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Transição – Interfase Defesa/Ataque (II)

R 1: Fgl DPdu

5.2.4. Padrões de Jogo encontrados para as condutas de final da Fase Ofensiva (F)

5.2.4.4. Final da Fase Ofensiva (F) por remate com obtenção de golo – (Fgl)

O objectivo primeiro do jogo de Futebol é a obtenção de golo na baliza adversária, devendo estar em sinergia com o não sofrer golos na própria, sendo deste modo alcançada a vitória (Barreira, 2006). Contudo, como refere Castelo (1996), em determinadas situações, como são a equipa não necessitar da vitória, o tipo de organização da competição, ou a equipa estar a ganhar e faltar pouco tempo para terminar o jogo, a finalidade das equipas pode não coincidir com a do jogo (Barreira, 2006). Este factor envolve objectivos táctico- estratégicos que induzem uma forma de actuação peculiar da equipa em fase ofensiva, tais como manter a posse de bola, quebrar o ritmo de jogo do adversário, circular a bola em zonas de menor ofensividade, entre outros (idem, 2006).

De acordo com os estudos de Castellano Paulis et al. (2008) e Castellano Paulis (2009), o número de golos marcados nos Campeonatos do Mundo desde 1930 vem decrescendo, tendo sido no último – Alemanha 2006 - de 2,23

11 10

Manuel Ramos 149 Figura 5.59. – Padrão de conduta Fgl eficaz

R-3: DTdu R -5: DTd

R -1: Fgl por jogo. No Campeonato da Europa em estudo, a média de golos atingiu um valor de 1,1 golos por jogo, o que confirma a tendência referida, apesar das competições em comparação não serem as mesmas tendo, contudo, a semelhança de incluírem Selecções Nacionais. No que concerne à Espanha, destaca-se que foi a segunda selecção que mais golos marcou, com uma média por jogo de 2.

Quadro 5.29. – Padrão de conduta ou “max lag” definitivo para a conduta critério de Final da Fase

Ofensiva (F) por remate com obtenção de golo (Fgl), tendo como condutas objecto: as regulares (início e desenvolvimento), as estruturais (espaço) e as contextuais (CJ e CEI).

Conduta Critério - Fgl R -5 R -4 R -3 R -2 R -1 Análise Prospectiva DTd (2,49) DTdu (4,14) DTczp (6,22) DTr (6,22) DTgra (6,32) Condutas Regulares: - Início - Desenvolvimento 4 (2,01) 8 (2,16) 11 (2,26) 10 (3,31) 11 (2,71) 11 (5,61) Conduta Estrutural: - Espaço Pa (2,20) SPr (3,44) Conduta Contextual: - Centro do Jogo

MAT (2,31) ADAT (3,13) MAT (2,16)

ADV (4,18) ADV (7,52)

Conduta Contextual:

- CEI

Apesar da Espanha parecer privilegiar um jogo apoiado, essencialmente em amplitude, o padrão comportamental indutor de golo encontrado mostra-nos o contrário, conforme o Quadro 5.32. e a Figura 5.58. Assim, parece ser em

TEDA que a Espanha consegue, com maior probabilidade, marcar golo a favor.

A sequência Fgl eficaz inicia-se com um drible no SMD, acção que comporta elevado risco quando executada nesta zona (4), apesar de ao invés permitir tirar imediatamente um adversário da jogada e assim acelerar a TEDA. De seguida, a bola é jogada para o corredor central do

meio-campo ofensivo - zona 8 (Figura 5.59.) -, perspectivando-se já a partir do retardo -2 uma situação de pelo menos igualdade numérica uma vez que o CEI

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excitado é do tipo MAT (Figura 5.60.). Posteriormente, é confirmada a intenção de, em TEDA, continuar-se a desenvolver o ataque pelo corredor central, enviando-se a bola para o último quarto do campo (zona 11). Num CEI do tipo ADAT passa a procurar-se a finalização de imediato, ou então as zonas laterais mais ofensivas quando o corredor central está muito povoado, sempre com a intenção de finalizar rápido. De salientar que a obtenção de golo parece ser, na maioria das vezes, conseguido apenas na segunda tentativa de finalização.

Figura 5.60. - Padrão de conduta definitivo para a conduta critério Fgl, tendo

como objecto a conduta estrutural – espaço.

Apesar da Espanha, segundo as estatísticas oficiais do EURO 2008, ter realizado um número igual de remates dentro e fora da grande área – seis –, o nosso estudo mostra que a zona 11 do sector ofensivo é a que tem maior força ou consistência associativa com o final da fase ofensiva por golo, bem como, com as configurações espaciais de interacção das equipas do tipo ADAT e ADV. Pensamos que a associação da CEI do tipo ADAT ao final do ataque com golo na zona 11 vai de encontro à lógica da dinâmica do jogo de Futebol.

Figura 5.61. - Padrão de conduta definitivo para a conduta critério Fgl,

tendo como objecto a condutas contextual – CEI

Os resultados da análise da CC em questão confirmam o que foi referido na apreciação prospectiva da conduta de desenvolvimento da TEDA por passe longo, isto é, que um jogo directo conduz, com maior probabilidade e frequência, à obtenção de golo que um estilo de jogo indirecto. Todavia, os

11 10 11 Fgl 11 4 8 ADV MAT Fgl

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mesmos resultados contrariam o que Hook & Hughes (2001: 300), citados por Pereira (2005) sustentam, isto é, que as equipas sem sucesso optam por um estilo de jogo directo, através de passes longos e em trajectória aérea.

Conclui-se então que um jogo directo envolve riscos maiores, mas sendo executado com rigor e qualidade, tende a originar uma maior concretização de golos ou, pelo menos, a transportar o Centro do Jogo para zonas nas quais o risco defensivo é menor. Pressupõe-se que este estilo de jogo é mais capaz de surpreender e aproveitar a equipa adversária em momentos de desordem ou, pelo menos, consegue-os criar com mais facilidade e celeridade, corroborando Bota & Colibaba-Evulet (2001: 122), citados por Pereira (2005), sabendo-se que os momentos de caos e desorganização adversária são propícios para o acontecimento de golos.

Em suma, os dados obtidos parecem concluir que o sucesso da Selecção Espanhola no Euro 2008 se encontra num meio-termo relativamente às duas proposições acima enunciadas. Assim, apesar da CC em causa, conduta principal da avaliação do sucesso da fase ofensiva em Futebol, activar processos TEDA assentes num estilo de jogo mais directo, a Espanha tende a jogar em ataque posicional, o que parece paradoxal. Todavia, atentando numa perspectiva micro, esclarece-se esta aparente contradição pois é de admitir que a variação de ritmos, estilos e métodos de jogo contribua efectivamente para a obtenção do sucesso. Acrescenta-se ainda, que o que nos parece fundamental é o saber quando variar, nomeadamente o interpretar o contexto interaccional e a zona em que o jogo se desenvolve. A partir deste pressuposto, surge a noção de saber-fazer táctico colectivo (ver ponto 2.1.1. da

Revisão da literatura), na medida em que toda a equipa deve, conjuntamente,

interpretar o jogo com ideias comuns, para os jogadores aferirem quando existem ou não situações no Centro do Jogo favoráveis (igualdade não pressionada ou superioridade numérica) ao sucesso ofensivo.

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5.2.4.5. Final da Fase Ofensiva (F) por perda da posse de bola por erro do