• Nenhum resultado encontrado

Filtros de identificação de factores de risco de LMEMSLT

4. Instrumentos de recolha de informação

4.3. Filtros de identificação de factores de risco de LMEMSLT

Os filtros de identificação de factores de risco de LMEMSLT seleccionados foram os filtros desenvolvidos pela Health Safety and Executive (HSE, 2002) e por Barbara Silverstein (OSHA, 1997), seguidamente descritos:

4.3.1. Filtro HSE

(Anexo 1)

A aplicação do filtro HSE foi antecedida de diálogo com os trabalhadores dos postos analisados, com as chefias directas e com as direcções das empresas, no sentido de obter informação precisa sobre os aspectos da organização do trabalho, modos de produção, horários, condições de trabalho e particularmente de todos os elementos que possam contribuir para a análise da

actividade de trabalho, iniciada nesta fase com a aplicação do filtro. Assim, o filtro é constituído por:

a) Identificação do posto de trabalho

A identificação do posto de trabalho foi realizada com base na descrição existente (trabalho prescrito) da tarefa a efectuar.

b) Sinais e Sintomas

O registo do campo relativo a sinais e sintomas de LMEMSLT foi precedido pela obtenção de informação junto dos trabalhadores dos postos analisados e pela confrontação com os registos a esse propósito existentes no Serviço de Saúde Ocupacional, designadamente:

(1) a taxa de absentismo por doença ligada ao trabalho e as comunicações

médicas recebidas do exterior;

(2) a existência de informações sobre casos de LMEMSLT;

(3) os casos e possíveis aumentos da taxa de absentismo, em particular

quando estes se verificam em de mais do que um trabalhador no mesmo posto de trabalho.

Seguidamente, identificou-se a presença de sintomas, dores e/ou fadiga, nomeadamente:

(4) sintomatologia associada ao trabalho;

(5) acidentes de trabalho, bem como relatórios médicos, de enfermagem ou de

fisioterapia sobre eventuais situações de sintomas de LME, desconforto, fadiga, dor relacionada com o trabalho.

Por último, nesta primeira etapa, procuraram-se alterações dos equipamentos de trabalho, como:

(6) alterações, improvisos em quaisquer ferramentas, mobiliário, espaço,

estratégia ou alteração da sequência de procedimento descrito na tarefa;

(7) dificuldades exteriorizadas em cada posto de trabalho, quer pelos

trabalhadores, quer pelos responsáveis, particularmente em postos que tenham sofrido alterações ou que sejam recentemente referidos como “difíceis”.

c) Repetitividade

A análise da repetitividade passou pela procura de postos de trabalho onde se efectuavam movimentos frequentes durante a maior parte do tempo de ciclo. Um ciclo de trabalho engloba uma sequência de acções técnicas, geralmente de curta duração, que é repetida consecutivamente de forma idêntica durante todo o período de trabalho. Na aplicação do filtro não foram considerados apenas os movimentos associados a um único momento articular (exemplo: a nível do cotovelo) e sim o conjunto de gestos de uma ou mais zonas do membro superior (como para alcançar, manipular ou depositar um objecto).

A identificação de repetitividade no posto de trabalho procurou (1) a presença de ciclos de trabalho de duração inferior a alguns segundos, (2) a realização da

mesma sequência de gestos mais do que duas vezes por minuto ou (3) durante

mais de 50% do ciclo de trabalho.

d) Posturas de Trabalho

A identificação das posturas extremas (nos limites das possibilidades articulares) e/ou estáticas, mantidas durante longos períodos, foi o elemento determinante de registo a nível postural. Observaram-se os dedos, os punhos, as mãos, os antebraços, os cotovelos, os braços, os ombros e o pescoço. Sempre que possível efectuaram-se esboços utilizando representações esquemáticas simples.

A identificação se situações de risco postural de LMEMSLT passou pela observação da actividade de trabalho, procurando (1) movimentos articulares de grande amplitude, (2) posturas extremas, (3) posturas estáticas, (4) alcances

máximos, (5) movimentos de rotação e (6) posturas com as mãos acima da

altura da cabeça.

e) Força

A identificação de situações de aplicação de força mantida ou repetida foi fundamental para o registo deste factor de risco, principalmente em postos de trabalho onde essas exigências eram superiores a duas horas por turno.

Nesse sentido, foi essencial identificar situações onde se verificavam aplicações de força do tipo (1) empurrar, puxar ou movimentar componentes,

inclusive com os dedos ou as mãos, (2) agarrar, segurar ou apanhar, (3) pega em pinça, (4) suportar objectos ou ferramentas, (5) impacto transmitido pelas

ferramentas ou equipamentos, (6) compressão localizada dos tecidos e (7)

aplicação de força constante ou repetida.

f) Vibrações

A análise das ferramentas vibráteis utilizadas foi obtida através de um mapa das características das ferramentas existentes, isto é, entre outros, tipo de ferramenta (ex.: pneumática, eléctrica, hidráulica), tipo de suporte (ex.: manual, balanceada), dimensões, peso, torque e frequência de utilização.

A identificação da exposição a vibrações neste filtro incluiu (1) a utilização de ferramentas manuais, eléctricas ou pneumáticas, suportadas pelas mãos e (2) a alimentação regular de equipamentos, linhas ou máquinas que produziam vibrações.

Por último, o suporte para a utilização e interpretação efectiva do filtro HSE envolveu:

a) Descrever o posto de trabalho (designação da tarefa, breve descrição da actividade) e momento de aplicação (data e hora);

c) Preencher sequencialmente cada elemento do filtro, utilizando um registo do tipo (X) sempre que se verificou a situação em apreço;

d) Planear uma avaliação do risco mais detalhada sempre que se observou a presença de um factor de risco;

e) Classificar os postos de trabalho de acordo com o número e tipo de registos, criando uma hierarquia para a necessidade de avaliação do risco subsequente.

Interpretação dos resultados

A interpretação dos resultados foi objectiva, na medida em que sempre que se verificou a presença de um dos critérios de identificação dos factores de risco referidos existiu necessidade de passar à etapa seguinte da avaliação do risco de LMEMSLT – aplicação de métodos integrados de avaliação do risco. O número de factores de risco assinalados determinou, igualmente a classificação do posto de trabalho ou a necessidade de análise mais detalhada.

4.3.2. Filtro OSHA

(Anexo 2)

A aplicação do filtro da Occupational Safety Health Administration (OSHA, 1997) foi precedida da observação da actividade de trabalho. Como já foi referido, existiu um breve diálogo com o(s) trabalhador(es) que se encontravam no posto de trabalho a desempenhar a actividade.

O registo foi efectuado numa grelha que se divide em duas áreas: (1) primeira

parte - o registo do posto de trabalho a analisar, a data de aplicação e uma breve descrição da tarefa e (2) segunda parte - elementos de classificação,

designadamente os factores de risco (A), os critérios (B), a duração da exposição (C, D e E) e as eventuais notas (F).

A identificação da presença de factores de risco de LMEMSLT foi cuidadosamente analisada em função de cada critério. A aplicação foi sequencial, de acordo com a forma de apresentação dos factores de risco, classificando todos os seus elementos incluindo a duração da exposição e o registo de eventuais notas. Cada factor de risco foi classificado numa opção relativamente à duração da exposição (2 a 4, 4 a 8 ou superior a 8 horas), incluindo mais 0,5 pontos por cada meia hora extra de trabalho.

a) Repetitividade

O primeiro factor de risco objecto de análise foi a repetitividade. A identificação deste factor de risco a nível do membro superior utiliza 3 critérios gradativos, sendo a sua selecção exclusiva (o que melhor representar a repetitividade no posto de trabalho). A ausência de referenciação, no essencial, significou a inexistência de repetitividade de acordo com os critérios definidos.

b) Aplicação de força

A identificação dos níveis de força exercida no posto de trabalho foi efectuada com recurso a dois critérios: (1) a Manipulação de carga superior a 5 Kg, a aplicação de força acima de 5 Kg ou a existência de uma preensão forte (ex.: preensão de uma ferramenta manual tipo alicate) e (2) pega digital com

aplicação de força superior a 1 Kg.

A selecção incluiu os dois critérios, de acordo com o tipo de força aplicada. Como mecanismo auxiliar e garantia da fiabilidade dos resultados foi obtida uma estimativa da força aplicada pelo trabalhador e uma avaliação subjectiva da força exercida, por parte do perito.

c) Postura

A continuação da aplicação do filtro passou pela identificação dos factores de risco relacionados com as posturas de trabalho a nível dos diferentes segmentos anatómicos considerados: região cervical, ombros, antebraços, punho/mão e dedos.

d) Contacto corporal

O passo seguinte incidiu na identificação de contacto corporal com o membro superior, em particular com a mão ou dedos, durante a realização da actividade de trabalho.

e) Vibrações

A exposição a vibrações foi classificada perante a identificação de contacto com (1) vibrações localizadas (sem amortecimento) e/ou utilização de

ferramenta vibratória eléctrica ou pneumática, ou de (2) contacto com superfície vibratória (sem amortecimento).

f) Ambiente de trabalho

O factor de risco seguinte relaciona-se com o ambiente de trabalho. Neste momento da avaliação identificaram-se exposições ambientais (1) a nível da iluminação do posto de trabalho e (2) a nível das temperaturas existentes.

g) Cadência de trabalho

O último factor de risco está relacionado com a organização do trabalho, designadamente com os ritmos de trabalho. A classificação deste elemento identificou a presença de cadências impostas.

Interpretação dos resultados

Os resultados apresentam-se sob a forma de “score total” que representa a soma dos vários scores parciais, obtidos em cada um dos factores de risco.

O score é obtido combinando as avaliações parcelares dos vários factores de risco com a respectiva duração da exposição e não deve ser interpretado como um resultado quantitativo do risco de LMEMSLT.

Um score global superior a 5 significou a necessidade de proceder a uma análise do risco de LMEMSLT com maior detalhe.