• Nenhum resultado encontrado

Evolução do Sistema de Saúde em Portugal – Pequena Resenha Histórica

PARTE II – ENQUADRAMENTO CONCETUAL

2.2 SÓCIO ECONOMIA DA INOVAÇÃO EM SAÚDE

2.2.1 Evolução do Sistema de Saúde em Portugal – Pequena Resenha Histórica

Resenha Histórica

O Serviço Nacional de Saúde (SNS) foi estabelecido em Portugal pela Lei nº56/79, de 15 de setembro, que institui uma rede de órgãos e serviços prestadores de cuidados globais de saúde a toda a população, através da qual o Estado salvaguarda o direito à proteção da saúde. Até então a assistência médica era da competência das famílias, das instituições privadas e dos serviços médico- sociais da Previdência.

Ao longo dos tempos a organização dos serviços de saúde foi influenciada pelos conceitos religiosos e político sociais das épocas que atravessava vocacionando-se para responder ao aparecimento das doenças.

Até esta data os cuidados de saúde eram de carater privado e só os pobres eram assistidos pelo Estado. O Dr. Ricardo Jorge inicia a organização dos serviços de saúde pública.

Passam a vigorar os Serviços de Saúde Pública.

Trigo de Negreiros procede à reforma sanitária. Criaram-se institutos orientados para problemas de saúde pública particulares, como a saúde materna e a tuberculose.

Estabelece-se a organização dos serviços de cuidados de saúde pré existentes para a formação de uma rede hospitalar, iniciando-se a construção de hospitais que seriam entregues às Misericórdias.

Os serviços de saúde e de assistência pública deixam a tutela do Ministério do Interior e passam a ser tutelados pelo Ministério da Saúde.

É atribuído ao Estado a organização e a manutenção dos serviços que não possam ser entregues à iniciativa privada, e este deverá fomentar a criação de instituições privadas, que respeitem os devidos aspetos legais, morais, financeiros e técnicas mínimas para a concretização dos seus fins, complementando-se.

Cria-se o Estatuto Hospitalar e o Regulamento Geral dos Hospitais com regulamentação dos hospitais e das carreiras de saúde.

Desenha-se o primeiro esboço de um Serviço Nacional de Saúde com a “reforma de Gonçalves Ferreira”. Reconhece-se o direito à saúde de todos os portugueses, devendo o Estado assegurar esse direito. O Ministério da Saúde é responsável por uma política unitária que deve integrar todas as atividades de saúde e assistência com o objetivo de melhor rentabilizar os recursos utilizados, e pelo planeamento central e de descentralização na execução, com a dinamização dos serviços locais. Surgem os “Centros de Saúde de Primeira Geração”, tendo sido excluídos nesta reforma os serviços médico- sociais das Caixas de Previdência. Estabelece-se o regime legal que vai permitir a estruturação progressiva e o funcionamento regular de carreiras profissionais para os diversos grupos de funcionários prestadores de serviço no Ministério da Saúde e Assistência.

O Ministério da Saúde é autonomizado face à Assistência. 1889 1903 1945 1946 1958 1963 1968 1971 1973

34

O Ministério da Saúde é transformado em Secretaria de Estado da Saúde e integrado no Ministério dos Assuntos Sociais. Surgem as condições políticas e sociais que irão permitir a criação do SNS.

Aprova-se a nova constituição que dita que todos os cidadãos têm direito à proteção da saúde e o dever de a defender e promover. Tal direito deverá concretizar-se através de um serviço nacional de saúde universal, geral e gratuito, cabendo prioritariamente ao Estado garantir o acesso a todos os cidadãos, independentemente da sua condição económica, aos cuidados da medicina preventiva, curativa e de reabilitação, e também dar cobertura médica e hospitalar, racional e económica a todo o país. Todos os recém- licenciados em medicina para ingressarem na carreira médica devem prestar um ano de serviço na periferia.

O “Despacho Arnault” surge como uma antecipação do SNS abrindo o acesso aos Serviços Médico-Sociais a todos os cidadãos, independentemente da sua capacidade contributiva, garantindo-se a universalidade, generalidade e gratuitidade dos cuidados de saúde e a comparticipação nos medicamentos. No âmbito do Ministério dos Assuntos Sociais, é criado o SNS, que garante o acesso a todos os cidadãos, independentemente da sua condição económica e social, bem como aos estrangeiros, em regime de reciprocidade, apátridas e refugiados políticos. Este serviço contempla todos os cuidados integrados de saúde, a promoção e vigilância da saúde, a prevenção da doença, o diagnóstico e tratamento dos doentes e a reabilitação médica e social. Apesar de ser de acesso gratuito deixa em aberto a possibilidade de criação de taxas moderadoras para racionalização da utilização.

Aprova-se a carreira de enfermagem e as administrações regionais de cuidados de saúde (ARS).

O SNS passa a ter autonomia administrativa e financeira, e surge a carreira médica de Clínica Geral.

Cria-se o Ministério da Saúde, e surgem os “Centros de Saúde de Segunda Geração”.

Extinguem-se os serviços médico-sociais da Previdência com a criação da Direção-Geral dos Cuidados de Saúde Primários.

1974 1976 1978 1979 1981 1982 1983 1984

Na regulamentação das condições de exercício do direito de acesso ao SNS, salienta-se: os estabelecimentos oficiais não têm como objetivo a obtenção de qualquer lucro, os preços a cobrar deverão aproximar-se, tanto quanto possível, dos custos reais. Prevê-se taxas moderadoras.

Aprova-se a lei de gestão hospitalar que implica a necessidade da introdução de princípios de natureza empresarial, com grandes alterações dos órgãos e do funcionamento do hospital.

A Revisão Constitucional estabelece que o direito à proteção da saúde é realizado através de um serviço nacional de saúde “universal e geral e, tendo em conta as condições económicas e sociais dos cidadãos, tendencionalmente gratuito”.

Aprova-se a Lei de Bases da Saúde, onde esta é encarada não só como um direito, mas também como uma responsabilidade conjunta dos cidadãos, da sociedade e do Estado, em liberdade de procura e de prestação de cuidados. O Estado para além dos seus próprios serviços celebra acordos com entidades privadas, apoia e fiscaliza a atividade privada na área da saúde, define taxas moderadoras e isenta destas grupos populacionais, como os sujeitos a maiores riscos e os financeiramente mais desfavorecidos. Aprova-se o regime das carreiras médicas.

Aprova-se o regime legal da carreira de enfermagem.

Estabelece-se o regime de taxas moderadoras e as suas isenções, baseado nos princípios de justiça social em que aqueles com maiores rendimentos e sem serem doentes crónicos ou de risco paguem parte dos seus cuidados de saúde, para que outros mais carenciados e desprotegidos não tenham que pagar. Estabelece-se o regime de prestação de assistência médica no estrangeiro aos beneficiários do SNS.

Publica-se o novo estatuto do SNS que promove a articulação entre grupos personalizados de centros de saúde e hospitais. Aprova-se o Regulamento das Administrações Regionais de Saúde. Cria-se o cartão de identificação do utente do SNS.

Estabelece-se o regime da celebração das convenções – Lei de Bases da Saúde. Surge o regime remuneratório experimental dos médicos da carreira de clínica geral com a pretensão do adequado e justo reconhecimento dos diferentes níveis, qualitativos e quantitativos do desempenho dos profissionais de saúde. A resolução do Conselho de Ministros define um conjunto de medidas para o desenvolvimento do ensino na área da saúde.

1986 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1998

36

Estruturam-se os serviços de saúde pública (regionais e locais). Criam-se estruturas orgânicas de gestão intermédia, de componente empresarial na sua gestão, os Centros de Responsabilidade Integrados (CRI), e também as agências de contratualização dos serviços de saúde, estabelece-se ainda o regime dos Sistemas Locais de Saúde (SLS), bem como o novo regime de criação, organização e funcionamento dos centros de saúde ou “Centros de Saúde de Terceira Geração”.

Altera-se a forma de designação dos órgãos de direção técnica dos hospitais e dos centros de saúde, com alteração da composição dos Conselhos Técnicos dos hospitais e promove-se a flexibilização da contratação de bens e serviços pelos hospitais. O novo regime de gestão hospitalar introduz grandes modificações na Lei de Bases da Saúde, admite e define um novo modelo de gestão hospitalar de tipo empresarial (EPE).

Cria-se a rede de cuidados de saúde primários, cujo diploma será revogado dois anos mais tarde, pretende-se que para além do papel fundamental do Estado, possam coexistir entidades privadas e sociais, voltadas para as necessidades específicas dos cidadãos. Surgem as taxas moderadoras, com o objetivo de moderar, racionalizar e regular o acesso à prestação de cuidados de saúde, enfatizando o princípio de justiça social no SNS. Nasce a Entidade Reguladora da Saúde que separa a função do Estado como regulador e supervisor, relativamente às suas funções de operador e de financiador.

Cria-se a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados com o objetivo de dar resposta ao envelhecimento progressivo da população, ao aumento da esperança média de vida e ainda à crescente prevalência de pessoas com doenças crónicas incapacitantes.

Procede-se à reforma dos cuidados de saúde primários e surgem as primeiras Unidades de Saúde Familiares.

A reforma continua. Criam-se os agrupamentos de centros de saúde do SNS, com o objetivo de prover estabilidade à organização da prestação de cuidados de saúde primários, facultando uma gestão rigorosa e equilibrada e também a melhoria no acesso aos cuidados de saúde.

1999 2002 2006 2003 2008 2007

Em 15 de setembro de 2014 o SNS completou trinta e cinco anos da sua existência, para além de constituir um pilar de proteção da saúde, de bem-estar e de coesão social em Portugal, contribuiu para que o país evidencie diversos valores de indicadores de saúde entre os melhores do mundo, devendo merecer o empenho de todos os portugueses para o seu aperfeiçoamento, reforço e desenvolvimento (Ministério da Saúde, 2010b).

Para o crescimento e sustentabilidade de uma sociedade, na saúde tal como em todas as outras áreas é necessário o desenvolvimento de inovações tecnológicas, cabendo ao governo impulsionar o desenvolvimento e avaliar se os recursos disponibilizados às instituições responsáveis pela Inovação Tecnológica, através da respetiva gestão e difusão de novas tecnologias e produtos, cumprem os objetivos propostos. A avaliação serve para prestar contas à sociedade e retroalimentar o sistema, podendo ser feita através do retorno dos recursos usados por determinada instituição, a partir dos resultados alcançados, e também sobre o impacto e as consequências dos diversos projetos. Para um retorno social efetivo devem gerar-se conhecimentos e tecnologias para os problemas mais básicos ou mais abrangentes, mais específicos ou mais regionais. No que concerne à avaliação do benefício sobre a saúde humana pode dizer-se que esta não é uma tarefa fácil (Consulting, IT & Outsourcing Professional Services – Everis, 2013).