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Início da TEDA (IE) por recuperação da posse de bola por acção do guarda-redes em fase defensiva – (IEgr)

Transição – Interfase Defesa/Ataque (II)

5.2.1.1. Início da TEDA (IE) por recuperação da posse de bola por acção do guarda-redes em fase defensiva – (IEgr)

Verifica-se que a seguir à intervenção do guarda-redes, enquanto conduta que marca o início da TEDA, existem vários comportamentos possíveis, que podem implicar o término da Fase Ofensiva, ou a sua continuidade, nunca sendo encontradas acções que conduzam à eficácia da mesma.

Quadro 5.2. – Padrão de conduta ou “max lag” definitivo para a conduta critério de Início da Transição –

Estado defesa/ataque por recuperação da posse de bola pelo guarda-redes (IEgr), tendo como condutas objecto: as regulares (desenvolvimento e final), as estruturais (espaço) e as contextuais (CJ e CEI).

Conduta Critério - IEgr Análise Prospectiva R 1 R 2 R 3 R 4 R 5 Condutas Regulares: - Desenvolvimento - Final DTpcp (3,87) DTplp (3,21) DTpln (4,17) DTrc (4,82) Fgrad (3,20) Fi (3,20) DTpcp (4,40) DTcd (2,69) DTrc (3,13) DTczn (2,96) Conduta Estrutural: - Espaço 2 (10,24) 6 (2,23) 5 (2,70) 5 (2,21) 6 (2,24) Conduta Contextual: - Centro de Jogo SPr (4,13) SPr (4,31) SPr (3,59) Conduta Contextual:

- CEI VAD (11,60) ADM (2,04) ATE (3,86) ATE (5,56) MAD (3,92)

ATE (2,40) MAD (3,09)

Como se observa nas Figuras 5.8 e 5.9., e analisando os restantes critérios quanto aos comportamentos de jogo subsequentes, pode ser referido que é o guarda-redes que tende a manter a posse de bola e a dar continuidade à

TEDA. Esta inferência vem confirmar o que Silva (2004) concluiu, isto é, após

recuperação da posse de bola pelo guarda-redes, é este que dá continuidade à Fase Ofensiva.

Manuel Ramos 103 Figura 5.8. - Padrão de conduta definitivo para a conduta critério IEgr, tendo

como objecto as condutas regulares – desenvolvimento e final.

Figura 5.9. - Padrão de conduta definitivo para a conduta critério

IEgr, tendo como objecto as condutas regulares – desenvolvimento e final.

Parecem existir, portanto, dois padrões - um eficaz e outro ineficaz:

ƒ No padrão eficaz, e analisando também as Figuras 5.10. e 5.11., o guarda- redes permanece na posse de bola numa zona recuada do terreno de jogo (zona 2) com superioridade numérica relativa (SPr), realizando de seguida um passe curto para o sector médio (zona 6), permitindo que a equipa, através de um jogo apoiado (método de jogo ofensivo ataque posicional), consiga atingir a zona ofensiva de forma a dar continuidade ao ataque. A preferência pela zona 6, parece estar relacionada com a opção frequente da Selecção de Espanha em atribuir ao jogador que ocupa esse espaço tarefas essencialmente de equilíbrio defensivo em detrimento de funções de estruturação do jogo ofensivo. Estes resultados vão ao encontro dos obtidos num estudo de Barreira et al. (2009) sobre o EURO 2008, que relata que 60% das vezes que o jogador Capdevila (normalmente ocupa a zona 4) tem a bola ele a passa ao jogador Marchena (assume a função de defesa central, sendo normalmente o responsável por dar cobertura ofensiva à zona 4).

ƒ No segundo padrão de jogo, o guarda-redes cria uma situação de imediata perda da posse de bola. Este facto parece ser consequência de um passe longo que tenta aproveitar a possível desorganização momentânea do adversário – opção primeira de TEDA. No entanto, na maioria das vezes,

IEgr DPd DTrc DTpcp DTcd DTrc DTpcp DTczn IEgr DTpln Fgrad Fi

Manuel Ramos 104

embora esta opção de risco seja antecipada (a bola é perdida no sector ofensivo e com as linhas defensiva e média atrás da linha da bola), não parece surtir o efeito desejado. Assim, a bola é normalmente perdida logo no retardo 2, e mesmo quando a sua posse é mantida para além desse momento não costumam ser criadas situações de finalização.

Posto isto, torna-se importante realçar que a alternância de métodos e ritmos de jogo são, desde logo, uma das preocupações do guarda-redes da EObs..

Figura 5.10. - Padrão de conduta definitivo para a conduta critério IEgr, tendo como

objecto a conduta estrutural – Espaço.

Figura 5.11. - Padrão de conduta definitivo para a conduta critério IEgr, tendo como

objecto a conduta contextual – Centro do Jogo.

Quando a conduta de início de TEDA por acção do guarda-redes ocorre, a equipa adversária tende a fazer recuar as suas linhas, objectivando a recuperação e a reorganização defensiva, criando um contexto de interacção de alguma liberdade de acção para o portador da bola (superioridade numérica relativa - SPr), como mostra a Figura 5.11..

Se atentarmos ainda à Figura 5.12., verifica-se que esta forma de recuperação da posse de bolaactiva configurações espaciais de interacção entre as equipas em que a bola se disputa entre a zona atrasada da equipa observada (em fase ofensiva) e a zona externa da equipa adversária (ATE) ou entre a zona média da equipa observada e a zona adiantada da equipa adversária (MAD).

IEgr 2 6 5

6 5

Manuel Ramos 105 Figura 5.12. - Padrão de conduta definitivo para a conduta critério IEgr, tendo

como objecto a condutas contextual – contexto espacial de interacção.

Estes contextos espaciais de interacção, principalmente o do tipo MAD, tem uma elevada componente de segurança quando a equipa tem a posse da bola, oferecendo garantias para a sua manutenção, sem que suponha risco de perda. Isto sugere que após a perda de posse da bola por intercepção do adversário - principalmente no sector defensivo e com menor intensidade no sector intermédio defensivo – as equipas parecem preferir reorganizar-se defensivamente, fazendo recuar a sua zona mais adianta em vez de pressionar o opositor na tentativa de voltar a recuperar a posse da bola ou de pelo menos interromper o desenvolvimento da sua fase ofensiva (Silva, 2004).

Com esta atitude defensiva do adversário, a equipa que recupera a posse da bola vê-se confrontada com contextos de interacção que dificultam o desenvolvimento do seu ataque, dando origem a um jogo de ataque posicional com grande controlo sobre a bola mas com uma maior dificuldade de progressão. Contudo, estamos convencidos que na Selecção de Espanha, este estilo de jogo parece ser o preferido, não estando a sua utilização dependente das dificuldades impostas pelo adversário.

5.2.1.2. Início da Transição – Estado Defesa/Ataque (IE) por recuperação