossos produtos pode vir a ser mesclada com a adaptação das aves, especialmente em um país de proporções continen- tais, onde sabidamente linhagens que se adaptam ao centro ou norte do país, não tem o mesmo desenvolvimento no sul, ou vice-versa.

Em relação a isto, muitas linhagens comercializadas no Brasil não se adap- taram em algumas regiões, quando ali colocadas pela primeira vez, embora fossem detentoras de grandes produções em países europeus e nos EUA, con- forme resultados de testes lá realizados. Novos trabalhos, especialmente com relação a interação genótipo-ambiente, tiveram de ser desenvolvidos, e o pro- dutor é que arcou com estes investimentos e o que perdeu não foi ressarcido, fato pouco divulgado. No entanto, quando produtos da Granja Guanabara, nos idos anos 70, apresentavam problemas, havia uma difusão destas informações de modo a tolher todos os esforços que a equipe de melhoristas procurava fa- zer, para que seus produtos fossem competitivos.

Por outro lado, nem sempre os produtos importados são os melhores. Um aspecto importante é que sempre o produto brasileiro não é o desejado. Pro- dutos importados apresentam encartes soisticados enfocando os caracteres produtivos, que chamam até excessivamente a atenção. Em alguns casos, os re- sultados propostos nem são alcançados, mas os produtos estão sendo comer- cializados. Anteriormente, sugeriu-se que as avós brasileiras teriam problemas em acompanhar os resultados obtidos em nível mundial. Há necessidade de realizar testes nas mais variadas condições, de norte a sul, visando demonstrar os resultados obtidos aqui no Brasil. Só assim o produtor vai ter uma real de- monstração da capacidade produtiva das linhagens aqui comercializadas.

De modo geral, falta no Brasil um crédito ao que aqui tem sido realizado. O tempo mostrou que o trabalho iniciado foi, em parte, realizado e hoje os frutos aí estão. Sabe-se que deve haver continuidade, tanto nas mesmas condições atuais, em melhores ou até em piores condições. As perspectivas estão direta- mente relacionadas com esta tomada de decisão. O tempo em que não se fez melhoramento genético em espécies de pequeno porte também é responsável pelas diiculdades encontradas no início e na evolução de todo o trabalho.

Um outro item importante seria a possibilidade de ocorrer um rompimento de relações comerciais com os países que detinham o material genético e o

repassavam ao Brasil. Atualmente, com a expressão mundial que o Brasil alcan- çou em termos de produção e exportação de carne de aves, a colocação deste material genético seria feita de qualquer modo, como ocorreu em situações em que houve problemas de relações comerciais entre países, e o Brasil serviu como ponte, para que este material chegasse ao seu destino inal. Aquela preo- cupação de 40 anos atrás já não deve mais ocorrer, já que alterou-se a situação do melhoramento genético de aves no Brasil. Dispomos de condições próprias ou ao menos aqui geradas, para que o melhoramento genético possa ter o seu lugar.

O último item seria a introdução de doenças. Até o início da importação de material genético, doenças como New Castle, bronquite infecciosa, gumboro, encefalomielite, marek, leucose, síndrome da queda de postura, ascite, etc. não existiam no Brasil. Todas foram trazidas pelo material genético importado. Tem- -se notícia de uma doença (inluenza aviária) que não foi introduzida no Brasil, precisamente porque se proibiu a importação de avós. Esta doença ocorreu na região da Pensilvânia (EUA) em 1988 e durante um ano o Ministério da Agricul- tura do Brasil proibiu a entrada de avós. Com isto, perdeu-se em termos de ga- nho genético, pois o material já existente no país foi reproduzido por dois anos sucessivos. Entretanto, ganhou-se em termos sanitários, já que esta doença não foi aqui introduzida.

Em um levantamento realizado pela Dra. Tanya Lira, do Ministério da Agricul- tura, em 1988, existiriam no Brasil aproximadamente 15 organizações genéticas que distribuíam 29 linhagens para os três produtos inais. Estas organizações trabalhavam em diversos sistemas. Um sistema seria a própria companhia mul- tinacional ter uma subsidiária no Brasil. Isto pode ser exempliicado pela Cobb, Isa, Goto, Dekalb, etc. No caso da Dekalb a subsidiária no Brasil é a Braskalb. Ou- tro sistema seria a distribuição através de empresas brasileiras. Neste sistema, pode ou não haver exclusividade. Pode ocorrer de uma marca comercial ser dis- tribuída por mais de uma empresa ou a mesma empresa distribuir mais de uma marca comercial. Exemplos são as marcas Arbor Acres distribuídas pela Sadia e Big Birds, Cobb distribuída pela Cobb e Perdigão e a empresa Sadia distribuindo as marcas Pilch e Arbor Acres. Um terceiro sistema é a criação de “joint-venture” entre empresa-companhia genética. Este sistema tem sido utilizado pela Agro- ceres e a Ross Breeders Ltda (Escócia) originando a marca comercial Agroceres Ross ou AGRoss. Entre outras, este último sistema apresenta vantagens, como:

1. Participação acionária majoritária da Agroceres, proporcionando-lhe au- tonomia de gestão da “joint venture”;

2. Acesso às linhas genéticas básicas para obtenção dos produtos comer- ciais;

3. Execução do programa de melhoramento genético no Brasil, utilizando a mesma tecnologia empregada pela Ross;

4. Acesso a qualquer nova tecnologia ou genética desenvolvida pela Ross; 5. Suporte técnico por parte da Ross e programa de treinamento de pessoal técnico nas unidades da Ross.

De modo geral, as marcas comercializadas, na época, no Brasil eram: Para obtenção de frangos de corte:

Marca comercial Origem Empresa distribuidora

Agroceres Ross Escócia Agroceres

Arbor Acres EUA Sadia/Big Birds

Cobb EUA Cobb/Perdigão

Hybro Holanda Cotia

Hubbard EUA Granja Resende

Isa Vedette França Isa

Pilch EUA Sadia

Para obtenção de poedeiras:

Marca comercial Origem Empresa distribuidora

Hissex Holanda Cotia

Dekalb EUA Braskalb

Hyline EUA Granja Ito

Goto Japão Granja Goto

Lohmann Alemanha Granja Planalto

As marcas comerciais para obtenção de poedeiras produziam ovos brancos e marrons.

Outras marcas comerciais que podiam ser encontradas no Brasil eram a Pe- terson, a H&N (Heisdorf & Nelson) e a Kimber, dos EUA, a Shaver do Canadá e a Anak de Israel.