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4 IMPORTÂNCIA DO ENSINO DO VOCABULÁRIO NA EDUCAÇÃO DE

4.3 FATORES QUE INFLUENCIAM A APRENDIZAGEM SEGUNDO A

A pesquisa sobre a aquisição e o uso da linguagem pode ser dividida em configurações (settings) de aprendizagem da primeira e segunda linguagem. A literatura sobre a aprendizagem da primeira linguagem é mais relevante para o desenvolvimento da criança, enquanto a aprendizagem da segunda linguagem está primeiramente ligada à aprendizagem do jovem e do adulto, ela não está tão interessada assim na maneira em que a criança aprende, embora a maioria das teorias de aprendizagem da linguagem se aplique aos dois e não costumem fazer muita distinção entre estes, mesmo não estando claro se processos psicológicos diferentes estão envolvidos na aprendizagem da primeira e da segunda linguagem, existem diferenças na maneira como adultos e crianças aprendem (KRASHEN, 1988; LYON, 1981).

De acordo com Gagné (1965)20 existem diferentes tipos de níveis de aprendizagem. A significância destas classificações é que cada tipo requer uma instrução diferente. Podemos classificar a aprendizagem em cinco categorias: verbal, informativa, passos intelectuais, estratégias cognitivas, passos motores e atitudes. Diferentes condições internas e externas são necessárias para cada tipo de aprendizagem. Por exemplo, para estratégias cognitivas serem aprendidas é necessário que haja uma chance de se praticar o desenvolvimento de novas soluções para problemas; o aprendiz deve ser exposto a um modelo ou argumentos persuasivos.

Pessoas de todas as idades tem o potencial para aprender (algumas pessoas com uma aprendizagem mais rápida do que outras). A idade pode afetar, ou não, a velocidade de aprendizagem das pessoas, considerando as variações individuais na maneira como estas aprendem. Mas com certeza os primeiros dez anos de vida de uma criança são os melhores momentos para se aprender um novo idioma porque o cérebro humano ainda possui toda sua flexibilidade e plasticidade , característica esta que o capacita a reter uma grande quantidade de informação linguística (VYGOTSKY, 1984, 1987; PIAGET, 1972).

Na Babilônia e no antigo Egito o homem procurava entender a complexidade de suas habilidades cognitivas, e especialmente a capacidade de assimilar línguas. Hoje, o que a neurolinguística, a psicologia e a linguística conhecem, e que de forma geral é aceito, é uma série de hipóteses que procuram explicar esta habilidade do ser humano. Essas hipóteses são resultado de estudos científicos que ajudam a explicar não só o desempenho cognitivo do ser humano, mas também as diferenças entre crianças e adultos.

Então, uma abordagem mais natural na aquisição de uma segunda língua, como a proposta por Krashen (1988), nos oferece uma melhor compreensão sobre as necessidades epecíficas dos aprendizes. A influência de Krashen (1988) foi além deste método particular, como poder obervar em suas cinco hipóteses:

 A Hipótese de Aquisição/Aprendizagem: afirma que existem duas maneiras distintas de desenvolvimento da competência linguística para a aprendizagem

de um segundo idioma: a aquisição (usa a linguagem de "comunicação real") e a aprendizagem (conhecimento formal) de uma língua.

 A Hipótese da Ordem Natural: adquirimos as regras da linguagem em uma ordem previsível;

 A Hipótese Monitor: aprendizagem consciente;

 A Hipótese de Entrada: aprendizagem da linguagem através da compreensão de mensagens e;

 A Hipótese do Filtro Afetivo: um bloqueio mental, causada por fatores afetivos que impedem o aprendiz de conseguir a aquisição da linguagem.

Krashen (1988) enfatiza que temos que considerar diferentes tipos de fatores que afetam o desenvolvimento cognitivo: fatores biológicos; fatores cognitivos; fatores afetivos e de ordem psicológica e; de suma importância: o ambiente e o input linguístico.

4.3.1 Fatores Biológicos

Há vários estudos que dizem que o lado esquerdo é o lado lógico, analítico, enquanto que o direito é o lado criativo, artístico, sensível à música, responsável pelas emoções. Então, de acordo com Krashen (1988) a assimilação da língua ocorre via hemisfério direito é sedimentada no hemisfério esquerdo como habilidade permanente e, pelo fato das crianças terem uma maior interação entre os hemisférios cerebrais, elas tem um maior e melhor desempenho linguístico, melhor acuidade auditiva e maior flexibilidade muscular do aparelho articulatório de sons. Nesta tese, não nos ateremos a esmiuçar estes estudos relativos aos fatores biológicos por entendermos que este não é o nosso foco. Centramo-nos mais nas indagações referentes aos fatores psico-afetivos que influenciam a aprendizagem.

4.3.2 Fatores Cognitivos

Em se tratando de diferenças de aprendizagem entre crianças e adultos, por já estarem prontos para lidarem com conceitos abstratos (pelo menos, assim se espera), os adultos conseguem compreender a estrutura gramatical da língua estrangeira bem como de sua própria língua mãe. O interessante também é que conseguem participar de situações artificais para o exercício da língua, e a criança não (KRASHEN, 1988; LEFFA, 1988; NEVES, 1996).

Krashen (1988) em sua hipótese de aquisição da linguagem (language acquisition), que ocorre de modo natural ao desenvolver habilidades através de assimilação natural, intuitiva, inconsciente, nas situações reais e concretas de ambientes de interação humana), estabelece uma distinção clara em relação à aprendizagem a linguagem (language learning), que é o acúmulo de conhecimento através do estudo formal, por meio de esforço intelectual e de capacidade de raciocínio lógico. Ele sustenta enfaticamente a predominância de aquisição (acquisition) sobre a aprendizagem (learning) no desenvolvimento de proficiência em línguas (KRASHEN, 1988).

Em se tratando de jovens e adultos, é de suma importância então que a ênfase sobre a aquisição da linguagem deve ser uma constante no planejamento do professor, pois a participação ativa do sujeito em sua aprendizagem é essencial, pois esta valoriza o ato comunicativo e desenvolve a autoconfiança do aprendiz ao partilhar com este suas experiências e anseio como professor facilitador.

4.3.3 Fatores Afetivos e de Ordem Psicológica

Fatores de ordem psico-afetiva podem causar um impacto direto na capacidade de aprendizagem dos alunos, por isto, a hipótese do filtro afetivo (affective filter21

), de

21 The Affective Filter hypothesis – o conceito foi primeiramente proposto por Dulay and Burt “Viewpoints on English as a Second Language” New York: Regents (1977) Dulay, H. and Burt, M. (1977), 95-126) e amplamente teorizado pro Krashen.

acordo com Krashen (1988), é outro aspecto importante que influi no aprendizado de línguas tais como:

 Desmotivação: a falta de situações autênticas ao vivenciar uma língua estrangeira; experiências frustantes no passado, vivência com professores altamente exigentes que, por não saberem distinguir o que é educação para a vida e educação de banca cobram demasiado de seus alunos;

 Perfeccionismo: a pessoa não quer correr o risco de cometer deslizes;  Falta de autoconfiança: a pessoa não acredita em seu potencial;

 Dependência da eloquência: comunicar-se, seja em que idioma for, necessita de vocabulário, de leitura, de vivência com a língua erudita e formal;

 Autoconsciência: medo do que os outros irão pensar dele;

 Ansiedade: causada pela expectativa excessiva de obtenção de resultados e;  Provincianismo: fechar-se em um mundo que poucos tem acesso e não estar

aberto ao novo.

Todos esses bloqueios à aprendizagem de uma língua estrangeira representam um obstáculo que a pessoa mesmo se coloca em crescer profissionalmente, em se relacionar com os outros, e, na maioria das vezes nem percebe que assim está fazendo, ela própria cria um obstáculo a outras culturas, novas sensações e novas experiências (KRASHEN 1988; NEVES, 1996).

Quando os alunos possuem um filtro afetivo baixo, estes adquirem uma segunda língua com maior facilidade e maior eficácia, pois não se preocupam com a possibilidade de fracasso na aquisição da língua. Por outro lado, um aluno com filtro afetivo alto se sente desmotivado, com grande ansiedade e baixa autoconfiança, sendo assim, ainda que exposto intensamente à língua estrangeira, não atingirá um bom nível linguístico (ou então atingirá em um tempo maior de estudo da língua e com muita dificuldade).

O ideal então é um filtro afetivo baixo, que faria com que o aprendiz estivesse tão envolvido na mensagem que temporariamente esqueceria que está ouvindo ou lendo outra língua (KRASHEN, 1988).