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O Monitoramento Internacional dos Direitos Humanos das Pessoas com Deficiência: o Comitê

I. O DIREITO AO TRABALHO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO ÂMBITO DOS

1.9. O Monitoramento Internacional dos Direitos Humanos das Pessoas com Deficiência: o Comitê

Com intuito de concretização dos direitos das pessoas com deficiência e monitorar as ações dos Estados Partes, a Convenção das Nações Unidas das Pessoas com Deficiência instituiu o Comitê dos Direitos das Pessoas com Deficiência

O Comité é formado atualmente por 18 peritos independentes (art. 24 – 2, 3 e 4), eleitos pelos Estados Partes. Entre suas atribuições está o exame de relatórios elaborados pelos Estados Partes, organização de debates, examinar comunicações de particulares, inclusive pessoas com deficiência e associações, e instaurar inquéritos em caso de suspeitas de violações graves ou sistemáticas da Convenção.

As normas e procedimentos de atuação são elaborados pelo próprio comitê, sendo que atualmente estão descritas no documento Regimento do Comitê sobre os Direitos da Pessoas Portadoras de Deficiência39.

Anda de acordo com a Convenção, os Estados Partes submeterão relatórios abrangentes, ao menos a cada quatro anos ou quando o Comitê solicitar, que serão analisados pelo aludido Comitê, que apresentará recomendações e sugestões (arts. 35 e 36).

Em relação ao Brasil, o Comitê analisou algumas questões40, a exemplo de

comunicação da Defensoria Pública de São Paulo e da Defensoria Pública da União, sobre a situação dos do direito à acessibilidade (artigo 9º), liberdade e segurança (artigo 14) das pessoas com deficiência nas instalações penitenciárias no Brasil, tendo o Comitê, em 31/07/2015, recomendado ao País41 que introduza “medidas eficazes para garantir a

39 Disponível em <http://www.refworld.org/docid/4eeefc302.html>. Acesso em 12/12/2015

40 Todos os documentos do Comitê em relação aos Brasil podem ser consultados através do site, no link

http://tbinternet.ohchr.org/_layouts/TreatyBodyExternal/TBSearch.aspx , selecionando-se o país Brasil e o tratado CRPD

41 Committee on the Rights of Persons with Disabilities. Office of the Public Defender’s Report to the Un

Committee on the Rights Of Persons with Disabilities - Subject: Situation of the Right to Accessibility (Article 9), Liberty and Security (Article 14) of Persons with Disabilities in Penitentiary Facilities in Brazil - July 31, 2015. Disponível em <http://tbinternet.ohchr.org/_layouts/TreatyBodyExternal/TBSearch.aspx>. Acesso em 03/02/2015.

acomodação razoável em ambientes prisionais, a fim de preservar a dignidade das pessoas com deficiência privadas de liberdade” e que, como medida urgente deve “abster-se de apresentar qualquer pessoa com deficiência às instalações penitenciárias não acessíveis, adotando medidas eficazes legislativas e outras para impedir que organismos de aplicação da lei, incluindo o poder judicial, para as pessoas encarceradas com deficiência sob tais condições”. Em relação à inclusão no mercado de trabalho, o Comitê analisou o Relatório de Monitoramento apresentado pelo Brasil em 2010, tendo concluído que

Trabalho e emprego (art. 27)

48. O Comitê está preocupado com a discriminação contra as pessoas com deficiências, especialmente as mulheres com deficiência no domínio do emprego, e sua persistente dependência em oficinas protegidas. Ele também está preocupado com o baixo observância do regime de quotas previsto empresas privadas de 100 ou mais funcionários.

49. O Comitê recomenda que o Estado Parte desenvolver e implementar, em consulta com as organizações representativas das pessoas com deficiência, estratégia coordenada para aumentar o emprego das pessoas com deficiência o mercado de trabalho aberto, incluindo medidas destinadas especificamente à mulheres com deficiência. Ele também recomenda a adoptar sem demora medidas para facilitar a transição do emprego para o mercado de trabalho segregado aberto42.

Ainda sobre a questão do trabalho e emprego, recentemente, em 15/04/2015, o Comitê recebeu petição das entidades ABRAÇA – Associação Brasileira para Ação por Direitos das Pessoas com Autismo, FCD BRASIL – Federação da Fraternidade Cristã de Pessoas com Deficiência, FBASD – Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down, Essas Mulheres, Instituto Baresi – Forúm Nacional de Pessoas com Doenças Raras e RIADIS – Rede Latinoamericana de Organizaciones de Personas com Discapacidad y sus Familias questionando o seguinte:

1. A legislação brasileira determina as sanções dirigidas a empresas privadas que não cumprem com as regras legais para a realização de adaptações razoáveis e garantir a acessibilidade no local de trabalho?

2. Que medidas foram adoptadas a fim de melhorar o controlo das empresas sujeitas à lei de cotas? Além disso, têm mecanismos de aplicação de sanções foram melhorados?43

42 Committee on the Rights of Persons with Disabilities. Concluding observations on the initial report of Brazil -

29 September 2015. Disponível em <http://tbinternet.ohchr.org/_layouts/TreatyBodyExternal/TBSearch.aspx>. Acesso em 03/02/2015.

43 Committee on the Rights of Persons with Disabilities. List Of Issues – Brazil - List of Issues recommended by

Brazilian DPOs for the Brazilian State review by the UN Committee on the Rights of Persons with Disabilities. Brazil, 15 April 2015. Joint submission by: 1. ABRAÇA - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA AÇÃO POR DIREITOS DAS PESSOAS COM AUTISMO - http://abraca.autismobrasil.org/; 2. FCD BRASIL - FEDERAÇÃO DA FRATERNIDADE CRISTÃ DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA - http://www.fcdbr.com.br/portal/; 3. FBASD - FEDERAÇÃO BRASILEIRA DAS ASSOCIAÇÕES DE SÍNDROME DE DOWN -

Por fim, o Comitê publicou um documento sobre a matéria trabalho e emprego intitulado “Apresentação Conjunta para o Comité da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência: uma visão geral da Sociedade Civil Brasileira”44, em que faz as

seguintes recomendações ao Brasil:

• Reconhecer através de legislação nacional, política e praticar a obrigação de prever adaptações razoáveis no emprego e na negação da realização de adaptações razoáveis como uma forma de discriminação baseada na deficiência. Assegurar a formação e sensibilização para os setores público e privado sobre a sua obrigação de prever adaptações razoáveis no local de trabalho.

• Desenvolver, em ambos os sectores público e privado, programas de inserção laboral de pessoas com deficiência, considerando também horários flexíveis e empregos a tempo parcial, e promover a adaptação e programas ocupacionais, técnica e profissional, tendo em conta as novas tecnologias da informação e comunicação como meios para facilitar maiores oportunidades no mercado de trabalho para pessoas com deficiência

• Promover oportunidades empresariais, trabalho independente, constituição de cooperativas e criação de micro e pequenas empresas das pessoas com deficiência e o fortalecimento das já existentes e considerar a criação de fundos e linhas de crédito flexíveis para tais fins.

• Certifique-se de que as medidas que visam o reconhecimento da empregabilidade dos trabalhadores com deficiência são tidas em conta nos acordos coletivos com sindicatos.

Como se observa, o Comitê dos Direitos das Pessoas com Deficiência é um importante órgão de monitoramento internacional sobre os direitos das pessoas com deficiência, que se bem utilizado pelas entidades públicas, pelas entidades de defesa das pessoas com deficiência e especialmente pelas próprias pessoas com deficiência, poderá acelerar o processo de inclusão social e emancipação da pessoa com deficiência.

http://www.federacaodown.org.br/portal/; 4. ESSAS MULHERES - http://www.essasmulheres.org/; 5. INSTITUTO BARESI - FÓRUM NACIONAL DE PESSOAS COM DOENÇAS RARAS - http://institutobaresi.com/; 6. RIADIS - RED LATINOAMERICANA DE ORGANIZACIONES DE PERSONAS COM DISCAPACIDAD Y SUS FAMILIAS - <http://www.riadis.org/. Disponível em http://tbinternet.ohchr.org/_layouts/TreatyBodyExternal/TBSearch.aspx>. Acesso em 03/02/2015.

44 Committee on the Rights of Persons with Disabilities - 1st Joint Submission to the Committee on the Convention

on the Rights of Persons with Disabilities: an overview from the Brazilian Civil Society – July, 2015. Disponível em <http://tbinternet.ohchr.org/_layouts/TreatyBodyExternal/TBSearch.aspx>. Acesso em 03/02/2015.

II. EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS SOBRE A INCLUSÃO DA PESSOA COM

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