Missão enquanto IES

Antes de ser feita a caraterização da instituição utilizada como objeto de estudo para este trabalho, torna-se essencial perceber a que atividade económica esta pertence. Em termos de atividade económica, a UTAD pertence à categoria do Ensino Superior e, segundo a revisão 3 da Classificação Portuguesa de Atividades Económicas (CAE), o código de atividade associado a esta categoria é o 85420. Esta categoria compreende as atividades do Ensino Superior (universitário e politécnico) ao qual têm acesso indivíduos habilitados com um curso secundário ou equivalente e indivíduos maiores de 23 anos que, não possuindo a referida habilitação, revelem qualificações através de prestação de provas. Neste ensino, podem ser obtidos os graus de bacharel, licenciado, mestre e doutor, e estão incluídas as escolas de artes com habilitação de Ensino Superior, assim como os estabelecimentos de Ensino Superior das forças armadas e policiais (CAE, 2007).

No que diz respeito à tipologia de Ensino Superior podemos distinguir dois grandes grupos, o ensino universitário composto por universidades, institutos universitários e escolas não integradas, e o ensino politécnico composto por institutos politécnicos e escolas não integradas. A UTAD enquadra-se no ensino universitário e a sua tipologia de estabelecimento é a universidade. Assim, assumindo a condição de universidade, a UTAD define-se como uma instituição multidisciplinar que promove uma análise crítica, necessária para alavancar as transformações da sociedade, constituída por espaços dedicados ao pensamento, bem como ao aprofundamento e convergência de vários ramos do saber, correspondentes a variadas áreas do conhecimento.

Para assumir a condição de universidade (1986), a UTAD necessitou de cumprir os requisitos relativos à garantia para ministrar, no seu conjunto, oito cursos de licenciatura, dispersos por três áreas distintas do conhecimento, dois dos quais de natureza técnico- experimental e dispor também de um corpo docente por cada domínio científico, que satisfizesse as exigências habilitacionais legalmente previstas para ministrar cursos do ensino universitário (Simão, dos Santos & Costa, 2002).

Enquanto instituição enquadrada no ensino universitário, a UTAD pretende assegurar uma vasta preparação científica que constitui a base para uma sólida formação técnica e cultural necessárias para a inserção profissional, ambicionando incessantemente pela busca de novos saberes e pela promoção da produção científica. Para além da UTAD assumir uma atitude proactiva na edificação de património científico e cultural, a sua missão coaduna três ações

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complementares, nomeadamente: 1) a criação, a promoção, a transmissão e a difusão da cultura, da ciência e da tecnologia; 2) a promoção da investigação científica e a preparação de um ambiente sustentado e sustentável, favorável para o estudo e para a reflexão; e 3) promoção da prestação de serviços à comunidade, numa perspetiva de valorização recíproca.

A Sociedade da Informação e do Conhecimento em que hoje vivemos é envolta numa eminente criatividade, pelo que deve privilegiar a criação e aplicação do saber como base para o desenvolvimento do bem-estar social e para a obtenção da realização pessoal e coletiva, na busca pela felicidade e qualidade de vida. Neste desafio, as IES posicionam-se como entidades na vanguarda do conhecimento e saber, constituindo-se como parte imprescindível da economia atual das regiões onde se estabelecem e dos países com os quais interagem (Pons, 2010).

Nesta nova sociedade, as IES para garantirem a sua independência de pensamento têm de se manter na vanguarda das transformações sociais e não se podem resignar apenas ao desenvolvimento das suas atividades rotineiras, isto porque estas instituições estão cada vez mais sujeitas às pressões exteriores de ordem social e económica (Dobbins, Knill & Vögtle, 2011). Para dar resposta a este tipo de pressões, as IES necessitam constantemente de introduzir mudanças ao nível da natureza do ensino e dos métodos de aprendizagem, ao nível da investigação e a sua ligação com o ensino e inovação e ao nível do relacionamento institucional com a sociedade e comunidade onde se encontram inseridas (Välimaa & Hoffman, 2008).

Em suma, as IES desempenham um papel de especial relevo no desafio global de construção da sociedade contemporânea baseada na informação e no conhecimento. Em Portugal, este tipo de ensino foca na qualificação de alto nível através da estimulação da produção e difusão da informação e do conhecimento, assim como a formação cultural, artística, tecnológica e científica dos seus estudantes. O desempenho das atividades das IES assentam sobre quatro grandes dimensões, o Ensino, a Investigação, a Inovação e a Extensão (Figura 8), que podem ser complementadas pelas dimensões da Cultura e da Ciência (Simão et al., 2002).

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Figura 8 - Dimensões em que assentam as atividades das IES

A dimensão do Ensino é encarada sob um ponto de vista instrumental e económico, onde a atividade nuclear passa pela formação de profissionais de nível superior, atribuindo-lhes os graus de licenciados, mestres e doutores, requeridos pela sociedade através do mercado laboral. As IES devem responder a estas solicitações através do desenvolvimento de cursos cujos planos se adequem à preparação necessária para as tarefas a desempenhar na sociedade contemporânea. O alinhamento desta dimensão com a dimensão da Investigação, permitirá que os conteúdos dos cursos ministrados se mantenham atuais, de modo a que os estudantes graduados conseguiam ter o conhecimento necessário para responder aos desafios atuais e aos desafios que se prevê que aconteçam num futuro próximo.

A dimensão da Investigação é caraterizada pelas atividades de pesquisa científica destinadas à produção crítica, criativa e competente de conhecimentos. A investigação científica traduz-se na procura de conhecimentos ou soluções que resolvam problemas identificados ou que permitam inclusive otimizar soluções já existentes, sendo executadas através de processos sistemáticos, organizados e objetivos. Nestas instituições a investigação é tipicamente exercida através de centros de investigação e/ou projetos de investigação.

A dimensão da Inovação tem como objetivo valorizar o conhecimento e a ciência produzidos pelas IES através da sua aplicação sob novas formas (e.g. produto, processo, método) ou para diferentes propósitos. Para as IES esta atividade tem um peso considerável tanto para a sustentabilidade científica como para a sustentabilidade financeira. No primeiro caso, o financiamento dos projetos em que ocorreu a inovação, permitirá alavancar o desenvolvimento de novos projetos e investigações científicas, e no segundo caso, a retenção

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de verbas de overheads, da venda de licenças de utilização e a prestação de serviços especializados permitirão aumentar o encaixe financeiro.

A dimensão da Extensão está relacionada com a participação das IES, de forma isolada ou através das suas unidades orgânicas, em atividades que lhes permitam interagir com a sociedade em geral e com a comunidade em que se inserem em particular, sendo essas atividades de difusão e transferência de informação e conhecimento, bem como de valorização económica do conhecimento científico. Por outro lado, contribuem para a sustentabilidade, economia e inclusão social das comunidades em que se situam, dotando essas regiões de profissionais qualificados, de atividades técnicas e científicas de valor elevado. Esta extensão também incorpora as empresas através da criação de parcerias.