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Sistemas de aquecimento doméstico ou centrais de aquecimento

O consumo de bioenergia está crescendo de maneira consistente na Eu- ropa, tanto para geração de eletricidade como para o aquecimento da água ou para centrais de energia. Esse mercado de biomassa, que era puramente regional, se tornou uma oportunidade de negócios internacional, segundo a APC (2006), e o desenvolvimento desse mercado deve incorporar novas políticas energéticas, agrícolas, florestais e industriais em todo o mundo.

Diversos países europeus, tais como, Suíça, Alemanha, França, Áus- tria e os países nórdicos utilizam e incentivam, financeiramente, através de programas de fomento e leis, a aquisição e a troca por equipamentos mais modernos, dos sistemas de aquecimento doméstico como fonte de ener- gia limpa, eficiente e segura. A Bélgica é, segundo Verma e colaboradores (2009), o país mais ativo na utilização de biomassa como fonte de energia para aquecimento, com 83,5 MW consumidas em 2007. Um estudo técni- co-econômico realizado por Chau e colaboradores (2009) demonstrou que

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a instalação de aquecedores à base de resíduos madeireiros ou “pellets” para aquecimento de estufas agrícolas, gerando de 40% a 60% da demanda de calor, se torna mais econômico quando comparado a um aquecedor a gás natural funcionando a plena carga.

A utilização da biomassa florestal como combustível para geração de energia ou calor é uma ciência bastante complexa e, suas propriedades físicas e químicas, principalmente, o tamanho do cavaco, influenciam di- retamente nas características da queima, de uma forma muito complexa, conforme relatado por Molcan e colaboradores (2009) e Lu e colaboradores (2010)

Considerações finais

Dada a baixa utilização da biomassa florestal na matriz energética bra- sileira, o plantio adensado de eucalipto para a geração de energia torna-se uma nova realidade, sendo que algumas empresas já estão adotando esta prática para complementar suas demandas energéticas.

A técnica de adensamento dos plantios com eucalipto é recente e está sendo difundida devido os resultados de pesquisas e as avaliações de campo realizados por diversas instituições, pesquisadores e empresas. A tendência de adensamento dos plantios de eucalipto para produção de biomassa é re- forçada pelo fato da necessidade de redução do ciclo da cultura, resultando em ganhos de produtividade, tempo e custo com o manejo florestal.

Em alguns países como, por exemplo, a Itália, a técnica de adensamento florestal vem sendo utilizada com sucesso para outras espécies florestais, sendo uma interessante estratégia econômica para a redução da dependên- cia energética do país com relação a fontes fósseis importadas.

O Brasil, por sua vez, necessita de grandes investimentos em pesquisa na área de aproveitamento energético de biomassa, através da utilização de técnicas sustentáveis para geração e cogeração de energia limpa e renovável. Dada a complexidade ambiental, social e econômica para a implementação do sistemas florestais de curta rotação, é necessário o aprimoramento de diversos setores de sua cadeia florestal, desde o melhoramento genético, práticas silviculturais, até os sistemas de corte, transporte e beneficiamento da biomassa.

É muito provável que o Sistema Florestal de Curta Rotação com fins energéticos venham a ser, em pouco tempo, mais uma grande opção brasi- leira para produção de energia limpa e renovável!

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Parte II