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As plantações, com finalidades energéticas, são sistemas que visam uma maior produção de biomassa por unidade de área e num menor espaço de tempo. Assim, aliado ao conceito de plantações energéticas, surgiu o con- ceito de plantios de curta rotação (Müller, 2005).

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O termo “florestas energéticas” apareceu na década de 1980 com Maga- lhães (1982) e foi utilizado para definir as plantações com grande número de árvores por hectare e, consequentemente, com ciclo curto, que também tinham como finalidade a produção do maior volume de biomassa por área em menor espaço de tempo. No entanto, essas experiências não apresenta- ram os resultados esperados, em função do pouco conhecimento técnico, da qualidade do material genético e do baixo desenvolvimento, no Brasil, da silvicultura naquela época. Esse período foi marcado, essencialmente, por uma maioria de plantios com baixa produtividade e grande mortalidade, além dos impactos sobre a fertilidade e a umidade do solo (Müller, 2005). Ainda, de acordo com os autores, o desenvolvimento da silvicultura de eucalipto, como fonte de insumo energético, foi fundamentado na produ- ção de carvão vegetal para abastecer a indústria siderúrgica.

Para Macedo (2003), as altas produtividades obtidas em plantações flo- restais, particularmente do gênero Eucalyptus, tornaram menores os custos de geração da eletricidade com madeira de reflorestamento, deixando o in- vestimento mais atrativo.

As características principais desejáveis em uma floresta energética são a alta produção de biomassa e ciclos de rotação curtos. Para o aproveitamen- to total da área, a tendência de se reduzir o espaçamento de plantio é uma técnica que está sendo muito estudada e tem demonstrado bons resultados.

Os espaçamentos comerciais, mais utilizados no Brasil, para o gêne- ro Eucalyptus são de 3 x 3 m e 3 x 2 m, com densidades populacionais de, aproximadamente, 1100 e 1700 plantas por hectare, respectivamente. Téc- nicas de redução para 3 x 1 m e 3 x 0,5 m, com densidade populacionais de, aproximadamente, 3300 e 6700 plantas por hectares, respectivamente,

O ciclo da cultura do eucalipto, comumente adotado no país, está entre 5 e 7 anos, o que pode ser reduzido para 1 a 2 anos com o uso das técnicas de plantio adensado.

A utilização de plantios com espaçamento reduzido deve-se muito às técnicas de clonagem e melhoramento genético. Um fator importante para que o plantio de eucalipto adensado seja bem sucedido é a uniformidade das plantas, normalmente obtido a partir de clones. Para que ocorra o desenvol- vimento homogêneo das plantas, baixa mortalidade e alto incremento de massa são necessários além da escolha adequada das mudas (oriundas de vi- veiros que apresentem programas de melhoramento genético e matrizes de alta produtividade), sistemas mecanizados de plantio e tratos silviculturais.

Projeto florestas energéticas em Botucatu

Em dezembro de 2008, foram plantadas as mudas de clones do híbrido de Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla em uma área experimental lo- calizada numa altitude aproximada de 875 m e situa-se entre as longitudes 48°24’43” W e 48°26’21” W e entre as latitudes 22°58’10” S e 22°59’25” S. O clima predominante no município de Botucatu, estado de São Paulo, segundo os critérios adotados por Koppen é Cfa, é o clima mesotérmico, com temperaturas médias superiores a 10°C, cuja temperatura do mês mais quente é igual ou superior a 22°C e o índice pluviométrico anual está em torno de 1516 mm.

O sistema florestal de curta rotação recebeu as adubações de plantio e de cobertura. A aplicação inicial consistiu em NPK (6-30-6), no plantio, nas doses de (1) 70, (2) 140 e (3) 280 g/planta; na cobertura, a adubação foi feita com NPK (20-0-20) adicionados os micronutrientes Zn (0,5%) e B (0,3%), aos 60, 140 e 360 dias de idade. Aos 60 dias as doses foram de (1) 25, (2) 50 e (3) 100 g/planta; aos 140 dias, (1) 35, (2) 70 e (3) 140 g/planta; aos 360 dias, (1) 50, (2) 100 e (3) 200 g/planta. Os cinco espaçamentos entre plantas ficaram nos valores de 0,5 m; 1,0 m; 1,5 m; 2,0 m; 2,5 m e a distância entre as linhas de plantio fixadas em 2,80 m para todos os tratamentos.

No experimento conduzido por Garcia e colaboradores (2009), compa- rando diferentes espaçamentos de plantio com Eucalyptus urograndis, foram observadas diferenças no desenvolvimento do diâmetro do colo das plantas. O espaçamento de 2,8 x 0,5m apresentou menores valores de diâmetro do colo em relação aos espaçamentos 2,8 x 1,5m e 2,8 x 2,5m. No Gráfico 6.3, podem ser observadas as médias dos diâmetros do colo das plantas aos 90 dias após o plantio.

Com a altura total das plantas, pode ser observada uma tendência de redução dos valores médios com o aumento do espaçamento (Gráfico 6.4). Embora o espaçamento de 2,8 x 0,5 m tenha culminado no maior valor mé- dio na altura total, não houve diferenças estatísticas entre os tratamentos aos 90 dias após o plantio, com base no intervalo de confiança ao nível 95%. A princípio foram feitas medições de diâmetro, altura e estimativa do volume através da utilização de um fator de forma. Para as colheitas reali- zadas aos 18 e 24 meses, período em que a floresta estava completamente

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estabelecida (Figura 6.2), foi adotado o método da cubagem rigorosa para a obtenção do volume com casca, porcentagem de casca e coleta de dis- cos para a determinação da densidade básica média das árvores (Soares et al., 2006).

O princípio de coleta de árvores-amostra considera a escolha de quatro árvores-modelo em cada parcela, o que significou colher árvores com DAP próximo ao diâmetro médio ou quadrático da população, conforme explica Soares e colaboradores (2006). A metade das amostras coletadas na região do DAP foi moída para determinação do poder calorífico superior e de al- gumas características químicas da madeira.

Gráfico 6.3 – Diâmetros do colo, em mm, das mudas de Eucalyptus urograndis nos três espa- çamentos aos 90 dias após o plantio. As colunas indicam a média das repetições, enquanto as barras verticais apresentam o Intervalo de Confiança o nível de 95% (Garcia et al., 2009).

Gráfico 6.4 – Altura total, em cm, das mudas de Eucalyptus urograndis nos três espaçamen- tos 90 dias após o plantio. As colunas indicam a média das repetições, enquanto as barras verticais apresentam o Intervalo de Confiança ao nível de 95% (Garcia et al., 2009).

Figura 6.2 – Plantio do clone de Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla no espaçamento de 2,8 x 0,5 m.

Os discos foram coletados em porcentagem da altura total (Figura 6.3) e a biomassa de folhas e galhos no campo, separadamente (Figura 6.4), foram determinados por meio de balança eletrônica com de precisão 0,1 kg.

Figura 6.3 – Discos coletados em porcentagem da altura total para determinação de volume de madeira com casca e densidade básica média da árvore.

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Figura 6.4 – Processamento para a pesagem da biomassa úmida de galhos e folhas no campo.

O cálculo de volume com casca foi realizado de acordo com as seguintes fórmulas:

(

AS AS

)

Vi * L Vt Vi 1 2 2 ⎛ + ⎞ = ⎜ ⎟ ⎝ ⎠ =

Onde:

Vi: volume da seção (m³) AS: área seccional (m²) L: comprimento da seção (m) VT: volume total (m³)

O cálculo da densidade básica média foi obtido da seguinte maneira:

(

DB % DB

)

* V

(

DB % DB

)

* V DBM 0 1,3 1 75 100 5 /VT 2 2 + + ⎛ ⎞ ⎛ ⎞ = +…+ ⎝ ⎠ ⎝ ⎠ Onde:

DBM: densidade básica média (kg.m-3)

DBn: densidade básica no disco na posição n, em porcentagem da altura total (kg.m-3)

Vn: volume da seção n (m³) VT: volume total da árvore (m³)

A densidade básica média das árvores é de fundamental importância para o cálculo da biomassa seca de madeira com casca. Nota-se na Tabela 6.1 que, nos resultados obtidos no experimento, a biomassa seca de madeira com casca foi afetada pelo fatorial triplo adubação x espaçamento x idade de colheita (18 e 24 meses).

Tabela 6.1 – Análise de variância para a biomassa seca de madeira com casca, em t.ha-1

Fator de Variação G.L. S.Q. Q.M. F p-valor

Idade de Colheita (I) 1 1204,99 1205,0 39,57 0,00

Espaçamento (E) 4 10755,76 2688,9 88,31 0,00

Nível de Adubação (A) 2 3409,13 1704,6 55,98 0,00

I x E 4 1027,72 256,9 8,44 0,00

I x A 2 342,17 171,1 5,62 0,01

E x A 8 4508,34 563,5 18,51 0,00

I x E x A 8 997,60 124,7 4,10 0,00

Resíduo 90 2740,38 30,4

Os dados foram submetidos a testes de médias que resultou na Tabela 6.2, que apresenta os resultados de produtividade em toneladas por hectare. O melhor resultado foi de 100,8 t.ha-1, obtido no tratamento 2,8 x 0,5 m, no nível 3 de adubação, colhido aos 24 meses após o plantio.

A determinação do poder calorífico superior foi realizada pelo método da bomba calorimétrica que, basicamente, consiste em medir a variação da temperatura da água pela energia emitida na forma de calor pela queima da madeira com casca. A qualidade de combustível pode ser rotulada pelo poder calorífico superior (PCS), que é definido como sendo a quantidade de energia liberada na forma de calor por unidade de massa de combustível, quando submetido à combustão completa. Para a determinação do PCS foi utilizado um calorímetro e a metodologia adotada foi o “Método da Bomba Calorimétrica”. O método consiste em queimar o combustível, no caso a madeira, em um sistema aproximadamente adiabático, e medir a variação de temperatura proporcionada pela queima da madeira numa certa quan- tidade de água com massa pré-estabelecida. A variação de temperatura re- gistrada na água por um termômetro de mercúrio é proporcional ao calor liberado pelo combustível.

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Tabela 6.2 – Biomassa de madeira com casca (BMC) em função da idade de colheita, do espaçamento e do nível de adubação

Idade (meses) Espaçamento (m) Nível de adubação BMC (t.ha-1) 18 2,8 x 0,5 1 40,8 c 2 51,2 c 3 66,7 b 2,8 x 1,0 1 41,0 c 2 47,1 c 3 47,6 c 2,8 x 1,5 1 38,0 d 3 41,4 c 2 42,7 c 2,8 x 2,0 1 30,1 h 2 34,8 e 3 34,9 e 2,8 x 2,5 1 22,6 h 2 29,7 h 3 32,8 f 24 2,8 x 0,5 1 46,3 c 2 55,4 b 3 100,8 a 2,8 x 1,0 2 38,1 d 1 39,5 d 3 47,3 c 2,8 x 1,5 2 44,3 c 1 45,9 c 3 48,5 c 2,8 x 2,0 1 35,6 e 3 40,3 d 2 46,3 c 2,8 x 2,5 1 31,7 g 2 35,6 e 3 41,2 c

Os componentes de um calorímetro são:

a) Bomba calorimétrica: recipiente de aço inox resistente onde é efetua- da a queima do combustível.

b) Termômetro de mercúrio: utilizado para determinar a temperatura inicial e final.

c) Sistema de abastecimento de oxigênio: é necessário inserir oxigênio na bomba calorimétrica para facilitar a combustão.

d) Recipiente ou vaso calorimétrico: recipiente com uma massa defini- da de água (2500 g), que irá trocar calor com a bomba calorimétrica. e) Sistema de Ignição: é um sistema que está ligado à rede elétrica por

meio de duas aberturas existentes na bomba calorimétrica, no qual pas- sa a corrente elétrica formando uma resistência em um fio de níquel- -cromo, transpassando a amostra de madeira, que entra em combustão. O poder calorífico superior é determinado pela seguinte equação:

PCS = [(K + M H2O) / (Mc)] * (Tf – Ti) Onde:

K = constante do calorímetro determinada previamente, utilizando-se o ácido benzoico com PCS de 6318 cal.g-1; neste trabalho o valor de K foi de 489.

M H2O = massa de água pré-estabelecida em gramas (2500 g). Mc = massa seca da amostra de madeira.

Ti = temperatura da água antes da combustão. Tf = temperatura da água obtida após a combustão.

Seguindo o procedimento explicado por Vale e colaboradores (2000), com os valores de poder calorífico (kcal.kg-1) da madeira com casca e a produção de massa seca (kg) pode-se obter a produção de energia (kcal). A energia produzida também pode ser expressa em termos de produtividade energética (Gcal.ha-1) e convertida para tep (tonelada equivalente de petró- leo), como será apresentado mais adiante.

A tonelada equivalente de petróleo é o produto de um coeficiente re- sultante da razão entre o poder calorífico superior da madeira e do petróleo pela biomassa de madeira, em toneladas por hectare (Patusco, 1998).

Nota-se na Tabela 6.3 o desenvolvimento das árvores em diâmetro e em altura e que essas medidas, principalmente de diâmetro, começam a se di- ferenciar na idade de 18 meses.

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Tabela 6.3 – Diâmetro a altura do peito (DAP) e altura total em função do espaçamento e dos níveis de adubação nas idades de 12 meses, 18 meses e 24 meses após o plantio.

Nível de adubação Espaçamento (m) Árvores/ ha DAP (cm) ALTURA (m) 12 18 24 12 18 24 1 2,8 x 0,5 7143 5 6 (1) 6 (2) 7 11 (2) 10 (2) 2,8 x 1,0 3571 5 7 (1) 7 (1) 6 11 (2) 13 (2) 2,8 x 1,5 2381 5 8 (1) 9 (1) 7 11 (1) 13 (3) 2,8 x 2,0 1786 5 9 (1) 9 (1) 6 11 (1) 13 (2) 2,8 x 2,5 1429 5 9 (1) 10 (1) 6 10 (1) 13 (2) 2 2,8 x 0,5 7143 5 6 (2) 6 (2) 8 10 (2) 11 (3) 2,8 x 1,0 3571 6 7 (1) 8 (1) 8 12 (2) 13 (2) 2,8 x 1,5 2381 6 8 (1) 9 (1) 7 12 (1) 12 (1) 2,8 x 2,0 1786 7 9 (1) 10 (1) 8 11 (1) 14 (2) 2,8 x 2,5 1429 6 9 (1) 10 (1) 6 11 (1) 11 (1) 3 2,8 x 0,5 7143 5 6 (2) 7 (2) 8 11 (3) 12 (3) 2,8 x 1,0 3571 6 8 (1) 8 (1) 7 12 (2) 13 (2) 2,8 x 1,5 2381 6 8 (1) 9 (1) 7 11 (2) 13 (2) 2,8 x 2,0 1786 6 9 (1) 10 (1) 7 11 (1) 13 (2) 2,8 x 2,5 1429 6 10 (1) 11 (1) 7 12 (2) 13 (2)

Na Tabela 6.4, é possível observar o incremento em volume sendo que, na idade de 12 meses, o volume com casca foi calculado pelo produto resultante do volume cilíndrico por um fator de forma, para as outras idades é apresen- tada a média de quatro árvores-amostra cubadas pelo método de Smalian. A densidade básica média e o poder calorífico superior da madeira com casca estão apresentados na Tabela 6.5, sendo dados obtidos nas colheitas dos 18 e 24 meses após o plantio. A densidade básica média foi obtida pela média ponderada das densidades obtidas em porcentagem de altura total em que o peso para a média foi o volume das seções e o volume total. Na literatura são encontrados valores de poder calorífico para a madeira se- melhantes ou até inferiores aos obtidos no projeto, Lima e colaboradores (2007) avaliaram o poder calorífico de amostras coletadas na região do diâ- metro a altura do peito (DAP) das árvores de Eucalyptus benthamii, aos seis anos de idade; encontraram poder calorífico médio de 4681±487,6 kcal.kg-1. Os valores de poder calorífico superior (PCS) de Eucalyptus grandis e Eu-

calyptus urophylla ficam entre 4501 e 4790 kcal.kg-1 e 4422 e 4595 kcal.kg-1 respectivamente, segundo Quirino e colaboradores (2005).

Tabela 6.4 – Volume com casca, em m³, em função do espaçamento, do nível de adubação e das idades de colheita, em meses.

Nível de

adubação Espaçamento (m) Árvores/ha

Volume com casca (m³)

12 18 24 1 2,8 x 0,5 7143 0,0076 0,0134 (0,0014) 0,0155 (0,0023) 2,8 x 1,0 3571 0,0074 0,0246 (0,0009) 0,0250 (0,0053) 2,8 x 1,5 2381 0,0102 0,0319 (0,0025) 0,0422 (0,0050) 2,8 x 2,0 1786 0,0099 0,0348 (0,0003) 0,0427 (0,0049) 2,8 x 2,5 1429 0,0086 0,0323 (0,0013) 0,0476 (0,0044) 2 2,8 x 0,5 7143 0,0092 0,0166 (0,0021) 0,0200 (0,0023) 2,8 x 1,0 3571 0,0128 0,0286 (0,0039) 0,0242 (0,0024) 2,8 x 1,5 2381 0,0122 0,0368 (0,0026) 0,0392 (0,0072) 2,8 x 2,0 1786 0,0175 0,0396 (0,0053) 0,0563 (0,0080) 2,8 x 2,5 1429 0,0105 0,0417 (0,0038) 0,0523 (0,0033) 3 2,8 x 0,5 7143 0,0152 0,0213 (0,0026) 0,0336 (0,0025) 2,8 x 1,0 3571 0,0128 0,0287 (0,0028) 0,0321 (0,0012) 2,8 x 1,5 2381 0,0116 0,0370 (0,0056) 0,0464 (0,0035) 2,8 x 2,0 1786 0,0126 0,0406 (0,0043) 0,0508 (0,0057) 2,8 x 2,5 1429 0,0142 0,0457 (0,0031) 0,0625 (0,0047)

Tabela 6.5 – Densidade básica média e poder calorífico superior obtidos nas idades de 18 e 24 meses em função do nível de adubação e do espaçamento

Nível de adubação Espaçamento (m) DBM (kg.m–3) PCS (kcal.kg–1) 18 24 18 24 1 2,8 x 0,5 423 (53) 418 (14) 4735 (73) 4809 (49) 2,8 x 1,0 467 (10) 443 (10) 4784 (52) 4786 (27) 2,8 x 1,5 502 (30) 458 (11) 4784 (38) 4774 (110) 2,8 x 2,0 486 (4) 457 (9) 4822 (48) 4766 (66) 2,8 x 2,5 491 (8) 471 (5) 4863 (86) 4727 (47) 2 2,8 x 0,5 432 (17) 390 (51) 4753 (60) 4729 (97) 2,8 x 1,0 461 (20) 441 (13) 4824 (47) 4773 (80) 2,8 x 1,5 486 (9) 454 (7) 4825 (26) 4764 (71) 2,8 x 2,0 493 (13) 460 (10) 4808 (25) 4740 (23) 2,8 x 2,5 499 (21) 477 (11) 4897 (88) 4807 (53) 3 2,8 x 0,5 439 (5) 421 (3) 4742 (88) 4718 (81) 2,8 x 1,0 466 (8) 412 (12) 4775 (32) 4751 (109) 2,8 x 1,5 469 (9) 430 (57) 4718 (62) 4790 (69) 2,8 x 2,0 482 (19) 444 (10) 4804 (33) 4799 (74) 2,8 x 2,5 503 (4) 461 (12) 4781 (98) 4809 (44)

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A energia da madeira pode ser expressa em toneladas equivalentes de petróleo, o que dá subsidio para interpretações da área econômica no que diz respeito à substituição do combustível fóssil pela biomassa florestal. Do ponto de vista desta medida energética o tratamento 2,8 x 0,5 m com maior adubação gerou 88 tep.ha-1, em 24 meses, que foi significativamente maior que os outros tratamentos (Tabela 6.6).

Tabela 6.6 – Tonelada equivalente de petróleo (tep)

Espaçamento (m) Nível de adubação tep.ha

-1 18 meses 24 meses 2,8 x 0,5 1 18 18 2 23 45 3 29 88 2,8 x 1,0 1 18 18 2 21 42 3 21 63 2,8 x 1,5 1 17 17 2 19 38 3 18 54 2,8 x 2,0 1 13 13 2 15 31 3 16 47 2,8 x 2,5 1 10 10 2 13 26 3 15 44

Outra abordagem importante para os projetos florestais de bioenergia é a avaliação econômica com uso de indicadores. Nesta pesquisa foi utilizado o método de avaliação econômica do grupo de métodos nos quais se considera a variação do capital no tempo (Silva et al., 2005). O VPL (valor presente lí- quido), o IBC (índice benefício/custo) e o CMP (custo médio de produção, considerando produção de briquetes) foram calculados, considerando o flu- xo de caixa, os custos com insumos, tais como inseticida, herbicida, mudas, adubo e produção de briquetes. No cálculo das receitas foi considerado o preço de venda do briquete de R$ 380 por tonelada, na qual está instalada a área experimental. Os resultados estão apresentados na Tabela 7.

O VPL é a diferença do valor presente das receitas menos o valor pre- sente dos custos. Os tratamentos que apresentaram o VPL maior do que zero foram economicamente viáveis, sendo considerado o mais viável aque- le que apresentou maior VPL. Foi considerada uma taxa de desconto (i) de 6 % ao ano.

VPL = R(1 + i)–j – C(1 + i)–j Onde:

R = valor atual das receitas C = valor atual dos custos i = taxa de juros

j = período em que a receita ou o custo ocorrem

O índice de relação benefício custo foi obtido a partir da razão entre o valor atual das receitas e o valor atual dos custos. O tratamento foi conside- rado economicamente viável se o IBC for maior que 1.

IBC = R(1 + i)–j / C(1 + i)–j

O custo médio de produção consistiu em dividir o valor atual do cus- to pela produção total equivalente. Para que o tratamento ou projeto seja viável, o valor do CMP deve estar abaixo do preço do briquete no mercado (R$ 380 por tonelada).

CMP = CT(1 + i)–j / PT(1 + i)–j Onde:

CT = custo total atualizado em cada período

PT = produção total equivalente em cada período que, neste trabalho, foi considerada a produção de briquetes de madeira, 1,5 e 2,0 anos após o plantio. PT é a quantidade produzida descontada pela taxa de juros.

Os espaçamentos considerados adensados foram 2,8 x 0,5 m, 2,8 x 1,0 m e 2,8 x 1,5 m, dentre os quais o maior VPL foi de R$ 2494.ha-1 obtido no 2,8 x 1,5 m no nível 1 de adubação e considerando ciclo de corte de 2 anos (Ta- bela 6.7). O custo médio de produção (CMP) deve ser menor que o preço de venda praticado, que é de R$ 380 por tonelada, o referido tratamento apre- sentou CMP de R$ 213 por tonelada. Outros tratamentos mais adensados,

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2,8 x 0,5 m e 2,8 x 1,0 m, podem ter seus custos amortizados por meio do manejo de brotação, por exemplo, um ciclo de corte de 1,5 anos resultaria em três colheitas, sendo duas colheitas de biomassa resultante de brotação, no período de 4,5 anos.

Tabela 6.7 – Valor presente líquido, R$/ha (VPL), índice de relação benefício/custo (IBC) e custo médio de produção, R$/tonelada (CMP)

Espaçamento (m) AdubaçãoNível de 1,5 anos 2 anos

VPL IBC CMP VPL IBC CMP 2,8 x 0,5 1 88 1 374 540 1,1 347 2 –183 1 390 587 1,1 352 3 –1190 0,9 431 1902 1,2 327 2,8 x 1,0 1 1539 1,4 265 833 1,3 301 2 1512 1,3 283 817 1,2 316 3 382 1,1 356 719 1,1 338 2,8 x 1,5 1 1668 1,6 236 2494 1,8 213 2 1732 1,5 251 1848 1,5 247 3 988 1,2 307 1721 1,4 275 2,8 x 2,0 1 1431 1,7 229 1886 1,8 213 2 1472 1,6 244 2500 1,8 212 3 969 1,3 292 1565 1,4 264 2,8 x 2,5 1 996 1,6 239 1755 1,8 206 2 1280 1,6 239 1776 1,7 220 3 1040 1,4 276 1858 1,6 240

Um experimento de florestas energéticas em andamento, em Botucatu- -SP, resultou em dados de biomassa da parte aérea em função do espaça- mento, níveis de adubação e idade de corte, verifica-se na Tabela 6.8 que há maiores porcentagens de madeira com casca em relação a biomassa seca total nos plantios mais adensados (2,8 x 0,5m, 2,8 x 1,0 m e 2,8 x 1,5 m), semelhante aos resultados alcançados por Leite e colaboradores (1997) na Figura 6.2. Por outro lado, espaçamentos tradicionais apresentaram por- centagem de galhos superior, o que evidencia haver mais resíduos florestais no ato da colheita.

Tabela 6.8 – Distribuição da biomassa de Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla aos 18 e 24 meses após o plantio.

Espaçamento (m)

Nível de adubação

18 meses 24 meses

% galhos % folhas % mcc* % galhos % folhas % mcc*

2,8 x 0,5 1 18 9 73 16 8 76 2 16 8 77 17 9 74 3 19 8 73 14 5 81 2,8 x 1,0 1 16 10 74 20 12 68 2 20 8 71 29 11 60 3 17 9 73 20 11 69 2,8 x 1,5 1 22 10 67 19 12 69 2 20 10 70 24 11 65 3 20 11 69 25 12 64 2,8 x 2,0 1 25 12 63 25 14 61 2 26 11 63 21 12 67 3 21 12 67 25 14 61 2,8 x 2,5 1 27 14 59 23 14 62 2 21 13 66 22 14 64 3 21 13 66 24 15 61

Outros projetos florestais para fins energéticos

Em experimento realizado em Santa Bárbara, Minas Gerais, Leite e co- laboradores (1997) avaliaram o efeito da densidade populacional sobre o crescimento de Eucalyptus grandis. O experimento foi conduzido com es- paçamentos de 4 x 5m, 4 x 4m, 4 x 3m, 4 x 2m, 3 x 3m, 3 x 2m, 2 x 2m e 2 x 1m, sendo que a densidade populacional variou de 500 a 5000 plantas por hectare. As avaliações ocorreram aos 31 e 39 meses após o plantio, sendo que as diferenças em relação ao peso da biomassa das plantas podem ser observadas no Gráfico 6.5.

De acordo com esse gráfico, nota-se que, com a redução do espaçamento de plantio, foram obtidos valores superiores com relação ao peso da bio- massa, sendo que o espaçamento de 2 x 2 m apresentou o maior peso. Com relação à distribuição do peso dos componentes da planta, o espaçamento também foi um fator relevante, como visto no Gráfico 6.6.

EUCALIPTO ADENSADO 145

Gráfico 6.5 – Peso seco (t/ha) da biomassa de Eucalyptus grandis aos 39 meses após o plantio. Os valores são a soma das massas de lenho, casca, galhos e folhas (adaptado de Leite et al., 1997).

Gráfico 6.6 – Distribuição da biomassa de Eucalyptus grandis aos 39 meses após o plantio. (adaptado de Leite et al., 1997).

Com isso, os autores concluíram que os aumentos na densidade popu- lacional proporcionaram incrementos de forma linear na produção de bio- massa, por área, de todos os componentes da parte aérea e reduções no crescimento individual das plantas (Leite et al., 1997).

Em experimento instalado em Itamarandiba-MG, utilizando um clone hibrido oriundo do cruzamento de Eucalyptus grandis x Eucalyptus camal-

dulensis, Müller (2005) observou diferentes características da floresta aos 24 meses, em relação ao espaçamento de plantio. Foram analisados os es- paçamentos de 3,0 x 0,5m, 3,0 x 1,0m, 3,0 x 1,5m, 3,0 x 2,0m e 3,0 x 3,0m.

Com relação ao DAP das plantas, o maior espaçamento, apresentou maior incremento mensal, como pode ser observado no Gráfico 6.7.

Gráfico 6.7 – Incremento médio mensal no DAP das plantas até os 24 meses após o plantio nos diferentes espaçamentos (Müller, 2005).

Nesse mesmo experimento, com relação à área basal da floresta, os au- tores observaram diferente comportamento, como apresenta o Gráfico 6.8.

Gráfico 6.8 – Crescimento na área basal das plantas até os 24 meses após o plantio nos dife- rentes espaçamentos (Müller, 2005).

A curva de crescimento mais acentuada é observada no espaçamento 3 x 0,5m e a curva menos acentuada, no espaçamento 3 x 3m. Esta ten- dência se justifica em função da maior competição entre as plantas nos es- paçamentos mais reduzidos, o que proporcionou maior incremento anual (Müller, 2005).

Ainda, com relação a esse experimento, os autores observaram diferen- ças no volume e peso da biomassa seca, onde foi observada uma relação direta com a densidade de plantio, ou seja, nos tratamentos com maiores densidades de plantio foram observados os maiores volumes de madeira e peso de biomassa seca, como apresentado nos Gráficos 6.9 e 6.10.

EUCALIPTO ADENSADO 147

Gráfico 6.9 – Volume das plantas aos 24 meses após o plantio nos diferentes espaçamentos (Müller, 2005).

Gráfico 6.10 – Peso da biomassa florestal aos 24 meses após o plantio nos diferentes espa- çamentos (Müller, 2005).

Com o tempo, a quantidade de madeira estocada em um determinado sítio, tende a se igualar para os diferentes espaçamentos, pois nos plantios mais densos ocorre a estagnação do crescimento das plantas em idades mais jovens e nos plantios com espaçamentos mais amplos a estagnação do cres- cimento ocorre em idades mais avançadas. Esse fato pode ser muito im- portante do ponto de vista econômico, visto que é possível economizar no custo de implantação e na colheita e transporte de madeira, nos espaçamen- tos maiores (Mello et al., 1971; Resende et al., 1983; Klein; FreitaS, 1988;

Mora, 1986; Gorgulho et al., 1991; Ferreira et al., 1997; Lisita et al., 1997 citados por Müller, 2005).

A prática de se plantar eucalipto adensado já é realizada por algumas usinas de cana-de-açúcar, onde a biomassa é utilizada para a geração de energia elétrica nos meses em que não é realizada a colheita da cana (fora de safra).

O custo de implantação de florestas adensadas se difere de uma flores- ta tradicional apenas pelo aumento da quantidade de mudas por hectare, sendo que, a maioria das práticas silviculturais não sofre alterações no seu valor.

As florestas energéticas baseadas no sistema florestal de curta rotação, no Brasil, provavelmente, poderão ser conduzidas por pelo menos 2 ou 3 cortes, ou seja, uma ou duas rebrotas e, nesse caso, aumentará significativa- mente os ganhos e melhorará muito a rentabilidade do sistema.

Como exemplo de implantação bem sucedida de sistemas florestais de curta rotação para fins energéticos, pode-se citar o caso italiano com o ma-