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PARTE II – ENQUADRAMENTO CONCETUAL

2.2 SÓCIO ECONOMIA DA INOVAÇÃO EM SAÚDE

2.2.3 Saúde e Inovação

Atendendo ao facto de estar relacionada com melhorias para a saúde das populações, a inovação em saúde tem vindo a tornar-se cada vez mais importante. Existe a tendência de associação da inovação em saúde, a uma nova técnica, a um novo procedimento, ou até ao novo sistema informático. Sabendo-se que se prende com ruturas nas formas de comunicar e gerir o conhecimento e a informação, necessitando de criatividade e cooperação entre as organizações.

Segundo o Relatório de Primavera 2008 – Sistema de Saúde Português – Riscos e Incertezas, a aplicação de inovação em saúde, deverá transformar o conhecimento nesta área em produtos facilmente alcançáveis, bem como serviços e procedimentos em pelo menos três domínios como:

Promover a aplicação da saúde no desenvolvimento social e individual;

Facilitar a comunicação e interação entre o público, as várias organizações da saúde e os governos;

Fomentar o crescimento económico através do investimento na saúde em ambientes com suportes físicos e sociais e em centros de tecnologias da saúde.

Particularmente no setor da Saúde em Portugal, o Plano Tecnológico que surgiu em 2005, teve um papel preponderante na inovação nesta área, aproximando as universidades à tecnologia, e as duas à reforma da saúde. O Plano apresentou medidas como:

Concetualização, desenvolvimento e implementação do processo eletrónico, com o objetivo de facilitar a comunicação de dados clínicos eletrónicos entre unidades prestadoras de cuidados de saúde, de modo a garantir decisões baseadas na informação mais adequada;

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112L, através da criação de um sistema que permite a localização geográfica digital das chamadas efetuadas para o 112, quer provenientes de telefones fixos ou móveis;

Criação do Sistema Integrado e Desmaterializado de Gestão da Informação Técnica, Económica e Financeira, no domínio dos medicamentos e produtos de saúde através de mecanismos informatizados assente em bases de dados relacionais e multidimensionais; Dinamização da produção e desenvolvimento do cluster da indústria farmacêutica nacional e

dos produtos de saúde, de modo a mobilizar as empresas para a investigação e para o desenvolvimento;

Implementação e exploração de um centro de atendimento para o público do SNS, através de um contrato em regime de Parcerias Público-Privadas (PPP), entre a Direção geral de Saúde e um consórcio privado para a instalação de um centro de atendimento ao público, que cobre todos os residentes em Portugal (Relatório de Primavera 2008 – Sistema de Saúde Português – Riscos e Incertezas. OPSS, 2008-10-09).

Seguindo as políticas de apoio à inovação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e da UE, para além da estratégia de Lisboa, surge o Programa Integrado de Apoio à Inovação (PROINOV) e a Agência de Inovação (AdI), resultante de uma parceria entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (através da Fundação para a Ciência e Tecnologia – FCT) e do Ministério da Economia e Inovação (através do IAPMEI e PME – Investimentos).

Em 2008 a visão da inovação em saúde torna-se mais abrangente, e percebe-se a necessidade de mais e melhor informação e também de maior iniciativa, levando através da promoção e da proteção da saúde a uma melhor utilização dos serviços, também da liderança local de profissionais com iniciativas inovadoras, de serviços locais com maior empreendedorismo, de estratégias de ativação do conhecimento e da utilização de tecnologias de informação e de comunicação, devendo o setor da saúde ser encarado como um grande contribuinte e beneficiário do desenvolvimento da sociedade em rede e da economia do conhecimento.

Em novembro de 2008 a Associação Portuguesa para a Promoção da Saúde (APPSP) e a European Public Health Conference – EUPHA, organizaram em conjunto a XVI Reunião Anual da EUPHA, tendo sido Portugal o anfitrião, sob o tema “i-health: health and innovation in Europe”. Os destinatários foram todos os profissionais, estudantes e decisores ligados à Saúde, em particular os que trabalhavam ou se interessavam pela Saúde Pública. Teve dois objetivos principais: promover a saúde pública em Portugal, pela participação ativa de um número crescente de profissionais nas atividades da EUPHA, essencialmente pelo trabalho nas secções científicas e estruturas da EUPHA; e promover a reflexão e o debate europeus sobre o tema “Inovação em Saúde” no seguimento das recomendações da Estratégia de Lisboa para uma sociedade baseada no conhecimento.

A Inovação surge logo quando a Conferência EUPHA 2008 se articulou com a Conferência anual da Associação de Escolas de Saúde Pública na Região Europeia (ASPHER), com o tema ”innovation and modernization in research and education in Public Health”, com a reunião bianual da Sociedade Espanhola de Saúde Pública e administração de Saúde (SESPAS), com o tema “The necessary updating of health planning”, e ainda com a Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Hospitalar (APDH), e com o Congresso Internacional dos Hospitais, com o tema “Innovation and Quality in Health”. Estes quatro eventos aproximaram as quatro organizações cimentando a estratégia de ação da EUPHA para os anos seguintes, assente nas áreas da investigação; prática de saúde pública; formação e treino e políticas de saúde.

A cooperação das organizações, tornam mais dinâmico o seu papel e mais forte a sua voz na Europa, transformando a federação de associações altamente ligadas à investigação científica – EUPHA, numa federação de associações e outros atores interessados em participar ativamente, assente no esforço coletivo, organizado e orientado para uma melhor saúde para todos os europeus.

Portugal deu um excelente contributo com a organização da Conferência Europeia de Saúde Pública e, em simultâneo, com a criação do Banco Europeu de Inovação em Saúde, i-health Bank (repositório de projetos inovadores na área da saúde na europa) – que se estendeu para além do Banco Português de Inovação em Saúde. O projeto tinha sido apoiado pelo ministério da Saúde e apresentado em junho do mesmo ano na reunião anual da APPSP, promovendo um novo conceito de inovação em saúde.

O Banco de Inovação em Saúde é uma base de dados on-line de utilização simples, focada na identificação, recolha, análise, aperfeiçoamento, disseminação e promoção da inovação em saúde, onde se podem pesquisar os projetos quer por palavras-chave, quer por área de classificação. As áreas de classificação consideradas são: Políticas de Saúde, “Clusters” regionais/nacionais na área da saúde, Indústria do bem-estar (físico e psicológico), Gestão e organizações de saúde, Qualidade de vida e apoio aos idosos, Genómica, Gestão de programas de saúde pública e ameaças, Promoção da saúde (estilos de vida saudáveis) e Gestão da doença (iHealth Innovation Bank, s.d.; Abreu, 2008).