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Instrumentos para a Colheita de Dados e Procedimentos

PARTE III – ESTUDO DE CASO

3.6 MATERIAIS E MÉTODO

3.6.3 Instrumentos para a Colheita de Dados e Procedimentos

para a recolha dos dados. Incluiu a criação de uma equipa multidisciplinar, e preparação de pastas de trabalho.

Numa primeira reunião com o Coorientador do estudo e a então Diretora do Serviço de Neurologia do Hospital Garcia de Orta, EPE, apresentou-se a intenção do estudo que era proposto, tendo a Sr.ª Diretora aceite colaborar. Outras reuniões sucederam-se, nomeadamente com o Diretor de Serviço de Otorrinolaringologia, igualmente com o propósito da sua colaboração, tendo este igualmente aceite.

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Houve necessidade de reunir com a médica otorrinolaringologista Drª. Helena Rosa responsável pela Audiologia Pediátrica e pelo RANU que se efetua nesta Instituição desde 2008, para indicação do estudo, seu propósito e definição da amostra pretendida.

Tendo sido a mesma que forneceu os dados da casuística que se enquadrava nos requisitos do estudo, bem como entrou em contacto com os cuidadores dos indivíduos da amostra (crianças), explicou a sua importância e solicitou a participação.

Sucederam-se outras reuniões onde a Orientadora do estudo foi apresentada aos elementos colaboradores, conheceu-se a equipa do Serviço de Neurologia que iria examinar os indivíduos da amostra, e definiu-se o protocolo a executar, bem como o dia e a hora da realização dos exames. Mais tarde entregou-se às equipas uma pasta de trabalho que incluía, a explicação do estudo, perguntas frequentes, a folha do consentimento informado, um questionário, a folha de trabalho, e a folha de EXCEL onde se iriam anotar os dados. Esta folha de recolha de dados, a ser aplicada junto dos cuidadores das crianças selecionadas, foi elaborada de forma a permitir identificar eventualmente, fatores que pudessem condicionar a utilização ou o desempenho das próteses auditivas. Estes dados não foram considerados no estudo presente por se ter optado por um modelo de “Estudo de caso”, onde cada criança foi comparada com ela própria. No entanto, este modelo de recolha de informação poderá ser útil num estudo com uma amostra mais alargada. Os Anexos C, D, E, F, G e H mostram os documentos atrás mencionados.

A amostra foi então colhida entre a população alvo do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Garcia de Orta, EPE. A escolha desta Instituição Hospitalar prendeu-se com a cooperação estabelecida entre a Faculdade de Ciências e Tecnologia, da Universidade Nova de Lisboa e o mesmo Hospital para o desenvolvimento de estudos científicos, e também por aí se praticar o RANU. A seleção do grupo dos indivíduos com hipoacusia neurossensorial congénita adaptados proteticamente efetuou-se com a ajuda da Doutora Helena Rosa a partir dos processos individuais, que incluíam, a história e o diagnóstico clínico, testes complementares de diagnóstico e terapêutica, como testes comportamentais e/ou testes eletrofisiológicos e o relatório de acompanhamento do processo individual de reabilitação do respetivo Centro de Reabilitação Auditiva.

A caraterização dos indivíduos foi elaborada com base na revisão anteriormente descrita e incluiu uma entrevista aos pais na altura da realização do EEG.

Os cuidadores das crianças foram informados mais detalhadamente do propósito do estudo pelo investigador. O estudo foi conduzido de acordo com a Declaração de Helsínquia, tendo sido aprovado pela Comissão de Ética da Instituição envolvida neste Projeto. Todos os pais assinaram o Consentimento Informado. O investigador deu consentimento aos examinadores para fazerem parte do estudo.

Efetuou-se um EEG a cada indivíduo da amostra, com um eletroencefalógrafo, onde se usaram 19 canais e cuja montagem dos elétrodos foi segundo o sistema internacional 10-20. O EEG efetuou-se

com e sem próteses auditivas, quando este estava submetido a um estímulo sonoro. O estímulo gravado com o propósito deste estudo consistiu numa Faixa Áudio gravada pela autora e pelo seu Coorientador.

A Faixa Audio incluiu duas histórias, duas cantigas e duas listas de palavras infantis, todas separadas por ruído branco (Anexo I). Quanto às histórias e às listas de palavras, uma foi lida pelo investigador e a outra foi lida pelo seu Coorientador. As palavras utilizadas foram retiradas das listas dissilábicas da audiometria vocal infantil calibradas foneticamente para a língua portuguesa. Optou-se por este estímulo sonoro pela importância das cantigas e das histórias em fases iniciais de aprendizagem, que prendem a atenção, estimulam a imaginação e a criatividade da criança quando as habilidades cognitivas se desenvolvem, sendo utilizadas quer em ambiente escolar, quer em casa.

O protocolo completo realizou-se numa só sessão para cada indivíduo e demorou em média uma hora.

Para o tratamento dos dados foi necessário instalar o software MATLAB e aprender a operacionalizar com o mesmo. A escolha deste software prendeu-se com o facto de ter sido aconselhado por investigadores internacionais e nacionais, nomeadamente Danny Oude Bos da University of Twente investigadora na área de EEG – based Emotions Recognition, e pelo Professor Manuel Duarte Ortigueira que desenvolveu funções específicas que, usadas em MATLAB, facultaram a análise dos sinais e a comparação dos mesmos nas situações com e sem as próteses auditivas, e a elaboração dos gráficos que se apresentam mais adiante.

Na Análise dos Sinais foi necessário a colaboração de Engenheiros Eletrotécnicos com experiência em MATLAB e Processamento de Sinais; foram eles: o Engenheiro João Pedro Lameira, o Engenheiro Bruno Ribeiro e o Engenheiro Carlos Ribeiro. A investigadora manteve contacto estreito com os mesmos ao longo da Análise dos Sinais.

3.6.3.1 Colheita da Informação a partir dos Relatórios Médicos,

Entrevistas e Traçados Eletroencefalográficos

A caraterização dos indivíduos foi elaborada a partir da revisão dos relatórios médicos e de exames complementares de diagnóstico e terapêutica que constavam do processo clínico, que foram reavaliados pela Drª. Helena Rosa, que descreveu sumariamente as crianças, e as suas caraterísticas, clarificando a sua situação patológica. Os dados anteriores foram usados para iniciar a caraterização das crianças, mas foi necessário envolver a família para complementar a informação de acordo com a sua opinião subjetiva. Na altura da realização do EEG a investigadora entrevistou os cuidadores, que em todos os casos foram os pais, e que relataram os factos ocorridos na vida das crianças permitindo preencher os questionários.

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A investigadora manteve-se em contacto com alguns participantes, nomeadamente com a Drª. Helena Rosa que segue as crianças com regularidade, e com as Drª. Helena Rego e Drª. Madalena Pires, Neurofisiografistas, que efetuaram os exames às crianças avaliaram a normalidade dos EEGs e forneceram os dados dos mesmos.

Na reavaliação de todos os dados colhidos foi possível identificar algumas caraterísticas patológicas no EEG numa das crianças recrutadas pelo que, o tratamento dos dados apenas incluiu três casos que cumpriam os critérios pretendidos.