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Campo 3.0: Quesito – Existência do CAdm Peso Fator

5 VERIFICAÇÃO DO MODELO DE GOVERNANÇA

5.1.1 Estrutura Organizacional

A empresa Grendene está, atualmente, constituída como uma so- ciedade anônima, atuante no segmento industrial voltado à produção de calçados para o mercado nacional e internacional. Sua história corpora- tiva remonta ao início da década de 1970, com forte apoio nas novas tecnologias do setor petroquímico, a partir do uso pioneiro e inovador da poliamida como matéria prima na fabricação de calçados.

Seu complexo fabril foi iniciado no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, sendo que atualmente atua também nos estados do Ceará e da Bahia, com seis unidades industriais, distribuídas em mais de 270 mil

m2. Posicionada como 3º maior produtor mundial, apresenta produção média de 500 mil pares de calçados/dia, com de 26 mil funcionários e sendo responsável pela geração de mais de 325 mil empregos diretos. Sua receita bruta no ano de 2010 atingiu aproximadamente R$ 2 bilhões, consubstanciada a partir da presença em mais de 90 países (GRENDE- NE, Resultados de 2010, 2011). Os principais diferenciais competitivos estão baseados em seus ativos tangíveis e intangíveis, sintetizados por: (a) lucro, essencial e insubstituível para a sustentabilidade e manutenção dos empregos; (b) competitividade, produtividade crescente com custos e despesas sob exame e redução constante; (c) inovação e agilidade, anteci- pação aos problemas, inovar e melhorar desempenho; (d) ética, integrida- de, respeito e transparência (GRENDENE, 2011).

Ao final do ano de 2004 a empresa registrou na Bovespa a abertura de seu capital, passando a integrar, voluntariamente, o segmento especial da Bovespa denominado Novo Mercado, vinculado ao nível mais eleva- do relativo à governança corporativa existente no mercado brasileiro de capitais. As empresas que participam deste segmento se comprometem com o regulamento que disciplina requisitos para a negociação de va- lores mobiliários, assim como com a adoção de práticas de governança corporativa complementares em relação ao que é exigido pela legislação ordinária, estabelecendo-se regras diferenciadas para companhias, seus administradores e seu acionista controlador (BM&FBovespa, Novo Mer- cado, 2011, p.3).

É para este rigoroso ambiente corporativo e societário que a empre- sa Grendene está estruturalmente organizada, atendendo os requisitos do Novo Mercado e os reconhecidos princípios da governança corporativa. Neste contexto apresenta estrutura organizacional onde estão claramente identificados seu Conselho de Administração e sua Diretoria, atendendo compulsoriamente ao contrato de adesão do Novo Mercado.

Assim como registrado pela documentação institucional da empre- sa (GRENDENE, 2011), o Conselho de Administração é órgão de admi- nistração colegiada, responsável pelo estabelecimento das “políticas ge- rais de negócio”, sendo também responsável, além de outras atribuições, pela supervisão da gestão da empresa realizada por seus diretores e agen- tes. Na sua composição atual, o CAdm é composto por seis membros, atendendo às classes de membros indicadas pelo regulamento do Novo Mercado, independentes, externos e internos.

A Figura 19 a seguir ilustra a composição do Conselho de Admi- nistração da Grendene S.A. e o posicionamento do seu Presidente (ao centro).

Figura 19 - Conselho de Administração da Grendene S.A. Fonte: Grendene (2011).

A Diretoria da Grendene apresenta por objetivo a gestão e a ad- ministração permanente da empresa, e é responsável pela implementa- ção das políticas e diretrizes gerais estabelecidas pelo Conselho de Ad- ministração. Atendendo os requisitos do Novo Mercado, apresenta-se composta por cinco membros, sendo que somente dois destes participam simultaneamente do CAdm, seu Diretor Presidente e seu Diretor Vice- Presidente. Os demais diretores abarcam segmentos organizacionais rela- tivos às Relações com Investidores, às áreas Financeira, Administrativa e Controladoria, e aos setores Industrial e Comercial.

A Figura 20 registra este importante órgão dedicado à gestão da organização, indicando sua estrutura funcional e a segmentação de suas diretorias.

Figura 20 - Diretoria Executiva da Grendene S.A. Fonte: Grendene (2011).

A partir da adesão da Grendene ao Regulamento de Listagem do Novo Mercado, um conjunto de novas regras societárias foi incorporado à companhia, conhecidas pelo mercado como “boas práticas de governança corporativa”, acrescentando controles mais rigorosos àqueles existentes na legislação ordinária brasileira. Neste sentido, estes novos requisitos ratificam a (GRENDENE, 2011):

• Ampliação dos direitos dos acionistas;

• Qualificação de uma melhor simetria informacional;

• Definição de novas instâncias para a resolução de conflitos societá- rios, oferecendo alternativas mais seguras, ágeis e especializadas. Dentre o conjunto de “boas práticas de governança corporativa”, neste caso necessariamente aderente ao regulamento do Novo Mercado, algumas práticas adotadas pela Grendene se encontram destacadas a se- guir, como anteriormente já delineadas no item 2.3 deste estudo (Capítulo 2):

• Composição da totalidade do capital acionário por ações ordiná- rias;

• Extensão para todos os acionistas das mesmas condições obtidas pelos acionistas majoritários, quando da eventual venda do contro- le da empresa;

• Realização de oferta pública de aquisição de todas as ações em circulação, no mínimo, por seu valor econômico;

• Conselho de Administração formado por 6 membros, atendendo o mínimo estabelecido pelo Novo Mercado, em número de 5; • Melhoria das informações prestadas, incluindo demonstrações fi-

nanceiras trimestrais e quantidades de ações detidas pelos acionis- tas majoritários, membros do CAdm, diretores, entre outros;

• Divulgação das demonstrações financeiras de acordo com padrões internacionais;

• Divulgação de calendário de eventos corporativos;

• Divulgação dos termos de contratos firmados pela empresa e par- tes relacionadas;

• Manutenção de uma parcela mínima de ações em circulação, equi- valente a 25% do capital social da empresa;

• Para a distribuição pública de ações, adoção de mecanismos que favoreçam a dispersão do capital;

• Adesão à Câmara de Arbitragem do Mercado para a resolução de conflitos.

Registrando-se desta forma a estrutura organizacional da empresa Grendene, adotada neste estudo como empresa de referência para o cote- jamento com as demais organizações no âmbito da governança, pode-se visualizar a profunda e fecunda atenção ao atendimento dos princípios da governança corporativa. Na análise a ser realizada no item seguinte (item 5.1.2), caberá sempre associar esta estrutura ao ambiente de cada organização, face a eventuais especificidades organizacionais, mesmo que mantidos todos os requisitos de listagem aos níveis de governança estabelecidos pela BM&FBovespa para o contexto regulatório brasileiro, Nível 1, Nível 2 ou Novo Mercado (caso da Grendene).