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Os fatores afetivos, assim como a motivação, são responsáveis pelo bom desempenho seja do professor em pré-serviço, seja do aprendiz em sala de aula de LE. Nesse cenário que engloba todo o conjunto da formação do futuro profissional de línguas e do aprendiz de LE, observamos como é fundamental compreender sobre a interferência desses fatores nas relações humanas. Realçamos também que ensinar uma segunda língua é algo prazeroso e ao

mesmo tempo desafiador, pois por diversas vezes conseguimos resultados esperados e algumas vezes não atingimos os objetivos que tanto almejamos devido a emoções como motivação, ansiedade, autoestima, autoconfiança e outras, fatores que são abordados no decorrer dessa seção.

Pesquisas sobre a afetividade são discutidas na área da LA. Merecem destaque autores como Arnold e Brown (1999), LeDoux (1996), MosKowitz (1978) e outros. Para Arnold e Brown (1999), o que realmente é essencial na motivação é como deve ser direcionada, ou seja, a maneira como é firmada no interior do aprendiz. Gardner e Lambert (1972) identificam a motivação como uma ferramenta primordial no ensino de línguas, pois aprender um novo idioma também é fazer parte de uma nova cultura. Nesse contexto, o professor tem uma função central em relação à interação, à autoestima, à empatia e ao entusiasmo na sala de aula de LE. Ensinar com deleite acerca dos conteúdos nas aulas práticas, com certeza, deixará também os aprendizes mais entusiasmados e confiantes.

Leffa (2003, p. 239) assinala a relevância do deleite nas atividades em sala de aula, como pode influenciar no aprendizado do aluno, e ainda, controlar todo o sistema motor e cognitivo:

Um elemento importante para ampliar essa “fiação” do cérebro é a presença do prazer na atividade. Se a criança ou adulto não gostar do que estiver fazendo, se a aula for cansativa, a aprendizagem diminuirá ou deixará de ocorrer. O prazer afeta a produção de uma substância chamada dopamina, um neurotransmissor que envia mensagens de uma célula para outro no cérebro e que regula o desenvolvimento motor e cognitivo.

Verificamos, na visão de Leffa (2003), como o prazer torna-se seminal para ampliar a fiação do cérebro e atua como regulador do sistema motor e cognitivo. Nessa relação das pesquisas sobre motivação em aprendizagem de línguas, apresentamos autores considerados historicamente significativos, como Robert Gardner e Wallace Lambert (1972). Estes investigaram por um período de doze anos aprendizes de LE, no Canadá, em diversos locais dos Estados Unidos e nas Filipinas com o único objetivo de apontar como os fatores de comportamento e motivação influenciam no êxito da aprendizagem de línguas. Para tanto, faz-se necessário abordar a respeito da motivação extrínseca e intrínseca.

De acordo com Arnold e Brown (1999), a motivação extrínseca provém da vontade de receber um prêmio e ou livrar-se de uma punição; enquanto que a motivação intrínseca concentra-se na própria aprendizagem, o prêmio vem da experiência do aprendiz com o novo conhecimento adquirido. Além disso, a aprendizagem torna-se intrínseca quando os aprendizes sentem-se motivados e contentes com o que estão fazendo e estão buscando

conhecimento sem nenhuma promessa de recompensa.

Arnold e Brown (1999) destacam que a grande maioria das instituições escolares prioriza a motivação extrínseca, centrando o estudo em sala de aula, com notas, avaliações e também em disputa. Dado o exposto, consideramos que nossos alunos terão melhores desempenhos seguindo os princípios da motivação intrínseca, pois esta favorece uma aprendizagem mais autônoma. Brown (1994) salienta que muitas vezes os dois tipos de motivação estão presentes nas situações dos processos de ensino e aprendizagem. Para completar seu argumento, Brown (1994) descreve uma experiência de chineses aprendendo a língua inglesa nos Estados Unidos para propósitos acadêmicos, enfatizando que estes aprendizes também podem se tornar fluentes não somente para a academia, mas também para uma integralização na cultura americana.

Desta forma, depreendemos que tanto o aluno quanto o professor em formação podem até modificar o seu tipo de motivação, pois uma ou outra orientam para o desenvolvimento da aprendizagem. Diante disso, asseveramos que a essência para a aprendizagem de LE é a forma como é ensinada ao aprendiz.

2.3.1 Ansiedade

A ansiedade é um dos fatores afetivos mais abordados por autores no que diz respeito à aprendizagem de segunda língua. Arnold e Brown (1999) afirmam que a ansiedade é o fator que mais dificulta o processo de ensino e aprendizagem de um novo idioma. Os sintomas estão relacionados a pensamentos negativos de decepção, desprezo em geral, uma tensão enorme. Assim, a ansiedade na sala de aula de LE, de acordo com Horwitz et al. (1986) traz experiências desagradáveis para o aprendiz de línguas. Nesse contexto, podemos também relacionar os professores em pré-serviço em momentos da prática da disciplina Estágio Supervisionado em Língua Inglesa, que por muitas vezes se sentiam ansiosos em ministrar um segundo idioma.

Horwitz (2001, p. 120) argumenta que a “ansiedade vem de um sentimento subjetivo, de uma tensão do nosso sistema nervoso”. O autor sublinha que a ansiedade parte da identidade de cada pessoa, é algo subjetivo, relacionado a situações específicas. No que se refere à sala de aula de LE, a ansiedade se destaca pelas emoções negativas e desagradáveis nas atividades a serem realizadas. Gardner e Macintyre (1999) ressaltam que a ansiedade influencia a motivação e esta impacta a ansiedade.

ansiedade positiva, apontada por Alpert e Haber (1960). Segundo Brown (1994), vemos a ansiedade como um aspecto que atrapalha nossas conquistas e de que devemos nos distanciar. Mesmo assim, surge a ansiedade positiva, que se origina de uma angústia acerca de uma determinada atividade ou meta a ser cumprida, tornando isso um aspecto positivo. É interessante mencionar o sentimento de apreensão diante de escrever uma tese. Contudo, isso se torna apenas um grande sinal positivo para cumprir com excelência a escrita e a defesa da tese.

Brown (1994) chama a atenção para refletirmos sobre a ansiedade negativa. Com isso, o autor descreve um exemplo de alunos ansiosos em sala de aula. Se em diversas ocasiões percebêssemos uma ansiedade negativa em nossos alunos, seria bom averiguar se uma determinada tensão seria um aspecto positivo para o processo de ensino e aprendizagem. Desse modo, o autor destaca que tanto a ansiedade em demasia quanto de menos podem enfraquecer a dinâmica de uma aprendizagem significativa em língua estrangeira. Vale acentuar que é de responsabilidade de todo professor o papel de verificar até que ponto a ansiedade está interferindo ou beneficiando a aprendizagem dos educandos.

2.3.2 Autoestima e autoconfiança

A autoestima e a autoconfiança fazem parte dos fatores psicológicos. É nesse fator psicológico que notamos como alunos com a autoestima baixa tendem a ser menos confiantes e assim a terem muito mais dificuldade no desenvolvimento da aprendizagem. Ressaltamos que o aluno, quando desempenha uma atividade e esta é reforçada com incentivos para a compreensão de que todos nós somos capazes de realizar determinada tarefa, com certeza conseguirá mais confiança em si mesmo e, consequentemente, sua tarefa será bem- sucedida.

Brown (1994) assinala que a autoestima é o fator que mais envolve o comportamento humano, pois nenhuma tarefa afetiva ou cognitiva com um bom desenvolvimento pode ser consolidada sem algum nível de autoestima ou autoconfiança. O autor enfatiza ainda que há três graus de autoestima: o global, que marca a identidade de cada indivíduo; o situacional ou específico, que determina uma autoavaliação do indivíduo em algumas ocasiões da vida; e autoestima associada a atividades específicas e particulares, inseridas nas situações da vida.

Coopersmith (1967), psicólogo infantil do Estado da Califórnia, pontua como é relevante e significativo promover situações positivas nas experiências do nosso cotidiano com as crianças, pois a construção da autoestima depende muito de como as crianças são vistas e consideradas tanto no ambiente familiar como no âmbito escolar. Dessa maneira,

essas experiências positivas serão o ponto marcante para o excelente desempenho na aprendizagem. Como ressalta Verônica Andrés e Florência Andrés (1999), todos nós precisamos ser valorizados e sentir-nos queridos, principalmente as crianças na fase inicial da vida escolar, quando elas estão começando a erguer a sua autoimagem por meio das pessoas que estão a sua volta.

Sendo assim, precisamos fazer uma reflexão sobre como conduzir a aprendizagem de línguas, pois o sucesso depende também de um local em que as experiências situacionais sejam propícias a um crescimento e a um desenvolvimento da aprendizagem de forma significativa.

Nessa próxima seção, discorreremos sobre as crenças na formação dos professores de línguas.