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4 IMPORTÂNCIA DO ENSINO DO VOCABULÁRIO NA EDUCAÇÃO DE

4.5 O SURGIMENTO DO INGLÊS INSTRUMENTAL: AS DEMANDAS

O fim da segunda grande guerra mundial em 1945 abriu novas expansões nas atividades científicas, técnicas e econômicas em escala internacional. Essa expansão criou um mundo unificado e dominado por duas grandes forças: a tecnologia e o comércio, os quais, logo fizeram surgir também uma vasta demanda para uma linguagem internacional.

Por várias razões, mais notavelmente devido ao poder econômico dos Estados Unidos no mundo pós-guerra, coube à língua inglesa esse papel. Em consequência desse desenvolvimento, surgiu outro tipo de aprendiz da língua, desta vez, não por prestígio ou por prazer, mas sim pela necessidade de usá-la como língua internacional do comércio e da tecnologia.

Uma vez que a língua inglesa se tornou aceita como língua internacional da tecnologia e do comércio, foi criada uma nova geração de aprendizes que já haviam definido exatamente o motivo pelo qual estavam aprendendo esta língua. Para trabalho, para estudo, para passeio, para intercâmbio científico, para pesquisas, para atividades culturais, para atividades sociais, enfim, várias razões. Os comerciantes, porque quererem vender seus produtos; os profissionais técnicos por necessitarem ler manuais de instrução; os médicos, por precisarem manter-se informados e atualizados em sua área de atuação e; sem deixar de falar dos estudantes, por quererem apropriar-se da leitura de livros, textos e jornais disponíveis apenas em inglês. E assim temos o mundo do trabalho envolvido em atividades que necessitam uma comunicação globalizada.

Esse desenvolvimento foi acelerado pela crise do Óleo dos anos 7023, o qual despertou o interesse massivo de fundos de investimento nos países do Oriente Médio. Com isso, o inglês se tornou extremamente importante e a pressão comercial

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A crise internacional do petróleo desencadeada em 1973, afeta o desenvolvimento industrial e aumenta o desemprego. Então, o presidente da Petrobras Ernesto Geisel propõe um projeto de abertura política “lenta, gradual e segura”, intensificando novos programas no setro energético a fim de suprir a demanda brasileira. http://www.petroequimica.com.br/edicoes/ed_231/ed_231a.html

começou a ser influenciada pela necessidade de aprendê-lo. Sendo assim, o efeito geral de todo esse desenvolvimento causou uma enorme pressão e demanda na busca de profissionais que dominassem a língua inglesa com o objetivo de promover a comunicação entre as nações. Enquanto a língua inglesa havia tomado seu próprio destino, nesse momento passou a ser sujeito de desejos, necessidades e demandas de todas as pessoas e não apenas dos professores de inglês. O inglês havia se tornado obrigatório no mundo todo e, estudá-lo apenas por prazer foi deixado de ser levado em consideração, agora era a necessidade de pessoas que falassem inglês no mercado de trabalho que movia a grande demanda de professores nessa área.

Novos desenvolvimentos na psicologia educacional contribuíram para o desenvolvimento do Inglês para Fins Específicos (English for Specific Purpose) ou ESP, enfatizando a importância central do aprendiz e suas atitudes a aprendizagem. Segundo Moraes (2005) as pessoas interessadas em aprender a língua inglesa apresentavam diferentes necessidades e interesses devido a sua área de atuação, a qual teria uma grande influência em sua motivação para aprender e, portanto, afetaria positivamente em sua aprendizagem. Esse fator contribuiu para a criação de cursos nos quais eram enfatizadas as necessidades e interesses dos alunos.

Uma forma padronizada de alcançar esses objetivos foi através do uso de textos da área de atuação dos estudantes com textos como na área de Administração para alunos de Administração, textos técnicos na área técnic e etc. E vamos mais além, hoje, com o advento da tecnologia onde a maior parte do conteúdo na grande rede internacional está em inglês, nada se faz se o aprendiz não tenta pelo menos se aventurar na língua, seja por saber ou usando tradutores de texto.

4.5.1 A Presença do Inglês Instrumental no Brasil

O projeto de Inglês Instrumental24 nasceu em 1978 como projeto de ensino coordenado pela Doutora Maria Antonieta Celani (PUC São Paulo)25. Em 1980, o

24 Até o final da década de 40, o ensino da língua inglesa era centrado na leitura e tinha por base o método do ensino da gramática e da tradução. A partir e por causa da Segunda Guerra Mundial, desenvolveu-se o método

projeto começou oficialmente financiado por agências nacionais e estrangeiras, estendendo-se até 1989 nas universidades e depois, estendeu-se para as escolas técnicas. Após este período, já contava com a participação de mais de setenta entidades, entre universidades, escolas técnicas e outras. O projeto passou por várias transformações. Começou voltado para universidades e depois de cinco anos, as escolas técnicas envolveram-se oficialmente e aos poucos foi se estendendo, buscando interesse de outras escolas.

No Brasil, de um modo geral, de acordo com o PCN em (2016):

Em Língua Portuguesa e Língua Estrangeira Moderna, a língua falada e escrita é o objeto prioritário de estudo [...]

Texto. As linguagens só se concretizam em textos. Para todas as

disciplinas da área exige-se o domínio do conceito de texto, em sentido amplo e não aquele que considera apenas a língua escrita ou falada. Um quadro, uma letra de música em língua estrangeira, um número de dança, uma partida de determinado esporte, o hipertexto são tipos específicos de texto. O domínio deste conceito dependerá de abstrações feitas a partir de textos estruturados nas linguagens específicas e predominantes nas disciplinas da área.

Contexto. Em cada disciplina é necessário considerar o contexto, que

particulariza a análise e a interpretação, além de permitir que os recursos expressivos sejam categorizados (em eficazes ou não-eficazes, por exemplo), considerando a intenção do interlocutor no momento de utilização desses recursos. O emprego de uma metáfora, por exemplo, pode ser extremamente eficaz num contexto, mas desastrosamente ineficaz em outro.

Sendo assim, o Inglês Instrumental é uma das inúmeras abordagens do ensino de língua inglesa que trata do inglês como língua técnica e científica. Focaliza o emprego de estratégias específicas. Seu objeto de ensino é o texto científico. O estudo da gramática restringe-se ao mínimo necessário, sendo normalmente associada ao texto. Como as escolas brasileiras não visam a comunicação oral em inglês é comum o emprego da língua portuguesa no momento de ministrar a aula, bem como as instruções para os exercícios também são em língua materna. Veja bem, é comum, mas não é o eticamente correto, pois quanto mais meu aluno apropria-se e vive um ambiente em que o segundo idioma é incentivado, mais rápido acontecerá sua aprendizagem.

áudio-lingual baseado nas teorias behavioristas e no final dos anos 70, a abordagem comunicativa se firmou ativada por novos valores educacionais, seguidas e acompanhadas pela abordagem lexical mais recentemente. 25 O histórico do projeto está relatado no livro “The Brazilian ESP Project an Evaluation”, editado por M.Celani, J.Holmes, R..Ramos e M.Scott.

Dentre as diversas nomenclaturas temos então diversos termos: General English (inglês geral) e English for Specific Purposes (Inglês para Fins Específicos). O inglês geral (GE), refere-se ao inglês ministrado nas escolas primárias, secundárias e especiais. É o tipo de aprendizagem, onde as quatro habilidades são desenvolvidas ao mesmo tempo. Já no Inglês para Fins Específicos (ESP) ou English for Specific

Purpose, temos: English for Science and Technology (Inglês para a Ciência e a

Tecnologia), também chamado de inglês técnico, voltado à ciência e à tecnologia, originando English for Occupation Purpose (Inglês para Profissões Específicas) que se direciona a fins de trabalho e o English for Academic Purpose (Inglês para Fins Acadêmicos). No English for Business and Economics (Inglês para Empresários), encontramos English for Economics (Inglês para Economia) e English for Secretaries (inglês para Secretárias). Por fim, English for Social Sciences (Inglês para as Ciências Sociais), envolvendo, English for Psychology (Inglês para Psicologia) e

English for Teaching (Inglês para o Ensino).

No Ensino Médio Brasileiro a língua inglesa é ensinada baseada em gramática e análise gramatical sendo como mostrado na Figura 7 a seguir, mas, o que realmente precisamos é de uma real interação social, com uma perspectiva voltada para o mundo do trabalho (FREIRE, 1963, 1967, 1970, 1973).

É nesse sentido que a construção do significado é social, pois os significados construídos no mundo social refletem os embates discursivos. Estes embates são caracterizados pela “confrontação entre discursos que veiculam percepções, crenças, visões de mundo, ideologias diferentes, entre outros aspectos” (PCN, 2015).

Os órgãos governamentais brasileiros, desde 2012, já se preocupam em oferecer aos alunos do Ensino Médio material didático que adote a linguagem como atividade social e política, o que significará um avanço na qualidade do ensino público brasileiro. Nesse contexto, a linguagem manifesta-se verbal e não verbalmente em diferentes línguas e culturas.

Portanto, acreditamos que, partindo-se de uma abordagem instrumental intercultural, torna-se possível (res)significar o ensino/aprendizagem da língua inglesa, estabelecendo uma relação mais significativa entre identidade e cultura, já que a

abordagem instrumental trabalha com fins específicos de aprendizagem e a abordagem intercultural “[...] não envolve uma simples apresentação de fatos, mas um processo crítico e social de compreender outras culturas em relação à sua própria cultura.” (MOTA, 2004, p. 48).

Figura 7 - Inglês no Ensino Médio

Nota: Elaborado pela autora.