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2.1. América Latina

O estudo da inclusão da pessoa com deficiência é muito importante para o Brasil, cabendo registrar que, de acordo com a Constituição Federal, a República Federativa do Brasil “buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações”.

Nesse contexto, apresentamos o sistema jurídico de alguns dos países da América Latina, considerando a proximidade com o Brasil e o tamanho da população, especialmente de pessoas com deficiência. São eles: Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. Todos esses países ratificaram a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, fazendo parte do direito interno, e apenas Colômbia e Venezuela não ratificaram até o momento o Protocolo Facultativo45.

2.1.1. Argentina

Na Argentina, no ano de 1981, foi promulgada a Lei nº 22.43146, buscando a proteção

da pessoa com deficiência nas áreas de saúde, educação e segurança social. Há previsão no art. 8º da aludida lei de cota para pessoas com deficiência nos cargos e empregos públicos dos três poderes, incluindo as entidades descentralizadas e até mesmo empresas privadas concessionárias de serviços de utilidade pública.

Merece também destaque o art. 23 da aludida lei ao estabelecer um incentivo para os empregadores que empregam pessoas com deficiência, mediante uma dedução no imposto de renda.

Yrigoyen (2013, p. 83) informa que, embora a Lei 22.431 estabeleça a reserva de cargos públicos em 4%, o percentual de cumprimento é de apenas 0,48 %, inferior ao percentual da iniciativa privada no Brasil.

45 Conforme informações disponíveis nos sites

<https://treaties.un.org/Pages/ViewDetails.aspx?src=TREATY&mtdsg_no=IV-15-a&chapter=4&lang=en> e <https://treaties.un.org/Pages/ViewDetails.aspx?src=TREATY&mtdsg_no=IV-15&chapter=4&lang=en>. Acesso em 12/12/2015.

46 Disponível em <http://infoleg.mecon.gov.ar/infolegInternet/anexos/20000-24999/20620/texact.htm>. Acesso

Em 2001, houve a promulgação da Lei 25.50447, que instituiu um certificado único de

deficiência, emitido pelo Ministério da Saúde da Nação.

Por fim, em 2013, foi promulgada a Lei 26.81648, que disciplina o Regime Federal de

Emprego Protegido para Pessoas com Deficiência na Argentina, buscando incluir a pessoa com deficiência no mercado de trabalho através de organizações que façam a ponte com a empresa. Nessa legislação, não há previsão de sistema de reserva de vagas na iniciativa privada.

2.1.2. Bolívia

A Constituição da Bolívia de 200949, em seu art. 14, II, consagra o direito à igualdade

e proíbe a discriminação de qualquer natureza. No art. 70, prevê o direito de toda pessoa com deficiência de trabalhar em condições adequadas, de acordo com suas habilidades e capacidades, com uma remuneração justa que garanta uma vida digna. Por sua vez, no art. 71, há previsão de adoção pelo Estado de ação afirmativa para promover a integração efetiva das pessoas com deficiência no campo produtivo, econômico, político, social e cultural, sem qualquer discriminação e condições.

No plano infraconstitucional, o Decreto Supremo 28.67150, criou o Plano Nacional de

Igualdade e Equiparação de Oportunidades para as pessoas com deficiência, definindo uma série de políticas, como a criação de ambientes de trabalho favoráveis e a formação profissional para pessoas com deficiência.

Merece registro também o Decreto Supremo nº 27.477/200451, de Inclusão da Pessoa

com Deficiência em Órgãos Públicos, que prevê reserva de vagas mínima de 4% para pessoas com deficiência em relação ao total de trabalhadores de cada órgão.

Por fim, em 2012, foi promulgada a Lei Geral para Pessoas com Deficiência (Lei nº 22352 de 02 de março de 2012), que em seu art. 13 prevê que o Estado promoverá o acesso das

pessoas com deficiência a todas as formas de emprego e trabalho digno, com remuneração justa, através de políticas pública de inclusão sócio-laboral da igualdade de oportunidades. Por sua

47 Disponível em <http://www.infoleg.gov.ar/infolegInternet/anexos/70000-74999/70726/norma.htm>. Acesso em

20/01/2016.

48 Disponível em <http://www.infoleg.gov.ar/infolegInternet/anexos/140000-144999/141317/norma.htm>.

Acesso em 20/01/2016.

49 . Disponível em <http://www.ftierra.org/index.php/generales/14-constitucion-politica-del-estado>. Acesso em

6/01/2016.

50 Disponível em <http://www.lexivox.org/norms/BO-DS-28671.html#norm>. Acesso em 6/01/2016. 51 Disponível em <http://www.lexivox.org/norms/BO-DS-27477.xhtml>. Acesso em 6/01/2016. 52 Disponível em <http://bolivia.infoleyes.com/shownorm.php?id=3645>. Acesso em 6/01/2016.

vez, no art. 34, há previsão de o Estado adotar planos para o desenvolvimento da pessoa com deficiência.

Não há adoção pela Bolívia de reserva de vagas na iniciativa privada, como existe na legislação brasileira. Existe apenas nos cargos públicos, porém não há sistema de estatística que indique o grau de efetividade da norma boliviana.

2.1.3. Chile

O Chile ratificou a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência incorporando também no direito interno todos os direitos humanos das pessoas com deficiência previsto na Convenção.

Com a ratificação, o Chile promulgou, em 2010, a Lei nº 20.42253 que estabelece

normas sobre igualdade de oportunidades e inclusão social das pessoas com deficiência, combatendo todas as formas de discriminação com base na deficiência. Contudo, a lei é criticada porque baseada apenas no modelo repressor, sem prevê medidas positivas eficazes, como o estabelecimento de cotas de emprego.

Em relação à estatística, o Primeiro Estudo Nacional de Deficiência54, realizado pelo

Instituto Nacional de Estatística em 2004, indica que cerca de 92% das pessoas com deficiência do Chile não frequentavam a escola.

Diferentemente do Brasil, o Chile não adota reserva de vagas, nem divulga dados sobre a inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho.

2.1.4. Colômbia

Na Colômbia, a Lei 36155 de 1997 prevê incentivos fiscais para as empresas que

possuírem pelo menos 10% de seus quadros com pessoas com deficiência.

Em 2013, foi promulgada a Lei 1.61856 com o objetivo de garantir o exercício efetivo

dos direitos das pessoas com deficiência mediante a adoção de políticas de inclusão. De acordo

53 Disponível em <http://www.leychile.cl/Consulta/buscador_avanzada>. Acesso em 13/01/2016.

54 Disponível em <http://www.ine.cl/canales/chile_estadistico/encuestas_discapacidad/discapacidad.php>.

Acesso em 13/01/2016.

55 Disponível em <http://www.secretariasenado.gov.co/senado/basedoc/ley_0361_1997.html>. Acesso em

10/01/2016.

56 Disponível em

<http://wsp.presidencia.gov.co/Normativa/Leyes/Documents/2013/LEY%201618%20DEL%2027%20DE%20F EBRERO%20DE%202013.pdf>. Acesso em 10/01/2016.

com a lei, o Ministério do Trabalho irá promover a capacitação profissional para o emprego de pessoas com deficiência e desenvolver planos e programas de inclusão de trabalho e geração flexível de renda.

Prevê, ainda, a possibilidade de o governo implementar, mediante decreto, um sistema de preferências para os empregadores privados que contratem pessoas com deficiência devidamente reconhecida.

A citada lei não estabelece cotas na iniciativa privada nem no serviço público para pessoas com deficiência, como existe em nosso país. Não há registro de divulgação de dados sobre a efetividade das normas colombianas.

2.1.5. Equador

Equador está no grupo dos países da América Latina que instituiu sistema de cotas na iniciativa privada, juntamente com o Brasil, o Peru e a Venezuela.

De fato, o art. 42, § 33, do Código do Trabalho do Equador57 estabelece que o

empregador público ou privado que tem vinte e cinco ou mais empregados é obrigado a reservar o percentual mínimo de 4% para pessoas com deficiência. Em relação ao setor público, esse percentual de 4% também é estabelecido no art. 64 da Lei Orgânica do Serviço Público58.

A Lei Orgânica de Deficiências do Equador59 também repete, em seu art. 47, o aludido

dispositivo tanto em relação ao setor público quanto ao setor privado, acrescentando-se que, quando se tratar de empregador nacional, o percentual deve ser distribuído igualmente nas várias localidades.

A Lei Orgânica de Deficiências exclui do cálculo do percentual as atividades das forças armadas, polícias, bombeiros e empresas públicas ou privadas de segurança e vigilância, sendo abrangido apenas as funções administrativas.

O Conselho Nacional para a Igualdade de Deficiência apresenta informação de que cerca de 88.56560 trabalhadores com deficiência estão incluídos no mercado de trabalho do

57 Disponível em <http://www.justicia.gob.ec/wp-content/uploads/2015/05/CODIGO-DEL-TRABAJO.pdf>.

Acesso em 10/01/2016.

58 Disponível em <http://www.oas.org/juridico/PDFs/mesicic4_ecu_org10.pdf>. Acesso em 10/01/2016.

59 Disponível em

<http://www.cepal.org/oig/doc/LeyesCuidado/ECU/2012_LeyOrg.deDiscapacidades_ECU.pdf>. Acesso em 10/01/2016.

60 Disponível em <http://www.consejodiscapacidades.gob.ec/wp-

equador.

Como se observa, o Equador adotou sistema de reserva de vagas na iniciativa privada, e no setor público, semelhante ao que ocorre em relação ao modelo brasileiro.

2.1.6. México

A Constituição do México consagra o princípio da igualdade e proíbe toda forma discriminação com base na idade, deficiência e condições de saúde (art. 1ª). O País também ratificou a Convenção Internacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência.

Em 2011, foi promulgada a Lei Geral para Inclusão das Pessoas com Deficiência61

estabelecendo, basicamente, um modelo repressor, com uma série de medidas contra a discriminação. Na aludida norma, há também reconhecimento do direito ao trabalho e a capacitação profissional em termos de igualdade de oportunidades (art. 9º). A lei, contudo, não prevê sistema de cotas como no Brasil e em grande parte dos países europeus.

Entendemos que, quando comparado ao nosso País, o modelo brasileiro é mais inclusivo, porque existe reserva de vagas na iniciativa privada e no setor público.

2.1.7. Paraguai

A Constituição do Paraguai de 1992 estabelece em seu art. 6º que a qualidade de vida será promovida pelo Estado, através de planos e políticas que reconheçam condições como a pobreza extrema, impedimentos de deficiência ou idade.

No art. 46, é reconhecido o direito à igualdade material e a proibição de discriminação, com a obrigação do Estado de remover os obstáculos e evitar fatores discriminatórios.

No art. 58, há previsão de adoção política de prevenção, tratamento, reabilitação e integração das pessoas com deficiência. Por sua fez, no art. 88 há previsão de proteção especial para o trabalho da pessoa com deficiência.

Para concretizar o mandamento constitucional, o Paraguai conta com a Lei nº 4.720/2012 que criou o Secretaria Nacional para os Direitos Humanos das Pessoas com Deficiência - SENADIS, e com a Lei 3.585/200462, que cria o sistema de reserva de vagas

mínimo de 5% nos quadros do serviço público.

61 Disponível em < http://www.diputados.gob.mx/LeyesBiblio/ref/lgipd/LGIPD_orig_30may11.pdf>. Acesso em

12/01/2016.

Conforme matéria veiculada no site da TV ABC do Paraguai63 , de acordo com a

SENADIS, o percentual de pessoas com deficiência trabalhando no serviço público é de apenas 0,7%.

O Paraguai não adota sistema de cotas na iniciativa privada, uma diferença relevante ao modelo brasileiro.

2.1.8. Peru

A Constituição do Peru64 consagrou, no art. 2.2, o direito fundamental a igualdade e

proibiu a discriminação de qualquer natureza. Já no art. 7º prevê o respeito pela dignidade da pessoa com deficiência e o direito a um regime jurídico de proteção, assistência, reabilitação e segurança.

Em seu art. 26.1, consagra, nas relações de trabalho, o princípio da igualdade de oportunidades, sem discriminação,

No plano infraconstitucional, antigamente, as questões relativas às pessoas com deficiência eram disciplinadas pela Lei Geral da Pessoa com Deficiência65 (Lei nº 27.050/1999),

que não estabelecia cotas de empregos.

Em 2012, foi promulgada outra Lei Geral da Pessoa com Deficiência66 (Lei nº 29.973

de 13 de dezembro de 2012, com a finalidade de estabelecer um quadro jurídico para a promoção, proteção e desempenho em pé de igualdade, dos direitos da pessoa com deficiência, promovendo o seu desenvolvimento e inclusão plena e efetiva na vida social política, económica, cultural e tecnológico.

Em seu art. 49, a Lei nº 29.973 prevê sistema de cotas de emprego de no mínimo 5% no setor público e de, no mínimo, 3% no setor privado, para empresas com 50 ou mais empregados. No mesmo artigo, há previsão de destinação dos valores das multas aplicadas pelo descumprimento da cota para programas de formação profissional de pessoas com deficiência e de colocação no emprego.

No art. 50, consagrou o direito a adaptação razoável, incluindo a a adaptação de 63 Disponível em <http://www.abc.com.py/nacionales/incumplen-ley-que-exige-contratacion-de-personas-con- discapacidad-1301615.html>. Acesso em 16/01/2016. 64 Disponível em < http://spij.minjus.gob.pe/CLP/contenidos.dll?f=templates&fn=default- constitucion.htm&vid=Ciclope:CLPdemo>. Acesso em 20/01/2016. 65 Disponível em <https://apps.contraloria.gob.pe/pvl/files/Ley%2027050%20-%20Ley%20Persona%20con%20Discapacidad.pdf >. Acesso em 20/01/2016.

ferramentas, máquinas e ambiente de trabalho e ajustes na organização do trabalho e da jornada, de acordo com as necessidades dos trabalhadores com deficiência.

Já em seu art. 54, cria também a figura da empresa de promoção de pessoa com deficiência, que é aquela constituída sob qualquer forma de organização, que pelo menos 30% do seu quadro de pessoal, sendo 80% deste diretamente relacionadas à atividade-fim. Tais empresas, conforme arts. 56 da lei, têm preferência nos processos de contratação de bens, serviços ou obras da administração pública, em caso de empate. Além disso, nos termos do art. 7, o Estado tem obrigação de reservar 5% dos recursos para financiamento de micro e pequenas empresas para destinação as empresas de promoção de pessoa com deficiência.

O Peru, dentre os Países da América Latina, possui um dos modelos mais inclusivos, com reserva de vagas na iniciativa privada e no setor público. Contudo, no plano fático, não se sabe sobre a efetividade do sistema peruano.

2.1.9. Uruguai

O Uruguai ratificou a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, respectivamente, através da Lei nº 18.418/200867 e da

Lei 18.776/201168.

Após a ratificação da Convenção, o Uruguai promulgou a Lei 18.651/201069

estabelecendo a proteção integral das pessoas com deficiência.

De acordo com a Lei 18.651/2010, estabelece, em seu art. 48, como política de estado, a orientação e reabilitação profissional às pessoas com deficiência, de acordo com sua vocação, capacidades e necessidade, buscando facilitar o exercício de atividade remunerada.

Já no art. 49, a Lei prevê a reserva de vagas mínima de 4% para pessoas com deficiência nos quadros da administração pública.

Vale menção ainda a Lei nº 19.133/201370 , que trata de emprego de trabalhadores

jovens e estabelece reserva de vagas das contratações anuais de 50% para trabalhadores jovens, sendo que destes, metade devem ser sexo feminino, 8% de jovens de ascendência africana, 3%

67 Disponível em <http://www.parlamento.gub.uy/leyes/AccesoTextoLey.asp?Ley=18418&Anchor=>. Acesso em

09/01/2016.

68 Disponível em <http://www.parlamento.gub.uy/leyes/AccesoTextoLey.asp?Ley=18776&Anchor=>. Acesso em

09/01/2016.

69 Disponível em <http://www.parlamento.gub.uy/leyes/AccesoTextoLey.asp?Ley=18651&Anchor=>. Acesso em

09/01/2016.

70 Disponível em < http://www.parlamento.gub.uy/leyes/AccesoTextoLey.asp?Ley=19133&Anchor=>. Acesso

de jovens com deficiência e 2% de jovens transexuais.

Não há dados sobre a efetividade do modelo uruguaio.

2.1.10. Venezuela

A Venezuela é um dos únicos países que, juntamente com o Brasil, Peru e o Equador, adota em sua legislação sistema de cotas para pessoas com deficiência nos empregos da iniciativa privada.

A Lei das Pessoas com Deficiência – LPD71, promulgada em 5 de janeiro de 2007,

estabelece em seu art. 28, o percentual mínimo de 5% tanto em no setor público como na iniciativa privada.

Não há, contudo, estatística atualizada sobre a eficácia social da mencionada lei em termos de inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho.

2.2. América do Norte 2.2.1. EUA

Neste item, estudaremos com mais profundidade o modelo americano porque os EUA foram o primeiro país a efetivar concretamente ações afirmativas. Além disso, possuem atualmente um dos melhores índices de inclusão da pessoa com deficiência no mercado do trabalho.

Os EUA são um dos únicos países do mundo a não ratificar a Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e no texto de sua Constituição não há dispositivo expresso sobre inclusão social da pessoa com deficiência, diferentemente da Constituição Brasileira, que possui mais de sessenta artigos tratando especificamente do assunto, em razão do status de norma constitucional conferido à aludida Convenção.

Isso não quer dizer, contudo, que os EUA não tenham se empenhado para promover a inclusão da pessoa com deficiência, como veremos a seguir.

71 Disponível em <http://www.minvih.gob.ve/faami/phocadownloadpap/Leyes-faami/discapacidad.pdf>. Acesso

2.2.1.1. Americans with Disabilities Act (ADA) e a proibição de discriminação por motivo de deficiência

A principal lei americana que trata da de inclusão social da pessoa com deficiência é a Lei nº 101-33672, de 26 de julho de 1990, conhecida como Americans with Disabilities Act

(ADA) ou Lei dos Americanos com Deficiência, promulgada na gestão do presidente americano

George HW Bush.

Há estudos indicando queda do número de empregos e aumento do número de benefício de assistência previdenciária após a aprovação da ADA. Nessa linha, a pesquisa de Bound e Waidmann (2000)73.

Outros estudos, porém, indicam que, com a promulgação da ADA a queda inicial no número emprego se deu em razão da demanda por educação para as pessoas com deficiência, a exemplo da pesquisa de Jolls (2004)74.

Algum tempo depois, precisamente 15 (quinze) anos após a promulgação da ADA, o número de empregados pessoas com deficiência começou a aumentar. O fato é que, nos dias atuais, aproximadamente 46% das pessoas com deficiência com idade entre 21 e 64 anos estão no mercado de trabalho dos EUA, sendo um percentual muito elevado no cenário mundial75.

No texto da ADA, o Congresso Americano expôs alguns motivos que levaram a publicar a mencionada lei, tendo como destaque: a existência, na época, de 43 milhões de pessoas com deficiência nos EUA, com tendência a aumentar diante do envelhecimento da população; e a histórica segregação da sociedade em relação às pessoas com deficiência, continuando a ser um grave problema social, com a persistência da discriminação sob várias formas, incluindo barreiras arquitetônica, de transporte, de comunicação, e em várias áreas, tais como emprego, educação e acesso aos serviços públicos.

O Congresso Americano considerou também os objetivos da Nação Americana em garantir a igualdade de oportunidades, a falta de recursos por parte das pessoas com deficiência para combater as discriminações e pesquisas estatísticas que indicavam que as pessoas com deficiência ocupavam posições inferiores na sociedade americana, sendo severamente prejudicados.

Por fim, mesmo sendo a primeira economia do mundo, o Congresso Americano levou

72 Disponível em <http://www.eeoc.gov/eeoc/history/35th/ thelaw/ada.html>. Acesso em 25/01/2015 73 Disponível em <http://www.nber.org/papers/w7975.pdf>. Acesso em 10/02/2015

74 Disponível em <http://www.nber.org/papers/w10528.pdf>. Acesso em 10/02/2015

em conta ainda o fato de a persistência da discriminação e do preconceito injusto custarem aos Estados Unidos bilhões de dólares em gastos desnecessários resultantes da dependência e da não produtividade.

Os objetivos da ADA vem mencionado no seu próprio texto, dentre os quais o de fornecer uma política nacional clara e abrangente para a eliminação da discriminação contra as pessoas com deficiência; para fornecer medidas uniformes, claras e eficientes para combate à discriminação contra as pessoas com deficiência; para garantir que o Governo Federal tenha um papel central na aplicação das normas estabelecidas na ADA em benefício das pessoas com deficiência; e para invocar a autoridade do Congresso para fazer cumprir a Emenda XIV, no sentido de regular o comércio, com intuito de abordar as principais áreas de discriminação enfrentadas no dia-a-dia por pessoas com deficiência.

A ADA é dividida em cinco capítulos, que tratam respectivamente de emprego (Title I), serviços públicos (Title II), barreiras arquitetônicas (Title III), telecomunicações (Title IV) e disposições gerais (Title IV).

Ao longo do presente texto, buscaremos trazer explicações sobre os dispositivos relacionados à área do trabalho, com as alterações promovidas pela ADA Amendments Act of

2008 (ADAAA) 76. Em seguida, será feita análise sobre os motivos que levaram a promulgação

da ADA Amendments Act of 2008 (ADAAA).

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