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1 A EDUCAÇÃO PARA OS AGRICULTORES NO CONTEXTO DA ESCOLA E DA EXTENSÃO

2.5 Pedagogia da Alternância – história e concepção

2.5.3 A expansão do movimento no Sul do Brasil

Após as duas primeiras experiências de formação em alternância no Sul do Brasil, o governo paranaense através do setor de Ensino Técnico Agricola, vinculado com a Secretaria Estadual de Educação e as prefeituras, passou a apoiar institucionalmente o projeto das CFRs no ano de 1991. Neste período ocorrem uma série de ações voltadas para a organização de outras Casas Familiares Rurais, favorecendo assim uma expansão deste modelo educacional para os demais estados da Região Sul. Silva (2012) destaca que uma das principais ações foi justamente a institucionalização das experiências de formação em alternância para a formação de jovens rurais por parte do Governo do Estado.

A rápida expansão da experiência no sul do Brasil, gerou a necessidade da criação de uma entidade que fosse capaz de coordenar os trabalhos de implantação e manutenção de novas CFRs, tendo como função também o acompanhamento dos projetos das CFRs. Surge então no ano de 1991 com o objetivo de difundir e padronizar a proposta de formação de jovens através da pedagogia da alternância a Associação Regional das Casas Familiares Rurais do Sul do Brasil (ARCAFAR – Sul). Instituída como uma associação cultural e beneficente com fins filantrópicos, busca também oportunizar aos jovens agricultores a possibilidade de permanência no meio em que vivem, proporcionando uma formação associada a realidade dos mesmos. Com isso, a ARCAFAR – Sul pretende ser capaz de oferecer as condições necessárias para a inserção desse jovem em sua comunidade, proporcionando a ele novas oportunidades de geração de renda, inclusão social, acarretando em uma melhoria em sua qualidade de vida e tornando-o um cidadão.

Entre outras funções, a ARCAFAR – Sul, tem por missão “Representar, assessorar e qualificar as Associações das Casas Familiares Rurais, buscando o desenvolvimento sustentável e solidário da agricultura familiar, pela Pedagogia da Alternância, para a Educação do Campo, em beneficio da sociedade.”(ARCAFAR – Sul 2013). Tendo ainda entre outras missões, a realização de convênios com outras associações, instituições publicas e privadas, tanto nacionais quanto internacionais, tornando possível, que no ano de 1994, o Governo do Estado do Paraná aprovasse o Programa Casa Familiar Rural, este programa fundamentado no projeto original das Casas Familiares Rurais, possibilitava que as Secretarias de Estado da Educação, da Agricultura e Fazenda, além de outros órgãos vinculados ao Governo, viabilizassem os recursos necessários para promover a implantação de novas CFRs em todo o Estado.

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Cabe destacar que os processos de formação pedagógica dos primeiros monitores, bem como o acompanhamento em cursos de capacitação dos responsáveis pelas CFRs e a confecção do material pedagógico utilizado para o desenvolvimento da pedagogia da alternância nas CFRs brasileiras, foram ações conjuntas realizadas entre a UNMFRs com a ARCAFAR – Sul.

No ano de 1992, a ARCAFAR-Sul obteve um convênio com o Governo Frances e algumas ONGs europeias, lideradas pela UNMFRs, tornando possível a evolução do programa das CFRs brasileiras. Nogueira (1999), observa que o objetivo principal deste convênio era implantar a médio e longo prazo, mudanças no meio rural brasileiro, principalmente naquelas regiões onde concentra-se a agricultura familiar, buscando multiplicar as informações a respeito das CFRs, facilitar a criação de equipes responsáveis bem como orientando na prática das funções associativas, engajar os responsáveis locais na formação dos jovens e dos adultos para o suporte de seus projetos de instalação, em particular na escolha de produções a serem desenvolvidas e que venha a garantir uma soberania alimentar.

No que se refere as Associações Regionais, que objetivam organizar e padronizar o processo de formação por alternância de todas as CFRs do Brasil, estas dividem-se em ARCAFAR-Sul com sede no município de Barracão-PR, ARCAFAR – Norte com sede no município de Altamira – PA, sendo que as ARCAFAR – Sudeste, ARCAFAR – Centro Oeste e ARCAFAR – Nordeste encontram-se em fase de implantação. Outra mudança que também esta sendo discutida, é a possibilidade de a ARCAFAR – Sul passar por uma subdivisão, onde cada estado da Região Sul contaria com a sua ARCAFAR, e estas estariam sob regência da ARCAFAR – Sul. Estevam (2003) ainda ressalta as discussões entre as ARCAFARes e a UNEFAB a respeito da possibilidade da criação de uma Confederação das Associações em nível de nacional, cujo objetivo seria coordenar e auxiliar as Associações Regionais diante de suas dificuldades, bem como capacitar os monitores tanto das CFRs quanto das EFAs. Atualmente para facilitar o entendimento e a compreensão das diversidades de experiências em Pedagogia em Alternância, estabeleceu-se o termo CEFFAs (Centros Familiares de Formação em Alternância), para denominar de forma abrangente todas as unidades educativas que adotam o sistema pedagógico da Alternância.

Este modelo de experiência educativa, chegou a região noroeste do estado do Rio Grande do Sul no ano de 1998, quando surgem ali as primeiras discussões a cerca da necessidade de um centro de qualificação voltado a atender os jovens do meio rural e que

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promovesse o desenvolvimento agropecuário da região. Ao mesmo tempo em que ocorriam a divulgação e debates a cerca da implantação de uma CFR, surge com o apoio da ARCAFAR- Sul uma diretoria provisória para compor a Associação da Casa Familiar Rural Santo Isidoro. A primeira turma de jovens agricultores ocorreu durante o ano de 2001, e contou com um grupo de 28 famílias de jovens interessado em frequentar este que era um projeto de educação rural, no qual as famílias são a base do processo de formação.

Já no ano de 2002, com o objetivo de constituir uma segunda turma de jovens educando, promoveu-se a abertura do processo de inscrições junto as prefeituras e sindicatos da região, apresentando-se em dezembro de 2002 no encontro das famílias um total de 45 jovens, porém, devido a capacidade de atendimento da Casa Familiar Rural ser apenas de 25 a 30 jovens, tornou-se necessário executar um processo de seleção dos jovens. Manfio (2010) ressalta que a trajetória das CFRs na região norte do Estado do Rio Grande do Sul ainda é curta para se fazer uma análise profunda e detalhada, porém com os elementos já disponíveis fica claro a necessidade da manutenção deste modelo de ensino na região, pois é um desejo, e uma necessidade dos jovens provindos desta região.