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PRINCÍPIOS DA GOVERNANÇA CORPORATIVA

4.1.4 Parque Tecnológico – Nível

No item 2.2.4 foi avaliado, à luz da literatura atual e de experi- ências concretas, o modelo organizacional típico de um PCT, assim como

foram abordados os diversos papéis dos stakeholders (atores) participan- tes deste ambiente. O modelo visualizado oferece uma macro visão dos processos básicos de um PCT, calcado nas demandas de gestão com vistas à necessária operacionalização das ações inerentes ao relacionamento de todos os envolvidos.

O presente estudo amplia esta visão, reposiciona as ações des- te modelo e, prioritariamente, inclui os níveis identificados em 4.1.1, Principais e Estruturas de Governança Corporativa (EGC). A Figura 14 apresenta em detalhe o Nível 3, reconhecendo-se aqui como a Estrutura Funcional de um Parque Científico e Tecnológico, e consagrando-se a partir de agora à ocorrência simultânea da Governança Corporativa com a Gestão de um PCT.

A idealização deste modelo organizacional para um PCT, agora inserido no contexto de uma estrutura mais abrangente, está estabelecida a partir da constituição de um Comitê Gestor e da segmentação do PCT em duas dimensões, intrinsecamente vinculadas e inter-relacionadas, uma destinada ao foco incorporador de um PCT, como lastro de sustentabilida- de do empreendimento, e a outra relacionada ao contexto de CT&I, como artífice da gestão estratégica e política para o cumprimento da missão maior a que esta organização preconiza, a partir do reconhecimento de seu conceito.

Estas dimensões encontram-se a seguir caracterizadas, em confor- midade ao ilustrado na Figura 14.

PCT Incorporador:

Estrutura interna ao PCT responsável pela gestão dos espaços físi- cos com vistas ao empreendimento imobiliário. Fortemente relacionado com o mercado e as empresas, conferindo suporte às ações nos seguintes segmentos:

• Legal: regulamentos, regras e requisitos de ordem legal a serem observados pelo empreendimento incorporador;

• Marketing: atividades destinadas a aprofundar o conhecimento do mercado potencial e seu relacionamento com um ambiente de permanente troca entre produção e consumo, com vistas ao de- senvolvimento e sustentação de novos produtos e serviços para as empresas;

• Incorporadores Associados: empresas externas ao empreendimen- to que se associam a este para a oferta de produtos e serviços junto ao business imobiliário, ao mercado e a outras empresas;

• Meio-ambiente: adequação de todas as iniciativas às normas e condutas legais quanto à sustentabilidade ambiental do empreen- dimento;

• Mercado/Empresas: ambiente externo ao PCT, foco do empreendi- mento, definido no eixo de relevância (Quadro 12), caracterizando ‘onde’, ‘como’ e ‘com quem’ os fluxos de trocas entre produção e consumo serão efetivados.

% Resultados

Política CTI

Núcleo Interno CTI (share)

Veto Gestão dos Espaços Físicos

PCT

CT&I

Gestão do Conhecimento Legal

ETT Outras

Mercado & Empresas Atração / Serviços Demandas / Soluções Nível 3 Legal Incubadoras Un iversidade s C entro de Pes quisa sot e jo r P ed oã t se G o c il b ú P r e d o P s a i g é t a r ts E s e z i rt e ri D s o s r u c e R Marketin g I nc or p ora dore s A s s oc ia do s B us in es s Im o bi li ár io e t n e i b m A - o i e M Principais Shareholders EGC

Estruturas de Governança Corporativa Parque Científico e Tecnológico

Stakeholders Estrutura Funcional Gestão das Políticas de CT&I Conselho Gestor

PCT

Incorporador

Figura 14 - Estrutura Funcional de um Parque Científico e Tecnológico (PCT). 128

Sua meta principal está na agregação de valor ao empreendimen- to, principalmente no aspecto econômico e na geração de receitas. Tem igualmente foco na aplicação de resultados alcançados junto à dimensão de CT&I e ao abrigo do segmento do PCT voltado para as políticas de P&D. Na relação com o mercado, busca oferecer requisitos de atrativida- de aos Incorporadores Associados na ampliação do business imobiliário junto às empresas com forte potencial de participar do PCT, dentro do seu espaço físico ou de forma associada, como ocorre em alguns casos, loca- lizada externamente e utilizando os serviços disponíveis do PCT.

PCT CT&I:

Estrutura interna ao PCT responsável pela gestão da política da ciência, tecnologia e inovação (CT&I), comprometida com a articulação entre os atores das áreas de pesquisa e desenvolvimento, conferindo su- porte às ações dos seguintes setores:

• Legal: regulamentos, regras e requisitos de ordem legal a serem observados pelo empreendimento em CT&I;

• Gestão do Conhecimento: processo que trata da conversão do co- nhecimento por meio de ações relacionadas a sua criação, sua co- dificação e sua disseminação, a fim de assegurar a sustentabilidade de sua organização e das organizações que a compõem, já identifi- cadas anteriormente como intensivas em conhecimento;

• Poder Público: relacionamento com as três esferas governamen- tais, de acordo com o eixo de relevância (Quadro 12), na busca de configuração de políticas públicas, diretrizes estratégicas e fomen- to de recursos para investimento;

• Gestão de Projetos: agente que visa coordenar e facilitar o proces- so de relacionamento com a Tríplice Hélice, Governo-Empresa- -Universidade, aliando competências e habilidades às demandas da sociedade, a partir da promoção e indução de projetos de pesquisa e desenvolvimento no campo da ciência, tecnologia e inovação. • Organizações de CT&I: organizações de origens diversas com ob-

jetivos comuns quanto à criação e difusão do conhecimento a partir da inovação com base no capital intelectual disponível e acessível no contexto do PCT (Centros de Pesquisa, Universidade, Incuba- doras de Empresas, entre outros);

• Transferência de Tecnologia: instrumento destinado à proteção do patrimônio intelectual gerado e à transferência dos resultados da pesquisa científica ao setor empresarial, visando viabilizar a trans- formação da ‘inovação’ em ‘negócio’ e fortalecendo a inserção do PCT junto à sociedade;

• Mercado/Empresas: ambiente externo ao PCT foco do empreendi- mento, definido no eixo de relevância (Quadro 12), caracterizando ‘onde’, ‘como’ e ‘com quem’ os fluxos de trocas entre produção e consumo serão efetivados: atratividade por serviços e demanda por soluções em CT&I.

• Esta dimensão apresenta forte ação na gestão das políticas de CT&I, definindo diretrizes à dimensão PCT Incorporador, assim como aplicando o contexto de veto nas suas ações, quando não alinhadas aos interesses do PCT.

A missão do Agente caberá ao Comitê Gestor, com a iniciativa de potencializar a utilização dos recursos disponíveis e a tarefa de imple- mentação das decisões, operacionalizando as atividades necessárias para o PCT, enquanto agente incorporador e agente de políticas de CT&I. A constituição deste Comitê Gestor estará muito afeta à taxonomia do PCT e à caracterização em seus eixos de referência, como abordado em 2.2.3 (Quadro 12), podendo ser composto a partir de representantes dos diver- sos níveis e dimensões, vinculadas ao PCT:

• Mantenedor principal; • Diretoria Executiva do PCT;

• Empresas (âncoras/incubadas/spin-offs); • Organismos de fomento.

Todos estes atores terão forte atuação e permanente interdependên- cia na gestão do PCT, apresentando dinâmica e ambiente similar à propo- sição da criação de conhecimento na empresa (NONAKA e TAKEUCHI, 1997, p. 185), configurando uma organização em “hipertexto”, com vistas a permitir “a criação do conhecimento de forma eficaz e contínua em uma organização”, conforme ilustrado na Figura 15.

Mantenedor

Empresas Organizações

de Fomento

Diretoria Executiva

Com foco em universidades e parques tecnológicos, Arroyo-Var- quez e Sijde (2008, p. 38-39) propõem modelo para suporte ao empreen- dedorismo e ao desenvolvimento de negócios para estas organizações. O estudo é contributivo no sentido de identificar os papéis centrais de uma universidade empreendedora, quais sejam o ensino, a pesquisa e o desenvolvimento sócio-econômico. Para implementar a ação do desen- volvimento, o parque tecnológico é visto como sendo o principal vetor de vínculo com o ambiente externo, identificando seus mais diversos

stakeholders – internos e externos. Transladados ao contexto desta pes-

quisa e baseados na estrutura apresentada para o PCT, os stakeholders podem ser qualificados como indicado no Quadro 22 a seguir:

Quadro 22 - Stakeholders de um Parque Tecnológico

Stakeholders de um Parque Tecnológico

Internos Externos

Universidade Incorporadores Imobiliários

Faculdades e Unidades Acadêmicas Incorporadores Associados

Centros de Pesquisa Governos (Federal, Estadual e Municipal)

Centros de Inovação Órgãos de fomento

Incubadora de Empresas Entidades empresariais

Escritório de Transferência de Tecnologia Empresas

Agência de Gestão

O mesmo estudo, em suas conclusões (ARROYO-VARQUEZ e SIJDE, 2008, p. 47), aplicando o modelo proposto em estudo de caso (Ciudad Politécnica de la Innovación, Universidad Politécnica de Va-

lencia – CPI/UPV, Espanha), oferece espaço ao aprofundamento da pre-

sente pesquisa. Sustenta a importante e necessária implantação de uma estrutura comum, com vistas a unir os stakeholders, no entorno de obje- tivos que possam ser alinhados através do estabelecimento de estratégias convergentes, inserindo assim as estruturas e mecanismos de governança corporativa no contexto de parques científicos e tecnológicos.