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CASO 1: EMPRESA DE REFERÊNCIA: EMPRE-

1.4 JUSTIFICATIVA, RELEVÂNCIA E ORIGINALIDADE

O locus ‘Parque Tecnológico’, sob suas mais diversas denomina- ções, é hoje reconhecido como um dos principais vetores de desenvolvi- mento no contexto da Sociedade do Conhecimento. Políticas Mundiais baseadas em Conhecimento e Inovação apresentam este ambiente como indutor de políticas públicas de desenvolvimento.

Avaliações e pesquisas referentes a experiências concretas de Par- ques Tecnológicos em operação têm apontado para carências e insuficiên- cias de Gestão, por um lado, e, por outro, de Governança.

De acordo com a ABDI (2007a, p. 123-125), frente à análise de três gerações de PTs estudados em todos os continentes, são interessan- tes e notórias as conclusões referentes, primordialmente, ao trabalho em redes e ao modelo de gestão destas organizações. No nascedouro dos Parques, o trabalho em rede estava baseado em atores locais, apoiados na espontaneidade e na informalidade, enquanto o modelo de gestão era nucleado e centralizado, via de regra, em uma única instituição. Ao longo do tempo, o trabalho em rede evoluiu para relações mais formais, fomen- tado por novas diretrizes e regulamentações, e o modelo de gestão abriu espaço para uma maior flexibilização e autonomia. Para a geração atual, conforme a fonte citada, a sinergia das redes ganha relevância estratégica, assim como vantagem competitiva, e o modelo de gestão típico passa a contar com maior autonomia e, em muitos casos, com uma gestão profis- sional terceirizada.

DICE, 2006, p. 35-110), contratado pela Financiadora de Estudo e Pro- jetos (FINEP), descreve de forma clara e precisa experiências referentes à evolução de operação de doze parques tecnológicos brasileiros que re- ceberam apoio financeiro desta instituição de fomento. Este conjunto de parques pode ser considerado representativo da experiência brasileira atu- al. A exaustiva metodologia adotada para a avaliação aborda itens como as origens da iniciativa, etapas de implementação e operação, visão de futuro e temas emergentes. O registro mais visível e, eventualmente, mais próximo ao tema desta pesquisa diz respeito às abordagens do modelo de gestão, parceiros e financiadores. Nos parques avaliados, os modelos de gestão apresentam-se como diversificados: (a) modelo de gestão única e centralizada, (b) modelos baseados em conselhos, (c) modelos basea- dos em executivos do mercado, (d) modelos baseados em experiências internacionais, a partir de sociedades anônimas sem fins lucrativos, (e) modelos mistos e outros, todos com efetivas e constatadas deficiências de gestão. Entre os parceiros intervenientes no processo de formação de um PT, geralmente há consenso na necessidade de apoio no tripé governo- -universidade-empresa, com maior ou menor densidade de uma das partes em função do foco do Parque, seja de base científica ou de base tecnoló- gica (ETZKOWITZ, 1997. 2009).

Em âmbito internacional, as análises referentes a parques tecno- lógicos realizadas pelo European Commision (EC, 2007, p.59-63) e por Allen (2007, p. 11) apresentam de forma mesclada Modelos de Gestão e Modelos de Governança, havendo referência, no contexto das gerações de Parques, a mantenedor(es) vinculado(s) na origem a instituições uni- versitárias; na fase seguinte, primordialmente, a empresas privadas; e, na atualidade, a parcerias que envolvem, via de regra, os campos público e privado, resgatando novamente a importância da ação sinérgica da intera- tividade.

Destas análises, somadas a outras ainda mais recentes para o am- biente brasileiro, onde foram avaliadas as fontes de financiamento para PTs (FIGLIOLI, 2007), a abordagem da governança praticamente inexis- te no contexto de Parques Tecnológicos, sendo que em alguns momentos é mascarada pelo Modelo de Gestão de um Parque Tecnológico, em que pese seus objetos conceituais distintos.

É precisamente a inexistência ou, pelo menos, a escassez de pes- quisas sobre ambientes de parques tecnológicos, com foco no tema da Governança, em uma base organizacional peculiar, que justifica a presen- te pesquisa.

Outro estudo de cunho qualitativo (ABDI, 2007b, p. 45-244), rati- fica, a partir da análise de quatorze países nos continentes da Europa, da América do Norte e da Ásia, o vultoso investimento no segmento de ciên- cia, tecnologia e inovação (CT&I), implementado a partir de políticas pú- blicas direcionadas ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) destas nações. Em muitas das projeções futuras de crescimento do PIB, os índi- ces projetados apresentam forte apoio aos investimentos em conhecimen- to e inovação, avaliados através de indicadores do European Innovation

Progress Report (2006, p. 214), conforme registrado, por exemplo, para

o Reino Unido, pelo Departament of Trade and Industry (DTI, 2004, p. 7) para o período 2004-2014 e, para o Brasil, pela ABDI (2007b, p. 124). Os estudos referentes a Parques Tecnológicos têm oferecido maior foco nos aspectos relacionados ao impacto econômico, à geração de em- pregos, à indução de empresas nascentes, assim como a revitalização econômica do seu entorno, elementos igualmente relevantes. Por outro lado, de acordo com Vedovello, Maculan e Judice (2006, p. 20), a impor- tância deste mecanismo como instrumento de política pública não tem sido equivalente, principalmente em termos de Brasil, o que diverge da tendência mundial, podendo ser visualizado a partir da avaliação de um grupo de países desenvolvidos e emergentes, onde a adoção destas ações no contexto de PTs é notória e fundamental para o crescimento e o desen- volvimento deste segmento (ABDI 2007b).

Relativamente à justificativa e à relevância desta pesquisa enqua- dra-se dentro da envergadura com que os países atualmente elaboram seus planejamentos estratégicos e executam suas ações, posicionando de forma destacada em suas estruturais organizacionais o tema CT&I e um de seus vetores de indução, o Parque Tecnológico. Aprofundar este estudo aderente ao Brasil visa ampliar seu debate, seu conhecimento e potencia- lizar seus efeitos. Agregar ao tema o enfoque da Governança Corporativa busca dotar de maior qualificação a particular estrutura organizacional de um Parque Tecnológico, agregando novas dimensões corporativas com o intuito de alinhar interesses, mediar conflitos, ampliar o monitoramento e o controle de suas ações na busca de um melhor desempenho (AGUILE- RA, 2007, p. 2).

O contexto da originalidade pode ser visto a partir de duas verten- tes de avaliação. Por um lado, baseada na relativa juventude da figura da Governança no seio das corporações, públicas ou privadas, tendo como alicerce estudos conhecidos referentes às teorias econômica, da admi- nistração e da firma, além de apresentar demanda emergente em vários ambientes organizacionais. Por outro lado, por posicionar no centro do estudo uma organização tipificada como um Parque Tecnológico, com taxonomia própria, bases variadas – científica, empresarial ou mista, de origem privada – porém de interesse público, com o objetivo de agregar vantagens competitivas para seus vários atores. A amplitude de interpre- tação e aplicabilidade do conceito de Governança sugere possibilidade de aderência ao contexto de um Parque Tecnológico, ambientado no Brasil, indicando relação original, na medida em que a análise de conteúdo, ba- seada na literatura atual e disponível, não apresenta evidências de estu- dos recentes que garantam a profundidade científica almejada por esta pesquisa, qual seja a de propor um Modelo de Governança para Parques Tecnológicos no Brasil.