• Nenhum resultado encontrado

5 DADOS, REALIDADE INTERNACIONAL E NACIONAL Nesta seção serão apresentados alguns dados da realidade

5.2.1 Experiências de clusters de turismo no mundo

Face a percepção do conjunto de atrativos, políticas, ações e adoção de estratégias, diversos clusters turísticos emergiram com o tempo. Na Europa, a Espanha apresenta importantes casos. O primeiro deles, se refere ao cluster de turismo de Astúrias, que surgiu com o intuito de servir e melhorar a competitividade, ampliar mercados e aumentar a rentabilidade da atividade das empresas que o integram, a partir de uma projeção internacional. As empresas que fazem parte do cluster trabalham em cooperação, de forma a alcançar a dimensão e a massa crítica que lhes permita conceber, desenhar e executar projetos de maior alcance temporal, financeiro e de maior impacto sobre cada uma delas, bem como sobre o conjunto do setor (CLUSTER DE ASTÚRIAS, 2015).

O segundo cluster espanhol de turismo que pode ser destacado é o de Extremadura, que conta com uma importante rede de colaboradores

nacionais e internacionais. São mais de trinta parceiros. Ressalta-se que suas ações apoiam o desenvolvimento de agrupamentos empresariais inovadores, administrações públicas, centros tecnológicos e de empresas privadas (EXTREMADURA, 2015).

Já o cluster turístico de Galícia (Espanha) possui 51 entidades de uma mesma cadeia de valor vinculadas e que desenvolvem suas atividades em um espaço geográfico concreto. Foi constituído em 2013 e é economicamente autossustentável, sendo ponto de encontro do setor, fomentando o intercâmbio de informações e experiências e aglutinando interesses de múltiplos atores. São seus pontos fortes: capacidade de inovação; melhoria de percepção da Galícia como um destino turístico; melhora da capacidade de inovação das empresas; influência nas políticas orientadas ao setor; fortalecimento das competências chaves das empresas; identificação de oportunidade e propostas de novas colaborações; favorecimento à capacitação conjunta de recursos humanos; facilitação de acesso a finanças públicas; definição de atividades de promoção conjunta, especialmente em promoção no exterior; transmissão de uma imagem profissional do setor (GALÍCIA, 2015).

A Espanha conta ainda com o cluster de turismo das Ilhas Canárias, um espaço de relação dos agentes do sistema turístico canário, orientado a impulsionar ações conjuntas inovadoras por meio de aglomerações, redes, microclusters (CLUSTERS DEL TURISMO ISLAS CANARIAS, 2010). Esta estratégia se trata de uma recomendação do plano de turismo espanhol, Horizonte 2020, e do acordo pela competitividade e qualidade do turismo de Canarias. Assim, o cluster desenvolve modelos inovadores de gestão, comercialização, produtos que fomentam e melhoram a competitividade e sustentabilidade das Ilhas, a partir do compartilhamento de uma única visão estratégica. Esta visão trouxe, em 2009, a Medalha de Excelência Turística de Canárias, uma aposta conjunta do conselho de turismo de Canárias, na qual se refletem ações e apoio para a transformação do modelo turístico.

Na América do Norte, pode-se citar o cluster do estado da Califórnia nos Estados Unidos, que, além de potência tecnológica, constitui-se potência turística. Seu impacto segundo o relatório de Viagem e Turismo da Califórnia (CALIFORNIA, 2014) é expressivo, já que obteve uma projeção internacional de 16,3 milhões de pessoas em viagens, sendo sete milhões de origem ultramarina, 7,6 do México e 1,6 do Canadá. Quanto ao mercado exterior da Califórnia, destacam-se China, Reino Unido e Austrália.

Na América central, o cluster de turismo médico no México também é exemplo. Conta com mais de uma dúzia de destinos especializados, nos quais se tem prestadores de serviços turísticos e atenção médica de alta qualidade. Sete são os hospitais certificados pela Joint Commission International, organismo mundial creditador de segurança e qualidade em saúde. Todavia, a Secretaria Federal de Saúde certifica 105 hospitais, dos quais 98 têm status internacional. Possui, assim, profissionais capacitados e ampla infraestrutura com tecnologia de ponta. O México é um dos principais destinos, sendo reconhecido por sua diversidade de recursos naturais e culturais, infraestrutura turística de primeiro nível e serviços de significativa qualidade, destacando-se mundialmente (VISIT MEXICO, 2015).

Na América do Sul, na área de turismo de negócios e eventos, apresenta-se o cluster de Bogotá, um cenário neutro onde os líderes empresariais, governo e academia trabalham de forma colaborativa para definir uma visão conjunta. O cluster facilita que os empresários se conectem e encontrem complementariedades e sinergias com os outros atores do sistema, para melhorar a estratégia de seus negócios e para estimular o aumento de investimentos em Bogotá e região (CLUSTER TURISMO DE NEGOCIOS BOGOTÁ, 2015).

Também na Colômbia, Medellín e Antioquia adotaram a estratégia de clusters e, entre os diversos criados (TICs, têxtil, energia elétrica), constituíram o cluster de turismo de negócios, eventos e convenções. São inicialmente 10 entidades que o compõem, e seu objetivo principal é fomentar o desenvolvimento e a competitividade empresarial. Promove, assim, uma cultura de integração institucional para a construção de redes e geração de novos negócios, a fim de melhorar a competitividade como uma cidade de turismo de negócios. Fazem parte do cluster todas as empresas e organizações relacionadas a eventos do setor (MEDELLIN, 2015).

Ainda, na América do Sul, destaca-se o Brasil, o primeiro país no ranking de competitividade quanto aos recursos naturais e o oitavo quanto a recursos culturais e viagens de negócios, segundo o Fórum Econômico Mundial (WEF, 2015) e a FIESC (2016). Além disso, o país possui alguns exemplos de cluster turísticos. Sobretudo, dá-se ênfase aos primeiros colocados no ranking nacional de turismo receptivo 2014.

O primeiro colocado no ranking nacional em chegada de turistas em 2014 (BRASIL, 2014a) é o estado de São Paulo, cuja capital abriga um cluster que é referência em turismo de negócios, eventos, feiras e convenções. O Convention & Visitors Bureau, entidade sem fins lucrativos, busca ampliar o volume de negócios e o mercado de consumo

na cidade, por meio da atividade turística, apoiando a melhoria dos serviços e o atendimento aos visitantes. São alguns projetos que envolvem a cidade de São Paulo: Passos do Jesuíta Anchieta; Rota Franciscana Frei Galvão; Sabor de São Paulo; Roda SP; Turismo do Saber Litoral e Campo; Melhor Viagem São Paulo (SÃO PAULO, 2015).

No Sudoeste, o segundo colocado no ranking nacional de turismo receptivo é o estado do Rio de Janeiro. Na cidade do Rio de Janeiro, apresenta-se o que se chama atualmente de distrito criativo, que fica na Zona Portuária e foi uma iniciativa das próprias empresas da indústria criativa para desenvolver a área. Podem ser encontrados escritórios de design, marketing, comunicação, mídias, entre outros. Além disso, é possível visitar a Cidade do Samba, o Centro Cultural José Bonifácio e o Museu de Arte do Rio. Uma das ideias é fazer feiras e eventos para divulgar as próprias marcas e também criar uma conexão entre esses produtores e a cultura da região. Miami e Joanesburgo também mencionam o termo distrito criativo para estratégias de aglomeração ou concentração turística (OCLUSTER, 2014).

No Sul, o Rio Grande do Sul, o terceiro estado no ranking nacional em chegada de turistas no ano de 2014 (BRASIL, 2014a), evidencia o cluster de Gramado, cuja origem étnica alemã trouxe características como o simbolismo do produto turístico europeu, bem como arquitetura, gastronomia, arte, etc., criando um diferencial turístico à cidade (VALDUGA, 2007). Sua sistematização compreende, em primeiro nível, os equipamentos e serviços turísticos; em segundo nível, as atrações, os aspectos motivacionais, o transporte e a infraestrutura; e, em terceiro nível, engloba a capacitação e a promoção e os outros serviços (como a segurança, por exemplo) (KUNZ et al. 2012).

Ainda no mesmo estado, o cluster de turismo de saúde já é uma realidade para a capital Porto Alegre, que entra na rota internacional ao criar a Porto Alegre Health Care Cluster. Trata-se de uma entidade jurídica para profissionalizar a gestão do turismo de saúde, que será encarregada de conquistar pessoas em busca por tratamento e cirurgia eletiva fora de seus países, principalmente dos Estados Unidos, Canadá e Inglaterra. O cluster inicia com quatro hospitais considerados de atendimento globalizado, com certificação, e que cumprem os critérios internacionais de procedimentos. Com 4.428 pacientes atendidos, o turismo de saúde em Porto Alegre movimentou mais de R$ 7,5 milhões em tratamentos em 2014 (FEDERASUL, 2012; DE MALA E CUIA, 2015).

O Paraná, quarto colocado no ranking nacional de turismo receptivo (BRASIL, 2014a) tem em Curitiba, sua capital, e Foz do Iguaçu

um potencial em múltiplos segmentos. Em Curitiba, especificamente, ações voltadas a clusterização do turismo vêm ocorrendo desde 2002 e sua intenção, já na época, era ampliação do mercado tornando a cidade mais competitiva (PARANAONLINE, 2002). No cluster internacional de Foz do Iguaçu, a iniciativa federal trabalha na estruturação do cluster dos municípios do entorno do Parque Nacional do Iguaçu, que envolve turismo, agricultura, agroindústria, lazer, laticínios, entre outras coisas. A meta é aumentar o número de visitantes e a permanência deles no Parque, e o objetivo é promovê-lo a partir de serviços de excelência (CATARATAS DO IGUAÇU, 2015).

No quinto estado do ranking nacional em turismo receptivo, Santa Catarina (BRASIL, 2014a), Florianópolis ganha notoriedade como cluster turístico. Neste sentido, percebe-se uma multiplicidade de recursos naturais e culturais locais que favorecem o turismo de viagens e o turismo de negócios e eventos, este fomentado pelo cluster tecnológico da cidade. Isso demonstra a complementariedade dos setores aqui estudados e, por isso, apresenta-se a seção 5.3.

5.3 RELAÇÕES ENTRE TECNOLOGIA E TURISMO NO MUNDO