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Passamos a apresentar, no Quadro 1, a Ficha Técnica, relativa ao primeiro ano do estudo.

Quadro 1 - Ficha técnica em relação ao 1.º ano

População: Ensino Regular (2.º e 3.º Ciclo)

Alunos 589

Professores 100 Pessoal Não Docente 39

Pais 589

Questionário de Alunos:

Distribuição dos questionários aos alunos das turmas escolhidas aleatoriamente. Amostra: Uma turma por ano (5.º, 6.º, 7.º, 8.º e 9.º Ano).

Taxa de participação: 18,2% (107 respostas).

 Amostragem Aleatória das turmas por ano, efetuada através de papéis colocados em duas urnas com os números 5 a 9 (5.º ao 9.º ano) e as letras A a F (turmas).

 Dado que, a elaboração das turmas não obedecem a critérios de escolha que passa pela classificação dos alunos por rendimento escolar, escolhe-se uma turma de cada ano como uma unidade estatística representativa da população desse ano. Essa escolha ou tiragem de papel com um número e uma letra foi efetuada consecutivamente.

 Turma escolhidas: 5C, 6F, 7A, 8C e 9B. Questionário de Pais e Encarregados de Educação:

Distribuição dos questionários aos Encarregados de Educação de turmas escolhidas aleatoriamente. Amostra: Uma turma por ano (5.º, 6.º, 7.º, 8.º e 9.º Ano).

Taxa de participação: 13,9% (82 respostas). Questionário de Professores:

Distribuição dos questionários a todos os professores. Amostra: Os professores que responderem. Taxa de resposta: 75% (75 respostas). Questionário de Pessoal Não Docente:

Distribuição dos questionários a todos os elementos do pessoal não docente. Amostra: Os elementos do pessoal não docente que responderem. Taxa de resposta: 71,8% (28 respostas).

174 Políticas Educativas, Eficácia e Melhoria das Escolas

O Quadro 2 apresenta a Ficha Técnica do segundo ano do estudo. Quadro 2 - Ficha técnica em relação ao 2.º ano

População: Ensino Regular (2.º e 3.º Ciclo)

Alunos 634

Professores 86 Pessoal Não Docente 38

Pais 634

Questionário de Alunos:

Distribuição dos questionários aos alunos das turmas escolhidas aleatoriamente no ano letivo anterior e, de forma a alargar a amostra, as turmas intervenientes do estudo sobre a indisciplina na sala de aula. Amostra: 5C, 6C, 7F, 8A, 9C, 8B, 8C, 8D, 8E e 8F.

Taxa de participação: 34,1% (216 respostas). Questionário de Pais e Encarregados de Educação:

Distribuição dos questionários aos Encarregados de Educação das turmas envolvidas em relação aos alunos.

Amostra: 5C, 6C, 7F, 8A, 9C, 8B, 8C, 8D, 8E e 8F. Taxa de participação: 21,5% (136 respostas). Questionário de Professores:

Distribuição dos questionários a todos os professores. Amostra: Os professores que responderem. Taxa de resposta: 87,2% (75 respostas). Questionário de Pessoal Não Docente:

Distribuição dos questionários a todos os elementos do pessoal não docente. Amostra: Os elementos do pessoal não docente que responderem. Taxa de resposta: 60,5% (23 respostas).

Questionário de Expectativas dos Professores em relação à classificação dos alunos:

Distribuição dos questionários a todos os professores de matemática das turmas do 8.º ano que preencheram emitindo a sua expectativa em relação a todos os alunos das suas turmas.

CONCLUSÕES

O contraste das hipóteses permite-nos retirar as seguintes constatações: 1. Como o valor do coeficiente Alpha de Cronbach é superior a 0,90, nos

questionários de todos os grupos da comunidade educativa, aplicados nos dois anos, considera-se que as escalas de avaliação podem ser

Políticas Educativas, Eficácia e Melhoria das Escolas 175 adaptadas e validadas para aferir a satisfação da comunidade educativa na escola do Ensino Básico.

2. Pode propor-se um modelo de satisfação dos alunos para os dados obtidos no primeiro ano, quer utilizando o esquema conceptual dos componentes de satisfação considerados nos questionários SERQUAL quer utilizando o esquema conceptual criado com base em fatores educativos que espelhem melhor a realidade de uma escola e um modelo de satisfação dos alunos para os dados obtidos no segundo ano.

3. Não existe relação significativa entre a satisfação dos pais e as expectativas dos professores.

4. O modelo mais indicado para a população-alvo do estudo será o proposto no segundo ano, embora os outros modelos possam ser aceites.

5. No modelo proposto no segundo ano, os indicadores mais fiáveis do fator “Recursos” é Q14-Instalações e equipamentos da escola (edifícios, laboratórios, salas, etc…), do fator “Clima” são Q2-Forma dos funcionários resolverem os problemas dos alunos e Q9-Os funcionários preocupam-se pelos alunos, do fator “Atendimento” é Q11-Tratamento em relação aos alunos (respeito e consideração) e do fator “Procedimentos” é Q4- Informação sobre assuntos respeitantes aos alunos (Regulamento Interno e outros). Quando se considera todo o modelo, os indicadores mais fiáveis são apenas Q2-Forma dos funcionários resolverem os problemas dos alunos e Q9-Os funcionários preocupam- -se pelos alunos.

Com base nas respostas relativas à satisfação dos alunos propostos (do primeiro e do segundo anos do estudo), pudemos verificar quais os indicadores considerados nos questionários utilizados que são decisivos para melhorar quer a satisfação desse grupo da comunidade educativa, quer algum fator considerado nos modelos. As equações estruturais permitem-nos esse tipo de análise, enquanto que

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a análise de médias obtidas por indicador permite a melhoria isolada desse indicador que, dependendo da finalidade, pode ser também importante.

Goodness of Fit Statistics Degrees of Freedom = 182

Satorra-Bentler Scaled Chi-Square = 314.261 (P = 0.00) Root Mean Square Error of Approximation (RMSEA) = 0.0583 Expected Cross-Validation Index (ECVI) = 1.926

Independence AIC = 5850.809 Model AIC = 412.261

Saturated AIC = 462.000

Non-Normed Fit Index (NNFI) = 0.952 Parsimony Normed Fit Index (PNFI) = 0.805 Comparative Fit Index (CFI) = 0.958 Incremental Fit Index (IFI) = 0.959 Relative Fit Index (RFI) = 0.918 Standardized RMR = 0.0664 Goodness of Fit Index (GFI) = 0.846

Adjusted Goodness of Fit Index (AGFI) = 0.804 2/gl = 314.26/182 = 1.73

Todos os valores se revelam adequados, pelo que podemos afirmar que o modelo aplicado configura um modelo que revela um bom nível de ajustamento.

Este modelo pressupõe a existência de correlação entre as quatro dimensões teóricas, pois verificam-se correlações significativas entre a primeira dimensão (recursos) e a segunda (clima) [0.81], entre a primeira (recursos) e a terceira (atendimento) [0.93], entre a primeira (recursos) e a quarta (procedimentos) [0.84], entre a segunda dimensão (clima) e a terceira (atendimento) [0.84], entre a segunda dimensão (clima) e a quarta (procedimentos) [0.68] e finalmente entre a terceira dimensão (atendimento) e a quarta (procedimentos) [0.92], como a Figura 1 demonstra.

Políticas Educativas, Eficácia e Melhoria das Escolas 177 Figura 1 - Modelo estrutural de satisfação dos alunos

178 Políticas Educativas, Eficácia e Melhoria das Escolas

O estudo permitiu identificar, em cada um dos quatro fatores que compõem o modelo, os indicadores de maior relevância, como se ilustra no Quadro 3.

Quadro 3 - Organização dos indicadores por fatores

Q Factor 1 – Recursos

14 Instalações e equipamentos da escola (edifícios, laboratórios, salas, …)

17 Tecnologia na escola (software, computadores, hardware e outra) para leccionar de forma actualizada e acompanhar a sociedade

18 Disponibilidade e acessibilidade aos computadores (incluindo internet) para os alunos utilizarem nas horas que mais lhe convêm.

20 Forma como respondem os serviços e as infra-estruturas de suporte (papelaria, reprografia, secretaria, bar, etc …).

21 Horário de funcionamento do centro de recursos.

8 Espaço de aprendizagem nas salas (conforto e apresentação) Factor 2 – Clima Escolar

1 Disponibilidade de professores e funcionários da escola para ajudar os alunos. 2 Forma de os funcionários de apoio resolverem os problemas dos alunos 6 Sociabilidade das pessoas da escola

9 Interesse sincero dos funcionários, pelos alunos. 19 Segurança e acessibilidade da escola

Factor 3 – Atendimento

5 Atenção individual dos professores aos alunos, quando é necessário.

7 Prontidão da resposta e com igual tratamento, dos funcionários, a perguntas e pedidos colocados pelos alunos.

11 Atenção e educação, das pessoas da escola em relação aos alunos.

12 Informação aos alunos de alterações nos horários ou eventos (actividades desportivas, visitas de estudo ou outras).

13 Preparação dos professores (pedagógica e cientificamente) para leccionar. Factor 4 – Procedimentos

4 Divulgação do regulamento interno aos alunos, nomeadamente sobre os aspecto disciplinar na sala de aula

22 Disponibilidade da escola para integrar alunos com necessidades educativas especiais 15 Eficácia na entrega de documentação (fichas, testes, informação do interesse dos alunos e

outra)

16 Disponibilidade dos professores para no relacionamento dom os alunos, os ajudarem e valorizarem todos de forma igual

Políticas Educativas, Eficácia e Melhoria das Escolas 179

PROPOSTAS E RECOMENDAÇÕES

A monitorização da satisfação da comunidade educativa é decisiva para o centro educativo saber se está no bom caminho, se tem de corrigir processos e procedimentos ou se tem de alterar tudo o que faz, ainda que pensando que estaria no bom caminho. Nos dias de hoje, é decisivo trabalhar com e para, os clientes internos e externos (grupos da comunidade educativa) de qualquer organização e, neste caso, de um centro educativo.

Pinto (2005) salienta que “o facto de existir uma cultura escolar comum (nacional, europeia, universal) não significa que todas as escolas sejam semelhantes, havendo elementos diferenciadores que levam à constituição de uma cultura escolar própria” (p. 187).

Para Dacal (2006),

a satisfação dos clientes deve interpretar-se como a capacidade da escola para formar os indivíduos a fim de terem êxito na sua vida privada e profissional e ajuda a que a Sociedade do Conhecimento conte com cidadãos capazes de contribuir para a convivência em comunidade e ao melhor funcionamento dos sistemas sociais (económico, sanitário, político,…) que fazem possível o bem-estar e progresso das pessoas e grupos (p. 20). Parece cada dia mais clara a ideia de que a avaliação pode ser uma ferramenta útil, um instrumento poderoso, ainda que, hoje por hoje, a nível institucional não eficazmente empregue. Para conseguir essa utilidade é necessário que passem a dar-se duas condições gerais: que nela predomine a componente endógena (e não só no aspeto metodológico); que não seja concebida como um fim em si mesmo, mas como um mecanismo de inovação – a avaliação não deverá limitar-se ao papel de um mecanismo de otimização de recursos (o qual é importante, mas insuficiente), antes devendo converter-se num dispositivo de inovação, permitindo não só a análise de pontos fortes e pontos de debilidade (internas e externas), como também a reflexão sobre os objetivos definidos para a organização-escola e a maneira de os obter (Tejedor, 2000).

180 Políticas Educativas, Eficácia e Melhoria das Escolas

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