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ESTUDAR USANDO MUITOS CANAIS, INCLUSIVE, ESTUDO DE GRUPO

No documento Voce Sabe Estudar_ - Claudio Moura Castro (páginas 116-120)

Grande parte do que acontece na escola passa pelo canal da audição. Ou sej a, o aluno ouve o professor falando e, por essa via, aprende o que for possível. Mas sabem os que há outras form as de aprender. Obviam ente, aprendem os lendo. De fato, após a form atura, torna-se a form a predom inante de aprender sobre assuntos m ais com plexos. Podem os m esm o pensar que um a das consequências m ais im portantes de um a boa educação é aprender a entender o que foi lido.

Mesmo que mudemos de profissão, mesmo que nossa carreira nos leve a direções longínquas do currículo cursado, essa capacidade de capturar o que o autor quis dizer é uma das heranças mais perenes de nossa passagem pela escola.

Aprendem os, tam bém , escrevendo. Ao redigir, tem os que converter para as nossas palavras o que absorvem os do aprendizado. Ao tentar fazê-lo, ao pôr as ideias no papel, elas se tornam m ais claras e nítidas. Em outras palavras, escrevemos para entender. Para redigir um texto sobre as ideias tratadas em aula, precisam os revisitar e repensar o m aterial ao qual fom os apresentados. Um a coisa é escrever a frase que ouvim os do professor e que ainda está zunindo na nossa cabeça. Isso está próxim o de decorar. Pode ser apropriado em certos casos, por exem plo, a tradução de um a palavra em inglês. Mas, quando vertem os a m esm a ideia para as nossas próprias palavras, neste caso, entra em cena um a com preensão m ais profunda do assunto. Na decoreba, podem os gravar as palavras na m em ória, sem entender. Contudo, se as palavras j á se foram da m em ória, terem os que encontrar outras diferentes para expressar o que foi dito ou lido. Tem os que recapturar a ideia, usando nossas próprias palavras. É preciso entendê-la para serm os capazes de form ular de novo a m esm a ideia.

O ganho de aprendizado está, justamente, nesse esforço de captar a ideia, em vez de memorizar a palavra já usada pelo professor.

Na aula, o professor apresenta a fórm ula da Lei de Boy le-Mariotte, que associa pressão, tem peratura e volum e em um recipiente fechado. Se, depois da aula, resolvo redigir um parágrafo sobre o que diz a fórm ula, tenho que pensar algum a coisa com o: “Se a tem peratura aum entar, o que vai acontecer com a pressão sobre as paredes do recipiente? Ora, se os gases se expandem com o calor, então, a pressão deve aum entar”. Ou então: “Se o recipiente aum entar de volum e, o gás vai fazer m enos força contra a sua parede, ou sej a, a pressão vai cair”. Nesse exem plo, sou obrigado a entender a lei e pensar no que acontece para que sej a possível escrever sobre ela. Finalm ente, aprendem os falando. Pareceria o oposto, que só aprendem os ouvindo a fala do professor. Mas, na verdade, ao formular verbalmente as ideias que precisamos aprender, estamos sendo desafiados a mostrar que entendemos. Tal com o na escrita, o esforço de verbalizar as ideias recebidas leva a um nível superior de com preensão. Isso é m ais verdade quando j á esquecem os as palavras usadas e tem os que inventar outras, para dizer a m esm a coisa.

Quantos de nós não tivem os a nítida sensação de que só viem os a entender algum a coisa quando tentam os explicar à outra pessoa? A ideia não é nova.

SEGUNDO SÊNECA, QUANDO ENSINAMOS, APRENDEMOS.

Além dos ganhos de aprendizado resultantes da concentração e do esforço para explicar, estudos recentes sugerem outras vantagens. Quando nosso interlocutor não entende a explicação que oferecem os, isso nos traz constrangim ento e desconforto, aum entando o esforço para ser bem - sucedido. Para não passar vergonha, fazem os m ais força para explicar bem – e assim , aprendem os.

Estão se tornando cada vez m ais com uns alguns m étodos de ensino que levam o aluno a tentar explicar aos seus colegas os conceitos que o professor acabou de ensinar. Para aplicar o m étodo a um conceito difícil de entender ou lem brar, tente achar um a “vítim a” para ouvir a sua tentativa de explicá-lo. Se você não encontra quem ouça, recite para você m esm o.

FALE SOZINHO, CONTE O CASO, DESCREVA O QUE VOCÊ PRECISA ENTENDER.

aula para alguém disposto a ouvi-lo e que questione, se não entender. Com o insistirem os m ais adiante, isso é am plam ente m ais eficaz do que rever as notas tom adas ou reler o livro.

Um físico de Israel, Gideon Carm i, em seu curso introdutório na universidade, instrui seus estudantes para que identifiquem um j ovem de seis anos. Ele seria o discípulo. Tudo o que aprendessem de física na aula, deveriam ensinar para esse garoto. Se as pobres vítim as não entendessem , o pressuposto é de que eles próprios não haviam entendido direito o assunto.

Um a form a eficaz de prom over um a educação nesses quatro registros é estudar em grupo. São várias cabeças pensando, lendo, falando, ouvindo e escrevendo. Mas, principalm ente, um tentando explicar para o outro.

Com provadam ente, é um m étodo eficaz. Só não pode ser exagerado. Você pode se beneficiar com o grupo, m as precisa reservar um bom tem po para si, para aprofundar-se por conta própria em alguns tópicos que são m ais difíceis. O tam anho ideal do grupo é de quatro a cinco pessoas. Mais do que isso, alguns m em bros são m arginalizados ou se escondem no anonim ato. O obj etivo do grupo não é um fazer o trabalho do outro, m as usar a ocasião para debater o assunto, trocar ideias, com parar resum os e interpretações. Com o é o caso em outras técnicas, o grupo não faz m ágicas e não é à prova de usos desastrados. Entram então as com binações, para evitar os problem as m ais com uns. O grupo é para todos participarem . Ninguém pode m onopolizar o tem po. Ninguém pode fazer o trabalho do outro. Ninguém pode pegar carona no grupo para estudar m enos. Operar nesse estilo requer um aprendizado coletivo, pois ninguém nasce sabendo com o trabalhar em um grupo de estudo.

Outro aspecto é que pode ser m ais fácil aprender com quem acabou de estudar, pois viveu recentem ente o processo e se lem bra das dificuldades encontradas. Portanto, quando você ensina ao seu colega, pode focalizar os pontos nos quais teve problem as para entender. Por isso, pode até ser m ais eficaz do que a aula do professor.

Quando ensinam os algum a coisa que só entendem os m ais ou m enos, há um a boa chance de que, ao acabar de ensinar, terem os finalm ente entendido o assunto.

Portanto, sem exageros, vale a pena criar grupos para estudar. Nos dias de hoj e, com Facebook, Twitter e outras redes sociais, esses estudos em grupo podem perfeitam ente m igrar para elas.

Dessa lição, você deve se lembrar de que aprendemos vendo, ouvindo, lendo, falando e escrevendo. Quanto mais canais, melhor.

No documento Voce Sabe Estudar_ - Claudio Moura Castro (páginas 116-120)