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3.2 EXEMPLOS DE PROPOSTAS IMPLANTADAS NO BRASIL

3.2.4 Extrema Minas Gerais – Projeto Conservador de Água

O Município de Extrema, localizado no sul do Estado de Minas Gerais, foi emancipado no ano de 1901, estando distante 408 Km da Capital Belo Horizonte e a 100 Km de São Paulo. De acordo com sua posição geográfica, encontra-se inserido na Região do Espigão Sul da Serra da Mantiqueira. As águas que nascem nessa região representam um dos principais mananciais que abastecem o Sistema Cantareira [8].

Parte da economia provém da agricultura. O município apresenta predominância de propriedades rurais com áreas menores que 10 hectares e com um número significativo de terras de propriedades tradicionais fragmentadas [68].

Ao longo do tempo várias iniciativas de proteção ambiental foram sendo postas em prática no município, levando a ocupar uma posição de destaque e a receber prêmios a nível estadual. Entre2006 e 2009, uma das iniciativas criadas foi o Programa “Água é Vida – Cuidando dos Recursos Hídricos, com o objetivo de implantar ações para o manejo e monitoramento na preservação dos recursos hídricos em bacias hidrográficas da região.

posteriormente alterada pela mais recente Lei nº 15.910, de 21 de dezembro de 2005, regulamentada pelo Decreto nº 44.314, de 07 de junho de 2006.[67].

Além da implantação de um barco escola e da criação do projeto Conservador de Águas, o qual se fundamenta nos princípios do PSA [68].

Ainda de acordo com a autora, o Programa Conservador de Águas é considerado como uma experiência pioneira na implantação de mecanismos de PSA para a preservação específica dos recursos hídricos. Ele surgiu de modificações do projeto Água é Vida, desenvolvido pela Prefeitura Municipal e apoiado pelo programa da ANA. Para ela, o programa foi considerado inovador devido ao seu objetivo de preservação das APPs, RL e recursos naturais pertencentes a estas áreas, tendo como estratégias o apoio financeiro aos proprietários rurais que adotem medidas de preservação e manejo sustentável.

Jardim [68] salienta que o Município, ao longo de sua história, demonstrou preocu- pação com as questões ambientais. Entre 1996 a 1998 houve a participação no Projeto de Execução Descentralizada (PED), parte do Programa Nacional de Meio Ambiente – PNMA. Uma estratégia do Governo Federal de transferir a gestão de ações relacionadas ao desenvolvimento para outras esferas governamentais, capacitando prefeituras e comu- nidades buscando a promoção do desenvolvimento local sustentável. Em 1999, surgiu o Projeto Água é Vida com o objetivo de realizar ações de manejo sustentável das bacias hidrografias. E em 2001, após perceber que não se tinham dados suficientes em relação aos aspectos ambientais da região, foi realizado um estudo completo por uma empresa de consultoria para detectar a situação real do meio ambiente, abrangendo todas as pro- priedades rurais cadastradas. Desse estudo surgiu um diagnóstico socioambiental que apontou

[...] o modelo de uso do solo predominante no município, o uso da floresta como fonte de energia, a substituição da floresta pelos cultivos agrícolas e pecuária, a degradação dos solos, a perda da biodiversidade e a diminuição da renda do produtor rural [68].

Em 2002 foi sugerida uma parceria com o Programa Produtor de Água da ANA e, em 2003, com o apoio de representantes do Comitê PCJ33, técnicos da ANA e da TNC, foi

lançado o Programa Produtor de Águas pela Prefeitura de Extrema[68].

Santos [?], destaca que, apesar de fundamentado no Programa Produtor de Água, o programa de Extrema apresenta diferenças, como a forma de remuneração, onde o Produ- tor de Água remunera pela área que fornece os serviços ambientais de forma comprovada e o Conservador de Águas remunera de acordo com a área total da propriedade.

33Os Comitês das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jaguarí foram criados e implan- tados através da Lei Estadual (SP) nº 7.663/91, Lei Federal nº 9.433/97 (PCJ Federal) e Comitê da Bacia Hidrográfica dos Rios Piracicaba e Jaguarí, criado através da Lei Estadual (MG) nº 13.199/99 (CBH-PJ), conhecidos como Comitês PCJ, com o objetivo de promover o gerenciamento dos recursos hídricos de maneira descentralizada, participativa e integrada aos outros recursos naturais, considerando as características qualitativas e quantitativas e peculiaridades de cada bacia e contribuindo para sua preservação.[69].

Segundo Pereira et al. [70], o projeto teve início de forma oficial em 2005, com a promulgação da Lei Municipal nº 2.100, primeira lei municipal no Brasil que regulamenta o Pagamento por Serviços Ambientais para a proteção da água. Seu diferencial está no artigo 2º, onde o Executivo passa a ter autorização para incentivar financeiramente os proprietários rurais pertencentes ao programa, condicionado ao cumprimento de metas estabelecidas, iniciando-se o apoio assim que as ações são implantadas por, no mínimo, quatro anos. O autor destaca ainda que, nesta Lei, também foram determinados os valores de referência a serem pagos, fixados em 100 Unidades Fiscais de Extrema – UFEX34.

Com base em Pereira et al. [70], destaca-se que, por se tratar de um projeto inovador, que demonstrava o interesse do governo municipal pela conservação e preservação dos recursos naturais, especialmente, recursos hídricos, houve o apoio e parceria de vários segmentos. A ANA, em nível federal, em nível estadual, apoio do IEF – MG e, em nível da própria bacia, apoio do Comitê Federal do PCJ, além de parcerias com o setor privado, SABESP, e organizações não governamentais, The Nature Conservancy (TNC) e SOS Mata Atlântica.

O pagamento pelos serviços ambientais prestados ficou a cargo da Prefeitura Muni- cipal, responsável, também, pelo mapeamento, assistência técnica e gerenciamento das atividades realizadas. Já as demais entidades ficaram responsáveis pela fiscalização e fi- nanciamento de outros insumos necessários, como adubos e mudas, e pelo monitoramento e apoio das ações necessárias.

Em 2006, sancionou-se o Decreto nº 1.703/06 para regulamentar a Lei de 2005. Nela encontram-se descritas as metas que os proprietários devem atingir para fazer jus ao pa- gamento. Ficam definidos quem são os proprietários rurais aptos a aderir ao programa e o apoio financeiro, fixando o pagamento das 100 UFEX por hectare ao ano, pagas até o dia 10 de cada mês, num total de 12 parcelas, mediante a realização de avaliações e moni- toramento a cada seis meses pela CODEMA e da elaboração de um relatório mensal pelo Departamento de Serviços Urbanos e Meio Ambiente. A CODEMA atesta o cumprimento de todas as metas, caso contrário, o proprietário tem o benefício interrompido.

Ainda no ano de 2006 foi publicado o Decreto nº 1.801/06 estabelecendo critérios para a implantação do Projeto Conservador de Águas e definindo, em seu Artigo 1º, onde o projeto deveria ser implantado.

Em fevereiro de 2009 foi publicada a Lei nº 2.482 instituindo o Fundo Municipal para Pagamento por Serviços Ambientais (FMPSA), assegurando os recursos financeiros necessários ao desenvolvimento do Projeto Conservador das Águas [70].

Segundo Peralta et al. [70], até o segundo ano de 2010 foram construídos 100.894

34Valor de referência adotado em Extrema para remunerar os proprietários participantes do programa. O valor da unidade fiscal é dado através do custo benefício e do custo de oportunidade das propriedades, considerando, para tanto, o valor correspondente ao arrendamento médio de pastagens por hectare ao ano, o que se deve ao fato desta ser a atividade predominante na região, sendo que, em 2005, quando da implantação do projeto, o valor de mercado para a área de pastagem era R$ 120, 00 por hectare ao ano, então, o valor proposto foi de R$ 141, 00, o equivalente a 100 UFEX, o que corresponde a R$ 1,40 o valor para cada unidade, valor este reajustado todos os anos. [71]

metros de cerca e mais de 150 mil mudas de árvores nativas foram plantadas. Desta forma promovendo a restauração de aproximadamente 75 hectares de área. Os autores destacam que o projeto contribuiu para a educação socioambiental e para a escolha de algumas práticas que visam à conservação do solo.

3.2.5

São Bento do Sul - Santa Catarin – Oásis São Bento do Sul: