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Lista de abreviaturas

3. A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

3.6. Evolução dos SI/TI na UTAD

A UTAD desde a sua génese tem acompanhado com especial atenção as evoluções que têm ocorrido na área dos SI/TI, reconhecendo o potencial e o impacto positivo que a tecnologia poderia trazer para o desempenho de atividades nas diversas áreas da sociedade (oferecendo desde cedo cursos nesta área). De outra forma, o impacto tecnológico poderia trazer diversos benefícios para a instituição, nomeadamente no que diz respeito ao aumento da agilidade e capacidade de resposta à comunidade académica, da eficiência no desempenho de tarefas (operacionais e de gestão), potenciando simultaneamente a modernização administrativa e reduzindo custos.

O desenvolvimento de projetos desta natureza foi surgindo à medida das necessidades da instituição, mas a sua implementação ocorreu apenas quando a tecnologia existente na época o permitia. Em alguns projetos de SI/TI, esta IES revelou-se bastante aberta à comunidade e contou com o apoio e cooperação de parceiros (e.g. agências, instituições, IES, empresas) e colaboradores (e.g. docentes, investigadores, especialistas provenientes da formação) para a instituição de sinergias que originaram em importantes contributos para a consecução de objetivos a atingir.

Considerando toda a história da evolução dos SI/TI na UTAD é possível destacar que a partir de 2004 passou a existir um maior interesse e investimento (e mais regular) nesta componente tecnológica, o que levou à sua proliferação, desenvolvimento e aplicação nos diversos níveis de atuação da instituição, verificando-se esta situação até aos dias de hoje. Em seguida e de um modo sucinto, será feita uma apresentação dos principais projetos de SI/TI em que a UTAD apostou e que se enquadram no período entre 2004 e 2017.

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O ano de 2004 ficou marcado pela participação da UTAD no projeto e-U Campus

Virtual, como IES piloto, uma iniciativa proposta pela Agência para a Sociedade do

Conhecimento IP (UMIC) e coordenada tecnicamente pela Fundação para a Computação Científica Nacional (FCCN) que visou a criação de uma extensa rede sem fios, integrando as IES portuguesas num único “campus virtual” com mais de 5000 pontos de acesso, recorrendo a roaming interinstitucional, com o objetivo de disponibilizar serviços, conteúdos académicos e aplicações (cumprindo as diretivas de acessibilidade do World Wide Web Consortium [W3C]) a estudantes, professores e investigadores, incluindo os da sua própria instituição, caso se encontrem deslocados.

A UTAD com vista à racionalização das suas comunicações de voz e, atendendo à então dispersão dos seus campus e polos (Chaves, Miranda do Douro, interior da cidade, SAS- UTAD), iniciou em 2005 o primeiro piloto de VoIP, interligando as centrais Time-division

Multiplexing (TDM) (tradicionais) com backbones IP, emulando ligações ponto-a-ponto,

reduzindo assim os custos de comunicações internas. Como resultado do projeto e-U Campus

Virtual, houve a necessidade de migrar a rede backbone interna de ATM para ethernet IP,

passando a interligar todos os edifícios da instituição com fibra ótica, permitindo obter um aumento na velocidade de backbone na ordem do Gbps. Este ano ficou ainda marcado pela participação no projeto Education Roaming (EDUROAM) proposta pela TERENA, e revela-se como a evolução natural do projeto e-U Campus Virtual, tendo como principal objetivo a disponibilização de um serviço de mobilidade entre instituições da comunidade académica europeia (atualmente alargado a países não europeus), garantindo a ligação à Internet, através da rede wireless, de forma transparente, independentemente de um utilizador estar nas instalações da sua instituição ou nas de outra academia aderente ao projeto.

A introdução da primeira versão da intranet surge em 2006, onde foram dados os primeiros passos em direção à desmaterialização de processos, centralização e gestão de conteúdos académicos e implementação de estratégias de comunicação e cooperação interna. Neste ano, houve também uma evolução nos projetos VoIP anteriormente estabelecidos, introduzindo-se o conceito de least-cost routing, que permitia a execução de chamadas entre a UTAD e o exterior, através de uma análise, seleção e direcionamento do tráfego de comunicação pelo caminho de saída capaz de oferecer as taxas de custo mais baixas. Após ter sido validada a utilidade do Sistema de Informação de Apoio ao Ensino (SIDE), utilizado até então pelo departamento de Engenharias da instituição para a gestão académica e para o apoio

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ao processo de ensino e aprendizagem, este SI expande-se a todos os departamentos da academia.

No ano seguinte, o principal destaque vai para o projeto de consolidação do centro de dados, que visou a renovação das tecnologias de armazenamento e aposta nas tecnologias de virtualização. A arquitetura anterior era pouco dinâmica (100% física), pelo que as novas soluções introduzidas vieram colmatar quatro constrangimentos básicos: redundância e backup; sobredimensionamento de hardware (e consequentes questões de performance); manutenção (preventiva e reativa); e eficiência energética. Para além deste projeto, nesse ano a instituição começa a implementar mecanismos de federação e gestão de identidades nos seus SI (identidade digital), garantindo a confiabilidade e segurança dos dados dos utilizadores (incidência para a utilização dos padrões/iniciativas SAML, SSO e Shibboleth). Por esta altura surge também um projeto para a criação de salas e sistemas de videoconferência com vista à colaboração à distância.

O ano de 2008 ficou marcado pela participação da UTAD no projeto Rede Ciência, Tecnologia e Sociedade (RCTS) VoIP e pela instituição dos primeiros sistemas de e-Learning. O primeiro projeto, implementado pela FCCN, constitui uma rede privativa de voz, onde todo o tráfego entre as instituições que compõem essa rede flui sobre a RCTS, permitindo obter redução de custos nas comunicações de voz. Ao mesmo tempo surgiram projetos que proporcionaram funcionalidades avançadas como o RCTSaai, uma infraestrutura de autenticação e de autorização que tem como objetivo simplificar o acesso a serviços web a toda a comunidade RCTS. O segundo projeto está relacionado com a adoção do Moodle como solução de LMS, sendo utilizado para ministrar formação interna e alguns cursos da oferta formativa.

Em 2009, o foco dos projetos de SI/TI foram os processos de desmaterialização, onde alguns dos serviços prestados pela universidade, passaram a ser realizados via digital através de aplicações, portais ou e-mail (e.g. acesso a recibos das propinas, renovação de matrículas). A intranet também sofreu alterações tendo sido adicionadas capacidades para efetuar tramitação documental, deixando de ser usada principalmente para efeitos de comunicação interna. No âmbito deste tipo de projetos, surgiu um outro denominado por MIDAS que consiste em desmaterializar um conjunto significativo de processos administrativos, utilizando o cartão de cidadão e assinatura digital, por forma a gerir digitalmente o ciclo de vida dos documentos que suportam os processos, garantindo uma maior eficiência e eficácia dos serviços prestados pelas diversas unidades funcionais da instituição.

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No ano que marca o fim da primeira década do novo milénio, foram dados os primeiros passos para a implementação de um sistema integrado de gestão académica. Este trata-se de um sistema de back office para a gestão efetiva e centralizada da área académica, que permite o acompanhamento ao longo do tempo de todas as atividades letivas da instituição nas suas múltiplas vertentes: académica (gestão de alunos e docentes), administrativa (e.g. cursos, disciplinas, planos curriculares), e balcão e contabilística (tesouraria). Alguns dos SI em produção utilizados pelas áreas funcionais da UTAD sofreram processos de reengenharia.

O serviço SIDE presta um auxílio fundamental para o processo de ensino e aprendizagem, pelo que em 2011 fui submetida uma candidatura com o nome Cloud Student

Management, financiada pela Agência de Modernização Administrativa (AMA), com vista à

sua modernização. Este projeto foi o de maior destaque nesse ano e tinha como metas a reengenharia de software, a reestruturação da base de dados, a criação de multilinguagem, a implementação de alertas, a emissão de pautas em formato digital, a emissão de certificados, a integração com tecnologia LMS, a consolidação da troca de informação entre sistemas, a adaptação do portal à globalidade das normas internacionais de acessibilidade de conteúdos

web (Baptista, Martins, Gonçalves, Branco & Rocha, 2016; Peixoto, Branco, Martins &

Gonçalves, 2017) e a adaptação a multiplataformas.

O apogeu dos projetos de desmaterialização é atingido em 2012 com o projeto GDoc, cofinanciado pelo FEDER. Este projeto desenvolvido em parceria com os SAS-UTAD veio permitir reduzir o grande volume de tramitação de informação e procedimentos, quer em papel quer em formato digital, diminuindo o consumo de recursos, tempo e custos associados à gestão de pessoal, processos e documentos. Com esta iniciativa foi ainda construído um arquivo documental que garante a sustentabilidade a longo prazo dos documentos (pela preservação que o digital oferece) e suplantando a duplicação de dados.

O ano de 2013 estaria reservado para um dos projetos de SI/TI mais ambiciosos em que a UTAD esteve envolvida nos últimos anos, cofinanciado pelo FEDER através do Programa Operacional Fatores de Compatibilidade, denominado Green Cloud Datacenter UTAD e com o acrónimo UTAD Cloud Datacenter. Este projeto visa a criação de um novo centro de dados para o suporte a ambientes cloud (utilizando tecnologia open source) e apresenta um duplo objetivo primário: internamente, visa melhorar a interação com os SAS-UTAD e superar desafios como a redução de tempo, o aumento da eficiência energética e redução de custos associados à gestão e manutenção das infraestruturas; externamente, visa uma intervenção regional para apoio às entidades e empresas empreendedoras e inovadoras da região, pelo

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acesso simplificado a um ambiente de cloud computing híbrido e a uma base de conhecimentos especializados em TI. Neste ano, foram ainda dados os primeiros passos no projeto EcoCampus, sendo introduzidos sistemas de gestão da água e da energia e ainda de monitorização em tempo real da qualidade da energia elétrica, bem como a realização de auditorias energéticas e da qualidade do ar dos edifícios e do campus.

Os projetos de investigação são fundamentais para o desenvolvimento das áreas em que se aplicam e no âmbito das IES constituem uma parte fundamental das suas atividades. A viabilização destes projetos depende em muito de uma gestão financeira eficiente, capaz de assegurar os recursos necessários para a sua execução, pelo que a forma de financiamento do projeto terá influência na sua rentabilidade. Atendendo à criticidade desta questão e tendo em conta que a gestão financeira da própria IES também irá influenciar em que projetos investir, em 2014 foram iniciados projetos que visaram a criação de SI de gestão financeira de projetos de investigação.

De modo a demonstrar o seu compromisso com a qualidade dos serviços prestados (e dos seus SI), a satisfação da comunidade académica e a segurança da informação, em 2015 a UTAD deu os primeiros passos no sentido de garantir o cumprimento das normas ISO 9001 e ISO 27001. Outro dos principais projetos de SI/TI projetados nesse ano foi o projeto IES em

rede (Cloud académica privada), que contou com a parceria de outras IES portuguesas, cujos

principais objetivos passavam pela: implementação do princípio Only Once (interoperabilidade de sistemas) na área académica; implementação de um modelo CRIS e de gestão de APCs (gestão da produção científica); extensão da plataforma Cloud4IES (utilização de tecnologia

cloud); e implementação de uma framework comum de segurança (Security Information and Event Management [SIEM]). Para além desta parceria, outra foi estabelecida, desta feita no

âmbito do consórcio U.Norte.pt, tendo sido criado o projeto U.Norte Gateway, para a modernização administrativa e consolidação dos recursos adstritos à gestão e preservação da informação gerada ao longo dos anos, instituindo-se um arquivo digital a longo prazo, o que levou à total desmaterialização. Para além destes projetos, a UTAD desenvolveu outros na área de Virtual Desktop Infrastructure (VDI) e VoIP (incidência para a unificação e racionalização). No ano de 2016 foi dada a continuação aos trabalhos dos projetos de cumprimento das normas ISO 9001 e ISO 27001. Para além dos projetos de certificação, a ênfase dos projetos de SI/TI recaiu nas áreas de Internet of Things (IoT), Big Data, BI (com foco para a gestão da infraestrutura de TI, onde parte desta dissertação se enquadra) e Analítica de Dados, alinhados em parte com o projeto EcoCampus. Existiram ainda projetos que privilegiaram a componente

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de TI, com a existência de um upgrade infraestrutural, e a migração de sistemas para suporte de tecnologias open source.

Parte do trabalho desenvolvido com esta dissertação (construção de uma arquitetura de BI/SSBI), serviu para a UTAD reconhecer a importância da criação de conhecimento e inteligência para a gestão e tomada de decisão, pelo que para o ano de 2017 predominam as candidaturas a projetos de SI/TI nas áreas de IoT, Big Data, BI e Data Science (alinhadas com a estratégia da universidade). Com a AE proposta neste trabalho foram identificadas algumas lacunas na forma como os SI funcionam e interagem entre si, pelo que surgiram projetos relacionados com a reengenharia e integração de sistemas. Face à aposta feita nas tecnologias

cloud, também serão constituídos alguns projetos relacionados com Cloud Computing. Por fim,

parte do investimento em SI/TI recairá em projetos de colaboração em tempo real (e.g. partilha de documentos, transmissão de conteúdos).

Na Figura 13 é exibida uma timeline que espelha graficamente a evolução

anteriormente descrita, enquadrada no período a que esta se cingiu e matizando os principais projetos de SI/TI instituídos pela UTAD.

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3.7. Resumo

Uma vez que a UTAD foi a instituição escolhida para a realização do caso de estudo deste trabalho, neste capítulo foi feita a sua apresentação através da exposição da sua área de intervenção e de negócio, do seu enquadramento histórico e geográfico, a sua missão, estrutura e cultura organizacional, o seu plano estratégico que ainda vigora, o impacto dos seus processos produtivos no que diz respeito à Educação, Investigação, Inovação e Extensão, finalizando com os principais marcos de evolução dos SI/TI da instituição até ao momento e suas perspetivas de futuro. Ao longo do capítulo que se inicia em seguida, será apresentada a AE proposta para o suporte à gestão das IES.

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