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Lista de abreviaturas

1.3. Metodologia de investigação

Uma metodologia pode ser compreendida como um sistema de princípios, práticas e procedimentos aplicados a um ramo específico do conhecimento e é onde são estudados os melhores métodos a praticar para a produção de conhecimento (Kothari, 2004). A utilização de uma metodologia permite que os investigadores possam desenvolver os seus trabalhos com maior qualidade e fiabilidade, conseguindo ao mesmo tempo reconhecimento do valor, rigor e validade científica dos seus projetos de investigação, pelo que deve ser criteriosa a sua escolha (Dresch, Lacerda & Antunes Jr, 2015).

Para o trabalho aqui apresentado, a metodologia escolhida que serviu de base teórica para o suporte da validade científica do mesmo, foi a DSR. A metodologia escolhida tem sido utilizada com maior frequência na área da Engenharia, mas tem tido cada vez mais adeptos na área dos SI/TI para a construção de artefactos. Esta metodologia foca-se na criação de como as coisas deveriam ser para alcançar objetivos e funcionar, sendo que o propósito do design passa por evoluir as situações existentes para um estado de preferência e satisfação que ainda não tenha sido alcançado (Ostrowski, Helfert & Gama, 2014).

O design desempenha um papel essencial e central no desenvolvimento e gestão de SI/TI, uma vez que assume o espírito criativo, artístico e orientado ao objetivo, no qual envolve um processo rigoroso para a projeção de artefactos orientados para a resolução de problemas observados, permitindo contribuir ao nível da investigação, avaliar projetos e comunicar os resultados a audiências apropriadas. Esses artefactos são propostos para auxiliar operações e processos de gestão, análise e tomada de decisão, que podem resultar na transformação da própria instituição (Hevner & Chatterjee, 2010).

Os artefactos produzidos podem incluir construções, modelos, métodos, instâncias, inovações sociais ou novas propriedades de recursos técnicos, sociais e informacionais, ou seja, qualquer objeto que constitua a solução para um problema de investigação previamente identificado e compreendido. É de notar que os artefactos produzidos devem contemplar duas caraterísticas fundamentais, a relevância e a novidade. A presença de relevância num artefacto sugere que este vem resolver um problema importante, quanto à novidade, significa que o artefacto deve abordar um problema não resolvido, de uma forma única e inovadora e resolvê- lo de uma forma eficaz e eficiente (Cronholm & Göbel, 2015; Geerts, 2011; Peffers, Tuunanen, Rothenberger & Chatterjee, 2007).

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A necessidade de um modelo estereotipado de processo da DSR fez com que Peffers et al. (2007) fizesse uma proposta (DSRM), a qual foi seguida para o desenvolvimento deste trabalho. Esta proposta incorpora três grandes objetivos: 1) fornecer um processo nominal para a condução do design; 2) construir sobre a literatura de referência existente sobre DSR e IS; 3) fornecer aos investigadores um modelo mental ou template para a estruturação dos outputs dos seus projetos.

A DSRM é composta por uma sequência nominal de seis atividades (Figura 2), contudo existe a possibilidade de os investigadores que a adotem iniciarem os seus projetos a partir de qualquer atividade. As atividades que compõem a DSRM e que foram assumidas no desenvolvimento desta dissertação, são as seguintes:

• Identificação do problema e motivação (1): definir o problema específico de investigação e justificar o valor da solução proposta. Quanto ao problema, poderá ser útil especificá-lo conceptualmente, de modo a que a solução reflita a sua complexidade. No que diz respeito à justificação do valor da solução, esta permite alcançar duas coisas: primeiro serve de motivação ao investigador e demais interessados no problema, para que procurem incessantemente por uma solução para o problema e em segundo, permite perceber a visão que o investigador tem sobre o problema. Os recursos envolvidos nesta atividade são o conhecimento do problema e importância da solução;

• Definição dos objetivos da solução (2): inferir os objetivos de uma solução a partir da definição do problema e do conhecimento do que é possível e viável. Os objetivos podem ser quantitativos (e.g. solução desejada seria melhor que as atuais) ou qualitativos (e.g. em que medida o novo artefacto traz vantagens para a resolução de um problema, em relação às soluções existentes). Os recursos envolvidos nesta atividade são o conhecimento do problema e soluções existentes (caso as hajam) e a sua eficácia;

• Design e desenvolvimento (3): criar o artefacto. Conceptualmente, um artefacto pode ser qualquer objeto concebido, em que o contributo do investigador é parte intrínseca do seu design. Nesta atividade, a finalidade passa por determinar a funcionalidade e arquitetura do artefacto, concluindo com a sua criação. Os recursos envolvidos nesta atividade incluem, entre outros, o conhecimento teórico que permite suportar a solução;

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• Demonstração (4): demonstrar que a utilização do artefacto concebido resolveu uma ou mais instâncias do problema. Essa demonstração pode ser feita recorrendo à experimentação, simulação, caso de estudo, prova de conceito, entre outros. Os recursos envolvidos nesta atividade é o conhecimento efetivo de como utilizar o artefacto para resolver o problema;

• Avaliação (5): avaliar o artefacto concebido para dar solução ao problema identificado na atividade 1. Esta atividade visa comparar os resultados obtidos na demonstração do artefacto com os objetivos definidos na primeira atividade. Nesta atividade podem ser considerados inquéritos, simulações, feedback de clientes, entre outros. A seguir a esta atividade pode suceder a comunicação deste artefacto à comunidade científica da área em que este é desenvolvido, ou então, regressar à atividade de design com intuito de o melhorar;

• Comunicação (6): comunicar a profissionais da área o problema e a sua importância, o artefacto, a sua utilidade e inovação, o rigor no design e o nível de concretização do resultado obtido, utilizando, sempre que possível, como meio de divulgação, revistas científicas. A estrutura deste modelo de processo pode ser utilizada para estruturar o artigo científico.

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