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2.1 EIXO 1

2.1.1 Evolução institucional a partir dos processos de planejamento e

A avaliação institucional na UFRRJ foi balizada pela análise dos resultados do ENADE 2018, 2019 e 2020 e dos seguintes documentos: Relatórios de Avaliação Institucional UFRRJ – 2018, 2017, 2016; do Plano de Desenvolvimento Institucional –

50 UFRRJ – 2018-2022; do Plano de Institucional de Risco – Deliberação UFRRJ/CONSU no 43, de 31 de agosto de 2018; Projeto Pedagógico Institucional (PPI) – Deliberação UFRRJ/CEPE no 103, de 24 de setembro de 2019; Plano de Integridade Institucional – Deliberação UFRRJ/CONSU no 69, de 27 de novembro de 2018; Regimento do campus Três Rios – Deliberação UFRRJ/CONSU no 23, de 27 de abril de 2017; Portaria/MEC nº 1.382, de 31 de outubro de 2017; Portaria/MEC nº 1.382, de 31 de outubro de 2017, publicada no Diário Oficial da União nº 210, de 1º de novembro de 2017, Seção 1, páginas 14 e 15 (retificações); Deliberação UFRRJ/CEPE no 136 de 04 de dezembro de 2008; Portaria/MEC no. 2117 de dezembro de 2019.

Em 2018, a avaliação institucional ocorreu de forma quali-quantitativa realizada com as pró-reitorias da UFRRJ, com o objetivo de dar robustez às análises ao acrescentar informações aos dados tabulados a partir das respostas dos questionários enviados aos coordenadores, diretores, chefes de departamentos, uma vez que nem todos os questionários foram respondidos, possivelmente devido ao período de aplicação do questionário, entre dezembro de 2018 a fevereiro de 2019, coincidir com férias.

Em 2018, os membros da CPA foram nomeados pela Portaria nº GR 889/2018.

No ano de 2019, a partir da Portaria GABREI nº 1539/2020 de 29/04/2020, houve reestruturação da CPA e a comissão passou a ter representantes nos três dos quatro campi, a saber: setorial de Seropédica, setorial de Nova Iguaçu e setorial de Três Rios.

Essa nova configuração possibilitou que a avaliação institucional fosse ampliada e aprofundada. E ao longo do ano de 2020 foi realizada discussões sobre o novo Regimento da CPA.

Para que se possa apresentar a evolução da UFRRJ, tendo como base os processos de planejamento e avaliação institucional no período trienal de 2018 a 2020, é preciso observar ANALÍTICA E SINTETICAMENTE a sua PRÓPRIA HISTÓRIA, que se inicia no marco de 1910, ainda no século XX, gestada por uma vocação eminentemente agrária, até o ano de 2020, já diante dos avanços tecnológicos e das mudanças econômicas, políticas e sociais do século XXI (Figura 8).

51 Figura 8 – Trajetória histórica da UFRRJ do século XX ao século XXI

Ao longo do tempo, a UFRRJ, assim como as diversas instituições de educação superior, foi sendo regulada pelas esferas governamentais, que, por sua vez, seguiram os ritos dos ciclos econômicos do Brasil, com a justificativa de impulsionar o crescimento do país. Para acompanhar o compasso desenvolvimentista global, as políticas educacionais foram sendo implementadas, delineando as atividades institucionais da educação em geral, e, em especial, a educação superior.

Na UFRRJ não foi diferente, pois, da vocação agrária às políticas de expansão da educação superior, observamos as distintas ações e reações da comunidade acadêmica a essas mudanças. É certo que houve apoios de pensadores no campo conservador para a manutenção da educação como via reprodutora de costumes, mas, tivemos também movimentos na direção progressista, em defesa da valorização da participação coletiva e de ações democráticas.

Um desses movimentos que despontou na UFRRJ, nos anos finais da década de 1980, foi a Associação de Docente da UFRRJ, representando parte do corpo docente da universidade na defesa da prática coletiva na construção de uma cultura avaliativa institucional.

Os referenciais teóricos abarcados pelo núcleo docente em questão se amparavam nas ideias também elencadas nos estudos de Guba e Lincoln (1989), que indicam a valorização das práticas avaliativas na perspectiva da negociação e da participação dialogada. Assim, imbuídos dessa compreensão, iniciou-se uma série de ações para apropriação das práticas avaliativas já em andamento nas unidades da universidade, envolvendo o tripé ensino, pesquisa e extensão.

Por mais que houvesse um discurso formal de que as políticas avaliativas direcionadas à educação superior empregadas pelo Estado no período de 1990 a 2000

Escola Superior

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro 2020

52 primavam pela meritocracia (SOUZA, 2002), observa-se que várias críticas foram construídas a esta interpretação. Principalmente por pesquisadores e movimentos sociais defensores da avaliação formativa, que compreende as práticas emancipatórias presentes nas ações participativas, em que o diálogo, a empatia, a valorização da diversidade e a defesa dos colegiados se mostram elementos fundantes no processo da avaliação (BELLONI, 2000).

Naquela perspectiva, a visão organizacional da educação, a lógica estabelecida coaduna com os indicadores usados pelo Estado como referenciais de avaliação, como o Exame Nacional de Cursos - “Provão” (1995) –, as Análises das Condições de Oferta (estabelecidas por comissões de especialistas) (1995), os Indicadores Globais de Desempenho (1996), dentre outras iniciativas de cunho regulatório.

Diante desse cenário de controle formal e estatutário, diversas Instituições de ensino superior, incluindo a UFRRJ, buscaram outro conjunto de valores que privilegiassem a participação da comunidade acadêmica, as singularidades institucionais, e, sobretudo, as necessidades presentes no dia a dia da universidade, em uma perspectiva que buscou incorporar os elementos da avaliação formativa.

Observou-se, então, nos idos dos anos de 1990, um movimento de aproximação da UFRRJ com a sua própria realidade, tecendo discussões e embates até se chegar a um consenso plausível sobre as matérias de Planejamento, Avaliação e Gestão na instituição. Na época, as universidades federais tinham como referencial os princípios do Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras – PAIUB –, a SESu/MEC (1994), que possuía elementos progressistas de valorização do coletivo por meio da sensibilização da comunidade interna da instituição (GLADYS, ROTHEN, 2008).

As etapas do PAIUB eram assim definidas:

1º - Diagnóstico, coleta e organização de informações, a partir de dados, via de regra quantitativos, existentes na instituição sobre o curso em análise;

2º - Avaliação interna, subdivide-se em autoavaliação, realizada pela comunidade acadêmica do curso, e consolidação de dados, momento em que a Comissão de Avaliação organiza resultados da autoavaliação sem emitir julgamentos de valor, com vistas à avaliação externa;

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3º - Avaliação externa, realizada por acadêmicos de outras instituições, profissionais da área, representantes de entidades científicas e profissionais, empregadores etc. Nessa etapa organizam-se processos e encaminham-se relatórios, incluindo-se diagnóstico e autoavaliação;

4º - Reavaliação interna, a partir de todos os resultados avaliativos produzidos, propiciando uma análise com a comunidade do curso. Nessa etapa, ocorre a organização do conjunto de dados; prepara-se o relatório geral da IES, a divulgação, discussão e reflexão interna;

5º - Realimentação e difusão, que implica a reconsolidação dos dados, com o objetivo de avaliar medidas de correção ou aperfeiçoamento; na tomada de decisões, incluindo as ações a implementar, com vistas à melhoria do desempenho dos cursos e na publicação de relatório final, encaminhado à SESu/MEC e comunidade externa (PAIUB,1994, p.29- 31).

A concepção de avaliação formativa inserida no cenário progressista defendido no PAIUB, recebeu enfrentamentos com outras iniciativas governamentais, a exemplo do próprio Exame Nacional de Curso – ENC – e de outras normativas do Ministério da Educação. O cenário que se estabeleceu entre a prática da avaliação formativa, privilegiando o coletivo, e a avaliação meritocrática (BELLONI, 2000), focada nos processos burocráticos, foi sentida também na UFRRJ à época.

Uma das repostas da UFRRJ ao longo do tempo para encontrar o caminho para a construção de sua própria cultura avaliativa, foi a realização de seminários, reuniões, fóruns e formação de comissões que pudessem estudar os fluxos dos processos, as demandas das unidades universitárias e sua vocação institucional.

Dentre tais necessidades, já havia a busca por um planejamento institucional que abrangesse a universidade em sua globalidade. Assim, ainda em 1990, houve a organização do I Seminário sobre Política de Pessoal Docente da UFRRJ. Em seguida, em 1994, CEPE da UFRRJ, acompanhando proposta da reitoria, aprovou normativa que garantiu a possibilidade de os departamentos da universidade apresentarem seus planos de trabalho com justificativas para a alocação de vagas. Esse fluxo seguiria para apreciação do referido Conselho, se somando ao trabalho da Comissão Permanente de Pessoal Docente (CPPD), incumbida de elaborar critérios de pontuação com a participação da comunidade acadêmica, tornando-se, por sua vez, o primeiro

54 instrumento de avaliação de caráter institucional (RELATÓRIO DE AUTOAVALIAÇÃO DA CPA, 2017).

Este movimento dialógico, tecido em um clima de cooperação institucional, resultou em outros episódios propícios ao amadurecimento de conceitos e práticas avaliativas, ainda na década de 1990, e, dentre elas, destacam-se:

▪ I Encontro Regional Sudeste da ANDIFES, com o tema “Novas Perspectivas para a Universidade Pública com vistas ao Século XXI”, em 1994;

▪ I Seminário Interno de Planejamento Estratégico, contando com o incentivo da reitoria, o apoio da comunidade e a participação de instituições parceiras, Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG);

▪ proposta para a implementação de programa de avaliação de disciplinas e cursos da UFRRJ, encaminhada pelo Decanato de Ensino de Graduação;

▪ criação de Comissão Temporária de Avaliação, institucionalizada por meio da Portaria Nº 510 de 18/08/95, visando a organização de ações de sensibilização junto à comunidade;

▪ criação de Comissão Especial, composta por docentes para o aperfeiçoamento do Projeto de Avaliação Institucional da UFRRJ;

▪ criação de um fluxo de processo de avaliação dos Cursos de Graduação da UFRRJ.

Após essas experiências na década de 1990, que despertaram vigor à prática avaliativa, houve, no ano de 2002, o Primeiro Seminário de Autoavaliação Institucional de Cursos da UFRRJ, buscando consolidar as experiências até então vivenciadas. Em seguida, no período de 2003 a 2011, a UFRRJ buscou a continuidade de suas ações avaliativas em ações isoladas, mas no esforço de articulação com outros instrumentos e processos, como o Plano de Desenvolvimento Institucional da universidade (RELATÓRIO DE AUTOAVALIAÇÃO DA CPA, 2017).

Na avaliação formativa, a busca pela articulação entre planejamento, avaliação e gestão se constitui uma prática, contudo, as oscilações entre distintas correstes de pensamento passaram a fazer parte do então novo sistema proposto ao processo avaliação institucional. Tratava-se do Sistema Nacional de Avaliação da Educação

55 Superior (SINAES), instituído pela Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004, cuja concepção inicial reconhecia a avaliação formativa como suporte basilar para o incentivo as práticas avaliativas em curso, como fora o encaminhamento do PAIUB em 1993.

Contudo, com os descontentamentos de outras correntes de pensamento, que evocavam a concepção meritocrática, o SINAES foi sendo envolvido pelo caráter regulador, tornando-se um sistema híbrido (DIAS SOBRINHO, 2010).

Atualmente, considerando os anos finais dos anos 2000, o SINAES demonstra possuir em seu escopo legal o incentivo e valorização da prática da autoavaliação institucional, em que são adotadas ações de sensibilização, de modo que todos os segmentos da comunidade acadêmica possam ter sua parcela de participação na instituição de educação superior.

Leite (2008) relata os obstáculos que as instituições e educação superior se deparam ao tentarem criar e manter suas CPAs. A autora menciona o caráter híbrido do SINAES e a centralidade nas avaliações externas como lacunas que possam contribuir aos entraves no fortalecimento das referidas Comissões.

Na UFRRJ, observa-se, por vezes, tais dificuldades decorrentes do frequente fluxo de alunos por semestre, a intensa rotina acadêmica, os ritos e exigências na produção relacionada às pesquisas, a necessidade de melhoria em infraestrutura e a diminuição de investimento financeiro no âmbito federal, que se assevera em tempos de crise social. Contudo, são observados pela comunidade acadêmica da universidade como desafios a serem superados.

Assim, mesmo diante das dificuldades para a contínua sensibilização interna, que faz parte da concepção de educação da UFRRJ, a universidade segue em sua busca pela construção e consolidação de práticas avaliativas internas dialógicas e participativas.

Um dos processos que a UFRRJ busca continuamente é a articulação entre a autoavaliação institucional com os demais projetos, programas e planos institucionais.

Sua organicidade prima por grupos colegiados de modo que as prerrogativas democráticas sejam valorizadas e garantidas.

Deste modo, o CONCEITO DE AVALIAÇÃO EXTERNA para a UFRRJ ganha o sentido cooperativo, na medida em que estabelece o conteúdo em consonância com as exigências legais, amparadas, em especial, na Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004, também conhecida como Lei do SINAES.

56 A metodologia utilizada pelos estudiosos da área de avaliação para a elaboração do SINAES tem o mérito de abranger dez dimensões que, organizadas posteriormente em cinco eixos, buscam observar de perto a missão, a visão e os valores da instituição de educação superior em sua relação com a sociedade. Assim, para a UFRRJ, a avaliação externa assume importante papel em sua missão institucional, pois regula os principais aspectos do cotidiano da IES, detendo-se dos níveis macro ao micro e oportunizando à instituição de ensino delinear sua proposta acadêmica em consonância com sua história e cultura tecidas ao longo do tempo.

No caso da UFRRJ, suas raízes estão assentadas em mais de um século na arte de educar e contribuir na formação humana e cidadã de seus discentes. Essa tratativa se faz estendida aos corpos docente e administrativo no oferecimento de ações pedagógicas e de gestão, visando a constante formação continuada. Para tanto, os insumos de infraestrutura se mostram imprescindíveis para que a universidade possa avançar em suas ações e, cada vez mais, atingir a sua comunidade do entorno e transbordar os limites locais e territoriais.

Em razão desse contexto, a UFRRJ compreende o papel do SINAES, de modo a assegurar: “I – avaliação institucional, interna e externa[...]; II – o caráter público de todos os procedimentos [...]; III – o respeito à identidade e à diversidade de instituições e de cursos; IV – a participação do corpo discente, docente e técnico-administrativo [...]

e sociedade civil[...] (BRASIL, 2004).

Essa parceria entre a CPA, na coordenação da autoavaliação institucional, e o MEC, como órgão executivo federal incumbindo da avaliação externa, quando alinhada a determinada finalidade, pode oferecer significativos subsídios à instituição de ensino para o cumprimento de sua missão. Esta compreensão articulada encontra aderência na CPA da UFRRJ, o que revela o compromisso da Comissão com a comunidade acadêmica.

A CPA/UFRRJ, em seu triênio referente aos anos 2018, 2019 e 2020, buscou expressar essa sinergia. Para tanto, a CPA teve como referencial os princípios do SINAES, que revelam a amplitude institucional a ser avaliada em suas dez dimensões que, por sua vez, foram organizados em cinco eixos.

Em atendimento à Portaria nº 670, de 11 de agosto de 2017, que constituiu o comitê gestor para análise, revisão e adequações do Instrumento de avaliação

57 institucional externa, a CPA/UFRRJ se organizou para o triênio, tendo como referenciais, além da legislação do SINAES, o referido instrumento em vigor desde 2017.

Em observância ao instrumento de avaliação institucional externa (2017) que estabeleceu novos pesos diferenciados aos cinco eixos para a realização do cálculo de obtenção do Conceito Institucional (CI), no ato de recredenciamento ou transformação de organização acadêmica, considera-se a seguinte orientação (Quadro 5).

Quadro 5 - Eixos do SINAES e seus respectivos pesos Peso 10

Eixos 1 (Planejamento e Avaliação Institucional) e 3 (Políticas acadêmicas)

Peso 30

Eixos 2 (Desenvolvimento institucional) e 5 (Infraestrutura)

Peso 20

Eixo 4 (Políticas de gestão)