• Nenhum resultado encontrado

4.1 INTERNET

4.1.2 Evolução histórica

A internet surgiu inicialmente como estratégia militar na década de 1960, em plena guerra fria. Com o lançamento do primeiro satélite soviético (Sputnik), em 04 de outubro de 1957, os Estados Unidos da América – que se encontravam numa corrida armamentista e tecnológica para superar a União Soviética – sentiram-se ameaçados e decidiram investir numa forma de comunicação que resistisse a um eventual ataque nuclear. A partir daí, a ARPA – Agência de Projetos de Pesquisa Avançada, ligada ao departamento de defesa dos EUA – empreendeu pesquisas recebendo colaboração de cientistas civis e instituições acadêmicas, e, em 1º de setembro de 1969, entrou em funcionamento a primeira rede de computadores, batizada de ARPANET e, conforme Castells (2005, p. 83):

[...] com seus quatro primeiros nós na Universidade da Califórnia em Los Angeles, no Stanford Research Institute, na Universidade da Califórnia em Santa Bárbara e na Universidade de Utah. Estava aberta aos centros de pesquisa que colaboravam com o Departamento de Defesa dos EUA, mas os cientistas começaram a usá-la para suas próprias comunicações [...].

Devido ao uso simultâneo dessa rede tanto como meio de comunicação entre cientistas, quanto para fins militares, ficou quase impossível identificar o que era ciência e o que era estratégia militar, assim “[...] permitiu-se o acesso a rede de cientistas de todas as disciplinas e, em 1983, houve a divisão entre ARPANET, dedicada a fins científicos, e a MILNET, orientada diretamente às aplicações militares.” (Castells, 2005, p. 83).

2 “O que devemos ter em conta é que o protocolo TCP/IP é a linguagem comum, “falada” por todos os

computadores conectados à Rede das redes. Isso permite que as distintas máquinas (leia-se computadores) possam intercambiar informações através da internet.” (PEREIRA, 2008, p. 43, grifo do autor).

Conforme Tanenbaum (2003, p. 57): “Além de ajudar o súbito crescimento da ARPANET, a ARPA também financiou pesquisas sobre o uso de redes de satélite e redes móveis de rádio por pacotes.” Com isso, expandiu-se a utilização da ARPANET, porém verificou-se que os protocolos utilizados por esta rede não se demonstravam eficientes para a comunicação realizada entre as redes conectadas a ela.

Por isso, a ARPA empreendeu esforços para solucionar esse problema, e em maio de 1974, Vint Cerf e Bob Kahn, membros daquela instituição, publicaram um artigo que versava sobre sua técnica de transmissão sobre controle de protocolo. Os estudos de Cerf e Kahn receberam contribuições dos usuários da ARPANET e de redes européias como a Cyclades da França e, por fim, levou a criação dos “protocolos TCP (Transmission Control Protocol) e IP (Internet Protocol) que por sua vez, formaram a base para o que finalmente se tornou o conjunto de protocolos TCP/IP. Isso Forneceu o alicerce para a Internet.” (STALLINGS, 2005, p. 62).

A ARPANET se mostrou muito útil no meio universitário, pois permitia que pesquisadores de várias localidades dos EUA trocassem informações e experiências, no entanto, havia um empecilho para um maior crescimento da rede, que era o fato de que para entrar na rede as universidades tinham de firmar contratos com o departamento de defesa daquele país.

Então, no final da década de 1970, a National Science Foundation (Fundação Nacional de Ciência) dos EUA resolveu desenvolver uma nova rede que abrangesse todas as universidades americanas. Tanenbaum (2003, p. 58) corrobora: “A resposta da NSF foi desenvolver uma sucessora para a ARPANET, que seria aberta a todos os grupos de pesquisa universitária.”

Daí então foi criada a rede chamada NSFNET, que se tornou um sucesso e logo estava sobrecarregada pelo excesso de informações que por ela trafegavam. Em razão disso, a

National Science Foundation resolveu criar uma versão 2 do backbone3 da NSFNET, que foi possível graças a parcerias com algumas empresas privadas.

Consoante Stallings (2005, p. 63-64):

A NSF foi responsável por muitas das decisões de política que levaram à internet moderna. Um dos principais objetivos da fundação foi estabelecer uma infraestrutura de rede remota que não fosse patrocinada diretamente pelo governo federal. Para esse fim, a fundação encorajou as redes regionais que fizeram parte da NSFNET a expandir suas instalações para clientes comerciais.

3 “Rede de transmissão de comunicações que transporta o tráfego principal entre redes mais pequenas. As

principais redes da internet incluindo as portadoras de comunicação, [...] podem abranger milhares de quilômetros, utilizando repetidoras de microondas e linhas dedicadas.” (MICROSSOFT, 2000, p. 28).

Em fevereiro de 1990, a ARPANET foi desativada, por já estar ultrapassada tecnologicamente, e a internet se desvinculou da área militar, bem como passou a ser totalmente administrada pela National Science Foundation.

No ano de 1990 a internet estava em total expansão, porém, os usuários leigos em informática enfrentavam muitas dificuldades em utilizá-la, pois era difícil localizar e receber informações. Então, para resolver este problema foi criado um novo aplicativo que é amplamente utilizado até hoje em dia, a teia mundial de computadores – world wide web –, que nada mais é do que o WWW digitado nos softwares (programas de computadores) de navegação da internet4. Conforme Castells (2005, p. 88):

A invenção do WWW deu-se na Europa, em 1990, no Centre Européen Poour Recherche Nucleiare (CERN) em Genebra, um dos principais centros de pesquisas físicas do mundo. Foi inventada por um grupo de pesquisadores do CERN chefiado por Tim Berners Lee e Robert Cailliau. O CERN distribuiu o software WWW gratuitamente pela internet, e os primeiros sítios da web foram criados por grandes centros de pesquisa científica espalhados pelo mundo. Um desses centros foi o

National Center for Supercomputer Applications (NCSA), na Universidade de

Illinois, um dos mais antigos centros de supercomputadores.

Em 1993, Marc Andressen, estudante universitário que trabalhava no NCSA, juntamente com Eric Bina, criou o primeiro navegador de internet capaz de suportar propriedades gráficas, possibilitando a visualização de figuras, fotos, sons e até vídeos, que foi batizado de Mosaic. Nos dias atuais, existe uma variedade de navegadores, como Internet

Explorer, Google Chrome, Mozilla, entre outros.

No ano de 1991, o governo dos EUA anunciou que depois de 1995 não mais subsidiaria a internet, e a privatizou na data anunciada. Conforme Stallings (2005, p. 64): “Depois que o governo dos Estados Unidos privatizou o backbone nacional em 1995, a atividade comercial começou a dominar.”