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Capítulo 4 – Metodologia de Investigação

4.2. Estudo de Caso

Nesta investigação utilizamos como estratégia o estudo de caso. É um estudo que pretende investigar um fenómeno atual num contexto real, com a finalidade de descrever de forma exaustiva e explicar o fenómeno. Possibilita o estudo mais ou menos aprofundado de um determinado tema em pouco tempo.

Atendendo uma vez mais aos objetivos do estudo, a utilização do estudo de caso permitimos “compreender o funcionamento da escola” para que desta forma consigamos compreender os processos supervisivos que nela ocorrem (Morgado, 2012, p.57). O conhecimento que obtemos através de um estudo de caso é mais concreto e contextualizado (Morgado, 2012) entendendo o estudo de caso como uma investigação empírica que investiga um fenómeno contemporâneo dentro do seu contexto real, principalmente quando os limites do contexto e do fenómeno não são definidos (Yin, 2001, p.32).

O estudo de caso é um estudo exaustivo que pretende compreender um comportamento de um sujeito ou de um grupo de sujeitos, de um acontecimento ou uma instituição, considerados como únicos, numa situação contextual que é o seu ambiente natural (Sousa, 2005). Com este estudo queremos entender os processos desenvolvidos pelos sujeitos de um contexto específico e entender como estes processos podem ou não desencadear a qualidade educativa no seu contexto, instituição, e no seu ambiente.

Mckernan (1999, citado em Morgado, 2012) afirma que “o estudo de caso orienta-se “mais para o processo do que para o produto”, perseguindo mais a compreensão do que a medição, a previsão e o controlo”. Por este motivo é necessário recorrer a variadas técnicas de recolha de dados para permitir ao investigador apropriar-se da complexidade das interações de um determinado contexto (p.59).

Bell (2010) refere que observação e a entrevista são os métodos mais utilizados no estudo de caso, no entanto não se exclui a utilização de outros métodos. É possível num estudo de caso de caráter qualitativo usar-se métodos de recolha de dados quantitativos de forma a esclarecer alguns aspetos do estudo e torná-lo mais completo.

Para caracterizar o estudo de caso, Ludke e André (1986) referem sete características para este tipo de investigação qualitativa: (i) visa a descoberta, na medida em que podem

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surgir, em qualquer altura, novos elementos e aspetos importantes para a investigação para além dos pressupostos no enquadramento teórico inicial; (ii) enfatiza a interpretação em contexto, pois todo o estudo desta natureza tem que ter em conta as características da escola, o meio social em que está inserida, os recursos materiais e humanos, entre outros aspetos; (iii) retrata a realidade de forma completa e profunda; (iv) usa uma variedade de fontes de informação; (v) permite generalizações naturalistas; (vi) procura representar as diferentes perspetivas presentes numa situação social; e (vii) utiliza uma linguagem e uma forma mais acessível do que os outros métodos de investigação (pp.11-13).

Este estudo de caso foi desenvolvido em ambiente natural, num contexto escolar de duas escolas. Caracteriza-se pela sua natureza descritiva, uma vez que uma parte do estudo se baseia na recolha de dados e descrição de distintos aspetos cujo objetivo foi, através da recolha de dados e posterior análise, compreender as particularidades específicas de ambas as escolas. Para o tratamento e análise da informação recolhida privilegiou-se técnicas qualitativas, análise de conteúdo e análise documental. Neste estudo não é o nosso objetivo realizar generalizações, tal como Ludke e André referem acima, como possibilidade do um estudo de caso, mas sim confirmar ou revogar teorias existentes ou contribuir de alguma forma para as mesmas. Concordamos com a impossibilidade de generalização de Bell (2010) uma vez que se torna uma tarefa difícil a verificação da informação, uma vez que está sujeita ao perigo da distorção (Bell, 2010).

Stake (1999, citado em Morgado, 2010) nomeia quatro caraterísticas que devem se ter em conta quando realizamos um percurso investigativo utilizando o estudo de caso:

“É um estudo holístico” uma vez que têm em conta a “globalidade do contexto” e procura entender o “objetivo do estudo em si mesmo e não tanto em que se diferencia de outros.”; (p.60)

“É um estudo empírico” é um trabalho de campo que visa a recolha de dados da forma mais naturalista possível;

“É um trabalho interpretativo” o investigador n o trabalho de campo mantém-se atento a tudo que possibilite a compreensão do problema;

“É um estudo empático” uma vez que tem em conta a intencionalidade, os valores e as referências dos atores.

Neste estudo, de carácter qualitativo não basta descrever os dados recolhidos através dos instrumentos de recolha – entrevista semiestruturada, observação, notas de campo e

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análise documental – teremos de recorrer a técnicas específicas para o tratamento, análise dos dados, interpretação e para a verificação de validade do estudo.

Para testar a validade dos instrumentos de recolha de dados, ou seja, para verificar se o método descreve o que se quer descrever, validaremos o método da recolha de dados junto de outras pessoas, de forma a garantir que os métodos utilizados permitirão verificar as questões e a sua pertinência para o estudo.

Uma das formas de assegurar a sua validade é descrita por Bell (2010), que refere a necessidade de realizar um esforço para que num estudo de investigação se utilize mais do que um método de recolha de dados, de modo a possibilitar a verificação e comparação de resultados. Este processo é conhecido como triangulação de dados e pretende desta forma verificar se o que estamos a observar e a relatar se mantém inalterado em circunstâncias diferentes e em diferentes posições em que os participantes se encontram.

A escolha de vários instrumentos tem como pressuposto, por um lado a complexidade da realidade em análise e a preocupação de registar informações dos vários participantes, por outro a necessidade de completar e aprofundar as perspetivas exploradas pelas diversas fontes informação. Desta forma, pela combinação de diferentes técnicas é possível realizar a triangulação da informação conduzindo a uma maior viabilidade, profundidade e entendimento dos resultados. “…a triangulação de técnicas pode conduzir a alcançar resultados mais seguros, sem enviesamentos” o que permite obter uma visão mais credível e holística da realidade que se procura conhecer”. (Carmo & Ferreira, 1998, p.184).