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O cenário da pesquisa e o perfil das professoras em pré-serviço

3 PERCURSO METODOLÓGICO

3.3 O cenário da pesquisa e o perfil das professoras em pré-serviço

O cenário da investigação é a Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), campus de Balsas. É interessante salientar a origem da UEMA. No início, a Universidade teve sua

origem na FESM.2 Constituída inicialmente por quatro unidades de ensino superior, a Escola

de Administração, Escola de Engenharia, Escola de Agronomia e Faculdade de Educação de Caxias, a FESM incorporou a Escola de Medicina Veterinária, em 1975, e a Faculdade de Educação de Imperatriz, em 1979.

A FESM foi transformada em Universidade Estadual do Maranhão – UEMA pela Lei 4.400, de 30 de dezembro de 1981, tornando-se uma autarquia de natureza especial, vinculada à Secretaria de Ciências e Tecnologia do Estado. A UEMA goza de autonomia didático- científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, de acordo com o que preceitua o Art. 272 da Constituição Estadual, cujo funcionamento foi autorizado pelo Decreto Federal 94.143, de 25 de março de 1987.

A UEMA foi, posteriormente, reorganizada pelas Leis nº 5.921, de 15 de março de 1994, e 5.931, de 22 de abril de 1994, alterada pela Lei nº 6.663, de 04 de junho de 1996. A princípio, esta IES foi vinculada à Secretaria Estadual de Educação. Após a reforma administrativa implantada pelo Governo do Estado, em 1999, a SEDUC foi transformada em Gerência de Estado de Desenvolvimento Humano – GDH. A UEMA foi desvinculada da GDH pela Lei Estadual nº 7.734, de 19.04.2002, que dispôs novas alterações na estrutura administrativa do Governo e passou a integrar a Gerência de Estado de Planejamento e Gestão. Nesse contexto, surge, em 1994, o Centro de Estudos Superiores de Balsas (UEMA- CESBA) com os primeiros cursos de graduação, as licenciaturas em Letras e Matemática.

Diante dessas informações verificamos como surgiu a instituição UEMA. Nesse sentido, a nossa investigação está direcionada pela disciplina de Estágio Supervisionado em Língua Inglesa, componente curricular do curso de licenciatura em Letras Português/Inglês e respectivas Literaturas, e configura-se como um espaço de construção e reconstrução dos conhecimentos teórico-práticos a partir do confronto com a realidade escolar. Oferecida primeiramente a parte teórica para discussões e planejamento para o estágio, logo em seguida acontece a parte prática, isto é, a regência pelos professores em formação. Sendo assim, iniciamos a pesquisa com 5 participantes, professores em pré-serviço do curso de Letras com um estudo longitudinal para a coleta e análise dos dados.

As acadêmicas participantes desta pesquisa atuam como professoras em pré-serviço, matriculadas na disciplina de Estágio Supervisionado do Curso de Letras da UEMA, campus Balsas.

Quadro 2 – Perfil dos professores em pré-serviço Professores Idade Ministrou aulas

em que turno?

Motivo da escolha do curso

Sente-se motivada

Luana 21 Vespertino Conselho da família. Sim.

Aline 23 Vespertino Identificação com o idioma.

Bastante.

Talia 32 Matutino Sucesso com a LE. Sim.

Milena 32 Vespertino Desejo de ser professor de LE.

Sim.

Karina 24 Matutino/vespertino Incentivo dos amigos. Sim.

Fonte: Elaborado pela autora.

As discentes ministraram aulas de Língua Portuguesa e Língua Inglesa e respectivas literaturas. A faixa etária era entre 21 a 32 anos de idade; atribuímos nomes fictícios para cada aluna, com o intuito de preservar-lhes suas identidades. Assim, as denominamos de Luana, Aline, Talia, Milena e Karina. As cinco participantes estudaram em escolas públicas e foram incentivadas a cursar Letras por diversos motivos: pelo conhecimento da Língua Inglesa, por fatores econômicos, estabilidade no trabalho e por insistência da família. Vale ressaltar que os 8º e 9º períodos de Letras são marcados por estudos intensivos que envolvem várias disciplinas: Literatura Brasileira do Modernismo às Tendências Contemporâneas, Produção Acadêmico Científico, Literatura Inglesa do Romantismo às tendências Contemporâneas, Estágio Curricular em Língua Inglesa Ensino Médio e Estágio Língua Inglesa Ensino Fundamental. Tais disciplinas procuram trabalhar de forma interdisciplinar, voltadas para a formação do profissional de Letras.

No percurso da pesquisa utilizamos questionários, entrevistas e narrativas (os relatórios de estágio) com o objetivo de investigar as crenças e emoções dessas professoras em formação inicial e seus impactos na (re) construção de suas identidades profissionais; identificar as crenças e emoções relacionadas ao estágio de LE construídas pelas professoras em pré-serviço; e ainda, verificar como se posicionam em relação à interdisciplinaridade nas atividades de sala de aula e como elas estão relacionadas às emoções na prática docente.

Nesta direção, é pertinente abordarmos as questões sobre identidade do professor. Nesse sentido, a identidade profissional do professor em formação está permanentemente em caráter de transformação, uma vez que ela paira sobre a vida desse professor desde o primeiro instante da escolha de sua profissão. Vale enfatizar que a identidade do professor de línguas é

construída por meio da interação social e pelo contexto histórico, e também recebe influência das vivências anteriores à sua formação universitária (TELLES, 2004).

De acordo com Fernandes (2005, p. 10), “identidade do professor, portanto, também se constrói nas diferentes práticas discursivas em que ele se engaja e pelas quais se relaciona com o outro”. Dessa forma, a identidade do professor de línguas é um processo contínuo e tem como base as questões sobre sua prática docente, suas histórias de vida, seu processo de ensino e aprendizagem, de suas crenças e de suas emoções.

Diante dessas abordagens, percebemos que o curso de Letras também contribui para a formação dessa identidade profissional, proporciona oportunidades de práticas de ensino; sobretudo também o Estágio Supervisionado. Assim, o processo formativo torna-se essencial para que o futuro profissional de Letras possa compreender, reconhecer e transformar suas práticas identitárias.

Sob esse viés formativo é crucial verificar acerca do gênero relatório de estágio. Para tanto, Barbosa (2014 p.166) salienta que “ao narrar e (re)contar estórias e experiências vividas em sala de aula, os professores em formação são capazes de (re)viver e (re)formular atitudes de forma crítica e reflexiva”. Para a autora, os professores em formação, após reviverem as experiências e atitudes durante o estágio, podem reformular sua prática pedagógica alinhando teoria e prática de forma crítica e reflexiva. Trataremos, na seção seguinte, acerca do projeto pedagógico do curso de Letras - UEMA, este estudado durante os anos de pesquisas. Contudo, o projeto atual está em fase de modificação e restruturação. E ainda, realçamos as considerações sobre o Estágio Supervisionado.

3.4 O projeto político pedagógico do curso de Letras-UEMA e o Estágio Supervisionado