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Instrumentos de recolha de dados

Capítulo 4 – Metodologia de Investigação

4.6. Instrumentos de recolha de dados

Uma metodologia só pode ser válida quando sustentada por instrumentos, técnicas e procedimentos de recolha de dados que vão ao encontro das necessidades investigativas. Privilegiámos a análise de documentos, a observação e entrevista semiestruturada.

4.6.1. Análise documental

A escolha da análise documentos como instrumento de recolha de dados para este trabalho de investigação teve como principais objetivos enriquecer, conhecer e confrontar algumas questões, obtidas por outros instrumentos de recolha de dados optamos pela análise de documentos de gestão ou reguladores das organizações. Bell, (2010) define que um: “documento é um termo geral que designa uma impressão deixada num objeto físico por um humano” (p.103). Por conseguinte Philips (1974, citado em Ludke & André, 1986) refere-

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se ao documento como “quaisquer materiais escritos que possam ser usados como fonte de informação sobre o comportamento humano” (p.38).

“A análise documental é um método de recolha e de verificação de dados que permite aceder a fontes pertinentes, fazendo, por isso, parte integrante da heurística da investigação” (Saint-Georges, 1997, citado em Morgado, 2012, p.86).

Esta recolha de dados através da análise de documentos procura “identificar”, segundo Caulley (1981, citado em Ludke & André, 1986), “informações factuais a partir de questões ou hipótese de interesse” (p.38). As nossas questões prendem-se com o objeto de estudo e têm como objetivo:

Identificar os indicadores de qualidade que guiam as organizações de Educação Pré- Escolar;

Verificar a existência de indícios de processos supervisivos;

Confirmar a concordância de informação entre os documentos de cada instituição.

As principais vantagens do uso da análise documental como instrumento de recolha de dados são identificadas na literatura:

Guba e Lincol (1981, citados em Ludke & André, 1986) “fonte estável e rica” podendo ser consultadas por outros investigadores dado uma maior estabilidade nos resultados obtidos (p.39);

Fonte poderosa de evidências onde o investigador pode justificar as suas afirmações (Ludke & André,1986);

As desvantagens associadas ao uso da análise documental são também referidas por Guba e Lincoln (1981, citados em Ludke & André, 1986), que indicam que por vezes os documentos não são representativos dos fenómenos estudados e podem sofrer de ausência de objetividade ou de validade.

4.6.2. Observação

Escolhemos a observação como instrumento de recolha de dados porque queremos observar de que forma é que os pilares de qualidade são transmitidos no quotidiano da escola, observar as estruturas da escola e compreender o clima escolar. Spradley (1980, citado em Morgado, 2012) fala-nos das possíveis dimensões a observar: (i) espaço; (ii) os atores; (iii) as atividades; (iv) os acontecimentos; (v) o tempo. O investigador limita a sua observação a uma dimensão sem interferir com as suas dinâmicas e acontecimentos (p.90).

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A observação é utilizada como principal instrumento de investigação, agregada a outros instrumentos de recolha de dados. A observação possibilita o levantamento de informações num determinado momento ou situação, por exemplo de caraterísticas de um grupo de pessoas, que não conseguiríamos por outros meios.

Quando realizamos uma observação temos de ser o mais imparcial que consigamos, visto que as observações que fazemos são muito influenciadas pelas nossas vivências pessoais e a nossa investigação pode ser enviesada. Para que tal não aconteça é necessário planeamento cuidado da observação. Planear a observação significa especificar, com antecedência, “o quê” e “como” observar. Desta forma iremos definir a intencionalidade da observação em prol do objeto de estudo.

Patton (1980, citado em Ludke & André, 1986) esclarece que para realizar as observações é necessária uma preparação psicológica, intelectual e mental, trabalhando a concentração, bem como providenciar o material físico, mas também aprender a registar as observações de forma rigorosa e organizada.

Desta forma, a observação deve ser organizada através da construção de um guia de observação em função de um quadro teórico orientado por objetivos que vão guiar a nossa ação, ou seja, os comportamentos observáveis.

A observação direta vai permitir ao investigador proceder diretamente à recolha de dados sem se dirigir aos sujeitos diretamente (Quivy & Campenhoudt, 2008) e permitir que o investigador chegue mais perto das convicção dos participantes (Ludke & André, 1986).

A observação foi realizada pelo investigador, um observador não participativo, ou seja, não participou nem interagiu com o grupo. Quivy e Campenhoudt (2008) referem como principal caraterística deste tipo de observação a não participação do investigador na vida do grupo, ou seja, o investigador observa do exterior, a sua duração pode ser curta ou longa.

Para a concretização da observação foi construída uma grelha de observação, que está presente no anexo 1, com base nos objetivos do estudo, nomeadamente para observar de que forma é que os indicadores de qualidade são transmitidos no quotidiano da escola, observar as estruturas da escola e compreender o clima escolar.

Assim, foi realizada uma observação do tipo natural e direta, uma vez que nos encontrávamos no contexto da observação, registando-se as ações e/ou comportamentos desenvolvidos pelos intervenientes. Durante a observação a nossa presença foi discreta e passiva, uma vez que nos assumimos como um observador não participante.

50 4.6.3. Entrevista semiestruturada

A entrevista é um poderoso instrumento de recolha de dados, de informações, emoções, necessidades inconscientes e influências pessoais (Amado, 2014), ou seja, recolha de dados descritivos na linguagem (Bogdan & Biklen, 1994) do informante. A entrevista traduz-se numa conversa intencional orientada através de objetivos específicos, descritos no guião da entrevista. O objetivo da entrevista é extrair a informação ao entrevistado (Bell, 2010).

A vantagem da entrevista sobre outras técnicas é que a mesma pertinente a obtenção imediata da informação desejada (Ludke & André, 1986) e a sua adaptabilidade (Bell, 2010).

Quivy e Campenhoudt (2008) descrevem o método de entrevista como:

Os métodos de entrevista distinguem-se pela aplicação dos processos fundamentais de comunicação e de interacção humana. (…) estes processos permitem ao investigador retirar das suas entrevistas informações e elementos de reflexão muito ricos e matizados. (…) uma verdadeira troca durante a qual o interlocutor do investigador exprime as suas percepções (…) as suas interpretações ou experiências (…) (p.193)

Para esta investigação iremos utilizar uma entrevista semiestruturada. Amado (2014) indica-nos que as perguntas derivam de um guião prévio estão organizadas numa ordem lógica para o investigador. A escolha da utilização deste tipo de entrevista deve-se ao facto de não existir uma imposição rígida de questões, permitindo ao investigador guiar a conversa da forma que mais lhe convier, permitindo adaptações no discurso, dentro do respeito pelo quadro de referência da entrevista.

Esta estrutura de entrevista permite maior liberdade para o entrevistado falar sobre os seus pontos de vista; permite ao entrevistador ir mais longe na conversa pedindo aprofundamento e detalhes de determinado assunto, tema ou situação. Tal contribui para tornar a entrevista interessante para ambos (Bogdan & Biklen, 1994).

Para além do registo escrito realizado durante a entrevista, esta será sujeita à análise de conteúdo.

A utilização da entrevista como instrumento de recolha de dados levou à construção de um guião de entrevista semiestruturada, (anexo 2), tendo como base os objetivos do estudo e o quadro categorias em consonância com o enquadramento teórico. O guião é constituído por diversas questões, organizadas em cinco blocos: (i) bloco A - legitimação da entrevista; (ii) bloco B – formação académico profissional; (iii) bloco C – supervisão pedagógica; (iv) bloco D – supervisão organizacional e (v) bloco E – qualidade na Educação Pré-Escolar.

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O guião foi submetido a uma validação por duas educadoras de infâncias e pelo professor orientador da dissertação. A validação teve como objetivo a clareza e objetividade do guião por isso foi visto se as questões expressas eram compreendidas e se faziam sentido, permitindo ao entrevistado dar respostas adequadas, verificar a duração da entrevista e a sequência das questões. A escolha destes elementos relacionou-se com o facto de terem conhecimentos metodológicos e de serem área científica, no que diz respeito às educadoras e infância.

As entrevistas e as observações decorreram dentro das instituições com educadoras e coordenadoras da valência Educação Pré-Escolar, a disponibilidade para a realização das mesmas decorreu conforme a disponibilidade das mesmas sendo que a instituição EA decorreu durante o mês de junho de 2018 e a instituição EB decorreu durante o mês de novembro de 2018.