• Nenhum resultado encontrado

O ENSINO DA MATEMÁTICA NO CONTEXTO DA PEDAGOGIA WALDORF

FABIANE PASSARINI MARQUES PIZANESCH

(PPGE/UFMT) MARTA MARIA PONTIN DARSIE (PPGE/UFMT)

RESUMO: Neste trabalho, apresentaremos

uma pesquisa que teve como objetivo anali- sar e compreender o ensino e aprendizagem da Matemática na concepção pedagógica Waldorf. Para tanto procuramos retratar o contexto pedagógico idealizado pelo filósofo e cientista austríaco Rudolf Steiner. Preten- demos neste trabalho, revelar o ensino da Matemática de alunos do 1º ano do Ensino Fundamental na respectiva pedagogia. A pesquisa teve como contexto, uma esco- la de Cuiabá que oferece Educação Infan- til, Ensino Fundamental I e II e como sujei- to: uma professora, que atua no 1º ano do Ensino Fundamental. Metodologicamente, adotamos a abordagem de cunho bibliográ- fico, qualitativa, e para produção dos da- dos nos pautamos em instrumentos como: o questionário de caracterização da escola e da professora, observações em sala de aula e entrevista estruturada. Os resultados da pesquisa indicam que, a professora pes- quisada considera o ensino da Matemática essencial para o cotidiano de seus alunos, relevante em todos os segmentos, assim deve ser trabalhada e vivenciada de forma viva, reflexiva e dinâmica, entende também que a Matemática auxilia e promove a com- preensão do meio que cerca o aluno e é importante na formação do indivíduo, para além dos conteúdos, para se situar peran- te o mundo, conforme preconiza Pedagogia Waldorf. A professora pesquisada acentua, que o ensino e aprendizagem da Matemá-

tica na concepção pedagógica em questão está correlacionado a atividades intrínsecas as funções vitais da criança, e em situações que priorizam o ritmo de desenvolvimento cognitivo, e da aprendizagem do aluno, visto que as estratégias pautadas na prática pe- dagógica Waldorf são inerentes a subjetivi- dade dos alunos.

PALAVRAS-CHAVE: Ensino e aprendiza-

gem; Matemática; Pedagogia Waldorf.

ABSTRACT: In this work, we will present a

research that aimed to analyze and under- stand the teaching and learning of Mathe- matics in the Waldorf Education Philosophy. For that, we try to portray the pedagogical context idealized by the Austrian philosopher and scientist Rudolf Steiner. In this work, we intend to reveal the teaching of Mathemat- ics to students of the 1st year of Elementa- ry School in the terms of this pedagogical philosophy. The research had as context, a school in Cuiabá that offers Early Childhood Education, Elementary School I and II and as a subject: a teacher, who works in the 1st year of Elementary School. Methodological- ly, we adopted a bibliographic, qualitative approach, and for the production of data we used instruments such as: the questionnaire to characterize the school and the teacher, observations in the classroom and a struc- tured interview. The research results indi- cate that the researched teacher considers the teaching of Mathematics essential for the daily life of her students, relevant in all seg- ments, therefore, it must be worked and ex- perienced in a lively, reflective and dynamic way, she also understands that Mathematics helps and promotes the understanding of the environment that surrounds the student

Capítulo 7 78

SABERES DOCENTES E FORMAÇÃO PROFISSIONAL: CURRÍCULO, PRÁTICAS E TECNOLOGIAS

and is important in the formation of the individual, to beyond the contents, to situate himself before the world, as recommended by Waldorf Education. The researched teacher em- phasizes that the teaching and learning of Mathematics in the pedagogical conception in question is correlated to activities intrinsic to the child’s vital functions, and in situations that prioritize the pace of cognitive development, and the student’s learning, since the guided strategies in Waldorf educational practice are inherents to each students’ subjectivity.

KEYWORDS: Teaching and learning; Mathematics; Waldorf pedagogy. 1 INTRODUÇÃO

Procurando compreender caminhos significativos e contemporâneos para a educa- ção Matemática nos aproximamos da Pedagogia Waldorf, cultura escolar a qual tem como fio condutor de suas práticas, a arte e uma visão do educando em sua integralidade.

Para tanto, buscamos entender a organização e o desenvolvimento do conhecimento nesta perspectiva assim, entendemos como um estudo qualitativo. O objetivo foi conhecer as concepções de educação matemática vivenciadas em tal escolas e suas formas alter- nativas de aprender matemática. Como ponto de partida, faremos algumas considerações sobre a Matemática e pedagogia Waldorf no contexto da Educação.

Atualmente mesmo diante de tantos avanços educacionais a Matemática ainda car- rega consigo o conceito de disciplina, de percepção complexa, aterrorizante, incompreensí- vel, calcada na lógica formal, embasada cientificamente por preceitos exatos, como pontua Ponte (1992, p,12). “[...] os formalismos da matemática disciplinam o raciocínio dando-lhe um caráter preciso e objetivo. ”

Entretanto, mesmo que timidamente, é notório que a Matemática vive seu processo de transformação, resultando em uma recontextualização gradativa, cedendo lugar para uma Matemática de acordo com a realidade social, cultural e intelectual do aluno, como aponta D’Ambrósio (2001), Muniz (2001) entre outros autores, em suas reflexões em rela- ção a esse movimento na disciplina na Matemática. Propiciando, assim, novas discussões, sobre como ensinar, para quem ensinar, entre outros componentes que permeiam o pro- cesso educacional da disciplina de Matemática.

Nos apoiamos também nos princípios da Etnomatemática que dentre outros objeti- vos, busca as relações existentes entre a Matemática e a cultura e/ou grupos sociais. Aqui consideraremos a cultura escolar Waldorf e o grupo social que comunga das ideais dessa cultura.

A pluralidade e a complexidade do cotidiano inserido no contexto humano não po- dem ficar reduzidas a uma explicação empirista ou racionalista, podem e devem ser enten- didos como resultantes de ações reflexivas.

Portanto, construtiva do aluno em relação ao objeto e o meio no qual está inserido, não se tratando diretamente do meio físico, e tão pouco se encontrando a priori nas pes- soas, em sua bagagem hereditária. “O ensino de Matemática, em consonância com essa visão, deve proporcionar ao aluno o envolvimento com os problemas da sua realidade so- ciocultural e a possibilidade de construir suas próprias soluções. ” (CURY, 1994, P.20).

Nesse caminho a aproximação com essa perspectiva começa a descortinar cami- nhos diferenciados para uma educação em função do homem e o eu, caindo por terra con- ceitos pedagógicos arcaicos e arraigados que vislumbram apenas formar o homem para a competitividade sem estimular sua competência. E como descreve Freire (2011):

Como professor sou crítico, sou um ”aventureiro” responsável, predisposto a mudança, a aceitação do diferente. Nada do que experimentei em minha atividade docente deve necessariamente repetir-se. Repito, porém, como inevitável, à franquia de mim mesmo, radical, diante dos outros e do mundo. Minha franquia ante os outros e o mundo mesmo e a maneira radical como me experimento enquanto ser cultural, histórico, inacabado e consciente do inacabamento (p.49 e 50).

E nessa perspectiva pedagógica de formar o ser humano crítico e completo como se dá o ensino da matemática? Uma vez que a Matemática carrega o estereótipo de ser o en- trave no processo formativo de grande parte dos alunos, seja por ser de difícil compreensão ou pela forma como é transmitida aos alunos.